Categoria: Política
Logo depois que o ministro das Cidades, Bruno Araújo, entregou a carta de demissão, começou o movimento no gabinete do presidente Michel Temer. Eram presidentes de partidos e líderes em busca do novo desenho da equipe de governo. A primeira dúvida estava sanada por volta das 20hs. A reforma será ampla e não se restringirá à simples troca do ministro das Cidades. O presidente quer aproveitar a troca do deputado tucano por um nome do PP para substituir peças na Esplanada, em especial os candidatos. Temer querque permaneça o grupo que ficará até o final do mandato, em dezembro de 2018. Porém, isso não está definido e nem vale para todos no momento.
Na hipótese de fechar uma equipe para concluir o mandato, e não apenas garantir os votos para aprovar a reforma previdenciária, o presidente optará por um ministério sem aqueles que planejam concorrer a um mandato eletivo em 2018. Afinal, se incluir na equipe nomes interessados em um mandato eleivo, virá nova reforma em abril de 2018, prazo final para que candidatos deixem cargos executivos para concorrer às eleições.
O presidente não substituirá todos os ministros do PSDB, mas aproveitará a brecha para trocar quem não representa votos no plenário da Câmara. Um dos poucos que não deve ter mudança é o ministério dos Transportes, onde o PR tem o deputado Maurício Quintela,. Embora Quintela seja candidato em 2018, o PR está satisfeito com seu espaço no governo e faz parte daqueles que “não geram instabilidade”, conforme avaliação do Planalto.
A permanência de, pelo menos, um ministro com mandato deixará claro que o presidente não jogará todas as cartas agora. Afinal, ele precisará de algum espaço para acomodar senadores, quando chegar a hora de a reforma previdenciária ser votada no Senado. A reforma previdenciária é vista como prioridade máxima do governo e tudo será feito no sentido de levá-la adiante, seja troca de ministros, seja liberação de emendas. Até que essa reforma esteja aprovada, todo o poder pertencerá ao Parlamento.
O movimento do senador Aécio Neves de voltar à presidência do PSDB para tirar Tasso Jereissati do comando evitará que Michel Temer troque seus ministros antes da convenção tucana, em 9 de dezembro. A intenção de Temer é atropelada por um problema: o calendário da votação da reforma previdenciária. A intenção do governo é levar o tema ao plenário da Câmara na última semana de novembro. Portanto, antes da convenção que decidirá o comando partidário do PSDB. Nesse cenário, dizem alguns, resta ao presidente pactuar a troca de ministros para colocar em prática depois da escolha do futuro presidente do PSDB. O “Centrão” vai pressionar para que ocorra tudo antes da votação da Previdência. Essa será a maior queda de braço dos próximos 20 dias. E se depender da vontade exclusiva de Temer, não haverá troca de ministro nesse período.
Em tempo: o secretário de governo, Antônio Imbassahy, já é tido no Planalto como alguém da cota pessoal de Temer e não um ministro do PSDB. Falta combinar como PP, do deputado Arthur Lyra, que não vê a hora de ter outro político ocupando a cadeira de Imbassahy. E com o PMDB da Bahia, que resiste a entregar a filiação acolplada à vaga para o quase ex-tucano concorrer ao Senado no ano que vem.
Ultimato a Bolsonaro I
Azedou o clima entre o deputado Jair Bolsonaro e o Patriota, partido ao qual ele pretende se filiar para para ser candidato a presidente. A reunião ontem do conselho político do Patriota definiu um prazo até 11 de dezembro para manifestação dos filiados interessados em disputar a Presidência da República. E mais: o pessoal de Bolsonaro foi expulso da sala, sob a alegação de que não pertenciam ao conselho e nem eram filiados.
Ultimato a Bolsonaro II
Agora, ou Bolsonaro se filia e sai candidato ou vai buscar outro partido. Aliás, num áudio divulgado no WhatsApp da bancada, Bolsonaro acusa integrantes do partido de fazer um verdadeiro “leilão” da legenda: “Ou corta a cabeça desses caras ou eu estou fora. Vou para outro partido sozinho”, diz Bolsonaro na gravação.
Ultimato a Bolsonaro III
As mágoas dos deputados do Patriota em relação ao presidenciável são muitas. No Espírito Santo, o deputado estadual Rafael Favatto convidou Bolsonaro para uma visita ao estado. O candidato disse que não tinha agenda. Dias depois, lá estava Bolsonaro no estado na companhia de Manatto, do Solidariedade. Na visita ao Pará, o deputado que sonha com a Presidência fez cara de paisagem para o partido. Nesse clima, há quem diga que a porta da rua é a serventia da casa.
