Bolsonaro e PL usarão vagas no governo para resolver palanques estaduais

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O presidente Jair Bolsonaro já avisou a alguns ministros que aqueles que forem candidatos sairão em 30 de março. Ele não quer que ninguém antecipe essa saída. Assim, terá prazo para organizar o time que ficará no Poder Executivo ao longo da campanha eleitoral. Em alguns casos, não está descartado o “atendimento” a integrantes da base aliada para que o PL e Bolsonaro possam resolver o imbróglio dos palanques estaduais.

 

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No Rio Grande do Sul, por exemplo, os bolsonaristas têm dois candidatos a governador: O senador Luís Carlos Heinze (PP) e o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, que deve seguir para o PL. A ideia em análise é fazer de Heinze o novo ministro da Agricultura, uma vez que ele tem mais quatro anos de mandato. Assim, Onyx Lorenzoni vira candidato único do presidente Bolsonaro no Estado. Falta combinar com a ministra Tereza Cristina, que deixará o cargo para concorrer ao Senado em Mato Grosso do Sul e com o próprio Heinze. Porém, por ser fiel escudeiro do presidente na CPI, Heinze não recusará o cargo se essa equação for fechada.

 

O isolamento de Geraldo

Quanto mais Lula demora para dar um “sim” à chapa presidencial com ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin na vice, mais o ex-tucano se desgasta e perde força para arrastar mais aliados ao projeto de unir um pedaço do PSDB ao petismo.

 

Com esse discurso, não dá

A ideia de Lula, de reverter a reforma trabalhista e a outras medidas mais liberais adotadas desde que o PT deixou o governo, em 2016, também reduz esse apoio do centro ao petista e afasta ainda mais aqueles que poderiam apoiá-lo junto com Alckmin.

 

Sem turma e nem projeto

Quem acompanha a vida do ex-governador paulista de perto acredita que o ex-tucano está a cada dia mais refém das decisões de Lula e do PT. E, para completar, não tem um partido que vá brigar pela sua posição junto aos petistas, nem no sentido de pregar um projeto mais liberal, nem pela parceria com o ex-presidente.

 

Olho vivo

Coordenador da Frente Parlamentar de Energias Renováveis, o deputado Danilo Forte (PSDB-CE) anuncia que vem aí uma comissão especial para acompanhar os leilões de energia. É que, da última vez, sete térmicas a óleo participaram e levaram parte dos lotes oferecidos para fornecimento de energia. “Essas térmicas foram desativadas na Europa, nos Estados Unidos e agora vêm para cá.  Elas são o oposto dos compromissos assumidos na Cop26”, diz o deputado.

 

CURTIDAS

 

Nordeste, o desafio/ As andanças do ex-juiz Sérgio Moro pelo Nordeste fizeram acender o sinal de alerta dos bolsonaristas na região. Vem por aí um movimento para que o presidente Jair Bolsonaro escolha um candidato a vice-presidente nordestino.

 

Melhor de dois/ Estão nesse rol de opções, pelo menos, dois ministros, Fábio Faria e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. Ambos são do Rio Grande Norte e candidatos. Se escolher um para vice, Bolsonaro ainda resolve a briga entre os dois pela vaga ao Senado.

 

E o Ciro, hein?/ Já tem gente até colocando o ministro a Casa Civil, Ciro Nogueira, na lista de possíveis candidatos a vice. Assim, Bolsonaro amarraria de vez o PP ao seu projeto de reeleição.

 

Tá explicado/ Nesse início de ano, no quesito vacinas e outros, o presidente Jair Bolsonaro tem ouvido muito mais os radicais do que os mais centrados do governo. Quando abrir os ouvidos aos mais centrados, a aposta é a de que tudo pode melhorar.

 

 

Novas regras complicam as eleições para deputado federal

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As regras eleitorais ficaram mais duras e, ao colocar tudo na ponta do lápis, os comandantes partidários descobriram o tamanho do problema que terão pela frente. No Distrito Federal, por exemplo, são oito vagas na Câmara dos Deputados. Para eleger um deputado, são necessários algo em torno de 180 mil votos. Até 2018, os partidos lançavam 16 candidatos, ou seja, o dobro do número de vagas. Se tivesse coligação, poderia lançar mais oito, chegando a 24 candidatos.

Agora, não há mais coligações, e cada partido só poderá lançar o número de vagas mais um, num total de nove candidatos. Para completar, um deputado para obter a vaga com base na soma dos votos dos candidatos de seu partido precisa ter, sozinho, 20% do coeficiente eleitoral — no DF, algo em torno de 36 mil votos. Por esse critério, por exemplo, Celina Leão, que obteve 31 mil, estaria fora, e a vaga do oitavo deputado ficaria em aberto, uma vez que o Podemos, do suplente Professor Pacco, que obteve 39 mil votos, não tinha atingido o coeficiente, e o cálculo da sobra beneficiou o PP de Celina.

Se agora essa “sobra” já está dando muita discussão, imagine quando as urnas forem abertas, em outubro.

