Dilma vai bem, mas não vira votos

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Nove em cada dez senadores ouvidos pelo blog consideraram que Dilma cumpriu o seu papel nas 14 horas de exposição no Senado. Porém, diante de um colegiado que já está “com a cabeça feita”, o saldo do dia foi o gesto de comparecer ao Parlamento, numa demonstração de apreço ao Legislativo, algo que Dilma raramente demonstrou enquanto comandava o país. Quanto aos votos, que era o que Dilma mais queria, o Senado ficará devendo. O governo Temer calcula ter fechados 59 votos pró-impeachment, podendo chegar a 61. Já o governo Dilma,que obteve 21 na pronúncia do processo, terá, na melhor das hipóteses, 22 votos.

As primeiras horas da presença de Dilma no Parlamento foram consideradas um gol de placa pelo PT. Ela acertou no tom, abordou todos os temas, foi incisiva sem ser arrogante ou agressiva. Ao longo dia, entretanto, Dilma foi ficando cada vez mais Dilma. Como se ainda estivesse com a faca e o queijo do poder nas mãos, o que fazcom que muitos permaneçam refratários.
Os ex-ministros do governo e o presidente do PT,Rui Falcão, ficaram até o último minuto. Lula saiu antes. Iria participar de um ato pró-Dilma. O ex-presidente acompanha, conversa com senadores, ficará ao lado dela, mas também nõ acredita muito em milagres.
Depois de acompanhar a exposição de Dilma ao longo do dia, a cúpula petista praticamente considerou cumprida a sua missão com Dilma. No geral, os petistas querem agora virar essa página e partir para a oposicão. Com a economia em frangalhos, dizem alguns, o melhor mesmo é ficar agora na posição de ataque ao governo em exercício e trabalhar para voltar em 18.

Renan e a nova polêmica do PT

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Experiente em antecipar movimentos politicos, o senador Renan Calheiros comentava há pouco na sala de café do Senado que um dos momentos de maior polêmica pós a visita de Dilma nesta segunda-feira deve ser a definição de votação em dois tempos, um para o afastamento, outro para a perda dos direitos políticos por oito anos. É que, no período de análise do impeachment de Fernando Collor, os senadores fizeram duas votações porque ele renunciou horas antes da votação. Agora, ainda que Dilma não renuncie, o PT quer repetir a dose para abrir a possibilidade de Dilma concorrer a um mandato eletivo em 2018, se essa for a sua vontade.

“Sou a única pessoa que conversa com todos os lados da República”

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O presidente do Senado, Renan Calheiros, está arrependido da confrontação em plenário hoje pela manhã. Em entrevista na sala de café dos senadores, ele falou em “ressaca” pós-confronto. Considerou que os petistas Lindbergh Farias, Gleisi Hoffmann e, ainda, Vanessa Graziotin,do PCdoB, provocaram-no para tirá-lo da neutralidade que marcou a atuação ao longo do processo enquanto presidente da Casa.”É injusto e desproporcional me transformar em personagem do impeachment”,comentou. “Sou a única pessoa que conversa com todos os lados da República”, completou.

Renan lembrou que, desde o afastamento de Dilma, esteve com ela três vezes,também jantou com Michel Temer e tem atuado de uma muito diferente daquela adotada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Hoje,entretanto, diante das provocações, ele disse que cometeu “um erro”. O que não significa que esteja decidido a votar a favor do impeachment. “Ainda não me decidi. A tendência é me abster. O presidente do Senado tem uma responsabilidade institucional, mas ainda não me decidi”,disse ele. “Eu não gosto de me explicar repetindo várias vezes que estava arrependido da confrontação,”que não é do meu estilo”, disse ele, par, em seguida,completar: “Eu também não gosto de me explicar. Prefiro que me interpretem”, referindo-se ao fato de não ter anunciado até o momento como votará quando chegar a hora

Ao longo da conversa com os repórteres, Renan lembrou as várias provocações que ouviu nos últimos dias, com referências ao jantar dele com o presidente em exercício, Michel Temer; e até declarações tentando depreciar o Senado, por exemplo, o fato de Gleisi Hoffmann dizer que a Casa não tinha moral para votar o impeachment de Dilma Rousseff. O senador lembrou inclusive que já havia terminado o seu discurso, quando, diante das provocações ao seu redor, voltou ao microfone e citou o fato de ter ajudado a desfazer o indiciamento de Gleisi da Polícia Federal.

