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Governo busca novo discurso para alfinetar Doria

Publicado em coluna Brasília-DF

O governo não trará isso a público agora, mas, internamente, já começou a colocar em dúvida a capacidade da CoronaVac em conter a infecção pela covid-19. Isso porque tanto no Chile quanto no Uruguai, países nos quais as coberturas vacinais foram exemplares, o avanço da doença continuou, assim como as internações hospitalares. Não por acaso, Jair Bolsonaro fez apelos à Pfizer para que antecipe o envio de imunizantes ao Brasil. Oficialmente, o discurso é o de garantir a oferta de doses à população, mas, na seara política, há quem diga que o presidente está se armando para tentar tirar do governador João Doria, de São Paulo, o discurso da vacina. Essa disputa ainda terá muitos lances mais à frente — pode apostar.

Freio de arrumação

Esse foi o motivo da reunião ministerial desta semana: trazer um alinhamento do discurso do governo sobre a recuperação da economia e também questões da saúde. Com a vacinação acelerada, o Palácio do Planalto considera que, até o final do ano, a tempestade provocada pela CPI da Covid terá passado. O ministro Paulo Guedes (Economia), por exemplo, foi direto ao mostrar o cenário de recuperação e mais confiança com a vacinação ampliada.

Mais um ingrediente

Como se não bastassem as desconfianças de que a MP da Eletrobras resultará em aumento de despesa, e não de lucro para o governo, o tema ganhou mais um entrave. A Associação de Empregados da Eletrobras apresentou denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) de irregularidades e inconstitucionalidades na proposta.

Bem apimentado

O documento enviado ao TCU elenca vários dispositivos da medida provisória. Diz, por exemplo, que a “descotização trará um aumento estrutural das tarifas para as famílias brasileiras, além de ser uma quebra de contrato válido até 2042, ano que termina a concessão das usinas em cotas”.

Vai sobrar e sem divisão

Com a tendência do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder a todos os governadores o direito de não comparecer à CPI da Covid, foi por água abaixo a estratégia do governo de tentar jogar a tragédia da pandemia no colo dos gestores estaduais. Eleitoralmente, os governistas já admitem reservadamente que Bolsonaro será o mais prejudicado e que os governadores que forem chamados vão jogar a granada de volta para o governo federal. O ex-governador do Rio Wilson Witzel, por exemplo, vai hoje à comissão tendo Bolsonaro como alvo.

Compensa aí, talkey?

Ciente da baixa de popularidade provocada pela pandemia, o governo aposta que consegue virar o jogo no ano eleitoral, ou no final do segundo semestre deste ano, quando a cobertura vacinal estiver mais ampla e a economia apresentar mais sinais de recuperação com a retomada do emprego. Mas os estrategistas palacianos acreditam mesmo é no aumento do valor do Bolsa Família, com a troca do nome para alavancar simpatias.

Curtidas

Assim não vai/ O PT tem pedido o palanque de Alexandre Kalil para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Belo Horizonte. Mas, no papel de candidato, Kalil já avisou que tende a fazer sua campanha em carreira-solo, independentemente da disputa entre o PT e Bolsonaro.

Vai sobrar para todo mundo/ Com base naquilo que disse o ex-secretário de Saúde de Manaus, Marcellus Campelo, à CPI da Covid, a tragédia da capital amazonense tem muitos culpados. Os senadores garantem que ninguém será poupado.

Enquanto isso, no interior paulista…/ Barretos terá lockdown total a partir de sábado. A ocupação de leitos está em 100%, e há uma fila à espera por UTI. Por uma semana, vai fechar tudo. Fala-se até em postos de gasolina.

Assunto para meses/ O presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Liáo, e a vice-presidente do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), Eliza Madrazo, participam, hoje, da abertura da 3ª edição do Congresso de Prevenção e Combate à Lavagem de dinheiro e ao Financiamento ao Terrorismo Internacional. O evento vai até 3 de setembro, com painéis e discussões para troca de conhecimento nessa área.

Quando entrar setembro/ Transmitido de São Paulo, o congresso promovido pelo Instituto de Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo reunirá on-line autoridades como os ex-ministros da Justiça Sergio Moro e Nelson Jobim, que foi também ministro da Defesa. Jobim falará em 1º de setembro; e Moro, no dia seguinte.