Categoria: coluna Brasília-DF
Uma olhada no resultado da eleição de 2018 indica que uma parcela do eleitorado já optou pelo voto útil antes mesmo de o PT entrar nesta campanha. A conclusão é da consultoria Vector, que comparou os 12,5% que Ciro Gomes (PDT) obteve na urna, naquele ano, e o total de hoje nas pesquisas (entre 6% e 8%). À direita, a percepção é idêntica em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL), uma vez que João Amoedo (Novo) obteve 2,5% dos votos e, hoje, Felipe D’Ávila tem 1%.
Os analistas da Vector alertam, ainda, que a pregação de voto útil agora corre o risco de atingir o eleitor cirista mais fiel. Esse universo pode acabar rejeitando Lula, uma vez que se trata do eleitorado mais fiel ao pedetista, que pode achar desrespeitosa essa pressão do PT.
Decreto das armas, próximo capítulo
Passadas as eleições, o governo vai investir contra a decisão do STF de limitar o decreto sobre armas e quantidade de munição que pode ser comprada mensalmente. “É privativo do Legislativo questionar decreto”, disse Bolsonaro em entrevista à Rede Vida, que foi ao ar ontem à noite. Ele avisou: “Depois das eleições, a gente resolve essa parada aí”.
O motivo da dúvida
No QG de Bolsonaro, a desconfiança permanece alta em relação às pesquisas. Isso porque, em 20 de setembro de 2018, o Datafolha apresentava o então candidato do antigo PSL com 28% das intenções de voto. Quando as urnas foram abertas, ele apresentou 46,03%. Agora, o Datafolha apresenta 33% para o presidente contra 45% de Lula.
Efeito Zema
Nos comandos de campanha de Simone Tebet (MDB) e Ciro, há a esperança de que a eleição, na semana que vem, para presidente da República, repita o que houve em Minas Gerais no pleito de 2018: Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) se atacaram tanto que o eleitor migrou para a “novidade” Romeu Zema.
Enquanto isso, no QG de Lula…
As apostas são de que a vitória no primeiro turno não pode ser descartada. Afinal, o ex-presidente conseguiu tirar de cena dois de seus antigos adversários na última eleição: Geraldo Alckmin, que virou vice, e Marina Silva, candidata a deputada federal por São Paulo.
Drogas na campanha I/ O discurso do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, na ONU, no qual defendeu que os países latino-americanos se unam para acabar com a guerra às drogas, vai ecoar nesses últimos dias de caça aos votos no Brasil.
Drogas na campanha II/ A ideia é dizer que Petro, por vias indiretas, defendeu que não se combata mais produção da cocaína, um negócio lucrativo na Colômbia. E nesse embalo, associar o PT de Lula ao presidente colombiano, que é de esquerda.
Os democráticos/ Enquanto Lula já avisou que não irá ao debate do SBT, neste sábado, Bolsonaro comunicou que irá a todos os encontros entre os candidatos. Além da defesa de seu governo, quer aproveitar para tentar se mostrar mais democrático do que quem falta a esses eventos.
“Toquei mesmo”/ Perguntado por um amigo por que tocou no rei Charles III, e se o cerimonial não orientou para que não o fizesse, Bolsonaro foi direto: “Ah, ele não tem muita frescura e é pavio curto”.
Quando foi candidato a presidente da Câmara, em 2015, o então deputado Eduardo Cunha ajudou a buscar recursos para seus potenciais eleitores junto à elite brasileira. Agora, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem feito algo parecido. Alguns empresários receberam uma lista de nomes com pedidos de doação de recursos na pessoa física. O movimento não tem nada de ilegal, mas mostra que Lira está ajudando seus aliados. É a pré-campanha para mais dois anos no comando da Câmara.
As apostas para o pós-eleição
Embora o PT esteja convicto de que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, vá derrubar as emendas de relator, a avaliação de ministros é a de que nada será feito sem uma negociação com o Congresso. A aposta de quem conhece a fundo o andar da carruagem do Supremo é de que a nova presidente exigirá transparência total na aplicação desses recursos.
Os comerciais é que valem
Lula está convencido de que será tão atacado no debate do SBT, no fim de semana, que preferiu ficar de fora dessa roda. A aposta da campanha é a de que os ataques a ele vão desaguar em direito de resposta.
