O último dos moicanos

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O último dos moicanos

O esforço do ex-presidente Lula para que o PT apoie Roberto Cláudio para prefeito de Fortaleza está diretamente relacionado ao projeto do petista de deixar as portas abertas para fazer de Ciro Gomes seu candidato a presidente em 2018. Ciro, hoje no PDT, é considerado um dos poucos nomes da política capaz de ir para o “tudo ou nada” contra o PMDB ou a trinca de pré-candidatos de PSDB – Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra.

O próprio Lula tem dito em conversas reservadas que os processos contra ele têm potencial para tirá-lo do jogo daqui a dois anos. E, se nada mudar, qualquer candidato do PT estará fadado a repetir o resultado que o partido obteve nessa eleição municipal. E Ciro, avalia Lula, com o apoio dos partidos de esquerda, teria pelo menos 15% dos votos. Esse percentual, combinado com uma pulverização dos partidos que apoiam Michel Temer, colocaria o ex-ministro no segundo turno. Diante desses cálculos, Ciro é hoje um jogador a ser acompanhado de perto.

Par de Valetes
O fato de ser Aécio Neves __ e não o diretório pernambucano do PSDB __ a anunciar o apoio neste segundo turno a Geraldo Julio, em Recife, e Antônio Campos, em Olinda, é uma forma de o presidente do PSDB tentar empatar o jogo com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, dentro do PSB. Hoje, Alckmin tem o aval do vice-governador, Márcio França, enquanto Aécio busca o grupo de Pernambuco.

Par de Reis
Em São Paulo, entretanto, quem acompanha o jogo de Alckmin de perto, garante que ele será candidato à presidente da República, ainda que não seja pelo PSDB. Se o governador for para o PSB, o jogo de Aécio hoje em Pernambuco tende a somar zero.

Par de Ases
Dentro do grupo aecista, a ideia é jogar com a data das prévias no partido de modo a evitar que Geraldo Alckmin tenha prazo para pleitear a candidatura por outra legenda. Ou seja, lá para o início de 2018.

O jogo deles
Com a decisão do Superior Tribunal de Justiça, de colocar os processos contra governadores dependentes de autorização das assembleias legislativas, o toma-lá-dá-cá vai imperar entre deputados e executivos estaduais.

CURTIDAS

Dona Lu e as sandálias da humildade/ A primeira-dama de São Paulo, Lu Alckmin, disse adeus às grifes que fazem a cabeça da maioria das socialites e mulheres de políticos. A pedido do marido, fez voto de pobreza. Só usa roupas da assistência social. No geral, aliados de Alckmin reforçam: “Quem é bela não precisa de “perequetê”.

Marcela na área/ A estreia da primeira-dama, Marcela Temer, outra que não é dada a exibir o alto luxo, pelo menos, nas aparições públicas, foi vista como um sucesso no Planalto. Que ninguém se surpreenda se, num futuro não tão distante, ela enveredar numa candidatura a deputada.

Temer no foco/ Nem Marcela, nem a guerra de 2018. As atenções do presidente hoje estão voltadas à votação do teto de gastos. Enquanto não for aprovado, ele não cuidará de outros temas.

E o Haddad, hein?/ O que mais se ouve nas rodas políticas de São Paulo é que Fernando Haddad teria lugar num segundo turno em qualquer outro partido, que não o PT. “Haddad é um tucano filiado ao PT”.

Decifra-me ou te devoro

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Passada a sua primeira eleição enquanto partido, a Rede Sustentabilidade de Marina Silva já sofre dissidências, com a saída de um grupo do Rio de Janeiro e de dois militantes de Porto Alegre. A carta encabeçada por Luiz Eduardo Soares, porta-voz da Rede no Rio de Janeiro, para justificar esse afastamento, foi recebida com desprezo pela cúpula do partido de Marina Silva. Isso porque os argumentos citados, como o apoio ao impeachment e o fato de o partido fazer o que Marina deseja, foram refutados. No caso do impeachment, foram dias de debates.

“Eles é que não entenderam a Rede e fizeram uma campanha voltada para o eleitorado da esquerda, que já estava com Marcelo Freixo. Desprezaram aquele eleitor que votou em Marina em 2016. É muito fácil culpar os outros pela derrota”, diz Pedro Ivo, um dos coordenadores de organização da Rede, muito ligado a Marina.

A cobrança
Deputados e senadores do PMDB vão começar a pressionar o partido para que seus personagens enroscados na Lava Jato comecem a se explicar bem antes de 2018. De olho na sobrevivência, há quem diga que não dá para entrar numa campanha estadual com essa espada sobre a cabeça do partido.