Ele, entretanto, se referia à busca e apreensão na casa da senadora, quando da prisão do marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo. A senadora,entretanto, não está relacionada à suspeita de favorecimento de empresa e pagamento de propina no caso de recursos dos empréstimos consignados. Gleisi à época pediu que a Presidência do Senado intercedesse para que não houvesse mais busca e apreensão na residência oficial. Renan atendeu. Ontem, na sala de café, brincou:”Vamos aproveitar a reforma do código Penal e propor um agravamento da pena por ingratidão”, disse ele.

Tumultuar para postergar

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Ciente de que não tem os 27 votos para preservar o mandato de Dilma Rousseff, os petistas partiram para a tática de provocar os senadores aliados a Michel Temer. O primeiro tiro foi dado ontem pela senadora Gleisi Hoffmann, dizendo que a Casa não tinha moral para julgar Dilma Rousseff. Hoje, continuou com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

O PMDB engoliu a corda. O presidente do Senado, Renan Calheiros, ensaiou um discurso de pacificação na Casa, porém, na hora de falar, tropeçou nos verbos e nos adjetivos, mencionando as manobras do PT como de “uma burrice infinita”. E, se levado ao pé da letra, confessou ainda interferências no Judiciário, ao dizer que havia ajudado a “desfazer” o indiciamento de Gleisi no Supremo Tribunal Federal. Longe dos microfones, Gleisi reagiu: “Mentiroso, canalha!”

O clima está quente, a sessão suspensa e, pelo andar da carruagem, o PT até aqui conseguiu o que queria: atrasar o calendário. Os aliados de Temer vão tentar recuperar esse atraso evitando perguntas às testemunhas. Vejamos o que esta tarde nos reserva.

E Cardozo ganha, mas não leva…

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O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, acaba de dispensar o procurador Júlio Marcelo enquanto testemunha. Porém, permitiu que o procurador seja arguido enquanto informante. Logo, do ponto de vista processual, Cardozo ganhou. Mas, do ponto de vista político, Júlio Marcelo vai falar. Logo, noves fora… Segue o baile!!! São 31 senadores inscritos para interrogar o, agora, informante júlio Marcelo.

Cardozo quer impedimento de Júlio Marcelo

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Depois das discussões desta manhã, primeiro dia do julgamento da presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro José Eduardo Cardozo vai arguir daqui a pouco a suspeição do procurador Júlio Marcelo enquanto testemunha do processo. “As testemunhas têm que ser isentas e ele tem interesse no processo, foi militante político em favor da tese do impeachment. Não tem isenção para ser testemunha”, diz o ex-ministro, que aproveita o intervalo de almoço para conversar com alguns senadores da base aliada da presidente Dilma Rousseff.
O ex-ministro esteve com Dilma ontem, antes do ato no teatro dos Bancários, um evento que deixou a desejar em termos de público e, para completar, não contou com as estrelas do PT. A presidente acompanha o processo pela TV, no Alvorada. Assistiu pela manhã e deve prosseguir hoje à tarde. Ela assiste até para usar alguns elementos no discurso que fará na segunda-feira.
Em tempo: diante dos atrasos __ até agora nenhuma testemunha foi ouvida __, a expectativa dos senadores é de sessões no fim de semana.