““Vou votar em Tasso Jereissati. Se eu tinha alguma dúvida, não tenho mais”
Wanderlei Macris (PSDB-SP), deputado, depois de saber da destituição do senador do cargo de presidente do partido. Macris é do grupo ligado a Geraldo Alckmin. Não dá um ponto sem combinar com o governador de São Paulo.
A reforma dos prepostos/ Na saída da Câmara, um deputado dizia torcer pela reforma ministerial agora, a fim de encontrar “um lugar melhor” para o ministro de Comunicações, Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. “Ué, mas ele não sai daqui a quatro meses para ser vice na chapa de José Serra?”, perguntou a coluna. “Ih, é…Ah, mas ele põe um secretário executivo dele, sai e continua mandando.”
E aí, não vai encarar?/ Na reunião de deputados com Michel Temer para tratar da reforma da Previdência, eis que aparece uma mensagem de WhatsApp na tela de Rodrigo Maia, do tipo, “a reunião vai ficar por isso mesmo, ninguém vai cobrar nada.” Coincidência ou não, Maia pediu a palavra e foi direto: “Antes da reforma da Previdência, é preciso resolver a política”. Leia-se, troca de ministro e atendimento ao baixo clero.
Queixa/ O que mais se ouve no plenário da Câmara é: “Os líderes estão ganhando tudo do governo. Os liderados, nem tanto”.
Todo o prestígio ao PSB/ Enquanto o comando nacional do PSB despreza o governo, os ministros tratam de mostrar que, se depender deles, não haverá retaliação. Ontem mesmo, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (foto), foi a Planaltina de Goiás ao lado da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO) ouvir a comunidade e autoridades do município e acenar com projetos desportivos para a região, como o programa Segundo Tempo.
Os caciques do PSDB tanto se desrespeitaram uns aos outros que conseguiram o que ninguém queria: Emfraquecer totalmente a legenda e qualquer candidato a presidente que saia dali nesse momento. Hoje, o nome mais forte é Geraldo Alckmin, que promete sair de São Paulo muito bem posicionado, se conseguir contornar as pretensões daqueles que hoje o cercam, a fim de evitar uma rachadura tã grande quanto a que hoje assola o PSDB.
O resultado da disputa de poder interno no PSDB é que nenhum partido vai querer se acoplar a esse saco de gatos que virou o ninho tucano. Os primeiros reflexos da decisão de hoje são uma guerra sem precedentes daqui até a convenção. A não ser, óbvio, que surja um terceiro nome como salvador da lavoura. Porém, ainda que esse nome surja, em vez de focalizar a energia futura para atrair aliados e construir alianças capazes se alavancar o candidato a presidente da República nos estados, o vitorioso na convenção de 9 de dezembro terá que se dedicar a apaziguar o partido internamente.
O alento dos tucanos é que os nomes mais visíveis em campo no momento não estão com a vida ganha. Lula tem problemas a resolver na Justiça e Jair Bolsonaro entrou em rota de colisão com seu partido e começa a se aproximar do PR de Valdemar Costa Neto, que não tem um currículo lá muito recomendado para para desfilar ao lado de um pré-candidato que se diz praticar a tolerância zero no quesito corrupção, seja passiva ou ativa. O cenário de 2018, em vez de clarear, mostra-se cada vez nubladom tal e qual o céu de Brasília. Oxalá nos proteja.
O ministro das Cidades, Bruno Araújo, do PSDB, acaba de ser convocado à Comisao de Fiscalização e Controle da Câmara para explicar por que a portaria do Ministério sobre construção de casas populares beneficiou mais os estados governados pelo Seu partido. O pedido foi apresentado pelo deputado Hugo Motta (PMDB-PB). O governo e o PSDB fizeram apelos para que o pedido não fosse aprovado, mas os partidos não aceitaram. A briga foi feia. E tende a piorar. A audiência será marcada para ainda este mês.
Os deputados de outros partidos da base estão revoltados, porque estados pobres foram agraciados com poucas unidades. No Maranhão, por exemplo, onde o déficit habitacional é de 500 mil moradias, a portaria prevê a construção de 400 unidades. Em São Paulo, estão previstas 15 mil. É mais um assunto para azedar a relação entre PSDB e PMDB.