Soneto de separação
A disputa em São Paulo no primeiro turno entre PSDB E PMDB e a final em Porto Alegre, nessa segunda rodada, serão monitoradas com cuidado para não refletir nas votações dos projetos das reformas. Se for para brigar, que seja só na eleição de 2018.

Não é por aí
Segundo turno é tempo de agregar quem votou nos outros candidatos. Não será espezinhando o PMDB que os finalistas vão vencer. Afinal, dizem alguns, nos votos do PMDB pode estar a chave para a vitória.

Santo de casa/ O governador do Ceará, Camilo Santana, perdeu a eleição em Barbalha, sua cidade natal. Seu candidato era Fernando Santana (PT), mas quem ganhou foi Argemiro Sampaio (PSDB). Seus aliados avisam que é mau agouro para 2018.

Vai ferver…/ Petistas que sobreviveram nesta campanha pretendem cobrar do partido que pare com essa história de tratar José Dirceu (foto) como “guerreiro do povo brasileiro”.

…E embolar/ Afinal, já tem gente no partido dizendo que Dirceu não é um “preso político” e sim um “político preso”.

Daí pra Lula…/ O receio dos petistas é que essa pressão chegue a Lula, o maior nome do PT. “Aí, não!”, dizem outros.

vitoriosos e derrotados rumo a 2018

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Os recados dados pelo eleitor, ontem, vão guiar os próximos passos dos políticos com projetos ousados para a eleição presidencial. Quem saiu animado do pleito foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente do partido, Aécio Neves. Aécio, entretanto, ainda tem que passar pelo segundo turno em Belo Horizonte, enquanto Alckmin terminou a noite em comemoração final. Ele se mostrava mais feliz pelos movimentos que adotou ao longo do processo do que propriamente pela vitória — que já vem sendo atribuída ao fato de João Doria se apresentar como um gestor e não como um “poste de Geraldo”.

Dentro do PSDB paulistano, Alckmin deu uma “cotovelada” nos aliados do ministro das Relações Exteriores, José Serra, ao fazer de João Doria candidato a prefeito da maior cidade do país. É bom lembrar que Andrea Matarazzo, serrista, seguiu para o PSD de Gilberto Kassab. De comum acordo com Serra, Matarazzo virou candidato a vice na chapa de Marta Suplicy, desta feita, candidata pelo PMDB. A dupla terminou em 4º lugar, deixando o PMDB com o signo da derrota e Serra com a missão de correr para se livrar do prejuízo, se quiser mesmo ser candidato a presidente da República pelo PMDB.

Por falar em PMDB…
A derrota do PMDB no Rio de Janeiro é outro dado relevante. O prefeito Eduardo Paes fez uma Olimpíada aplaudida pelo Brasil e pelo mundo, mas não conseguiu transformar esse sucesso em votos para o candidato que praticamente impôs ao partido, apesar de todas as dificuldades de Pedro Paulo, em especial, no eleitorado feminino, depois da história de ter batido na mulher. A derrota no Rio não só tira de Paes o verniz capaz de levá-lo a pleitear uma candidatura presidencial, como deixa o partido no Rio de Janeiro sob o perigo de perder mais terreno em 2018. Para completar a tragédia eleitoral peemedebista, o candidato Marcelo Crivella (PRB) já afirmou que não quer conversa com o PMDB, apontado como parceiro do PT na Lava-Jato,. Conversará apenas com os eleitores. Agora, o PMDB, rejeitado, não quer saber de Michel Temer ajudando Crivella no segundo turno. O que, aliás, já é dado como certo no Planalto: o presidente ficará fora até para que depois não digam que puxou algum candidato para baixo.

E o DEM, hein?
Quem se apresenta firme no jogo para 2018 é o prefeito de Salvador, ACM Neto, reeleito ontem com mais de 70% dos votos. Sua gestão, para lá de bem avaliada, será observada com mais atenção nos próximos anos, até porque, dentro do DEM, seu nome já é citado como um possível candidato a presidente, embora ele se coloque mesmo para concorrer ao governo da Bahia.

A Rede furou…
Esse primeiro turno mostrou ainda que o eleitor “se lixou” para padrinhos. Prova disso foi o fraco desempenho da Rede de Marina Silva, que mostrou não ter lastro hoje para arrastar multidões. A sigla disputará o segundo turno em Macapá contra o ex-senador Gilvam Borges (PMDB), aliado do ex-presidente José Sarney. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente fez campanha, os candidatos tiveram um desempenho abaixo do que o partido classificaria de “modesto”.

