Por Eduarda Esposito — O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Cavalo, afirmou ao Blog que denunciou, em 2022, o aumento de associados em outros sindicatos de aposentados. “Nós temos falado disso desde 2022, porque começou a ter entidades crescendo muito rapidamente o número de associados de um ano para o outro. Começamos a receber ligações falando que estava tendo desconto de entidade e tal e não sabia nem como. Ou então ligando para os nossos associados, falando para sair da nossa associação e ir para a outra”, afirma.
O Sindnapi é uma das 33 fundações investigadas pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por suposto desconto indevido de aposentadorias de pensionistas do INSS. Ao todo, o esquema fraudulento teria tirado mais de R$ 6 bilhões dos bolsos de idosos em todo o país. Ao blog, Cavalo afirmou que sequer sabe do que o Sindnapi está sendo acusado.
“Eu não sei se nós não fomos ainda citados, não tem ainda a liminar que suspende o Acordo de Cooperação Técnico (ACT). Não recebemos a visita da Polícia Federal na nossa sede, na nossa sub-sede, nem para a entidade nem os nossos dirigentes. Nós temos uma diretoria nacional que tem quase 80 diretores, estão no Brasil todo. Ficamos preocupados de não saber do que estamos sendo acusados, porque como é em sigilo de justiça, as informações que temos é pela imprensa também”, explica.
O sindicato atua desde 2008 e diz apoiar a investigação da PF para que as associações corretas sejam separadas daquelas envolvidas no esquema. “Nós soltamos uma nota porque é algo que a gente defende, que a Polícia Federal, os órgãos de controle, verifiquem mesmo e separarem de quem faz um trabalho de representação dos aposentados daqueles que só estão ali para levar recurso do aposentado”, disse.
Onde está o problema
Milton Cavalo contou ao Blog que depois que o número de associados cresceu de forma suspeita em outros sindicatos, cresceu também a quantidade de pensionistas que reclamaram da cobrança de mensalidade no Sindnapi. “Nós tínhamos, por ano, uma quantidade de processos questionando a questão da associação, 200 mais ou menos. E quando começou essas associações a terem o ACT também, nosso número de ações aumentou de uma forma estrondosa, algo inimaginável, em torno de 15 mil ações em todo o país agora”, afirma.
Cavalo diz que essas fundações também ligavam para os seus associados tentando persuadi-lo a trocar de sindicato. “Nós sempre tivemos uma quantidade muito alta de associados e o aumento foi de uma forma gradativa, não foi algo de três, quatro meses, porque a gente sabe como é difícil fazer associado. No começo, para se associar, você preenchia ou no computador ou manualmente uma ficha com seus dados. Depois você assinava, tanto se associando como também autorizando o desconto e isso começou a ficar muito frágil”, explica.
Por isso, o sindicato começou a cobrar uma foto do associado com um crachá e um áudio onde o idoso afirma que deseja se associar. “Dessas ações que eu falei para vocês que entram contra nós, temos quase 90% de êxito, porque nós nos defendemos mostrando exatamente isso que eu te falei: a foto, a gravação e a assinatura”, defende.
Cavalo diz também que o custo das defesas é caro e tira a chance de desenvolvimento para ações dos associados. Milton ainda ressalta que a investigação pode dar fim ao tanto de processos judiciais sobre descontos indevidos de aposentadorias. “Creio que com essa investigação, inclusive esses tipos de ações, que estão abarrotando os tribunais, tendem a diminuir, porque você não vai ter essa quantidade de processos pedindo a devolução de algo que o aposentado não quis ter”, conclui.