Deputados disseram a Michel Temer que não dá para tocar a reforma previdenciária de uma só vez, porém, não descartam a seguinte estratégia: Votar um pedaço agora e outro depois da eleição. Isso mesmo: Já tem gente pensando em aproveitar o período posterior à eleição, quando muitos parlamentares voltam endividados e muitos derrotados nas urnas, para concluir essa reforma que todo mundo ensaia e ninguém faz. Para um presidente eleito, seja quem for, a idade mínima para as aposentadorias não soaria o fim do mundo, uma vez que representaria economia no caixa e confiança aos investidores. Aliás, já tem pré-candidato torcendo para que Michel Temer faça todas as maldades, deixando ao sucessor um mar menos revolto nas contas.
Entre os deputados, há quem diga que não se deve ter nem uma coisa nem outra: O melhor é “customizar” o texto da reforma previdenciária na Câmara, de forma a deixar os deputados menos pressionados nas bases. Já chega o que muitos estão passando nas redes sociais depois dos votos favoráveis a Michel Temer essa semana.
Laços de família
Presidente da comissão destinada a emitir parecer sobre a MP do Funrural, o senador Dário Berger (PSDB-SC) vem adiando a sessão para votar o texto. Berger é sogro de Jeferson Rocha, diretor jurídico da Associação Nacional de Defesa dos Agricultores e Pecuaristas e Produtores da Terra (Andaterra), que começou um movimento contra a medida provisória. Tem gente apostando que o senador não quer é briga no almoço de Domingo.
Laços partidários
Produtores rurais à espera da aprovação da medida para conhecer o texto final e resolver as pendências procuraram integrantes do PSDB. Os tucanos, entretanto, esperam mais uma tentativa do senador Berger já na semana que vem, apesar do feriado.
Capitão em jogo quádruplo
O DEM está para lá de animado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ): No mínimo Rodrigo será candidato a deputado federal para tentar mais dois anos no comando da Casa. As outras opções são o Senado, o governo do Rio de Janeiro e… A Presidência da República. Essa “aventura”, entretanto, vem depois.
Perillo sai da toca
O governador de Goiás, Marconi Perillo, estará na próxima segunda-feira em Brasília para traçar um roteiro de viagens e conversas dentro do PSDB. É a largada da campanha para presidir o partido. Aliás, a candidatura de Perillo, foi anunciada há meses pela coluna. O opositor é o senador Tasso Jereissati, que hoje responde oficialmente pelo tucanato.
CURTIDAS
Verão 2018/Com a sua delação homologada, o doleiro e operador Lúcio Funaro tem planos de deixar a cadeia em janeiro do ano que vem. E avisa desde já: Vai procurar jornalistas para falar tudo. E tome desgaste sobre o PMDB. Aos presos, como Geddel Vieira Lima, e soltos como muitos outros.
Por falar em Funaro…/ Ontem, durante depoimento ao juiz Wallisney, em Brasília, Funaro abriu aquele sorriso de “eu sou o cara”, quando a tela mostrou Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, contando as ameaças feitas pelo doleiro, de colocar fogo em sua casa. Quem estava na plateia ficou com a sensação de que o sorriso queria dizer “fiz mesmo, e daí?”
Sua segurança era só disfarce?/ Funaro tomou muito café ao longo do depoimento e suas mãos tremiam, apesar da segurança na voz.
Nem te ligo/ Num dado momento, Funaro ofereceu café ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O ex-deputado, que passou todo o depoimento evitando olhar para o doleiro, fingiu que não era com ele.
Lavar a poeira… / E acalmar a política. Nesse período em que a chuva deve voltar a Brasília, os poderes buscarão a calmaria. Rodrigo Maia viaja hoje com uma comitiva a Israel, Palestina, Pistoia (Itália), terminando em Portugal, num evento junto com o ministro Gilmar Mendes. Nada melhor do que uma viagem também para acalmar os ânimos acirrados ontem no Supremo. O ministro do STF, Gilmar Mendes, passará o feriadão de Finados em Portugal.
