Por Denise Rothenburg — A desastrosa declaração do presidente Lula comparando a guerra de Israel contra o Hamas jogou uma cortina de fumaça nos problemas internos que batem à porta do governo a partir desta terça-feira. O tempo para uma proposta alternativa à oneração da folha de salários para substituir a Medida Provisória 1.202 está esgotado. Entre os congressistas, há quem diga que, se não for apresentada esta semana, e a MP começar a tramitar, a rejeição pura e simples virá.
Esta MP – que ainda tem o fim do programa de socorro ao setor de eventos (Perse) – é hoje o maior desafio do governo. E a queda de braço virá. O governo quer jogar no colo dos congressistas encontrar fontes alternativas à receita da reoneração da folha e do fim do Perse. Parlamentares consideram que cabe ao governo reduzir os gastos para conseguir essa compensação. Nessa toada, ficará difícil fechar um acordo.
——–
O sonho mais distante
Se o presidente Lula queria o título de arauto da paz ou um Nobel nessa seara, terá que começar de novo. Depois da fala em que comparou as atitudes de Israel em Gaza ao Holocausto, a avaliação, inclusive entre funcionários da ONU, é a de que Lula ultrapassou um limite e perdeu o timing para um pedido de desculpas.
——–
Cessar fogo
No Itamaraty, a sensação é a de que Lula exagerou no improviso, mas o governo de Israel, em vez de buscar explicações pelas vias diplomáticas, preferiu “um show”, uma reunião pública com o embaixador brasileiro, Frederico Meyer, no Museu do Holocausto, quando avisou que Lula era “persona non grata”.
——–
Dois pesos
Na comunidade internacional, há muita gente lembrando que o presidente Lula não foi tão incisivo em defesa de civis mortos pela guerra na Ucrânia ou outros conflitos. O caso das declarações de Lula em relação ao conflito entre Israel e o Hamas é visto como o maior incômodo internacional causado por falas do
presidente Lula.
——–
A hora das comissões
Enquanto o país acompanha os desdobramentos da fala de Lula sobre Israel, Arthur Lira vai comandar com os líderes a troca de comando nas comissões da Casa. Tem muita gente reclamando de Carolina de Toni (PL-SC) para presidir a Comissão e Constituição de Justiça, mas, até aqui, ninguém no PL pretende mudar a indicação.
——–
Curtidas
Pronto a colaborar/ Ao contrário do presidente Jair Bolsonaro, que deseja primeiro conhecer tudo o que há no processo da tentativa de golpe para, depois, prestar depoimento, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres avisou por intermédio de seus advogados que vai falar.
Só deu ele/ O senador Flávio Dino (PSB-MA) foi um dos poucos a se agarrar no serviço desde cedo esta semana. Ele fica no Senado até quarta-feira.
Marina planta/ Um amigo da coluna flagrou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, plantando uma árvore na Esplanada, perto do edifício onde funciona a pasta.
“Café com leite”/ A primeira-dama, Janja, ainda tentou dar uma amenizada nas declarações de Lula sobre Israel, dizendo que o marido se referia ao governo de Benjamin Netanyahu, e não ao povo judeu, mas não adiantou. A comunidade judaica no Brasil reagiu e continuará reagindo até que Lula refaça sua fala. Janja, segundo alguns políticos, é comparada àqueles que estão no jogo, mas suas atitudes não contam pontos para vencer a partida.
Abílio Diniz/ O empresário era um otimista em relação ao país. No final do ano, num almoço, disse com todas as letras que, apesar das preocupações com inflação e juros altos, a economia iria apresentar bons resultados este ano. Que Deus conforte sua família e que sua previsão se confirme.