Sintomático
Nas campanhas adversárias à de Lula, o fato de o petista trocar o debate por comícios em Minas Gerais foi recebido como um sinal de que a vantagem por lá começou a cair.
Precavido
O encontro de Lula com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Douglas Koneff, é visto pelos aliados do petista como mais uma forma de buscar apoio para evitar reclamações por parte de Jair Bolsonaro (PL), caso o presidente não se reeleja no primeiro ou no segundo turno.
Qualquer semelhança…
O mesmo PT que agora reclama do discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas foi, em 2014, acusado de “usar o discurso na ONU para fazer campanha”. Naquela época, a então presidente Dilma Rousseff era candidata à reeleição e citou as eleições na tribuna. Em entrevistas, quem reclamou foi o então candidato ao Palácio do Planalto, Aécio Neves (PSDB), com quem Dilma concorreu no segundo turno.
…não é mera coincidência
Bolsonaro fez seu discurso mais moderado ao longo de seus quatro anos de governo e sem deixar de citar todos os pontos que aborda na campanha para o público interno. Guardadas as devidas proporções, foi o que Dilma fez em 2014.
Vice hoje, candidato amanhã/ A turma de Geraldo Alckmin olha é para 2026 e, embora ainda tenha uma semana e meia de campanha, muitos já falam em “quando terminar o governo Lula”.
Reguffe vai de Tebet/ O senador Reguffe (sem partido) tem dito que votará em Simone Tebet (MDB) para presidente da República. “O Brasil precisa ser pacificado. Considero que ela é quem tem condições de promover essa pacificação, ter responsabilidade na condução da economia e, também, preocupação com o social”, afirmou à coluna.
Por falar em Reguffe…/ Ele vai tirar uma temporada “sabática” da política quando terminar seu mandato de senador, em janeiro de 2023. Mas, aos amigos, sempre faz questão de lembrar que, em 2026, tem nova eleição.
Veja bem/ Se conseguir um mandato de deputada distrital, Ana Cristina Vale, ex-mulher de Bolsonaro, já vai chegar precisando se explicar. Os partidos de oposição acompanham com uma lupa as investigações sobre a mansão e as movimentações financeiras da mãe de Jair Renan. Já a campanha de Bolsonaro tem dito que Ana Cristina não é problema do presidente.
Congressistas não querem abrir mão das emendas de relator para o piso da enfermagem
Resistentes a tirar recursos das emendas de relator para pagar o novo piso da enfermagem, alguns senadores chegam hoje para a reunião com presidente em exercício, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), certos de que não há meios de conceder ainda este ano o valor previsto. Ainda que estejam dispostos a votar projetos que garantam esse pagamento no ano que vem, 2022 já era. O argumento principal é o de que as emendas já estão em grande parte empenhadas. Mas o fato é que, em ano eleitoral, ninguém quer anular o que já se comprometeu.
Para completar, eles querem é levar mais recursos para a saúde e não tirar o pagamento de enfermeiros do bolo de R$ 10 bilhões dessa área que os políticos indicam para as suas bases eleitorais.
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Moral da história: a dificuldade em tirar recursos de emendas de relator para o piso da enfermagem mostra o tamanho da encrenca que vem por aí, caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito e tente acabar com esse recurso dos parlamentares. Se os congressistas não querem abrir mão desse dinheiro a fim de custear os novos valores para a categoria da saúde, imagine deixar recursos para o Poder Executivo dizer onde aplicar.
Morde-assopra
Ao dizer que a perspectiva de Lula colocar alguém liberal no Ministério da Fazenda é zero, o ex-ministro Luiz Dulci assustou o mercado. A presença do ex-presidente do Banco Central no governo petista, Henrique Meirelles, no encontro com os ex-candidatos a presidente simpáticos ao PT ajudou a amenizar a fala de Dulci. A economia de Lula ainda é uma incógnita.
A pressão de Lula
Os petistas ampliam a pressão sobre os partidos. Nos bastidores, eles têm feito pontes com dirigentes e líderes partidários em busca de movimento para vencer no primeiro turno. O próprio Lula, no encontro com os ex-presidenciáveis, foi direto: “Eu sempre quis vencer no primeiro turno, mas não deixaram”.