… E o PT definhou
Ex-petista, Marina Silva termina esse pleito como o seu antigo partido. O PT esperava emplacar, pelo menos, quatro candidatos num segundo turno para se considerar vivo eleitoralmente rumo a 2018: São Paulo, Porto Alegre, Recife e Fortaleza. Os resultados tiveram efeito de um jato d’água nas pretensões petistas. O partido foi para o segundo turno apenas em Recife e por uma margem muito pequena. Para completar, os eleitores dos demais candidatos, mantidas as atuais condições de temperatura e pressão, tendem a seguir com Geraldo Júlio, uma vez que eleitores do DEM e do PSDB são tradicionalmente resistentes a votar no Partido dos Trabalhadores. Lula pode até tentar alavancar, mas, diante de uma rejeição geral aos padrinhos, periga atrapalhar.

O PSol brilhou
O PSol, por sua vez, se apresenta no cenário político como um possível herdeiro dos eleitores desencantados com o PT. No Rio de Janeiro, por exemplo, o partido chegou ao segundo turno. Resta saber se saberá ampliar ou se comportará como o PT na década de 1980, que se mostrava avesso a alianças. Se o PSol se isolar à esquerda com os históricos aliados do PT tende ao fracasso.

Enquanto isso, em outras capitais…
A primeira temporada eleitoral de 2016 mostrou que a política repete o que prevalece na internet, onde o mundo é segmentado. Haja vista a ascensão de integrantes de pequenos e desconhecidos partidos a segundos turnos. Em Curitiba, por exemplo, o ex-prefeito Rafael Greca, do PMN, vai concorrer contra Ney Leprevost, de uma coligação de pequenos partidos. Em Vitória, Amaro Neto, do Solidariedade, tem apenas uma sigla tradicional na coligação, o DEM, e vai enfrentar, em 30 de outubro, o prefeito-candidato Luciano Rezende (PPS). Vale registrar: com o número de segundos turnos inferior ao que estava previsto, a tendência é Brasília retomar o seu movimento e as votações das reformas. Já não era sem tempo.

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Tem, mas acabou

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Deputados que vão ao Planalto em busca de cargos de livre provimento nos órgãos federais nos estados têm saído de lá amuados. É que ao longo do governo Dilma, esses cargos foram transferidos para Brasília, levando as regionais a contratarem pessoal via empresas terceirizadas. Não há sequer como promover quem é de carreira com um cargo de direção, porque não há mais essas vagas disponíveis. Até arrumar essa confusão e organizar a bagunça dos contratos, dizem os técnicos, o governo Michel Temer já terá acabado.

Depois de Lula…
Quem conhece o ministro Teori Zavascki garante que as denúncias de Sérgio Machado, sobre a tentativa dos peemedebistas de freiar a Lava Jato, não ficarão na “bacia das almas”. A consequência pode até demorar um pouco, mas não tardará ao ponto de cair no esquecimento.

…e de Palocci
O que está adiantado, mas não nas mãos de Teori Zavaski é o caso do ex-ministro Antonio Palocci e da ex-ministra Erenice Guerra. No STF, vem por aí também a denúncia contra a ex-ministra Gleisi Hoffmann. A Casa Civil durante todo o governo Lula/Dilma parece mesmo ter sido um lugar amaldiçoado.

Questão de foco
Uma das ideias do governo ao lançar agora a reforma do ensino médio foi tentar dar aos congressistas um “assunto do bem”. E nada como uma Medida Provisória para evitar que o Parlamento termine enfurnado na chamada “pauta-bomba”.

Por falar em “pauta-bomba”…
A partir de agora, não tem mais conversa na Câmara: Quem fará a pauta do plenário é o presidente da Casa, Rodrigo Maia. Se houver qualquer “jabuti”, tipo o da anistia ao caixa dois, ele será o responsável.

Juntos chegaremos lá
Em todas as rodas políticas em que se discutem os cenários para 2018, o ministro de Relações Exteriores, José Serra, é visto como o nome do PMDB para concorrer à Presidência da República. Michel Temer, entretanto, tem cortado toda e qualquer conversa sobre a sucessão presidencial. Diz apenas que, unidos, os aliados terão muito mais força.

Escreveu e leu
Apenas o PSD admite fechar questão para votar o teto gastos. Porém, o Planalto considera que todos os partidos do Centrão, signatários do documento de compromisso com o governo, adotarão a mesma postura. São, por baixo, 255 votos.