Sem trégua

O pedido de convocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao Parlamento para que dê explicações sobre a vacinação de crianças contra covid-19, ainda no recesso, é o primeiro de uma série. O próximo deve ser o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, para esclarecer por que o governo não medirá o desmatamento do cerrado.

Mais um tiro no pé
A avaliação dos parlamentares é de que, ao deixar de medir o desmatamento no cerrado por falta de recursos para esse serviço, o governo desgastará mais ainda sua imagem no cenário internacional.

PL sonha grande
O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, acredita que seu partido é um dos que mais tem condições de fazer uma bancada expressiva em 2022. Isso porque aquela turma do PSL que puxou a votação para deputado federal irá em massa para sua legenda, seguindo o caminho adotado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Noves fora…
Se em 2018 os bolsonaristas saíram do zero e formaram a maior bancada, disputando com o PT, agora que saem de um partido organizado podem perfeitamente repetir a dose, apesar do desgaste do governo entre uma eleição e outra.

Jogo jogado
Os planos de Valdemar de fazer uma grande bancada servem tanto para o caso de Bolsonaro se reeleger quanto em caso de vitória de Lula. Para quem faz política há pelos menos quatro décadas, Valdemar não acredita em terceira via.

Dois contra Moro/ No aeroporto de João Pessoa, o pré-candidato do Podemos à Presidência da República, Sergio Moro, ouviu insultos como “traíra” e “golpista”. Vamos organizar: quem chama Moro de “traíra” são os bolsonaristas; de “golpista, os petistas.

Vai apanhar geral/ O ex-juiz da Lava-Jato vai ouvir xingamentos e receberá ataques dos dois polos que dominam a eleição presidencial deste ano. A estratégia dele é atacar os dois e, assim, reforçar sua posição na parcela do eleitorado que não quer nem Bolsonaro nem Lula.

Tudo para depois/ Com o carnaval de rua cancelado em, pelo menos, 11 capitais, a recuperação da economia também terá que esperar mais um pouco, especialmente o setor de turismo.

Caiu na rede/ A saga do tenista Novak Djokovic para tentar entrar na Austrália sem o comprovante de vacinação exigido pelo país virou meme na internet brasileira com o cartaz do filme O Terminal, em que o personagem vivido por Tom Hanks fica retido num aeroporto. Na rede e na atualidade, o “artista” é “Novax Djocovid”.

Federação entre PT e PSB sob o risco de vida curta

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Os partidos que planejam construir federações para as eleições de outubro têm feito a seguinte proposta para os potenciais federados: realizar esse tipo de casamento agora e, em 2023, extinguir essa possibilidade com uma nova lei. Assim, a união prevista para durar quatro estará desfeita. O casuísmo proposto, porém, não é tão seguro assim. Afinal, ninguém garante que, mais à frente, os grandes partidos dominem o cenário político e desistam dessa empreitada, sufocando aqueles que se aliaram a eles, confiando no fim da federação. Ou, num outro cenário, os tribunais mantenham a obrigatoriedade de segurar a federação, pelo menos, até a próxima rodada de eleições municipais, daqui a dois anos.

Esse raciocínio levou o comando nacional do PSB, que fechou 2021 empolgadíssimo com uma federação com o PT, a refazer suas contas e calcular que, politicamente, não será tão interessante fechar esse “casamento”. Isso porque em vários estados o PT não vai abrir mão de lançar candidato. E, como o PT é maior, a probabilidade é que nas eleições municipais os socialistas sejam engolidos pelos petistas, sem chance de fazer valer a sua vontade nas capitais.E, para completar, o prazo para decidir sobre a federação é curto, antes da janela para troca de partido. Diante de tantas ponderações e com a obrigatoriedade de que partidos federados só lancem um candidato a governador em cada estado agora, e apenas um candidato a prefeito em cada município daqui a dois anos, a tendência é o PSB desistir da federação com o PT. Em São Paulo, por exemplo, Márcio França, ex-governador que se viu às voltas com busca e apreensão esta semana, já não está tão empolgado com esse casamento.

Bia vai para o PL

A presidente da Comissão e Constituição e Justiça, deputada Bia Kicis (PSL-DF), jantou com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e praticamente acertou sua ida para a partido, ao qual já está filiado o presidente Jair Bolsonaro. A ideia dos liberais é fazer de Bia a puxadora de votos da legenda para a Câmara dos Deputados. A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, tem como “plano A” ser candidata ao Senado.

Por falar em Flávia Arruda…
Ela sai de férias por 10 dias, a partir de amanhã. Porém é bom os adversários da ministra não se animarem tanto: seus aliados garantem que não é uma despedida antecipada do cargo. No Planalto, o entorno do presidente Jair Bolsonaro avisa que Flávia sai apenas no final de março, no prazo de desincompatibilização.

Furnas em estado de greve
A mexida que a direção de Furnas fez no plano de saúde dos seus funcionários colocou os servidores em pé de guerra. O sindicato já repassou orientação a seus filiados para não tomarem medida de desistência do plano e já estuda ações judiciais para reverter as alterações.