Enquanto isso, em Londres e Nova York…
A passagem de Jair Bolsonaro (PL) pela Inglaterra para os funerais da rainha Elizabeth II poderia ter sido menos tumultuada, avaliam aliados do presidente. O discurso de hoje, na abertura da ONU, esperam alguns ministros, poderá compensar. Quanto ao embate entre apoiadores e adversários, em Londres, o problema, dizem alguns, é de quem fez algazarra. E, nesse caso, afirmam, não dá para responsabilizar Bolsonaro.
Oposição no Planalto/ O fato de Rodrigo Pacheco estar no exercício da Presidência da República levará o PT para o Planalto hoje. É que o presidente do Senado reunirá seus pares para debater o que precisa ser feito para garantir o pagamento do novo piso da enfermagem.
Ela faltou/ A ex-candidata a presidente Heloísa Helena (Rede) recusou o convite para o encontro com Lula. Ela está cuidando da própria campanha para deputada federal, no Rio de Janeiro.
O clube dos sem voto/ É assim que os aliados de Ciro Gomes se referem aos pedetistas que lideram o movimento para que o partido apoie Lula no primeiro turno.
Regina na campanha/ Em suas redes sociais, a atriz Regina Duarte tem pregado o voto em “senadores de Bolsonaro” e diz que “para limpar o STF é preciso primeiro limpar o Senado”. Ao listar os nomes dos candidatos, ela incluiu apenas Damares Alves (Republicanos), no DF, sem mencionar a ex-ministra Flávia Arruda (PL).
Enquanto os políticos correm atrás de votos país afora, seus assessores técnicos começam a preparar os projetos para votação assim que terminar a eleição. O foco principal será o Orçamento de 2023. Se Lula vencer, os parlamentares planejam aprovar logo a peça orçamentária para as emendas de relator, de forma a não dar margem para muitas mudanças mais à frente.
O Centrão está convicto de que, aprovado, o Orçamento de 2023 se tornará uma espécie de “moeda” para a negociação com o PT. Afinal, se Lula quiser modificar a lei, depois de aprovada pelo Parlamento, precisará de aval do grupo que hoje comanda a Casa.
Ponte congressual
Distante da campanha à Presidência da República, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem feito pontes com todos os partidos, de olho em mais dois anos de mandato no comando da Casa.
Há controvérsias
Já tem gente no Parlamento disposta a causar polêmica nessa tentativa de reeleição de Pacheco. Como o Regimento Interno impede a reeleição na mesma legislatura, e Pacheco tem mais quatro anos de mandato, há interesse em levantar a tese de que ele não poderá concorrer.
Nem vem
Aliados de Pacheco, porém, já preparam a resposta: embora o senador seja o mesmo, a legislatura é outra, e a candidatura, válida. Esse jogo vai começar tão logo fechem as urnas em 2 de outubro. É que Pacheco, por pertencer a um partido “híbrido”, pretende se colocar na disputa, seja quem for o futuro presidente da República.
A luta deles
Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT), Felipe D’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (UB) passam esses dias tentando arregimentar eleitores para levar a eleição ao segundo turno. Acreditam que seja a melhor alternativa para baixar a bola dos “polarizados” e não dar a quem vencer o sentimento de “todo-poderoso”.
Piso da enfermagem/ Sem quórum para votações nesses 14 dias que restam até a eleição, a tendência é o Senado buscar saídas neste período e deixar tudo pronto para garantir recursos e retomar as votações logo na segunda semana de outubro.
Campanha é assim/ Não eram nem 14h de um sábado, e o ex-senador Lobão Filho, do MDB, candidato a deputado federal pelo Maranhão, já visitava o quarto município, no dia do seu aniversário. Lá, a família se mobiliza para percorrer o maior número de cidades nesses 16 dias que faltam até a eleição.
Justiça Federal em festa I/ Considerada uma das entidades de classe mais atuantes no cenário nacional, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) completa 50 anos nesta terça-feira. Além de sessão solene no Senado, às 10h, tem lançamento da agenda político-institucional, também no plenário da Casa.
Justiça Federal em festa II/ A Ajufe lançará, no Conselho da Justiça Federal, um livro que conta um pouco da história da associação, hoje composta por 2 mil magistrados federais.
