A preocupação de Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

A primeira rodada de pesquisas depois de registradas as candidaturas deixou todos preocupados, inclusive quem está na frente. Isso porque os números do Ibope indicam que quem mais ganha hoje com a saída de Luiz Inácio Lula da Silva do páreo é a candidata da Rede, Marina Silva, justamente aquela que o líder Jair Bolsonaro (PSL) não consegue enfrentar de peito aberto. Desde o debate da última sexta-feira, quando deixou o capitão da reserva sem resposta, ela povoa os pesadelos dos bolsonaristas.

Os petistas, por sua vez, comemoram de público, mas franzem a testa no privado. Eles sabem que Lula não será candidato. E consideram que Fernando Haddad precisa de, pelo menos, metade dos votos do ex-presidente e um pouco mais para chegar ao segundo turno. Por enquanto, as pesquisas não indicam essa preferência, uma vez que, na urna, não virá escrito “candidato apoiado por Lula” e sim o nome Haddad — isso na hipótese de o desfecho jurídico da candidatura ocorrer quando as urnas já estiverem programadas. Quanto aos demais, aguardam o horário eleitoral gratuito de rádio e tevê, apostando que, na TV aberta, o jogo será outro.

Precificado
Os partidos fizeram “cara de paisagem” para a condenação do ex-vice-presidente da Câmara André Vargas e farão o mesmo para outras que estão por vir. A Lava-Jato, avaliam, já está na conta de todas as legendas. A avaliação geral é de que o maior impacto foi na eleição de prefeitos. Agora, o motor do voto são outros: segurança, saúde e educação.

Roraima na campanha
Historicamente, os candidatos a presidente da República sempre desprezaram Roraima, um colégio eleitoral pequeno e distante. A maioria nem visitava. Agora, com a crise na fronteira com a Venezuela, o estado entrou no debate, numa linha semelhante ao da intervenção no Rio de Janeiro.

Se liga, Geraldo!
Até ontem, não havia uma linha sobre a candidata a vice, Ana Amélia Lemos, no site de campanha do tucano Geraldo Alckmin. Apenas as fotos dos dois. Para completar, o candidato ainda trocou o nome da vice durante sabatina da Record: chamou-a de… Kátia Abreu, do PDT, vice de Ciro Gomes. Há quem diga que Geraldo está deixando de usar um grande ativo, representado pela senadora gaúcha na chapa dele.

Se liga aí, ô!
Quem acompanhou o seminário Elas por Elas no Supremo Tribunal Federal (STF) e a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, saiu convicto de que os partidos que fraudarem a inscrição de candidatas mulheres e o tribunal descobrir podem se preparar para sanções.

Vale a leitura I/ Chegam às livrarias de Brasília, nesta semana, os volumes Volta ao Poder, sobre as cartas que Getúlio Vargas (foto) trocou de 1946 a 1950 com a filha, Alzira Vargas. Alzirinha, como o pai a chamava, era assessora, guardiã dos segredos políticos, confidente e, por vezes, até protagonista da era getulista.

Vale a leitura II/ No período retratado nas cartas, Getúlio era um ditador deposto, exilado em sua fazenda, em São Borja (RS). Num tempo em que as ligações telefônicas eram difíceis, esses documentos formavam a ligação do ex-presidente com o mundo. A organização é de Adelina Moraes e Cruz e Regina da Luz Moreira.

Vale a leitura III/ Os dois volumes somam 912 páginas. O segundo tem 56 páginas destinadas à identificação de nomes e apelidos mencionados na correspondência entre pai e filha. O presidente Eurico Gaspar Dutra é “grão de bico”. O vice-presidente, Nereu Ramos, “pavão”. Atualmente, também existem apelidos. Nas planilhas que a Lava-Jato pegou com empresários que pagaram propinas. É, pois é.

Era encenação/ Desconfie sempre que um deputado disser que não será candidato a nada. Este ano, na Câmara dos Deputados, por exemplo, só 31 dos 513 não vão concorrer a um mandato eletivo.