CURTIDAS

Bolsa de apostas/ Com 40% dos eleitores do Rio de Janeiro admitindo mudar de candidato, quem arrisca um palpite sobre o segundo turno joga suas fichas em Marcelo Crivela (PRB) e Pedro Paulo (PMDB). Falta combinar com o eleitor.

Acusou o golpe/ O candidato Marcelo Crivella tem dito tanto que a Igreja Universal não participará de seu governo, que tem marqueteiro achando que a verdade é o inverso.

Fica, Temer/ O presidente Michel Temer foi aconselhado por amigos a abandonar a agenda de viagens internacionais e centrar foco no sentido de organizar a base e o discurso do governo. Não vai, entretanto, pular a reunião dos Brics, 15 e 16 de outubro, na Índia. Vale tudo para ficar distante na disputa eleitoral que promete colocar muitos aliados dele em campos opostos no segundo turno.

Deixa que eu chuto/ O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, foi aconselhado a deixar de bater boca no Twitter. A ideia é que as provocações sejam ignoradas ou respondidas pelo irmão dele, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

Quem tem medo de Sérgio Moro?

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Quando tentaram aprovar o projeto que anistiava caixa dois de campanhas passadas, os políticos já sabiam que a tendência do juiz Sérgio Moro era aceitar a denúncia contra o ex-presidente Lula. A voz corrente no Parlamento, desde a semana passada, é a de que, com a iminência de Moro tornar Lula réu em mais um processo, sem pestanejar, os demais políticos que passarem pelas mãos do juiz mais popular do Brasil estão com os dias contados. Daí, a tentativa de aprovar a anistia na surdina e com pai desconhecido.
A manobra deu errado, mas não vai enterrar de vez a pretensão dos políticos em buscar o perdão pelos crimes cometidos no passado. Já existe um movimento na Câmara para discutir o assunto dentro da Comissão Especial encarregada de analisar as dez medidas contra a corrupção. A partir de agora, todo cuidado é pouco, em especial, naquelas sessões vazias de fim de ano. Afinal, todos os enroscados no desvio de recursos estão com medo de Sérgio Moro e não vão esperar a guilhotina paralisados.

Sempre sobra para ele…
O presidente da Câmara em exercício, Waldir Maranhão (PP-MA), não liderou o movimento para votar a anistia do caixa dois. Conforme antecipou o blog na noite de terça-feira, a operação foi atribuída ao deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Maranhão, porém, telefonou a vários parlamentares para pedir que marcassem presença, a fim de garantir a “discussão e aprovação” da proposta.

Detalhe
Quem reagiu contra a proposta de anistia foram alguns deputados e não, os partidos enquanto instituições avessas ao caixa dois.

Diplomacia necessária
Depois da estreia na ONU, onde discorreu sobre os temas da agenda mundial com um discurso que surpreendeu até mesmo integrantes do governo anterior, o presidente Michel Temer vai se dedicar mais à política externa. E não é nem apenas porque gosta. É, principalmente, por necessidade. Atrair investimentos, dizem seus principais interlocutores, é a única forma de garantir uma recuperação mais rápida da economia. A ordem é buscar parte dos US$ 15 trilhões que o mundo tem para investir num cenário externo de juros negativos.

Distante da eleição
Aliás, os compromissos internacionais são vistos como uma boa desculpa para manter o presidente longe dos palanques aliados nessas eleições municipais. Em 15 e 16 de outubro, bem no meio do segundo turno, Temer estará na Índia para a reunião dos Brics. Este ano, tem ainda, na agenda, Argentina e Paraguai.

CURTIDAS
Corra, Lula, corra!/ A campanha “stand with Lula” lançada pela Confederação Sindical Internacional, estava programada para uma apresentação mais formal, com a presença do ex-presidente. Foi antecipada diante da aceitação da denúncia pelo juiz Sérgio Moro.

O ministério da Saúde adverte…/ … Planalto provoca palpitações e picos de pressão. Em quatro meses de governo dois ministros e um assessor já tiveram algum susto nessa seara. Primeiro, foi o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Depois, um assessor direto do presidente. Ontem, foi a vez do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que sofreu um pico de pressão, mas passa bem.