Partidos monitoram, nos estados, eleição para deputados federais
Os partidos começam a prestar mais atenção na eleição para deputado federal, tanto no Ceará quanto no Maranhão, onde concorrem, respectivamente, o ex-senador Eunício Oliveira e a ex-governadora Roseana Sarney, ambos do MDB. É que tanto Roseana quanto Eunício são vistos no partido como dois nomes que têm tudo para conseguir uma vaga no Parlamento e surgirem como potenciais adversários de Arthur Lira, o atual presidente que busca a reeleição para a Câmara de olho no comando da Casa por mais dois anos.
Alguns petistas dizem em conversas reservadas que, caso Lula seja eleito presidente, será preciso ceder a Câmara para algum aliado. No PP, os petistas têm Aguinaldo Ribeiro (PB), mas o MDB lulista “é mais parceiro” e, no partido, Roseana teria a preferência. A musa do impeachment de Fernando Collor, em 1992, e filha do ex-presidente José Sarney, que acompanhou Lula até São Paulo, quando o ex-presidente passou a faixa presidencial em 1º de janeiro de 2011, será um nome forte da articulação política para 2023. Aliás, seja quem for o futuro presidente da República, a ex-governadora é um nome a ser acompanhado de perto.
O que eles pensam
Presidentes de partido começam a avaliar que o melhor dos mundos será mesmo um segundo turno. É que, se o PT de Lula levar no primeiro, a tendência é o partido considerar que pode prescindir de muitos apoios para governar.
O histórico preocupa
Lula não é Dilma, está longe disso, entende a política. Mas ninguém tira da cabeça que, em 2014, quando a então presidente foi reeleita, seu primeiro discurso e atitudes desconsideraram a divisão do eleitorado, à época entre PT e PSDB. Essa divisão continua, só mudaram os atores.
Imagem é tudo
A viagem de Jair Bolsonaro ao funeral da Rainha Elizabeth II vem sendo criticada pelos adversários com referências à ausência do presidente em cerimônias fúnebres de brasileiros vítimas da covid no auge da pandemia. Aliados do presidente, porém, consideram que o que vale nesta passagem por Londres é a presença entre os maiores líderes mundiais e a foto com o Rei Charles III. O resto será narrativa de um lado e de outro.
Estratégias
Candidato ao governo de São Paulo e já vendo o governador-candidato Rodrigo Garcia se aproximando na pesquisa do Datafolha, Tarcísio de Freitas (Republicanos) continuará com sua campanha colada no presidente Jair Bolsonaro. Rodrigo, porém, não faz o mesmo em relação a Simone Tebet (MDB). É que, para ultrapassar Tarcísio, Rodrigo precisará de votos de eleitores que tendem a optar por Bolsonaro.
Ela conquistou os policiais/ Quem mais empolgou os delegados da Polícia Federal foi Vera Lúcia, a candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela não só defendeu a autonomia administrativa e financeira da corporação como disse, também, que o diretor-geral deve ser escolhido por eleição direta entre os delegados. Só tem um probleminha: a candidata é praticamente traço nas pesquisas.
Às ruas!/ Os petistas do Distrito Federal tomaram espaços públicos da cidade ontem. O partido apostará no empenho dos militantes para tentar mostrar força no “Quadradinho”, onde Jair Bolsonaro lidera.
Duas semanas de tensão/ Quem faz pesquisa qualitativa tem observado um movimento muito maior no eleitorado do que aquele captado pelas pesquisas quantitativas. Nada está tão consolidado quanto tem aparecido, inclusive o segundo turno.
Por falar em pesquisas…/ Com tantos institutos, leia-se empresas, pesquisando o que pensa o brasileiro, os números estão para lá de discrepantes no quesito diferença de voto entre Lula e Bolsonaro. Algumas campanhas fizeram uma avaliação e apontaram que a diferença entre os dois que lideram as pesquisas varia de 15 pontos percentuais, no caso do Ipec, a 3,1 pontos, número da Paraná Pesquisas.
Coluna Brasília/DF, por Denise Rothenburg
Disposto a vencer no primeiro turno, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), retomou a estratégia de 2018 — de bater no PT, aliado do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), principal adversário ao governo estadual. Para os bolsonaristas, essa estratégia de Zema ajudará o presidente da República. Minas, aliás, é considerado um estado fundamental para todos os candidatos. Tanto é que, ali, há uma pressão dos petistas para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vá ao estado mais vezes ainda neste primeiro turno.