Vai judicializar geral
Em meio ao aumento dos casos de covid e ao aparecimento de flurona, Furnas ampliou a parcela que cabe ao servidor pagar em consultas, internações e outros serviços. Há outras categorias do serviço público que já estão de olho no movimento dos sindicalistas por lá, a fim de preparar ações judiciais, caso a moda de alterar os planos de saúde de
servidores se espalhe.

E agora, Celina?/ A deputada Celina Leão (PP-DF) planejava unir forças com Bia Kicis (PSL-DF) para que tentassem conquistar, ao menos, uma vaga ao Parlamento. Agora, com Bia prestes a fechar com o PL e não PP, Celina terá de buscar uma federação com outra legenda para tentar garantir a vaga.

Foi coincidência, mas…/ Aliados de Jair Bolsonaro vão usar o ano, 2022, para pedir votos para o candidato a presidente, uma vez que o número do candidato será 22. E a briga nos estados pelo 2222 será grande entre os deputados do PL candidatos à reeleição.

Por falar em vacinas… / Desde meados de 2021, muitos médicos avisam que o mundo viverá pelo menos mais dois anos nessa gangorra da pandemia. Só nos resta aproveitar este Dia de Reis em orações para que esse pesadelo passe logo.

Aliados de Bolsonaro pedem Guedes fora do governo em abril

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O ano mal começou e aliados do governo tentam forçar a porta para que, em abril, quando os ministros candidatos a algum mandato eletivo deixam seus cargos, Jair Bolsonaro aproveite para trocar, também, o comandante da Economia, Paulo Guedes. Assim, no bolo de ministros, a saída, avaliam alguns, não traria desgaste. O presidente, até aqui, não se convenceu.

A avaliação dos aliados, porém, é a de que Guedes não tem mais apoio do mercado, onde os grandes fundos e bancos não acreditam mais nas promessas do ministro de crescimento e dias melhores. No empresariado, também não está aquela maravilha. Por isso, muita gente defende que é preciso alguém que renove as esperanças para ajudar a dar mais gás eleitoral ao presidente. Bolsonaro, entretanto, avisou que só vai tratar das substituições em março, ou seja, quer ter um pouco mais de sossego e tempo para organizar o jogo até depois do carnaval.

A la dona Marisa

A primeira-dama Michelle Bolsonaro deu um basta nas visitas de políticos ao presidente durante as férias para que ele pudesse descansar. Só “liberou” os ministros. Muitos que transitaram pelo governo Lula e agora frequentam a corte bolsonarista comparam as atitudes de Michelle àquelas da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que, nos finais de semana, feriados e férias do então presidente fazia o máximo para reservar os momentos à família.

Quanto à dieta…
Se tem algo que Michelle não consegue é regular a alimentação do marido. Ele gosta mesmo é de fritura (pastel, coxinha) e… cachorro-quente. Bolsonaro, porém, sabe que precisava dar uma “regulada” depois da facada. E, muitas vezes, meio inconformado, comenta: “Esse cara me tirou uns 10 anos de vida”, diz, referindo-se ao agressor, Adélio Bispo de Oliveira.

Quem tem tempo…
A ideia no governo é só tratar da reforma ministerial quando for aberta a janela para troca de partidos. Assim, será possível verificar quem realmente está com Bolsonaro para o que der e vier.

Escassez é geral
O governo não demonstra pressa para deflagrar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos porque ainda não tem orçamento suficiente para a compra de uma quantidade capaz de atender a todos. Inicialmente, o Brasil receberá, em janeiro e fevereiro, um terço das doses infantis de que necessita para uma ampla cobertura vacinal. É aquela história: quem se desloca, recebe; quem pede, tem preferência.

Esqueceu dela/ Em suas avaliações sobre a eleição presidencial deste ano, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha sequer cita a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Para ele, tanto ela quanto Luiz Henrique Mandetta, do União Brasil, não passam de vices.

Por falar em Mandetta../ Em março de 2020, quando era ministro da Saúde, ele só dava entrevistas usando o colete do SUS. Agora, são vários os ministros que adotam o modelo. Ontem, na viagem a Minas Gerais, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, vestia o seu. Na Bahia, o da Cidadania, João Roma, também usava um, assim como Marcelo Queiroga, da Saúde.

Exceção/ A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, não aderiu à moda. Aliás, no Planalto, os ministros, de um modo geral, continuam de terno e gravata. Na viagem de ontem a Minas Gerais, na comitiva que avaliou os estragos das chuvas, era a única do primeiro escalão sem o tal colete. O trabalho árduo, porém, ficará com ela: ajudar a arrumar dinheiro para atender os mais necessitados.

Chegou com vontade/ O governador de São Paulo, João Doria, começou o primeiro dia útil de 2022 com reunião do secretariado para planejar o ano e definir o que pode ser feito até abril, antes do prazo de desincompatibilização para concorrer ao Planalto.

PT vai dar prioridade a alianças estaduais no início do ano

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O PT vai deixar a polêmica em torno do candidato à vice-presidência na geladeira, nesta largada de 2022. A ordem é tratar, primeiramente, das conversas estaduais e, nesse contexto, a federação de partidos. Em princípio, o PT não assumirá qualquer compromisso com candidato a vice antes de verificar qual o jogo que melhor lhe convém. E o fato de liderar todas as pesquisas de intenção de voto dá ao partido de Lula o “mando de campo” nas conversas — e o PT não abrirá mão de exercer esse privilégio.

