Categoria: Política
Nesse momento, o jacaré da anistia ao caixa dois já está por ali. Mas, para aprová-lo, as excelências precisam primeiro conceder “urgência” ao projeto das 10 medidas contra a corrupção. Enquanto eu escrevia o post abaixo, apenas PSol e Rede eram contra a urgência, para poder estudar melhor o texto e denunciar os bichos escondidos. Agora, o PHS também prefere esperar. O deputado Wanderley Macris (PSDB-SP), discursou na mesma linha. Ao que tudo indica, o projeto não deve ser votado hoje, porque, há muita confusão para votar a urgência, considerada a “preliminar do pântano”. Continuamos de olho no caminhar do dia.
As medidas contra a corrupção viraram uma corrida maluca: um grupo quer aproveitar para anistiar o que der, antes que a delação de Marcelo Odebrecht tenha efeitos. Daí, o tumulto no plenário e a Casa cheia.
Todo o final de ano os “jacarés” atacam no plenário da Câmara e do Senado. São aqueles projetos que a sociedade abomina, mas sempre há um grupo de deputados e senadores interessados. Já houve “jumbao” (apelido dado à destinação de verbas para projetos duvidosos), perdão de dívidas, aumentos salariais indevidos. Desta vez, o bichão se chama “anistia ao caixa dois de campanha” e “crime de responsabilidade aos procuradores”. A boa governança recomendaria à classe política mais juízo. No entanto, esses são os temas da hora nesse momento no plenário, com a casa cheia, algo raro para uma quinta-feira. Ao que tudo indica, as excelências não querem aprovar medidas contra a corrupção. E sim algo que salvem suas contas passadas de campanha, ainda que comprometam suas biografias. Vejamos o caminhar do dia.
A pedido do próprio ministro, o conselheiro da comissão de Ética Pública que havia pedido vistas no processo contra Geddel Vieira Lima reformulou seu voto e , agora, o processo está aberto. A intenção do ministro é acelerar a investigação, a fim de ver seu nome fora da confusão o mais rápido possível. Afinal, no fim de semana, Geddel já havia conversado com o presidente e tinha sido mantido no cargo, conforme noticiou o Correio Braziliense. Diante dos fatos, Geddel tenta passar a ideia de que agora está tudo bem. Falta, entretanto, esperar mais uns dias para ver se surgirão fatos novos. Entre os aliados do ministro, a avaliação é a de que ainda não dá para comemorar. Entre os adversários, a torcida contra e a busca por novos fatos continuará. Vejamos os próximos capítulos.
Tempo para “esfriar” o caso. Essa é a leitura política feita nos bastidores sobre o adiamento da decisão da Comissão de Ética Pública da Presidência da República a respeito do escândalo envolvendo o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, em denúncia de tráfico de influência __ que resultou no pedido de demissão do ministro da Cultura, Marcelo Calero. No entanto, não resolve a frágil situação de Geddel. Num momento em que o governo mais precisa se mostrar ao lado da ética e da defesa do interesse público, o ministro surge numa gestão de interesse pessoal que resultou no pedido de demissão de um ministro. Não por acaso, a maioria dos integrantes da comissão de ética pública votou pela abertura de processo. Até 14 de dezembro, quando a comissão volta a analisar o caso, será possível ter uma ideia mais clara do destino do ministro. A aposta de alguns aliados de Temer hoje cedo era a de que Geddel iria “apanhar” mais uns dias, mas se preservaria no cargo. Porém, a maioria da comissão favorável á abertura de processo balançou essa convicção. A posição que Geddel ocupa no governo é estratégica, destinada a alguém que não precise dispender energia política na própria defesa e que possa estar inteiramente dedicado ao governo. Geddel, no atual momento, não dispõe desses requisitos. Vejamos os próximos capítulos.
As confusões em alta no momento guardavam certa distância do Planalto. Sérgio Cabral, o ex-governador preso por roubo, não afetava o dia-a-dia do presidente Michel Temer, nem colocava o Planalto na linha de tiro do #xôprivilégio. Numa plácida sexta-feira que tinha tudo para ficar no rescaldo do Cabral que descobriu Bangu 10, o jogo virou. Geddel Vieira Lima, o poderoso ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Planalto, foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de pressionar a liberação de um empreendimento na Bahia, no qual Geddel tinha comprado um imóvel. Ora, ora. Justo um dos ministros mais próximos a Temer. Santo azar, Batman! Geddel negou. Disse que fizera apenas uma “ponderação”, conforme entrevista ao Uol. O que Geddel chamou de ponderação fez Calero pedir demissão e sair atirando. Talvez o então ministro da Cultura tivesse entendido errado. Michel Temer ouviu as duas versões. Manteve Geddel e não segurou Calero.