Colaborou Renato Souza
Rodrigo Maia era só sorrisos depois dessa notícia e de uma conversa com o presidente Michel Temer
O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, que está licenciado do cargo para votar a denúncia contra o presidente Michel Temer, acaba de deixar o PSB, junto com a ex-líder do partido, Teresa Cristina (MS), Fábio Garcia e Adilton Saquetti. Em conversa há pouco com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, ficou acertado que não haverá qualquer gesto por parte da direção partidária no sentido de tentar reaver o mandato, alegando fidelidade partidária.
O destino do grupo não está selado, mas a tendência da maioria é a filiação no Democratas, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já apontado como um dos possíveis pré-candidato à Presidência da República. O único que talvez não siga esse caminho é o ministro, que seguirá o pai rumo ao PMDB do presidente Michel Temer.
Rodrigo, aliás, esteve hoje à tarde com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto. Conversaram por uma hora. Maia chegou ao Congresso só sorrisos. “Amiguinhos para sempre?”, perguntou uma jornalista. “Em política não tem amiguinho. Muitos menos para sempre”, respondeu.
Ou seja, está tudo bem entre Rodrigo Maia e Michel Temer até a próxima crise. Rodrigo considera que houve um erro do governo, quando da filiação do senador Fernando Bezerra Coelho (PE) ao PMDB. O senador foi o primeiro a deixar o PSB rumo a outro partido e a festa contou com a presença dos ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, algo que contrariou Rodrigo Maia. Até segunda ordem, ele e Temer estão bem. Porém, se o PMDB investir muito para agregar Teresa e os demais deputados, a toada do afastamento será retomada.
O Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, entregou ao filtro político do Planalto o parecer da equipe econômica sobre o Refis aprovado no Congresso. Num jantar do site Poder 360, Meirelles evitou qualquer comentário a respeito. Mencionou apenas que o tema está com o Planalto. Agora, caberá ao presidente Michel Temer decidir se sanciona o projeto sem alterações.
Meirelles evita o tema, mas ninguém duvida que há vetos propostos pela equipe da Receita, ainda não conhecidos. E mais: O envio do texto para análise do Planalto antes da votação da denúncia contra o presidente no plenário da Câmara dá a Michel Temer mais um ingrediente para “vender” aos parlamentares, se preciso for, em troca do arquivamento da denúncia. Ele tem agté o final deste mês para decidir o que fará com o Refis.
Leitura do blog sobre essa situação: Se o presidente sancionar a medida antes da votação de quarta-feira, sem vetos, é sinal de que a situação não está tão segura quanto parece e que ele precisa desse ingrediente na “xepa” que o Planalto promove agora junto aos parlamentares. Se Temer esperar a votação da denúncia para sancionar a proposta, é sinal de que vetos não estão descartados. A bola está com Temer.
Os deputados estão tratando a votação dessa segunda denúncia envolvendo o presidente Michel Temer como o último portal para tentar arrancar alguma benesse do governo antes da eleição. Especialmente, quem ainda não foi atendido quando da votação da primeira denúncia. A preços de hoje, Temer não tem orçamento para atender a todos. Tampouco cargos. Corre o risco de cobrir um santo e descobrir outro. Aliás, pela conversa dos políticos nos bastidores, esse tem sido o processo do fim de semana. O troca-troca nos cargos de segundo e terceiro escalões promovido pelo governo nos últimos dias deixou vários políticos descontentes. Se essa onda de revolta da base não for contida nas próximas horas, o governo não terá meios de concluir a votação esta semana. E, dizem os deputados, quanto mais tempo demorar, pior para Michel Temer.
Para que a votação seja válida, são necessários 342 votos. Para que a denúncia seja acolhida, esses 342 votantes teriam que se manifestar a favor do pedido do ex-procurador Rodrigo Janot. A oposição não tem esse número. Nem o governo. Portanto, o desafio do Planalto agora é “validar” o resultado favorável ao governo, levando os deputados para o plenário a fim de garantir 342 votantes __ seja contra ou a favor.
Para tentar resolver esse imbróglio e evitar a falta de número para liquidar a denúncia ainda essa semana, o presidente reunirá daqui a pouco todos os líderes do governo e de partidos aliados, a fim de fazer um checagem nos votos e ter uma ideia mais exata de quantos pretendem comparecer. A ideia é ainda sentir o pulso dos partidos e das insatisfações, que não são poucas. Mais tarde, teremos o termômetro desses últimos dias de “feira” entre o Planalto e a base.