Por falar em pressão…
Da mesma forma que os mineiros querem Lula mais presente, de forma a tentar conquistar os indecisos, os petistas paulistas pregam mais andanças do ex-presidente pelo estado. O receio deles é que se deixar São Paulo para Geraldo Alckmin nessa reta final, os militantes podem perder espaço nas eleições proporcionais — e quem vai subir é o PSB, não o PT. Isso se Alckmin não terminar ajudando algum tucano, uma vez que o ex-governador ainda é muito identificado com o PSDB.
Paciência esgotada
Alguns institutos de pesquisa estão com problemas para conseguir realizar suas consultas. É que o eleitor está cansado de ter que responder todas as semanas aos levantamentos das mais diversas empresas. E para os próximos 15 dias, vai ficar pior.
Discrição é a palavra
As qualitativas de diversas campanhas detectaram que, hoje, o eleitor está mais quieto do que de costume. E num cenário assim, o 2 de outubro ficará muito mais difícil de captar.
Sem retorno
O interesse de uma parcela do PDT em apoiar Lula levou Ciro Gomes a aumentar o tom contra o candidato do PT. A cada dia ele amplia o fosso que o separa do ex-presidente. Se não estiver no segundo turno, o candidato do pedetista dificilmente apoiará um dos finalistas abertamente.
Desgaste à vista
Tão logo soube da reportagem do jornal O Estado de S.Paulo com os cortes no programa Farmácia Popular, o governo e a campanha de Bolsonaro se mobilizaram para tentar reverter a redução no Orçamento desse setor. Nas demais campanhas, estão todos prontos para adotar dois discursos: o primeiro é dizer que o governo não se preocupa com as pessoas e o segundo é colocar a culpa no Congresso, caso o valor de R$ 2 bilhões não seja recomposto.
Heleno em campanha
Não é só a turma de Lula que entra de cabeça na campanha pelo voto útil. Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), postou em suas redes sociais pedidos de voto útil para Bolsonaro. E escreveu com todas as letras que Ciro e Simone Tebet (MDB) não irão para o segundo turno. Afirma, ainda, que “votar neles é ajudar Lula”.
Sinais trocados, mesmo discurso
A campanha de Heleno não difere em quase nada daquela que o PT faz em seus grupos de WhatsApp em prol do voto útil. Os petistas têm dito que voto em Ciro ou Simone ajuda Bolsonaro.
Enquanto isso, no Senado…
Hoje tem sessão especial do Senado para homenagear a “constelação familiar”, conforme pedido do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), aprovado no final de agosto. Em tempos de tanta polarização e violência eleitoral, será também a oportunidade de refletir sobre a constelação política.
Santinhos trocados
O desembargador aposentado Carlos Rodrigues, que concorre ao Senado pelo PSD, informa que sua “colinha” eleitoral sem o nome do candidato ao GDF pelo PSD, Paulo Octávio, foi “um erro da produção vinculada ao comitê”. Depois que a coluna publicou, ele disse que o novo material, com o nome e número do candidato ao governo, e de quebra o do candidato a deputado federal André Kubitschek, foi impresso no mesmo dia.
Os partidos começam a apostar que o eleitor caminha para repetir, nas unidades da Federação, a polarização que se dá na eleição presidencial, haja vista o último Datafolha na Bahia. Lá, o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, cresceu 12 pontos, e aparece com 28%, enquanto o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) mantém a liderança, com 49%, cinco pontos a menos do que apresentava no levantamento anterior do mesmo instituto.
Com Jerônimo subindo colado em Lula, restou a ACM Neto se aproximar de Jair Bolsonaro (PL), para tentar evitar uma migração de votos para o ex-ministro das Cidades, João Roma (PL), que tem feito a campanha ao governo estadual colado no presidente — e tem hoje 7% das intenções de voto, percentual que pode fazer a diferença no segundo turno.
Quem tem caminhado por todo o país de olho nas pesquisas, acredita que um dos poucos estados que resistirá à polarização é Minas Gerais, onde o governador Romeu Zema (Novo) segue em carreira-solo, mas sem bater em Bolsonaro. Também é exceção o Rio Grande do Sul, que vislumbra um segundo turno entre o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) e o deputado Onyx Lorenzoni (PL). Leite não tem o apoio do PT e, segundo alguns políticos petistas, dificilmente terá.