Sinais

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A leitura política dos peemedebistas sobre a presença do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, na solenidade Agro+, ontem no Planalto, foi muito além dos simples laços de amizade que une o magistrado e o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ambos de Mato Grosso. Deputados e senadores saíram do evento com a convicção de que Mendes não patrocinará nada que possa jogar o presidente em exercício, Michel Temer, no cadafalso.

Dois pedidos…
O Solidariedade, do deputado Paulinho da Força, conta com a criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Porém, a Frente Parlamentar de Agricultura (FPA) prefere um órgão sem status de ministério que faça a regularização dos assentamentos já concretizados, e do sistema fundiário, com muita assistência técnica, deixando a parte de cestas básicas para o Ministério do Desenvolvimento Social.

…Uma enrolação
O presidente em exercício, Michel Temer, não disse nem sim nem não à FPA. Afirmou apenas que a solução será discutida com os deputados que integram o grupo, considerado a mais poderosa organização suprapartidária do Congresso.

Eles e elas
Quem acompanha de perto a guerra entre as distritais Celina Leão e Liliane Roriz só tem um receio: que as duas terminem no fosso. Foi assim, quando da disputa entre os senadores Antonio Carlos Magalhães e Jader Barbalho nos idos de 2000. Um puxou o outro
para baixo.

O que dá cadeia
É bom o grupo de distritais afastados da Câmara Legislativa pensar duas vezes antes de esconder documentos: o ex-senador Delcídio do Amaral foi para a cadeia por tentativa de obstrução da Justiça. O mesmo ocorreu com José Roberto Arruda, que escapou da prisão quando do estouro da Caixa de Pandora, mas terminou preso, acusado de subornar testemunha.

Sem intermediários
Uma das questões de ordem que promete tomar um bom tempo hoje será sobre se os senadores podem ou não fazer perguntas diretamente à presidente afastada na segunda-feira ou terão que se dirigir ao presidente da sessão, ministro Ricardo Lewandowski, que, por sua vez, repetirá a questão para Dilma. A turma pró-impeachment prefere perguntar diretamente.

Curtidas

Seguro morreu de velho/ O presidente em exercício, Michel Temer, só viajará para a China depois da exibição de seu pronunciamento pós-impeachment. Ainda que perca o seminário empresarial em Xangai, seu primeiro compromisso, seguirá o conselho de Ulysses Guimarães: “Não existe vácuo de poder”.

Sessão coruja I/ Os cálculos dos senadores preveem 48 horas só para a oitiva das oito testemunhas. Logo, a aposta é a de que haverá sessão no sábado. Para a última fase, fala dos senadores, da defesa e da acusação, a ordem é seguir madrugada adentro.

Sessão coruja II/ Rígido no quesito horário, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski (foto), passou boa parte das reuniões para definição do rito de impeachment, preocupado com a hora de encerrar as sessões. Rápido, um senador respondeu: “O senhor não se preocupe, que aqui o pessoal está acostumado a dormir tarde”. Para quem não se lembra, a aceitação do processo no plenário do Senado terminou 6h30 da matina. E a pronúncia, 2h40.

Dilma e Getúlio/ Aliados da presidente Dilma Rousseff ficaram atônitos quando o senador petista Lindbergh Farias leu a carta-testamento de Getúlio Vargas ontem no plenário, como forma de marcar os 52 anos da morte do ex-presidente. Otto Alencar, do PSD da Bahia, foi tirar satisfações: “Ei, que é isso? Num momento como esse? Ele cometeu suicídio! Você quer que a Dilma se mate?”

Dirceu e Genoino perdem comendas

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O comando da Aeronáutica decidiu excluir do Corpo de Graduados Especiais da Ordem do Mérito da Força os petistas José Dirceu e José Genoíno, condenados no escândalo do mensalão. A decisão, assinada pelo comandante Nivaldo Rossato, atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O ato já está publicado no Diário Oficial da União. Dirceu perdeu o grau de Grande Oficial. E Genoíno, de Comendador.