Hoje, quem quer entrar na política, não tem muitas chances. Apenas quatro partidos se mostram abertos a receber futuros candidatos sem um leque de exigências ou mesmo o pagamento de uma “jóia”. A intenção dos idealizadores do RenovaBR é abrir as portas para a sociedade tentar quebrar essa regra
Depois de lançar a fundação Renova no último dia 6 em São Paulo, o empresário e professor Eduardo Mufarej passou nesse Sábado por Brasília para discutir o Renova com colunistas de política radicados na cidade, centro nervoso da política nacional. “Não temos uma bala de prata (para mudança da prática política), mas temos uma iniciativa”, diz ele, num bate-papo informal que entrou na madrugada de hoje. A ideia é selecionar 150 pessoas da sociedade civil que desejem concorrer a uma vaga de deputado federal em vários estados e no DF, a partir daí, oferecer a esses interessados um curso de formação política que inclui, além de aulas sobre ética na politica, formação de campanhas, etc. Nos dez primeiros dias, o renovabr.org recebeu 600 inscrições.
A ideia é excelente. Porém, na conversa, viu-se o maior gargalo: O acesso aos partidos. O teste feito pelos próprios idealizadores do movimento indicam que as portas da política são pesadas e difíceis de abrir. Só quatro legendas não cobram “pedágio” ou fazem muitas exigências para receber gente interessada em mudar a política _ Rede, PPS, Livres e Novo. Dos tradicionais, há até quem cobre uma “jóia” que pode chegar até R$ 100 mil. Ou seja, os partidos não querem a mudança.
Como empurrar essa pesadas portas, visto que a candidatura avulsa não vingou? O jeito é preparar candidatos e anunciá-los à sociedade com um “selo de qualidade”. É isso que o RenovaBR pretende fazer. Dar o selo de qualidade a quem deseja ingressar na política e apresentar esses pré-candidatos à sociedade. Em relação aos partidos, cada pré-candidato terá livre escolha para ingressar naquele que achar melhor e terá que buscar seu próprio financiamento, mas o RenovaBR não descarta, por exemplo, apresentar seus bolsistas a pessoas físicas com recursos para financiar uma campanha.
Antes desse encontro, Mufarej explicou em detalhes o seu projeto numa entrevista ao Correio Braziliense feita por Natalia lambert e Paulo Tarso de Lyra. Se você quer mudar algo na política, vale a pena ler de novo:
“Anunciado há pouco menos de três semanas, o Renova BR já vem sendo alvo de uma enxurrada de críticas, sobretudo dos partidos de esquerda. Idealizado pelo empresário Eduardo Mufarej e com o apoio de nomes de peso do cenário nacional, como o do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o empresário Abílio Diniz e o apresentador Luciano Huck, o Fundo é visto como um meio de financiar candidatos a deputados simpáticos às ideias liberais.
Em entrevista exclusiva ao Correio, Mufarej nega que esse seja o intuito. “É um movimento político. Não tem agenda para pautar pessoas. Queremos que essas pessoas que tenham vontade de disputar cargos tenham competência, criem rede de apoio”. Ele explica que a decisão de alguém largar tudo e concorrer a um mandato eleito é muito difícil e que não há apoio nos partidos para que isso aconteça.
A partir do momento em que o bolsista se inscreve no Renova, ele vai passar por um curso, que inclui temas mais gerais e até módulos específicos de acordo com as áreas de interesse. “Se forem eleitos, nossos bolsistas serão cobrados pela transparência dos gastos do mandato, pelos votos que proferirem e para que concluam os mandatos”, explicou o empresário.
Mufarej, CEO da Somos Educação e presidente da Confederação Brasileira de Rúgbi, disse que cabem todos os espectros ideológicos no Renova e que os mecanismos de financiamento serão os mesmos incluídos n legislação em vigor. “Se a sociedade quiser, como pessoa física, apoiar nossos bolsistas, ótimo. Mas é uma decisão dos brasileiros.”
O empresário apoia as ações de investigação da Rio 2016 e torce para que o país encontre um caminho de convergência política, embora reconheça que o atual momento de dificuldade ajude a fomentar ideias radicais. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
Qual é o principal objetivo do Renova BR?
Nosso objetivo é criar condições para que gente talentosa, com vontade de atender à sociedade, se sinta estimulada a participar do processo eletivo. Os entraves para renovação dos quadros políticos são gigantescos. Queremos apoiar essas pessoas. Permitir uma inovação política e aceleração de lideranças. Hoje, um jovem de 30 anos que deseja concorrer a algum mandato não tem nenhum estímulo a deixar de atuar na área que em atua para candidatar-se.