…E a bruxa tá solta/ Olha só o tamanho dos urubus (foto) que a repórter Naira Trindade flagrou ontem no Palácio do Planalto! Eu, hein…

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Prioridade

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Nas horas de voo, o presidente Michel Temer, aliados e ministros acertaram que, além das questões econômicas, vão acelerar a reforma política: leia-se cláusula de barreira e fim das coligações para as eleições proporcionais (deputados federais, estaduais e vereadores). A ideia é votar o projeto do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Sem isso, os futuros governos terão dificuldades em administrar qualquer base, seja com viés de direita ou de esquerda.

Melhor impossível I

Integrantes da comitiva de Michel Temer à China avaliam que tudo se encaixou para que a viagem fosse bem positiva tanto sob aspectos internos quanto externos. O bom, sob o aspecto interno, foi ter ficado longe da fogueira acesa com o fatiamento do impeachment.

Melhor impossível II

Sob a ótica internacional, o presidente pôde se apresentar ao mercado externo e mostrar ao mundo que convive bem com a China. No fundo, ficou a imagem de que aquela considerada pelo PT sua maior aliada é, no fundo, uma potência de negócios.

Não foi golpe

A programação de Michel Temer hoje inclui, além do G-20, uma entrevista à imprensa chinesa. A ordem é explicar o processo que fez dele presidente de fato e de direito e, ao mesmo tempo, mostrar que o Brasil é um lugar seguro para investimentos.

Delcídio com a palavra

A propósito da nota publicada ontem, a respeito do comentário de políticos sobre o fato de o ex-senador Delcídio do Amaral abrir a fila de pedidos de fatiamento da cassação, ele responde: “Tenho certeza de que fui protagonista nas mudanças que o povo brasileiro há muito esperava. Sou réu por uma suposta tentativa de obstrução de Justiça. Não tenho conta no exterior, não roubei e não participei de nenhum esquema fraudulento no governo, ao contrário de muitos que hoje posam de ‘éticos’ e ‘cidadãos honestos’. O tempo e a Justiça darão conta deles!”

Inventário

As últimas pesquisas registradas deixaram o PSol feliz da vida com o desempenho dos candidatos em Belém, Porto Alegre e Cuiabá. A avaliação dos líderes é a de que, se as urnas confirmarem as previsões, o PSol surgirá como o grande herdeiro dos descontentes com o PT.

Vizinhos // As autoridades brasileiras estão no mesmo hotel em que está a cúpula das Nações Unidas. O presidente Michel Temer ficou um andar abaixo do secretário-geral, Ban Ki-moon (foto).

Lá e cá I // Tanto na Rio +20 quanto nas Olimpíadas, muita gente reclamou quando o prefeito da cidade, Eduardo Paes, promoveu um feriadão para aliviar o trânsito. Pois, em Hangzhou, na China, não foi diferente. As férias são raras, mas, desta vez, os moradores tiveram três semanas e incentivos para sair da cidade.

Lá e cá II // Nos caminhos por onde passam os chefes de estado, estão árvores recém-plantadas, algumas, inclusive, escoradas. No Rio de Janeiro, não foram poucas as reclamações por ajustes de última hora.

Enquanto isso, no interior… // No tempo da internet, muitos decretaram a morte dos comícios nas campanhas eleitorais. No interior, porém, onde a campanha é feita de porta em porta, essa modalidade resiste. Dia desses, em Timon (MA), um candidato reuniu 20 mil pessoas. Sinal de que a política ainda guarda os velhos costumes.

A sabedoria de Temer

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O presidente Michel Temer está decidido a não restringir seus encontros políticos aos líderes partidários. Por isso, quando voltar da China, ele vai preparar reuniões com grupos de parlamentares. Os encontros, entretanto, só começarão depois do período eleitoral. A ideia do presidente é saber o que eles pensam sobre as propostas do governo e ouvir sugestões. A avaliação, feita no voo até Xangai, é a de que reunir somente os líderes numa casa tão pulverizada, com 28 partidos, muitas vezes se torna improdutivo.
O presidente pretende, assim, exercitar o velho provérbio chinês, que diz: “Quando dois homens vêm andando pela estrada, cada um com um pão, e, ao se encontrarem, trocarem seus pães, cada um vai embora com um. Se dois homens vêm andando numa estrada, cada um com ideia, e, ao se encontrarem, trocarem as ideias, cada um vai embora com duas”. É por aí.

Aquecimento

O presidente já começou a exercitar esse chamamento aos novos, levando o deputado Altineu Côrtes (PMDB-RJ) e o senador Athaídes (PSDB-TO). Altineu, para quem não se lembra, integrava a CPI do Carf e assinou o requerimento de convocação de Jorge Gerdau Johannpeter. A CPI ficou marcada como um colegiado para constranger empresários.