O ministro palaciano, entretanto, entra esta semana na corda bamba. Some-se ao desgaste com o episódio Calero a insatisfação de vários deputados da base aliada, reclamando das longas filas de espera na antessala no ministro, a demora nas nomeações e na tratativa dos projetos de interesse de cada um. Numa base acostumada ao toma-lá-dá-cá, talvez Geddel tenha até razão em deixar alguns esperando. O que não pode é o ministro tentar interceder em benefício próprio perante seus próprios colegas. Já tem gente internamente na base dizendo que “Geddel só tenta resolver as coisas dele próprio”. Ou ele se recupera perante os partidos aliados ao presidente, ou não conseguirá cumprir a missão que lhe foi dada no governo, que, na prática, é deixar os deputados mais calmos e afeitos aos projetos do Executivo, nem que seja apenas com uma boa conversa. Os próximos dias dirão se o ministro retomará as condições de exercer essa tarefa.
A aposta de alguns políticos é a de que o episódio terminará no seguinte traçado: o empreendimento imobiliário na Barra acabou, porque, agora, se for liberado, será para beneficiar um ministro. Geddel, por sua vez, apanhará uns dias, mas, continuará atendendo como “ministro”. Agora, se algo mais surgir no horizonte, ele que se prepare para virar “ex”.
Ciente de que está na mira da Lava-Jato, a Eletrobrás aproveitou a semana do feriadão para divulgar um “fato relevante”, algo considerado importantíssimo no mercado empresarial. Em 12 páginas, na linguagem rebuscada típica da burocracia empresarial, os controladores estouram seus antecessores. Na página 4, a empresa lista seis fraquezas da companhia em 2015 e anos anteriores. Diz que a Eletrobrás “não manteve ambiente de controle efetivo, revisão de gestão, demonstração financeira, controles efetivos e adequados sobre as sociedades de propósito específico”.
Antes dessas críticas, já na segunda página, a empresa reforça: “Segundo seu código de ética, a Eletrobrás não tolera corrupção ou quaisquer outras práticas comerciais ilegais por seus empregados, empreiteiras ou fornecedores, e, portanto, tem tomado uma série de iniciativas envolvendo suas atividades econômicas e seu sistema de governança corporativa”. Se é preciso avisar em alto e bom som que não tolera corrupção, é sinal de que boa coisa não vem por aí. E a atual gestão, ciente dos problemas, tenta se antecipar ao estrago, meio que isolando a confusão nos comandantes dos tempos de Dilma.
O grande paraíso fiscal
A primeira fase da Lei de Repatriação mostrou que a Meca dos brasileiros com recursos depositados lá fora está longe de ser a Suíça. Os dados do Banco Central analisados pelo tributarista Gil Vicente Gama indicam que os principais países de origem dos ativos dos quase 22 mil contribuintes que aderiram ao programa são os seguintes: Estados Unidos (52%), Ilhas Cayman (23%), Reino Unido (5,7%), e Bahamas (3,9%). A Suíça aparece em quinto, com 3,4%.
Distância regulamentar
Os tucanos planejam aproveitar a lei de abuso de autoridade no Senado para marcar aí um certo afastamento do presidente da Casa, Renan Calheiros. O discurso o PSDB sobre o tema será formatado esta semana.
Outro jogo
Não dá para Rodrigo Maia e demais pré-candidatos a presidente da Câmara tratarem da próxima eleição para presidente da Casa do mesmo jeito que lutaram com a disputa para o mandato tampão. Desta vez, com cargos da mesa na roda, quem amarrar melhor os demais partidos na composição da chapa terá mais chance.
Oi e seus nós
Os interessados em salvar a Oi querem na prática o perdão das multas que a empresa recebeu da Anatel por não cumprir as metas do plano original de concessão. O assunto será discutido na segunda-feira.
CURTIDAS
Em nome do pai/ Parlamentares não esquecem da imagem da deputada Clarissa Garotinho no plenário da Câmara, de celular em punho, gravando imagens de Eduardo Cunha no dia em que foi cassado enquanto bradava palavras de ordem. E agora, com o pai dela hospitalizado e preso, houve quem apostasse que Clarissa deixaria os peemedebistas esquecidos. Ela, entretanto, não vai parar e está dedicada a apontar as diferenças entre os casos de seu pai e o do ex-governador Sérgio Cabral.