Como o Renova BR vai funcionar? A ideia é fazer uma think tank,estabelecendo um debate e auxiliando candidatos que se afinarem com a proposta?
Nossa intenção não é criar uma pauta nem estimular um debate sobre temas concretos, como as reformas que aí estão. Queremos gerar um movimento político. Não tem agenda para pautar as pessoas. Queremos que essas pessoas que tenham vontade de disputar cargos tenham competência, criem uma rede de apoio a elas. A decisão de alguém que está empregado e que resolve entrar na política é muito binária. Hoje, as chances de essa escolhadar certo são muito baixas. As estruturas dos partidos são analógicas. Acesso do cidadão à política é restrito. Não queremos pautar ninguém. Queremos ajudar quem queira participar do processo.
E como funciona?
Essas pessoas interessadas vão participar de um processo seletivo, composto por várias etapas: avaliação cognitiva, análise de competências, capacidade de resiliência, debate sobre questões éticas. São processos para entender a visão de futuro que as pessoas têm do Brasil. Quem for aprovado passa a ser um bolsista Renova e entra em uma academia de formação composta por três módulos. O primeiro é focado no candidato. O segundo é a compreensão do sistema político brasileiro atual. Por fim, teremos módulos optativos de acordo com as áreas de interesses das pessoas: educação, saúde, saneamento.
Quando começam e terminam esses módulos?
O processo seletivo vai até dezembro. As aulas vão de janeiro a junho, seis meses de curso. (As campanhas eleitorais de 2018 terão início no mês de agosto).
Vocês vão financiar candidaturas?
Não. Não temos instrumentos jurídicos para isso. As empresas que nos apoiam e que quiserem doar para as campanhas farão isso dentro das regras estabelecidas pela lei. Se a sociedade quiser, como pessoa física, apoiar nossos bolsistas, ótimo. Mas essa é uma decisão dos brasileiros.
O que um bolsista do Renova BR precisa ter em mente caso seja eleito?
Eles serão cobrados em diversos pontos: respeito à democracia; gestão fiscalmente responsável; foco que o pagador de impostos tenha os benefícios dos impostos que pagou; promoção de acesso e redução de desigualdades; respeito às liberdades individuais; gestão responsável dos recursos naturais.
São esses os compromissos que deverão ser cumpridos caso o bolsista seja eleito?
Além disso, vamos cobrar transparência nas contas, nas ações e nos votos. E que ele conclua o mandato para o qual foi eleito. Não queremos que eles sejam eleitos e logo depois, assumam cargos de secretariado ou outros, porque ficará mais complicado para analisar o trabalho.
Seria possível a formação de uma base governamental composta exclusivamente por bolsistas do Renova BR? Há previsão do lançamento de um candidato à Presidência da República?
Estamos muito focados na renovação legislativa. A gente espera oferecer novas possibilidades de debate. O foco será nos legislativos federal e estaduais. Em cargos majoritários, é mais difícil termos bolsistas, pois, nestes casos, é mais raro a participação de candidato que jamais tenha participado de um processo eletivo anterior.
As interlocuções do apresentador Luciano Huck com partidos políticos, como o DEM e o Novo, ajudam ou prejudicam o ideal de imparcialidade do Renova BR?
O Luciano, como várias outras pessoas que nos ajudam, é um apoiador da ideia de renovação, as interlocuções dele, tanto políticas quanto sociais, não têm nenhum impacto.
No atual modelo de campanha sem financiamento eleitoral de empresas, a criação de um fundo não provoca distorções no sistema político?
Não criamos um fundo. O Instituto é para apoiar a formação de novas lideranças políticas. Queremos criar instrumentos de fomentação e desenvolvimento de novos líderes, que poderão se candidatar ou seguir outros caminhos após o curso. Vai depender da vontade de cada um de onde ele vai querer servir a sociedade. Não queremos ser camisa de força para ninguém.
Os questionamentos judiciais sobre o fundo são plausíveis? Como responder a eles?
Foi curioso. Nem havíamos lançado o projeto e um deputado disse que o que estávamos fazendo era incoerente. A gente está defendendo a tese de que as pessoas recebam informação fora do período eleitoral. Temos várias instituições que fomentam formação, o Renova BR é apenas mais uma delas. Ele fomenta a formação política, algo que os institutos ligados aos partidos deveriam fazer também e quase nunca fazem.
