O mecanismo e os servidores

Publicado em coluna Brasília-DF

A engenhoca que vai impedir o reajuste dos servidores públicos vai muito além da proibição incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 e derrubada pelo Congresso. Ontem, no fim do dia, especialistas orientaram os deputados no sentido de que se a oposição conseguisse tirar a proibição de reajuste salarial aos servidores, a medida não teria qualquer efeito. No ano que vem, o tema será discutido diante da realidade do teto de gastos, fixado por emenda constitucional. Ou seja: Ou modifica o teto mais à frente, ou nada feito.
A aposta hoje é a de que os próximos parlamentares vão modificar o teto para liberar gastos com saúde, educação e, ainda, investimentos. Quanto aos reajustes, a ordem é que sejam decididos caso a caso.

O pós-Laurita
Conforme adiantou a coluna na terça-feira, os petistas foram avisados, por amigos no Judiciário, que o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli não deve, mesmo, aproveitar uma interinidade no recesso para soltar Lula. Para completar, depois de a presidente do Superior Tribunal de Justiça, Laurita Vaz, recusar de uma só vez os 143 pedidos de liberdade do ex-presidente, as esperanças também foram soterradas. Está cada vez mais claro para o PT que Lula será escolhido candidato sem que esteja presente à convenção do partido.

ACM Neto reflui
A vontade do presidente do DEM, ACM Neto, de apoiar Ciro Gomes à Presidência da República está em viés de baixa. É que o partido fez as contas e descobriu que o PT não está liquidado, ainda que o candidato seja Fernando Haddad. E não haverá dois candidatos de esquerda (Ciro e Haddad) num segundo turno. Logo, o DEM tende a reforçar um nome de centro mais viável. Hoje, Geraldo Alckmin.

Rodrigo insiste
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ainda pretende direcionar seu partido para o PDT de Ciro Gomes. Afinal, seu pai, o ex-prefeito César Maia era brizolista de carteirinha e cresceu politicamente no PDT. E, se Ciro vencer, há quem faça uma conta favorável à recondução de Rodrigo Maia ao comando da Casa.

Gratidão eterna
Para completar a liga DEM-PDT no Rio, há quem lembre da dívida do presidente do PDT, Carlos Lupi, com Eduardo Paes. Quando prefeito, em 2012, Paes nomeou Lupi para um cargo de assessor em seu gabinete, logo depois que o pedetista virou ex-ministro do Trabalho, demitido por Dilma Rousseff, diante das suspeitas de irregularidades na pasta. O prefeito, entretanto, voltou atrás quando a nomeação foi notícia nos jornais.
A acolhida depois da demissão do governo federal nunca foi esquecida pelo pedetista.

Ah, é? Vai ver/ O PT mantém a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco e o governador Paulo Câmara, candidato à reeleição, conversa com Ciro Gomes para mostrar que não está dependente dos petistas. Da mesma forma, Geraldo Alckmin conversa com Índio da Costa (foto), do PSD, para mostrar ao DEM do Rio de Janeiro que pode fazer outro jogo. Essa dança só termina no fim do mês, uma vez que todos os partidos estão marcando
suas convenções para a primeira
semana de agosto.

Enquanto isso, no Congresso…/ O governo não vê a hora de o Congresso entrar em recesso. É que a base está fraca e há uma penca de projetos que ampliam despesas ou mudam o que o presidente Michel Temer havia planejado. Haja vista a votação do decreto legislativo que manteve os incentivos fiscais do setor de refrigerantes, que haviam sido suspensos para cobrir parte do acordo com os caminhoneiros.

Alckmin, o selfista/ Pré-candidato a presidente pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin tem aproveitado os voos de carreira para fazer aquela média com o eleitor. “São 30 selfies por voo”, diz ele com a maior cara de alegria.

Por falar em Alckmin…/ Inicialmente, seus aliados queriam que ele fizesse a convenção nacional do partido em São Paulo. Ele, entretanto, terminou convencido de que é melhor fazer em Brasília, a fim de tirar a imagem de paroquial.