Quanto à federação de partidos, a tendência é de que o desfecho fique para abril ou maio, depois da janela para troca de legenda, que se abrirá em março. Cada agremiação quer ter fechado seu real tamanho para, depois, tratar da federação. É que a obrigatoriedade de manter o “casamento” por quatro anos e o receio de terminar “engolido” pelo PT levam o PSB, por exemplo, a pensar duas vezes antes de tomar qualquer decisão.

Última chamada

A declaração do presidente do PSD, Gilberto Kassab, sobre buscar outro nome para concorrer ao governo de São Paulo que não Geraldo Alckmin é, na verdade, um aviso. Se o ex-tucano demorar muito para definir seu destino, a cadeira de candidato a governador estará ocupada. E, diante da intenção do PT de só discutir o vice de Lula mais para frente, o risco de Alckmin ficar a ver navios é grande.

Nublado, sujeito a chuvas
A contar pelas projeções que o secretário de Fazenda do governo de São Paulo, Henrique Meirelles, tem feito em encontros com políticos, as probabilidades para 2022, “na melhor das hipóteses”, indicam crescimento zero. Isso porque, com as taxas de juros nas alturas e o jeitinho para o descumprimento do teto de gastos, a percepção do mercado é de descontrole fiscal.

Sarney reforça o coro…
Em seu artigo que abre a temporada de 2022, o ex-presidente José Sarney menciona as vítimas da covid-19 no Brasil em 2021 e diz que “muitos poderiam ter sido salvos se tivéssemos mantido a tradição brasileira de vacinação expedita, como tantas campanhas bem-sucedidas que fizemos no passado quebrando recordes”.

… por obrigatoriedade da vacinação infantil
E diz Sarney: não há nada de inconstitucional em obrigar a vacinação infantil. “Ser obrigatória não é contra os direitos constitucionais, mas resultado deles, pois a vacinação não é um processo individual, mas um instrumento coletivo em defesa do mais básico dos direitos, o direito à vida”, diz o ex-presidente.

Curtidas

A cobrança de Sarney/ O desejo de ano novo do ex-presidente José Sarney, colocado em seu primeiro artigo de 2022, é a transformação política: “Já de garganta seca insisto que é preciso corrigir alguns pontos da Constituição para fazê-la ‘instrumento de um país moderno, em que o Legislativo legisle, o governo governe e o Judiciário controle’, como escrevi numa virada de ano há um quarto de século”.

Pregação no deserto I/ Há 25 anos, Sarney se referia às “mazelas orçamentárias, à dispersão legislativa, às agruras do Judiciário, com cada Poder a sofrer percalços e interferências dos outros”.

Pregação no deserto II/ Se até agora a reforma do Estado defendida por Sarney ficou na gaveta, não será no ano eleitoral que irá caminhar. Os deputados este ano querem é liberar emendas e mostrar serviço direto ao eleitor. Mas reformas, como a que deseja Sarney, só em 2023.

Eles vão separados/ A mensagem de feliz ano-novo do diretório estadual do PT paulista no Twitter traz uma foto do ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad. Justamente para deixar claro que o partido não abre mão de concorrer ao governo de São Paulo. O PSB de Márcio França já se conformou e sabe que terá Haddad como adversário.

A esperança vem do agro e com exigência de ESG

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Do governo às startups e fintechs de crédito, a aposta para amenizar os problemas da economia está no setor agropecuário. Investidores e analistas financeiros são praticamente unânimes quando afirmam que foi o setor, um dos poucos que não parou em 2020, que ajudou a dar uma lufada de ar à economia em 2021 e continuará nessa toada. A Traive, por exemplo, uma fintech voltada para análise de risco de crédito e securitização nesse segmento, fecha 2021 com US$ 17 milhões em rodada de negócios, um feito perante os US$ 2,5 milhões de 2020.

Os investidores, porém, estão cada vez mais exigentes. Quem quiser captar recursos neste ano terá de se desdobrar em métricas de ESG (meio ambiente, social e governança). A tendência registrada nos Estados Unidos, por exemplo, é de que, em cinco anos, as empresas vão dobrar suas apostas nesses três temas, exatamente para atrair clientes. Essas ferramentas têm sido cada vez mais cobradas pelos grandes fundos. A avaliação geral é de que, quanto mais as empresas aplicam verbas em ESG, menos riscos apresentam a quem deseja investir.

Polarizar é comigo, tá ok?

As citações que o presidente Jair Bolsonaro fez ao ex-presidente Lula e ao PT, na sua última live de 2021, foram lidas como uma tentativa de retomar para si o duelo eleitoral com o petista. É que, em dezembro, a avaliação do governo é de que Lula polarizou mais com o ex-juiz Sergio Moro do que com Bolsonaro.

Por falar em Moro

Bolsonaro, ao lembrar que a Petrobras recuperou R$ 6 bilhões — diz ele, desviados no governo do PT —, tenta, ainda, recuperar o discurso do combate à corrupção, uma bandeira que Moro já começou a carregar nesta campanha.