Na marra não vai
O MDB que resistiu ao apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste primeiro turno avisa que a pregação do voto útil terá como consequência afastar a candidata Simone Tebet de um possível apoio ao petista na segunda rodada, em caso de segundo turno entre o candidato do PT e Bolsonaro. Ela só se refere a isso como um desrespeito.
Jogos políticos
Essa manobra pelo voto útil promete virar uma justificativa para que Simone se afaste do PT num segundo turno — ela tem dificuldades em apoiar Lula. A senadora vem do Mato Grosso do Sul, estado em que o agronegócio tem grande protagonismo — esse mesmo agro que o petista já xingou nesta campanha e, depois, buscou corrigir. A aposta dos emedebistas é a de que ela sairá desta campanha maior do que entrou, mas se optar pelo PT corre o risco de perder substância no estado.
Por falar em segundo turno…
Os aliados de Bolsonaro olham para os números das pesquisas torcendo para que a turma da terceira via não derreta nas próximas semanas. É que se as sondagens estiverem corretas, quem tem mais chances de vitória no primeiro turno é Lula. Bolsonaro precisa do segundo até para consolidar os dados de melhoria do cenário econômico.
Enquanto isso, no DF…
Candidatos que não se apresentam bem nas pesquisas já começam a fazer apostas para a disputa de segundo turno. Com o candidato da Federação PT, Rede e PCdoB colado em Lula, os palpites são de que Leandro Grass (PV) terá mais chances de chegar à disputa decisiva contra Ibaneis Rocha (MDB).
Carreira solo/ O “santinho” que o candidato ao Senado do PSD no Distrito Federal, Carlos Rodrigues, distribui com a famosa “colinha” para a hora do voto, traz apenas seu nome e seu número. Nem sequer menciona o empresário Paulo Octávio, que concorre ao GDF pelo mesmo partido.
Quem tudo quer…/ Rodrigues está de olho nos votos de Bolsonaro. Só tem um probleminha: essa turma já está distribuída entre Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos).
A preocupação dos servidores/ Quem visita o gabinete do senador Davi Alcolumbre (UB-AP) tem visto assessores apreensivos com o futuro. Embora ele lidere as pesquisas, a candidata do MDB, Rayssa Furlan, é vista com preocupação por parte do União Brasil.
#vaitrabalhardeputado/ A jornalista Vera Magalhães trabalhando até aquela hora da noite, depois do exaustivo debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, e é atacada gratuitamente pelo deputado estadual paulista Douglas Garcia (Republicanos). Se em vez de ficar xingando jornalista o sujeitinho fizesse algo útil para a população, o mundo estaria um pouquinho melhor.
PT apostará nos eleitores de Simone Tebet para o primeiro turno
O PT apostará tudo, agora, nos 5% de Simone Tebet (MDB) nas pesquisas para tentar fechar a eleição em primeiro turno. Caso não consiga — e a tendência é ter segundo turno —, Luiz Inácio Lula da Silva espera contar com o apoio da emedebista no mano a mano contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa petista é de que Simone não repita o que fez Ciro Gomes (PDT), na eleição passada, que, ao se ver fora do segundo turno, voou para Paris. A senadora, até aqui, tem dito que não apoiará nem um, nem outro.
Só tem um detalhe: a leitura dos petistas é a de que Simone tem atacado Bolsonaro e preservado Lula. Por isso, a aposta geral é a de que ela apoiará o petista. Se não o fizer, uma parte do MDB investirá para que ela adote esse caminho. Simone, até aqui, porém, só tem uma certeza: se não estiver no segundo turno, sairá desta campanha muito maior do que entrou.
Ei, você aí…
A campanha de Bolsonaro distribuiu uma cartilha via WhatsApp para orientar o eleitorado como doar recursos ao candidato à reeleição. A vaquinha eleitoral é considerada fundamental para essa reta final.
Quem confia?
A avaliação de que “o dinheiro acabou” — feita há alguns dias, reservadamente, pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e recentemente reforçada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) —, é vista com desconfiança por muitos aliados. Há muita gente dizendo que Costa Neto quer é tirar a turma do PL da sua antessala, onde não são poucos os candidatos que aguardam pacientemente uma audiência em busca de recursos.