A presidente do Instituto Brasileiro de Renovação Política, Renata D’Aguiar, afirma que ideia do fundo partiu de um projeto dela para a criação de um selo certificador de políticos. É verdade?
Não conheço a Renata. Além disso, o Renova não pretende dar um certificado de formação política.
Passado pouco mais de um ano da consolidação do presidente Temer no poder, o país melhorou do ponto de vista político? Esta segunda denúncia criminal reforça o clima de instabilidade?
Não sou especialista em política, mas é claro que estamos vivendo um momento de instabilidade. O país precisa superar essa fase, ninguém aguenta mais. Do ponto de vista econômico, melhoramos um pouco, a economia descolou da política, o que foi até positivo. O político está muito difícil de se resolver. A sociedade quer votar em novas lideranças, gente de fora. Tem muita gente boa querendo participar do processo e não consegue.
O que senhor acha das reformas aprovadas e propostas pelo governo, como a trabalhista e a previdenciária?
A gente precisa de coragem para tomar as decisões que não são fáceis de tomar. Pensar menos dentro de um setor, dentro de uma área específica e pensar na sociedade como um todo.
Todos os envolvidos diretamente no projeto – você, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o empresário Abílio Diniz e o apresentador Luciano Huck – têm uma visão mais liberal , especialmente do ponto de vista econômico. Isso não pode influenciar no debate promovido pelo Renova BR?
Esse movimento foi idealizado por mim, sou voluntário do projeto. Eles (Armínio Fraga, Luciano Huck e Abílio Diniz) são endossadores, acreditam na renovação, mas não têm indicação política ou ideológica. Minha mãe foi militante do PT, dirigente do sindicato dos professores de São Paulo. Tem gente boa nos diferentes espectros políticos e estaremos felizes por acolhê-los em nosso projeto. Estamos focados nas pessoas. Se as pessoas cumprirem os requisitos, para nós vai ser uma honra apoiar, independentemente de em qual partido elas estiverem.
Os bons números de intenções de voto do deputado Jair Bolsonaro são assustadores? E os do Lula?
A população está insatisfeita com tudo que está aí, o que ajuda nesses resultados. Mas esperamos que seja encontrada uma solução para a crise que vivemos, sem radicalismo.
E o fato de alguns setores efenderem a volta do regime militar? Acredita que existe esse risco?
Difícil dizer, porque, com a força das mídias sociais, as coisas se polarizam demais e fica mais difícil mensurar. A população tenta encontrar as respostas que não está vendo no debate diário. Nesse contexto em que a vida está mais difícil, tem espaço para o surgimento de ideias e soluções mais radicais. Mas gostaria de acreditar que a gente vai conseguir achar uma posição convergente apesar do discurso polarizado. Sem adotar o caminho da radicalização.
O senhor tem atuação na área esportiva, como presidente da Confederação Brasileira de Rúgbi. Como avalia os escândalos da Copa de 2014 e a recente prisão de Arthur Nuzmann, do COB, por pagamento de propinas para aprovação da Rio 2016?
Como brasileiro, eu me envergonho do legado da Rio-2016. O lado positivo é que o Brasil está sendo passado a limpo pelas medidas anticorrupção, fazendo com que as atividades ilícitas não passem incólumes. Isso é positivo. É um marco na nossa história.
Se alguém tinha alguma esperança de pacificação no PSDB, pode esquecer. O partido está fraturado de um jeito que nem o “budista” Fernando Henrique Cardoso conseguirá colar os cacos. Está igual a uma casa que não tem sequer um can to arrumado.
Na Câmara, o grupo ligado ao presidente licenciado, Aécio Neves, se movimenta para tirar Ricardo Tripoli do comando da bancada.
Na Executiva Nacional, Tasso Jereissati, que sempre era visto como ponderado e cordato, agora, abre o verbo e ameaça largar o comando partidário, caso Aécio Neves não renuncie ao cargo de presidente do partido. Enquanto isso, o governador de Goiás, Marconi Perillo, recebe o prefeito de São Paulo, João Dória, e, juntos, defendem a permanência de Aécio.
Para completar, GEraldo Alckmin e João Dória jogam um truco eleitoral que ainda promete consumir muita energia dentro do partido. Na semana que vem, novos lances dessas crises fabricadas por eles mesmos, sem combinar com os eleitores.