Frase cirúrgica

Ao dizer que em vez de investir em infraestrutura em outros países preferiria que Lula tivesse aplicado recursos no metrô de Belo Horizonte, o presidente faz, ainda, um aceno aos mineiros. Minas Gerais congrega o segundo maior eleitorado do país. A ideia do governo é conquistar esse pessoal desde já, antes que Rodrigo Pacheco entre em campo.

Veja bem

O PT já fez as contas e considera meio arriscado fechar uma federação com o PCdoB. É que os comunistas têm muitos candidatos bons de voto e se lançarem, por exemplo, 27 postulantes filiados ao PCdoB, há o risco de o PT perder um deputado em cada estado.

Até no futebol/ Além das andanças deste feriadão, o presidente Jair Bolsonaro vai à partida de futebol beneficente de Bruno, Marrone e Gustavo Lima na quarta-feira. Pretende, assim, contrastar com time de amigos de Chico Buarque, que, no passado, contou com a participação de Lula e já fez até jogo para pedir a libertação do presidente, em 2019.

De fazer inveja a muitos/ O orçamento da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo chega a R$ 1,2 bilhão, com R$ 280 milhões de fomento à produção independente. Muitos projetos que o governo Bolsonaro dispensou estão recorrendo ao secretário Sérgio Sá, do governo João Doria (foto).

Por falar em Doria…/ A avaliação dos estrategistas do governador é de que ele tem tudo para ganhar fôlego quando conseguir apresentar ao país os resultados de seu governo, que está segurando a economia nacional. A situação nas pesquisas tem muito para melhorar.

Só tem um probleminha/ Embora a chave eleitoral vire nesta segunda-feira, a visibilidade total dos candidatos chamará a atenção do eleitor quando começar a campanha oficial. O cidadão que está preocupado em pagar as contas só vai ficar atento ao pleito lá para agosto.

Dia Mundial da Paz/ Aproveita que é só hoje. Com uma onda de greves despontando no horizonte, Copa do Mundo e eleição à frente, os períodos tranquilos serão escassos neste 2022.

O maior desafio para o próximo presidente

Publicado em coluna Brasília-DF

Os juristas não têm mais dúvidas. Seja quem for o próximo presidente da República, a primeira grande missão será conseguir recuperar o poder da gestão orçamentária dos investimentos. É que, hoje, além de escassos, os recursos foram sequestrados pelo Congresso. As tais emendas do relator tiraram do Poder Executivo a capacidade de elencar prioridades e sacaram das mãos do presidente a possibilidade de direcionar verbas para conclusão de obras ou cumprimento de promessas de campanha. As prioridades quem estabelece é o relator e um pequeno grupo de parlamentares.

Muitos têm dito que, quer Bolsonaro seja reeleito, quer outro nome chegue ao Planalto, será preciso uma repactuação com o Congresso para fazer valer as prioridades de um futuro governo. Para 2022, porém, seguirá essa batida, de dinheiro para poucos indicarem onde será aplicado. Afinal, Bolsonaro, agora no PL, não terá como dizer não aos aliados, tão necessários para replicar a campanha no interior do país. Especialmente, neste momento em que as pesquisas não apresentam um cenário favorável à reeleição e a economia promete abrir o ano recheada de incertezas.

Imagem é tudo

As cenas do presidente Jair Bolsonaro passeando de jet ski enquanto milhares de brasileiros sofrem com as chuvas já estão de posse de seus adversários, prontas para serem usadas, daqui a alguns meses, na campanha eleitoral. Sabe como é: a memória das pessoas é curta, mas a das redes sociais, não. Haja vista a coleção de vídeos, também já coletados por muitos, de Geraldo Alckmin criticando Lula.

Força-tarefa na Bahia I
Para compensar o estrago, os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho; da Cidadania, João Roma; da Saúde, Marcelo Queiroga; e dos Direitos Humanos, Damares Alves, passam essa temporada nas áreas atingidas pelas chuvas, em reuniões com prefeitos. Esta semana, por exemplo, Marinho dispensou o motorista e foi dirigindo o próprio carro. A cena, inédita por ali, deixou muita gente boquiaberta com a simplicidade da equipe.

Força-tarefa na Bahia II
Os ministros fizeram sua parte, e Bolsonaro pode ficar rouco de dizer que, da praia, orientava seu time a atender as demandas das prefeituras. Só tem um probleminha: a imagem do passeio presidencial, quando confrontada com a da tragédia provocada pelas chuvas, é mais forte do que qualquer explicação. Aliás, em política, quando o sujeito precisa se explicar é sinal de que não está perfeito nem a contento.

E as vacinas, hein?
Crianças brasileiras que passam as festas de fim de ano visitando familiares nos Estados Unidos aproveitam para tomar a vacina contra a covid-19. Enquanto isso, por aqui, o governo não se move. Em conversas reservadas, a explicação não é a incerteza sobre os imunizantes e, sim, sobre o Orçamento da União. Há quem diga que não há recursos para
encomendar essas doses.