Porque demorou/ Críticas à demora dos agentes públicos em prender o ex-governador Sérgio Cabral e outros integrantes da gangue do guardanapo na cabeça tomaram as redes sociais desde quinta-feira. Os investigadores, entretanto, avisaram que foi preciso passar os Jogos Olímpicos para limpar a casa depois que as visitas fossem embora.
Quem eles temem/ Advogados de ex-deputados, ex-governadores e ex-senadores trocam o “periculum in mora” (perigo da demora) por “periculum in Moro”. Sabe como é, se tem algo que eles preferem evitar é ter que encarar o popular juiz da Lava-Jato.
Troca de comando/ Não foi apenas o governo que mudou de líder. Está tudo encaminhado para que o senador Ricardo Ferraço (ES) assuma a liderança do PSDB na Casa.
O desespero de Anthony Garotinho, que surge num áudio brigando com policiais e dizendo que tem medo de ser assassinado na penitenciária, sensibilizou a ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral. Ela não só determinou que ele seja transferido a um hospital, como também decidiu que Garotinho seja recolhido à prisão domiciliar assim que receber alta. Em casa, Garotinho tentará reforçar as diferenças entre ele e Sérgio Cabral, preso em Bangu 8.
Enquanto o mundo politico destrinchava a prisão de Sérgio Cabral, a primeira-dama, Marcela Temer, recebia no Alvorada o juiz-titular Renato Rodovalho, da Vara de Infância e da Juventude do Distrito Federal, acompanhado de duas psicólogas voluntárias da rede solidária Anjos do Amanhã, Cesira Bertoni Jardim e Lúcia Passarinho. Eles foram apresentar o projeto Anjos do Amanhã, criado há dez anos para tentar ajudar crianças e adolescentes atendidos pela Vara da Infãncia e da Juventude. A ideia da primeira-dama é conhecer o maior número de projetos possíveis para ver o que pode ser replicado no nível nacional, dentro do Criança Feliz. A conversa durou quase uma hora.
Para o PMDB do Rio de Janeiro chegou o fim do túnel e sem luz. Ao ponto de dois juizes sacarem mandatos de prisão preventiva para o ex-governador Sérgio Cabral. Em menos de 30 dias, três personagens politicos de destaque no estado foram parar na cadeia. Além de Cabral, Anthony Garotinho e Eduardo Cunha. O ex-presidente da Câmara, aliás, já foi aliado de Garotinho, a quem acompanhou na migração para o PMDB em 2003. Garotinho deixou o partido em 2009. Cunha, porém, já estava vinculado à cúpula peemedebista. Coincidência ou não, estão os três na cadeia.
O ex-governador andava “mergulhado” desde sua saída do cargo, quando Luiz Fernando Pezão assumiu e foi candidato à reeleição. Pezão venceu e manteve o PMDB do Rio no comando politico. Agora, chegou a conta para o partido, da mesma forma que já havia chegado para o PT no plano nacional. Em meio às oito prisões preventivas, 14 conduções coercitivas e dois mandados de prisões temporárias, nem a ex-primeira-dama escapou, levada corecitivamente a prestar depoimento. A PF suspeita que Adriana usava seu escritório para lavar dinheiro.
Diante desse quadro, a situação do PMDB do Rio é de terra arrasada. Lá, onde no passado se falava inclusive em candidatura presidencial do atual prefeito, Eduardo Paes, restam hoje poucos peemedebistas com fôlego. O secretário do programa de parceiras de investimentos do governo Temer, Wellington Moreira Franco, está afastado há mais de uma década da politica estadual. Eduardo Paes está erminando o madnato de prefeito. E há ainda o grupo dos Picciani (Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e seu filho, Leonardo Picciani, ministro do Esporte), esses sim, con influência e pretensões políticas. O grupo, porém, com tantos peemedebistas presos, terá dificuldades em manter o poder no futuro. Vejamos os desdobramentos e aguardem futuras delações dos personagens recolhidos hoje.
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezao, foi ao Planalto esta tarde em busca de auxílio para resolver a grave crise do estado. Pensou-se inclusive em federalizar a previdência estadual. A proposta, porém, não foi aceita.