Meu ódio…

Aliados de Dilma Rousseff estão possessos com a sanção da lei que flexibiliza a edição de decretos para créditos suplementares sem o aval do Congresso. “Dilma foi cassada por isso e agora vão liberar”, comentava um ex-ministro.

…Será sua herança

A lei será mais um tema que vai terminar no Supremo Tribunal Federal. É a política cada vez mais judicializada.

Renan & Romero

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não engoliu a decisão de Romero Jucá (PMDB-RR) de se associar aos tucanos contra o fatiamento da votação do impeachment. Há quem diga que, se Romero não usar 100% de sua elevadíssima capacidade de diálogo, vai dar problema.

Esqueceram-se de mim/ Todo mundo só falou em Eduardo Cunha como possível beneficiário do fatiamento da pena. Mas foi Delcídio do Amaral quem abriu a fila. “Dilma agora poderá compor uma chapa com seu antigo líder: a chave e a cadeia. Se não der, Renan indica os dois para a Petrobras”, ironizava ontem um adversário de ambos numa roda de conversa.

Tudo acaba em samba/ O prefeito de Xangai, Yang Xiong, fez questão de comentar com o presidente Michel Temer sobre a habilidade dos brasileiros no futebol, algo que rendeu o ouro olímpico. “É a carne brasileira e o samba que os deixam fortes”, disse Xiong.

Por falar em ouro olímpico…/ Não foi apenas o prefeito de Xangai que parabenizou Temer pelo sucesso do Brasil no futebol olímpico. Maria Estela Kubitschek, filha de JK, mandou ao presidente e ao “seu fiel escudeiro, Tadeu Filippelli”, uma simpática mensagem pelo sucesso dos jogos no Brasil, em especial, a medalha.

…Uma memória/ Maria Estela (foto) se recorda que, em 1958, a primeira Copa do Mundo que o Brasil venceu, “foi de JK e foi um pontapé para grandes conquistas culturais, políticas e econômicas para o Brasil. Como o nosso presidente JK,
o nosso presidente Temer também é pé quente. Com certeza, esse primeiro Ouro Olímpico é o sinal da virada cultural, política e econômica do Brasil”.

O veneno da desconfiança e do ciúme

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No pano de fundo do acordo entre PT e o PMDB de Renan Calheiros para preservar os direitos políticos da presidente Dilma Rousseff destacam-se dois fatores: a vontade de Renan em se reposicionar como o principal interlocutor entre o PMDB e a oposição, deixando o presidente da República na dependência de suas ações; e, de quebra, a tentativa de tirar do PSDB a influência que o partido de Aécio Neves espera ter no novo governo. Ciente do jogo, Temer começou o governo telefonando para Aécio, a fim de esclarecer que não foi responsável pelo acordo. O mesmo fez o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, quando entrou no plenário do Senado, comunicando aos parlamentares do próprio partido, que foram surpreendidos pela decisão. Conseguiram uma trégua, mas não o tratado de paz entre a parcela renanzista do PMDB e os demais aliados.

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O presidente viajou preocupado. Agora, o impeachment vai ao Supremo. E o PT às ruas com o que considera o forte argumento político: se os senadores optaram pela manutenção dos direitos políticos de Dilma, seria sinal de que o impeachment “foi uma injustiça contra uma mulher honesta”. Era tudo o que o PT queria, diante da dificuldade de evitar o afastamento definitivo de Dilma. E conseguiu. Temer só se livrará de risco se fizer a economia caminhar a contento. Esse é hoje seu maior desafio.

Dilma na área

A ex-presidente Dilma Rousseff foi convidada a assumir secretarias de estado em dois governos petistas, o de Camilo Santana, no Ceará; e o de Rui Costa, na Bahia. O objetivo é ajudar Dilma a ficar longe do alcance do juiz Sérgio Moro. A tendência, contam aliados, é aceitar o cargo em solo baiano, justamente, em Salvador, reduto do DEM de ACM Neto, prefeito candidato à reeleição. Que ninguém espere dela a aposentadoria.

Mandados cruzados

Enquanto José Eduardo Cardozo prepara ações para reverter o impeachment, Álvaro Dias, do PV, vai propor que seu partido ingresse com um mandado de segurança para que Dilma perca os direitos políticos.

Aí é que mora o perigo

Em seu pronunciamento, o presidente Temer ofereceu aos investidores segurança jurídica e estabilidade política. Quem entende das coisas em seu governo avisa: “Segurança jurídica está mais fácil do que estabilidade política. Depois de hoje, ele ganhou, mas precisará de muito jeito para acalmar a base”.