Olha eles ali outra vez/ O jantar que reuniu Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin em São Paulo deixou uma série de recados eleitorais. A presença do presidente do MDB, Baleia Rossi, por exemplo, foi um gesto anotado por todos. No segundo turno, se Lula estiver lá, o MDB vai engrossar a campanha. Ao que um petista respondeu: “Já estão é
atrás de ministério”.

Por falar em São Paulo…/ A avaliação dos empresários paulistas é de que o PT fazia muito mais oposição nos tempos do presidente Fernando Henrique Cardoso do que faz hoje a Jair Bolsonaro. Isso porque quer “segurar” o adversário para o mano a mano num segundo turno daqui a 10 meses.

Te cuida, Pedro/ A contar pelas conversas reservadas de banqueiros paulistas, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, terá dificuldade de buscar um grande banco quando deixar o cargo. Tem muita gente na chamada “turma da Faria Lima” meio atravessada com ele.

Foi ruim, mas foi bom/ Os shoppings centers venderam 10% a mais do que em 2020, segundo levantamento da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), mas ainda ficou 3,5% abaixo de 2019. Os políticos consideram que a culpa, este ano, foi da inflação, que deixou muitas famílias assustadas com os preços. A esperança, agora, são as liquidações de janeiro.

Brasil pode aumentar prestígio na ONU se defender meio ambiente

Publicado em coluna Brasília-DF

por Carlos Alexandre de Souza (interino)

A partir de janeiro de 2022, o Brasil voltar a integrar, em caráter temporário, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. É a volta ao prumo na política externa brasileira, após o apagão da “diplomacia severina” capitaneada por Ernesto Araújo. O retorno do Brasil ao Conselho de Segurança, após 11 anos de ausência, ocorre em meio a um esforço do G4 – grupo formado por Alemanha, Japão, Brasil e Índia – para tornar efetiva uma reforma no colegiado da ONU.

Na lista de prioridades do Brasil no reingresso ao Conselho de Segurança, o chanceler Carlos França indicou os compromissos para a manutenção da paz mundial. As intenções brasileiras não chegam a ser novidade, mas são importantes para reafirmar a tradição da diplomacia fundada por Rio Branco.

Uma lacuna na carta de compromissos brasileira é a defesa intransigente do meio ambiente. Não é segredo para ninguém que a crise climática se trata de uma questão de segurança global de primeira grandeza. Os alertas emitidos pela COP 26, em novembro, e as dificuldades globais em reduzir a emissão de gases poluentes constituem uma ameaça que, necessariamente, precisa ser tratada no âmbito do Conselho de Segurança.

Eis aí uma oportunidade para o Brasil assumir um papel de relevante projeção internacional, de modo a consolidar sua posição na cúpula da ONU. Meio ambiente será, cada vez mais, assunto de interesse de todas as nações, ricas ou pobres.

Liberdade para quem?

No documento que define as prioridades do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, o governo manifesta o compromisso na defesa das liberdades individuais e na promoção de direitos humanos. Não é o que se vê no país, quando se considera ataques a servidores da Anvisa e a jornalistas, a resistência à vacinação de crianças contra a covid-19, ou o flagelo dos índios atingidos pela pandemia e por grileiros.

Desfalque no crime
As ações integradas de segurança pública, sob coordenação do Ministério da Justiça, sustaram mais de R$ 1,5 bilhão do caixa do crime organizado na Região Centro-Oeste em 2021. De janeiro a novembro deste ano, houve 37 operações conjuntas em todo o país. É um aumento de 35% em relação ao ano passado. O trabalho resultou na apreensão de 352 toneladas de drogas, 9.432 armas e mais de 33 mil pessoas presas.

Mais inteligência
Para efeito de comparação, esse volume de recursos equivale a uma parcela expressiva do total de investimentos em inteligência e informação na segurança pública. Segundo levantamento da CNN, o país gastou, em 2019 e 2020, R$ 1,9 bilhão nessas duas áreas estratégicas para o combate ao crime organizado.

Logística clandestina
O Ibama também está mobilizado contra o crime. Uma operação de fiscalização em Roraima desarticulou um esquema clandestino de fornecimento de combustível para helicópteros e aviões. Esse combustível era retirado do aeroporto de Boa Vista e levado até pistas de pouso clandestinas que serviam de apoio logístico ao garimpo ilegal de ouro e cassiterita dentro da reserva Yanomami. As ações do Ibama resultaram na aplicação de R$ 8,4 milhões em multas, além da apreensão de 76 aeronaves, de 25 veículos e de mais de 100 mil litros de combustível. Os bens avaliados somam quase R$ 70 milhões.

Tempo perdido
Na entrevista ao CB.Poder, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) relembrou uma conversa que teve, no Palácio da Abolição, em Fortaleza, com o então governador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O diálogo reflete o espírito político do momento. Segundo o relato do petista, o tucano lamentou as duas legendas — que protagonizaram a luta partidária por seis eleições presidenciais — não terem tido a sabedoria de unir seus melhores quadros em favor do país. Vigilante acredita que é possível, sim, recuperar o tempo perdido.

