O jogo do tempo

Publicado em coluna Brasília-DF

Se a convenção para escolha do candidato a presidente da República pelo MDB fosse hoje, o partido derrotaria tanto o presidente Michel Temer quanto o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Essa foi a conclusão do jantar da noite dessa quarta-feira na casa do presidente do Senado, Eunício Oliveira. Ali, concluiu-se que a maioria dos senadores prefere “cuidar da vida” e não ser obrigada a carregar nem Temer, nem Meirelles, ainda que o ministro seja, como o leitor da coluna já sabe há meses, o “3 em 1” do partido: Financia a própria campanha, defende o legado do governo e é visto como aquele que pode ser abandonado pelos correligionários sem causar grandes traumas.

Enquanto na casa particular de Eunício,e não na residência oficial do Senado, senadores contavam os votos de convencionais que hoje não aprovariam uma candidatura própria do MDB, Temer se preparava para declarar aos quatro ventos no dia seguinte que “não descarta nada” diante do confuso quadro eleitoral. Temer quer ganhar tempo para tentar levar os peemedebistas a aceitarem o “3 em 1”. Quem viveu nos anos 80 sabe que, “3 em 1” era aquele aparelho de som antigo, que tocava os bolachões, fita cassete e rádio. Temer ainda deseja ver um nome para chamar de seu defendendo seu governo. E o MDB não tem nada mais novo para desfilar.

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Em tempo: No MDB hoje está mais fácil aprovar uma candidatura de Meirelles do que uma união ao PSDB de Geraldo Alckmin. Se tem algo que une os vários grupos do partido é a dificuldade de apoiar os tucanos.

Recado ao PT
A foto que Manuela D’Ávila (PCdoB) publicou em seu facebook, ao lado de Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSol), foi lida por petistas como um aviso educado ao partido de Lula: O tempo para ficar esperando Lula enquanto candidato está se esgotando. Ou seja, é chegada a hora do ex-presidente e da comandante do PT, Gleisi Hoffmann, fazerem uma revisão nessa insistência.

Ajuda aí, Eunício!
Michel Temer pediu ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, que, se possível, não demore muito a votar os projetos de lei orçamentários que permitirão o funcionamento da estrutura da intervenção no Rio de Janeiro. Até hoje, os remanejamentos de recursos estão pendentes. Assim, fica difícil funcionar a contento.

Por falar em intervenção…
Com a polícia próxima de chegar aos assassinos da vereadora Marielle Franco e seu motorista, a ordem é aproveitar o embalo para aprovar logo os recursos e a estrutura necessária para dar continuidade ao trabalho da intervenção. Só tem um probleminha: O governo terá que colocar deputados e senadores em plenário. A oposição insistirá na obstrução.

CURTIDAS

Paes na paz I/ O ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (FOTO) telefonou para a coluna ontem de manhã para dizer que jamais disse “que estava resolvido” o caso em análise no Tribunal Superior Eleitoral. “Tenho otimismo, porque tenho o bom direito do meu lado”, disse Paes.

Paes na paz II/ Coincidência ou não, bastou a coluna publicar a nota a respeito das dificuldades para que ontem mesmo saísse uma decisão liminar do ministro do Superior Tribunal Eleitoral (TSE) Jorge Mussi liberando Paes da inelegibilidade, junto com o deputado Pedro Paulo. Paes e Pedro Paulo foram condenados no TRE por uma votação apertada, com voto de desempate do presidente, Carlos Eduardo da Fonseca Passos. A condenação se deu porque o último plano estratégico da cidade que ele divulgou foi considerado pelo desembargador plano de governo de Pedro Paulo, na campanha de 2016, pago com recursos da prefeitura. A tendência é absolvição.

Paes sem sossego/ No mesmo dia, o Ministério Público do Rio ajuizou uma ação civil pública por cancelamento de empenhos de despesas no tempo em que Eduardo Paes era prefeito. Mais um abacaxi para o ex-prefeito descascar em pleno ano eleitoral. E justo agora, nesse período em que, como consultor de uma empresa chinesa, Paes não consegue parar no Brasil. “Eu trabalho para pagar as minhas contas, como todo mundo deve fazer”, diz ele.

Despedidas/ O velório do advogado José Gerardo Grossi, ontem, no Campo da Esperança, foi um dos poucos a reunir representantes de todos os partidos e, de quebra, quatro ex-comandantes da Procuradoria Geral da República – Sepúlveda Pertence, Aristides Junqueira, Antonio Fernando de Souza e Roberto Gurgel. À família, a coluna presta, mais uma vez, suas condolências.