Ficou mal

O líder do PMDB, Eunício Oliveira, optou pela abstenção na segunda votação de ontem para não perder votos nos grupos favoráveis ao impeachment. A neutralidade, entretanto, soou entre os tucanos como um sinal de que não dá para confiar em quem não avisa que um acordo desses está em curso.

A gladiadora

Articuladora da manutenção dos direitos políticos de Dilma com Renan Calheiros e ex-ministros que votaram a favor do impeachment, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) avisou a seus colegas de bancada que não vai deixar o partido. Prefere ser expulsa e, ainda que sem partido num primeiro momento, liderar a oposição ao governo de Michel Temer.

CURTIDAS

Quem ri por último/ O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha há tempos não se sentia tão feliz. Chegou a comemorar em casa a perspectiva de manter os direitos políticos. Seus aliados consideram que basta reunir 171 deputados em seu favor.

Cassoulet da sorte I/ Quando o avião que leva Temer à China abandonar o espaço aéreo brasileiro, o seu sucessor, Rodrigo Maia, já investido na função de presidente da República, degustará esse prato. A expressão foi usada pelos correligionários de Maia, que assim denominaram a iguaria que ele saboreou no dia em que foi eleito presidente da Câmara.

Cassoulet da sorte II/ O chef napolitano Rosario Tessier, autor da sugestão, foi convocado hoje para repetir a receita num jantar exclusivo (só para 20 pessoas) em homenagem a Maia, que assume pela primeira vez o mais alto posto da nação. Feito de confit de pato, linguiça de javali e bisteca de cordeiro, o prato também leva feijões brancos, que o tornam caldoso e suculento.

O livro da moda/ Muitos senadores que ocuparam a tribuna nos últimos dias carregavam um exemplar de “Elementos de Direito Constitucional”, obra do presidente Michel Temer. Até a nova líder da oposição, Kátia Abreu, ostentava um.

Vida real/ Na sala de café da Câmara, a senhora que trabalha na limpeza fez a seguinte pergunta, quando o aparelho de tevê, sintonizado na TV Senado, registrou o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff: “Isso quer dizer que o trânsito voltará ao normal?”. Sua preocupação era o ônibus. Nos últimos dois dias, teve que descer na Rodoviária e caminhar até o Congresso.

Da semana que vem, não pode passar

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Nem o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, nem a viagem à China. O que tem tirado o sono do presidente em exercício, Michel Temer, é a falta de votações na Câmara dos Deputados. Esse sinal de apoio, de que a vida voltou ao normal na Casa, precisar ser dado, e logo. De preferência, com a aprovação da criação da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos. A avaliação tirada da reunião de ontem é a de que se os deputados não partirem logo para “demonstração inequívoca” de apoio ao governo, vai ficar difícil convencer o mercado de que Temer terá todo o respaldo para as polêmicas reformas que virão.

Área de risco
O governo está mapeando os pedidos do antigo “centrão” com vistas a tirar o poder de ação conjunta do grupo. Não por acaso, partidos como o PSC e o PR ganharam cargos do governo recentemente, conforme noticiou a coluna.

Tá combinado
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fará o papel do turrão, que não aceita mudanças em tudo o que propuser. E Temer, o conciliador, negociará tudo com os congressistas.

Laços de amizade
Quem conhece Leo Pinheiro e o ministro do Supremo Tribunal Federal Antonio Dias Toffoli assegura que os dois não eram próximos e atribui a citação ao nome do magistrado à vingança por não receber ajuda. Eles foram apresentados por Lula e José Dirceu — esses sim, muito amigos do empreiteiro que acaba de fechar delação premiada e citar Toffoli.

“Tenho o maior respeito por ela, não vejo por que constrangê-la ou ser constrangido. A esta altura do campeonato, a questão do impeachment está resolvida por algo entre 60, 61 votos”
Eduardo Braga (PMDB-AM), ex-ministro de Minas e Energia e senador

Curtidas

E lá vem Maranhão!/ Alguém ainda se lembra daquele ex-presidente interino da Câmara Waldir Maranhão (foto)? Pois é. Na semana que vem, quando, confirmado o placar do impeachment de Dilma Rousseff, Michel Temer embarcar para a China, e o deputado Rodrigo Maia assumir interinamente a Presidência da República, Maranhão retorna ao comando da Casa.