Suplicy com covid -19
O vereador e ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) testou positivo para covid-19. Nas redes sociais, ele relatou um quadro de tosse e cansaço, e afirma que a intensidade dos sintomas é “pequena”. Suplicy disse que se sentiu “no dever de informar a todas as pessoas”, especialmente as que estiveram com ele nos últimos dias.

A luta continua
O petista reforçou que completou a terceira dose do imunizante contra a doença no dia 3 de dezembro, e atribui à vacina a “pequena intensidade” dos sintomas. “Continuo a pedir a Deus que me dê saúde para intensificar a minha jornada para a instituição da Renda Básica de Cidadania Universal e Incondicional, viajando por todo o Brasil defendendo a proposta”, concluiu.

Bolsonaristas insistem em defender ideias sem o respaldo da ciência

Publicado em coluna Brasília-DF, coronavírus, Covid-19

Coluna Brasília/DF – Por Carlos Alexandre Souza

Desinformação continua a ameaçar o combate contra a pandemia

Eles voltaram. Em mais uma controvérsia sobre a pandemia — a vacinação infantil contra a covid-19 —, bolsonaristas de carteirinha insistem em defender ideias que não encontram respaldo na ciência. Se antes preconizavam cloroquina para combater os sintomas da doença, neste momento colocam em dúvida a eficácia da imunização em crianças. Afirmam, por exemplo, que as vacinas são de caráter “experimental”, portanto, não seriam recomendadas para o público infantil. Trata-se de um argumento absurdo, porque desautoriza o entendimento de instituições reconhecidas pela seriedade, como a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) e sua correspondente Anvisa.

Integram essa frente negacionista deputados federais bolsonaristas e entidades que fizeram parte do “gabinete paralelo” que atuava nas sombras pelo Palácio do Planalto. O mais grave nesse movimento negacionista é que ele encontra respaldo no ministério da Saúde. A resistência à vacinação infantil é mais evidente quando se ouve o ministro Marcelo Queiroga, mas outros personagens atuam nos bastidores, como a capitã cloroquina Mayra Pinheiro, indiciada pela CPI da Covid pelos crimes de epidemia com resultado morte, prevaricação e crime contra a humanidade.

Em uma etapa crucial no combate à pandemia, no momento em que os brasileiros voltam a se aglomerar e as crianças estão a poucas semanas da volta às aulas, a desinformação volta a minar o combate à covid. Em um país com mais de 600 mil mortes da doença — entre as quais 300 crianças — é preciso, mais uma vez, que a ciência prevaleça sobre o obscurantismo.

Opinião não é ciência

As perguntas que constam na consulta pública do Ministério da Saúde têm caráter claramente plebiscitário, com pouco ou nenhum rigor científico. Há, por exemplo, perguntas como “Você concorda com a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de forma não compulsória conforme propõe o Ministério da Saúde?”. Ora, as indagações referentes à vacinação infantil precisam ser respondidas por um corpo técnico. Trata-se de uma discussão entre especialistas, e não um debate sobre o melhor time de futebol ou a banda favorita.

O sol e a peneira

Sabe-se que a maioria esmagadora da classe médica, bem como as autoridades sanitárias, recomenda a vacinação infantil contra a covid. Trata-se de uma estratégia diversionista, a fim de confundir a população com questionamentos irrelevantes. Trata-se, em bom português, de uma tentativa de tapar o sol com a peneira.

Receita do atraso

A consulta pública do Ministério da Saúde pergunta, ainda, se a vacinação de crianças deve ser analisada “caso a caso”, “sendo importante a prescrição da vacina pelos pediatras ou médicos que acompanham as crianças”. A julgar as intenções da pasta comandada por Marcelo Queiroga, presume-se que os pais deveriam buscar prescrição médica para outras vacinas – contra tétano, poliomielite, sarampo, rubéola e outras enfermidades.

Queda de braço

Não é a primeira vez — nem será a última — que cientistas e burocratas promovem uma queda de braço em relação a políticas públicas de vacinação. É conhecido o atrito entre Albert Sabin e o Ministério da Saúde na ditadura militar. Ao final de muitas controvérsias, em 1980 instituiu-se o Dia Nacional da Vacinação.

História

O resultado foi imediato. Naquele ano, o Brasil registrou 1.290 casos de polio. Em 1981, o total de registros caiu para 122 ocorrências.

Reforço estendido

O Ministério da Justiça autorizou a prorrogação do emprego da Força Nacional de Segurança em apoio à Polícia Federal na Terra Indígena Nonoai, no Rio Grande do Sul. Os militares vão colaborar por mais 60 dias, de 25 de dezembro de 2021 a 22 de fevereiro de 2022. Em outro ato, também publicado nesta sexta-feira, a Justiça autoriza o emprego da Força Nacional de Segurança em apoio à PF na Terra Indígena Cana-Brava/Guajajara, no Maranhão. O apoio será dado por 30 dias, podendo ser prorrogado se houver solicitação.

Cooperação

A ação da Força Nacional reforça a política do Ministério da Justiça de reforçar a cooperação entre governo federal, estados e municípios no combate à criminalidade.

