Falar para segurar

Publicado em coluna Brasília-DF

O pronunciamento do presidente Michel Temer não tem como alvo apenas a população. É um recado direto ao Ministério Público, de forma a tentar evitar uma terceira denúncia, e à classe política. “A cada notícia negativa que aparece, é mais um que se afasta”, constatam alguns ministros. O MDB sente cheiro de esvaziamento — foi o partido que mais perdeu deputados no período em que era possível trocar de partido sem sanções legais — e começa a ver seus aliados conversando entre si sobre cenários eleitorais, meio que deixando o partido escanteado.

Apesar dos movimentos eleitorais, é consenso no partido que o presidente Michel Temer está mais preocupado em terminar o mandato de forma altiva do que partir para um projeto reeleitoral sozinho. Para isso é preciso exorcizar o fantasma da terceira denúncia e colocar em alto e bom som as boas notícias que o governo colecionou na seara da economia. Embora ainda tenha muito caminho para percorrer, principalmente no quesito emprego, há um consenso entre os analistas de que o país saiu do atoleiro.

E, pelo menos, esse legado Temer pretende adicionar à biografia.

Sem jogo político I

Quem conhece a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não estranhou o pedido de arquivamento de denúncias contra deputados do PP por falta de provas. Afinal, segurar inquérito por anos a fio, sem oferecer denúncia, é, no fundo, um uso eleitoral do MP. E isso a atual procuradora já avisou que não vai permitir.

Sem jogo político II

A forma técnica como a procuradora-geral trata os processos é que tira o sono do governo. Afinal, se ela apresentar uma denúncia contra o presidente Michel Temer, o emedebista estará fora do jogo eleitoral definitivamente e, de quebra, terá dificuldades em concluir esses oito meses de mandato.

Te cuida, Geraldo

No evento da Lide, no Recife, o senador Álvaro Dias, do Paraná, pré-candidato a presidente pelo Podemos, aproveitou para conversar com vários parlamentares. Sentou-se ao lado do primeiro vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima.

Por falar em Álvaro…

O senador não conversa só com os tucanos e continua em busca de um vice para a sua chapa. Dia desses almoçou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O ex-governador Geraldo Alckmin segue com algum constrangimento em acelerar as conversas com os partidos que têm pré-candidato e, nesse ritmo, vai perdendo terreno para o paranaense.

CURTIDAS

Candidato/ O grupo de situação da OAB-DF ainda não definiu quem lançará para comandar a instituição, mas a oposição, sim. Com escritório em Brasília desde 2001, Max Tedesca (foto) preside o Ipod (Instituto de Popularização do Direito), que busca traduzir a linguagem rebuscada do Direito e seus conceitos para jovens carentes. É ainda autor do livro 2038, a instituição da cleptocracia num futuro não muito distante, uma ficção que praticamente antecipou o que vemos hoje no noticiário político.

Apoiadores/ Tedesca não está sozinho na pré-campanha. Na última eleição da OAB-DF, concorreu como candidato a vice-presidente do advogado Paulo Roque, hoje candidato ao Senado. No último sábado, quando do lançamento da pré-campanha, fechou vários apoios, entre eles, o do presidente da OAB de Taguatinga, Lairson Bueno, e de Alda Corrêa, viúva do ex-ministro Maurício Corrêa.

Prioridades/ Antes de reunir os pré-candidatos a presidente da República, em 4 de julho, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) fará um seminário na véspera sobre governança e segurança jurídica. Esses são hoje os dois braços que mais preocupam o setor produtivo brasileiro.

Muita calma nessa hora/ Este fim de semana tem convenção do PTB. Roberto Jefferson defenderá que o partido sinalize desde já um apoio ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB. Vai ser difícil.

Brasília, sua linda, parabéns para você!


CB Online / Correio iPad
Diários Associados
www.correiobraziliense.com.br
Tel.: +55 (61) 3214-1330 / 1334