Enquanto isso, no PP…
Com um partido menor do que o PL, o Progressistas do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, está mais controlado no quesito recursos financeiros. Há quem agradeça aos céus pelo fato de Bolsonaro ter escolhido o PL. Assim, sua turma foi para lá e o PP terminou poupado, pelo menos em parte, da guerra pelo dinheiro.
Sai, mas fica
Embora Bolsonaro tenha dito, em entrevista ao podcast Collab, que, se perder a reeleição, estará fora da política, seus mais fiéis escudeiros não acreditam. Primeiro, Flávio Bolsonaro tem mais quatro anos de mandato no Senado e Eduardo Bolsonaro tem tudo para se reeleger deputado por São Paulo. E, até aqui, é o presidente quem mobiliza a direita. Enquanto não aparecer outro líder que fale diretamente com esse segmento do eleitorado, Bolsonaro será chamado pelos seus apoiadores a continuar exercendo esse papel.
Assunto encerrado/ Ao aprovar o teste de biometria nas urnas proposto pelas Forças Armadas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quer colocar um ponto final nas discussões sobre a votação eletrônica. Os ministros da Corte dizem que este tema agora está definido.
Para poucos/ Na cerimônia do funeral da rainha Elizabeth II, só entrarão os chefes de Estado e de governo e suas mulheres. Logo, alguns ministros, como o da Casa Civil, Ciro Nogueira, por exemplo, decidiram seguir direto para Nova York, onde o presidente abre a Assembleia Geral da ONU.
Por falar em viagem…/ O presidente ficará fora do Brasil por, pelo menos, três dias. Mas não fora da internet. Enquanto isso, Lula vai ao Sul do país, inclusive Santa Catarina, onde algumas pesquisas dão a vantagem a Bolsonaro.
E as pesquisas, hein?/ O Ipec deu esperança a Lula de uma vitória no primeiro turno. O Instituto Paraná apontou empate técnico entre Lula e Bolsonaro. A campanha segue seu curso e o que vale é a urna de 2 de outubro.
A posse da ministra Rosa Weber na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) foi uma saraivada de recados àqueles que atacam a Suprema Corte acima do tom da liberdade de expressão ou que cogitam medidas drásticas em caso de resultado eleitoral desfavorável. Em todos os discursos, lembranças sobre o papel do Supremo como guardião da Constituição e da democracia.
A plateia também não deixou de pinçar, com aplausos efusivos, pelo menos 12 momentos da fala da nova presidente do STF, em especial nas menções ao processo eleitoral, sob o “comando firme do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral”, à “autonomia e independência do STF, que se sobrepõem aos indivíduos e autoridades”, e aos poderes constituídos — “sem Poder Judiciário livre e forte, independência entre os Poderes e imprensa livre não há democracia”.
Os aplausos entusiasmados partiram também dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e dos militares presentes. Sinal de que não há espaço para tentar dar uma rasteira no processo de eleitoral em curso. Seja quem for o vencedor, governará.
2002 em 2022
Na entrevista à CNN, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva ajustou o discurso àquele tom que lhe deu a vitória, há 20 anos, sobre o tucano José Serra: “Se terminar o governo com cada brasileiro tomando café da manhã, almoço e jantar, estarei feliz. Vou ganhar as eleições”, disse o petista, tal e qual repetia naquela primeira eleição da qual saiu vencedor.
Por falar em vitória de Lula…
Simpatizantes do ex-presidente já fazem apostas sobre como será a relação de Lula com a parte do Centrão, hoje fechada com Bolsonaro — PL, PP e Republicanos. A impressão é de que ele fará uma “pescaria” ali para formar maioria. Afinal, dizem os políticos que conhecem o traçado, se Lula tentar levar o Centrão em bloco, repetirá o erro do passado.
… as apostas estão a mil por hora
Os aliados já vislumbram, inclusive, a disputa para a Presidência da Câmara. As apostas são de que, eleito, Lula não apoiará a reeleição de Lira.
Deu ruim
Nem o fato de ter a maioria dos ministros do Poder Executivo na posse de Rosa Weber na Presidência do STF fez com que as redes sociais dessem uma trégua ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Ali, prevaleceu o discurso de que o presidente não gosta de prestigiar as mulheres e nem as instituições.