Giro pelo mundo

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fará um giro internacional em janeiro para tratar de energia, sustentabilidade e energia. Em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, o ministro participa da 12ª Assembleia Ministerial da Agência Internacional de Energia Renováveis e de reuniões com autoridades governamentais dos setores de energia e infraestrutura. Em seguida, Albuquerque vai a Nova Délhi, na Índia, para fomentar parcerias em mobilidade sustentável.

Debandada de auditores fiscais como forma de protesto marca o governo

Publicado em coluna Brasília-DF

COLUNA BRASÍLIA/DF – Por Carlos Alexandre Souza

 

Debandada como forma de protesto marca o governo

A revoada de auditores fiscais dos cargos de chefia na Receita Federal é mais uma prova inequívoca dos conflitos internos que corroem as estruturas do governo de Jair Bolsonaro. O primeiro impacto do protesto organizado pelos auditores recai sobre o Ministério da Economia — o mensageiro da determinação do presidente da República de conceder reajuste salarial a policiais federais. A paralisação dos servidores compromete a fiscalização tributária e pode se espalhar para outras áreas estratégicas.

Há meses, em razão dos descaminhos promovidos na elaboração do Orçamento, a pasta comandada por Paulo Guedes sofre uma sangria de colaboradores. No final de outubro, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram demissão ao perceberem que o teto de gastos iria implodir no Congresso. Agora, o direcionamento de reajuste salarial a uma categoria específica do funcionalismo torna ainda mais difícil o discurso em favor da responsabilidade fiscal.

A debandada dos auditores na Receita Federal repete o terremoto que há semanas se abate na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Ontem, mais 24 pesquisadores abriram mão de suas funções. O mesmo problema aconteceu no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com reflexos na elaboração do Enem.

Divergências internas ocorrem em qualquer governo. O que se vê, no entanto, são rebeliões a se espalhar na administração pública. Os frequentes desgastes com o funcionalismo público, aumentando o risco de greves, podem custar caro ao presidente Bolsonaro.

 

Contra o crime

O aumento da violência doméstica em razão da pandemia de covid-19 desafiou as políticas de segurança pública. Em 2021, o Ministério da Justiça concentrou esforços para conter a ocorrência de crimes contra vulneráveis — crianças, adolescentes, idosos e mulheres. Esse trabalho ocorreu em todo o país, com a colaboração das Polícias Militares e Civis, além do Ministério Público e do Poder Judiciário.

 

Antifeminicídio

As ações para combater crimes como o feminicídio são as que chamam mais a atenção. Este ano, mais de 127 mil mulheres foram atendidas, além de 14 mil pessoas presas. Houve quase 40 mil medidas protetivas de urgência acompanhadas por policiais civis.

 

Força Nacional

Outro ponto a destacar, segundo o Ministério da Justiça, foi a atuação da Força Nacional, em auxílio a estados como o Amazonas. Durante 2021, a Força Nacional abordou mais de 245 mil pessoas, e prendeu mais de 450 pessoas. Entre os produtos apreendidos, estão 176,4 mil maços de cigarros; 11,5 mil produtos eletrônicos; 1.800kg de maconha; 1.120kg de pasta base de cocaína; e 560kg de cocaína.

 

Diversas frentes

“Os resultados de 2021 demonstram o empenho do Ministério nas suas diferentes frentes, seja na segurança pública, proteção e defesa do consumidor, descapitalização do crime, combate às drogas, ou políticas de justiça. No próximo ano, seguiremos trabalhando para que o Brasil tenha a Justiça e a Segurança Pública cada vez mais fortes”, ressalta o ministro Anderson Torres.

 

Inconstitucional

Na ação que questiona a aprovação do Fundo Eleitoral no valor de R$ 5,7 bilhões, o Novo alega que o valor, além de exorbitante, é inconstitucional. O partido argumenta que a proposta enviada pelo Executivo para o Fundão, de R$ 2,1 bilhões, foi aumentada em mais de 200% no Congresso Nacional, por meio de emenda parlamentar. Esse movimento representa, segundo o Novo, vício de iniciativa, pois cabe somente ao Executivo submeter a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao Legislativo.

 

Sem urgência

O imbróglio do Fundo Eleitoral ficará sob análise do ministro André Mendonça, mais novo integrante do Supremo Tribunal Federal. O presidente da Corte, Luiz Fux, entendeu não haver urgência para uma manifestação imediata do Judiciário.

 

Ajuda a transplantes

O ministro Marcelo Queiroga está tão ocupado em dificultar a vacinação infantil contra a covid, que perde a oportunidade de divulgar ações positivas de sua pasta. O governo federal vai destinar R$ 20 milhões para o Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF). O anúncio foi feito pela ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda, e o titular da Saúde. Arruda aproveitou a ocasião para agradecer o ICTDF, que atendeu o pai dela, acometido por um infarto.

 

Força médica

Com mais de mil colaboradores e equipe especializada com 120 médicos, a unidade é responsável por mais de 60% dos atendimentos a pacientes com doença cardiovascular no Distrito Federal. Nos últimos cinco anos, o ICTDF respondeu por 85% das cirurgias cardíacas na capital. De 2009 a 2021, a instituição fez mais de 7 mil cirurgias adultas e 2,1 mil procedimentos pediátricos.