O segredo do sucesso/ Numa campanha curta, os políticos não têm mais dúvidas: nas grandes cidades, quem não tiver um tempo expressivo na tevê não terá fôlego eleitoral. É nisso que os adversários de Celso Russomanno apostam para deixá-lo fora de um segundo turno em São Paulo.

Ibope…/ Depois da delação de Leo Pinheiro, da OAS, e das menções ao ministro Antonio Dias Toffoli, as sessões do Supremo Tribunal Federal prometem atrair muito mais atenção do que o impeachment de Dilma, onde o placar já é considerado definido.

…e Poder/ O fato de Renan Calheiros ter ido a Dilma Rousseff apenas depois da viagem com Michel Temer ao Rio de Janeiro e sair do Alvorada direto para uma nova reunião com o presidente em exercício em São Paulo deixou a todos a certeza de que os dois peemedebistas se acertaram. Inclusive quanto ao Ministério do Turismo.

A conta não vai fechar

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A disposição do governo federal em ajudar o governador Rodrigo Rollemberg a resolver a crise com a Polícia Civil esbarra no risco do efeito cascata: técnicos da Fazenda avisam que, se o presidente fizer qualquer concessão ao Governo do Distrito Federal, ainda que dentro dos valores que o governo local tem a receber, outros governadores farão fila no Planalto com a mesma finalidade. Isso sem contar os 505 deputados de outras unidades da Federação. E tem mais: se continuar esta onda de aumentos, sem reformas estruturais, periga outros estados entrarem na onda do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, de parcelamento de salário e benefícios. O momento é considerado o mais grave desde a redemocratização do país.

Governo refém

O desenho do governo Michel Temer foi concebido para deixar o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, voltado às ações internas e propostas de melhoria na gestão. Porém, a realidade é outra. Com a pulverização da política e as dificuldades do ministro Geddel Vieira Lima em atender a todos os pedidos, a agenda de Padilha está cada dia mais recheada de parlamentares. É o governo rendido ao Congresso Nacional.

Migração

Aos poucos, os governadores vão acabando com o tal regime estatutário de admissão de funcionários, que não tem FGTS, porém, garante aposentadoria integral e estabilidade no emprego. Em Goiás, por exemplo, a tendência tem sido buscar meios de contratar pelo regime CLT. É o jeito de tentar fazer com que a conta da Previdência feche mais à frente. De quebra, o governo estadual ainda joga para evitar a turma que, por causa da estabilidade, considera desnecessário se dedicar ao trabalho.

Por falar em conta…

Sexta-feira, 20h, Iate Clube de Brasília. Uma mulher de 44 anos, funcionária de um tribunal, comenta com uma amiga numa das lanchonetes do clube mais badalado de Brasília: “Tristeza, se a reforma da Previdência for aprovada, não poderei mais me aposentar aos 47”. Ou essa mentalidade muda, ou daqui alguns anos quem deseja se aposentar jovem assim vai terminar sem receber os proventos.

Melhor de três

2018 ainda está longe, mas os políticos começam a fazer as apostas sobre quem, dentro do PSDB, teria hoje mais empuxo de deixar o ninho para concorrer à Presidência da República. E, ao contrário do que se tornou senso comum, não é José Serra e sim Geraldo Alckmin. Isso porque, no PSB, o governador paulista acredita ser possível abarcar a maioria dos votos de centro-esquerda e centro-direita, deixando os adversários disputando as extremidades.

É o cara

O deputado Max Beltrão ainda é o nome para assumir o Ministério do Turismo. A nomeação, entretanto, só sai depois do impeachment, com a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Sinal de que o presidente em exercício não quer briga com Renan Calheiros (PMDB-AL).

Quem não deve…/ O senador Reguffe (foto), do PDT-DF, avisa que votará contra o reajuste salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal. “As pessoas esquecem que alguém vai ter que pagar por isso, e esse alguém é o contribuinte”, diz ele.

Aprovado/ Até os políticos que tachavam o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de governista estão satisfeitos com a condução dos trabalhos do processo de impeachment. Ele passou no teste ao cortar a palavra tanto de Gleisi Hoffmann quanto de Álvaro Dias.

Por falar em teste…/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não terá vida fácil em 12 de setembro. Se o quórum for baixo, vão dizer que ele atuou para livrar Eduardo Cunha da cassação. A sorte de Rodrigo está lançada.

“Spa” do Luiz/ A ala da Papuda reformada por Luiz Estevão virou sonho de consumo daqueles detidos pela Lava-Jato. Valdemar Costa Neto, por exemplo, considera a de melhor padrão. Não é à toa que muitos tentam transferência para a penitenciária da capital.