Memórias do ex-ministro I/ Na fila de cumprimentos da nova presidente do STF, Rosa Weber, o arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar Costa, e o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo lembravam da visita do papa Francisco à Jornada da Juventude de 2013, no Rio de Janeiro.
Memórias do ex-ministro II/ Cardozo, que era ministro da Justiça à época, se lembra que quando D. Paulo o apresentou ao papa, o sumo pontífice respondeu: “Eu lhe dei trabalho, hein?”. Quem estava próximo aos dois, nem sentiu a quase uma hora de fila passar.
Chade na Travessa/ O jornalista Jamil Chade estará, hoje, a partir de 18h, na Livraria da Travessa, no CasaPark, para o lançamento do seu mais novo livro, Ao Brasil, com amor, escrito em parceria com a escritora Juliana Monteiro. A obra retrata os 10 meses de correspondência entre eles, com uma visão de brasileiros que vivem fora do país — ele, há mais de duas décadas em Genebra, e ela, em Roma —, suas angústias, reflexões e impressões a respeito do Brasil.
Sachsida no Lide/ O Grupo Líderes Empresariais (Lide), capitaneado pelo ex-governador de São Paulo João Doria, recebe o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, para um almoço debate, amanhã, sobre “O futuro do setor de energia e de recursos minerais no Brasil”. Será no Hotel Renaissance, em São Paulo.
Poder de mobilização nas ruas pode ser sinal de um “terceiro turno”
Já no finalzinho da entrevista ao CB.Poder, ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu a senha para, se for o caso, reclamar do resultado. Ele disse, com todas as letras, que se depois do 7 de Setembro, com o que viu nas ruas — em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais —, “acho que está decidida a eleição no primeiro turno. Não tem explicação o outro lado ganhar”.
Em tempo: entre advogados eleitorais, ficou a desconfiança de que a frase indica um terceiro turno, em caso de um resultado desfavorável. E com gente na rua a favor do presidente. Afinal, a contar pelo que se viu de mobilização popular, Bolsonaro, ganhando ou perdendo, mostrou que lidera e que seus apoiadores atendem ao seu chamado.
“Bazuca”
É assim que os advogados de Bolsonaro tratam a Aije — Ação de Investigação Judicial Eleitoral —, que o PDT apresentou contra o presidente-candidato em relação aos atos de 7 de Setembro. A aposta é a de que o caso só seja resolvido depois do pleito. E se Bolsonaro perder a eleição e, posteriormente, a Aije, pode ficar inelegível por oito anos.
A vingança é um prato…
… que se come frio. Para alguns petistas, a estratégia está clara: se Luiz Inácio Lula da Silva foi preso e, por isso, não pôde ser candidato em 2018, Bolsonaro não poderá ser candidato em 2026, se perder essa ação lá na frente.
O que une os partidos
Se tem algo que a maioria dos políticos concorda com Bolsonaro naquilo que se refere ao Supremo Tribunal Federal (STF) é nas críticas ao excesso de decisões monocráticas. É no sentido de coibir essas decisões que muitos querem agir no próximo ano.
Enquanto isso, no Parlamento…
Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversaram sobre a ausência do presidente à solenidade do Congresso, em homenagem ao Bicentenário. Bolsonaro meio que se desculpou pela ausência, mas foi claro: o 7 de Setembro foi na quarta-feira.
Técnicos/ No intervalo da entrevista, o ministro da Justiça, Anderson Torres, e a ex-ministra Flávia Arruda se aproximaram do presidente para passar os dados sobre segurança e apoio às mulheres.
Por falar em técnicos…/ A ordem na campanha de Bolsonaro é comparar o lucro das estatais e os ministros. A avaliação da equipe é a de que não há imagem mais forte do que um ministro da Fazenda delatando um presidente, tal como Antonio Palocci fez com Lula.
Homenagens à rainha I/ Na homenagem à rainha Elizabeth II, Lula tratou de mostrar a amplitude internacional de seu antigo governo, citando os acordos que promoveu. Foi ainda uma forma de rebater as acusações dos opositores de que só se relacionava bem com ditadores ou presidentes com viés de esquerda.
Homenagens à rainha II/ A presença de Bolsonaro nos funerais da rainha dependerá da agenda de viagens. Nesta reta final de campanha, o único compromisso fora do Brasil é a abertura da Assembleia Geral da ONU, no próximo dia 20.











