O fator Caiado

Publicado em coluna Brasília-DF

Até aqui, apenas os oposicionistas falavam em antecipação das eleições. Ontem, quando o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) trouxe esse debate para dentro da base do governo com um discurso e uma entrevista, o sinal de alerta do governo soou. O PMDB cerrou fileiras a fim de mostrar que Caiado é um pré-candidato jogando para a plateia. Para completar, dizia que, sem o auxílio do partido do presidente Michel Temer, uma proposta nesse sentido não vingará no plenário da Casa.
» » »

Os peemedebistas jogam a partir de agora com o intuito de lembrar a todos aqueles favoráveis ao impeachment que, sem ultrapassar a corda bamba, não haverá 2018 para quem tem raízes na política. Quer assim evitar o isolamento a que ficou submetido o PT e que levou ao impeachment. Esse é o jogo para janeiro, em meio ao imponderável da Lava-Jato.

Contagem de votos

A reunião no gabinete de Renan Calheiros ontem à tarde serviu para providenciar a contagem dos votos para aprovar a lei do abuso de autoridade. Concluiu-se que todos querem o projeto. Porém, ontem não era o momento. Hoje, haverá nova investida.

Do chão não passa

Na reunião no gabinete de Renan foi dito que a classe política já está no chão com ou sem o projeto de abuso de autoridade. Portanto, o desgaste já está “precificado”. O que não dá é para acabar com a vida de uma pessoa e, depois, nada ficar comprovado.

Cálculos palacianos

O presidente Michel Temer demonstra que não cairá com o barulho da bala da Lava-Jato na cena política. Afinal, as doações empresariais eram legais quando ele jantou com Marcelo Odebrecht e, se tudo foi devidamente declarado à Justiça Eleitoral, dizem os aliados do presidente, não há o que temer. A disposição é atravessar a pinguela.

Lula lá…

Ao ver o ex-presidente Lula com oito pontos a mais na pesquisa Datafolha é só perdendo para Marina Silva, os petistas praticamente definiram que caberá a ele conduzir a tentativa de recuperação do PT. Falta combinar com a Justiça.

…E cá

O senador Lindbergh Farias, por exemplo, aproveita as redes sociais para empurrar Lula a uma candidatura presidencial no ano que vem. Falta combinar com os congressistas que precisariam mudar a Constituição para tornar essa ideia viável.

Renan, o tenso/ Ansioso e preocupado com o seu futuro político, Renan Calheiros tem brigado até com Romero Jucá. Bastou o líder do governo anunciar que haveria sessão de homenagem a Miguel Arraes no plenário da Casa para Renan retrucar que tudo ficaria para depois das votações.

Collor, o escritor/ O senador Fernando Collor (foto) publica esta semana pelo Senado um livro sobre tudo o que falou e escreveu sobre o seu impeachment e o da presidente Dilma Rousseff ao longo destes 10 anos de mandato na Casa. Réplica para a história: uma catarse não terá festa de lançamento. O momento é de sobriedade.

Vai que…/ O ex-ministro da Defesa de Lula, da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, e, ainda, do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim tem circulado mais no empresariado. Esses movimentos se intensificaram desde que seu nome foi citado para a Presidência da República na hipótese de naufrágio do atual governo.

Humor/ Perguntado como o PT pretende atuar no ano que vem, um senador petista reagiu assim: “Esse governo não vai pro brejo… Vai pro Odebrejo”.

Vem mais, muito mais

Publicado em coluna Brasília-DF

Quem serviu aos governos Lula, Dilma e hoje serve ao de Michel Temer sentiu falta de muitos personagens no anexo do depoimento de Claudio Melo Filho, que se tornou conhecido na última sexta-feira. Faltaram, por exemplo, atores que passaram muito tempo não só no Planalto como no Ministério de Minas e Energia, nas administrações de Dilma e de Lula.

» » »

Da parte de quem acompanha as investigações, entretanto, a resposta a essas ausências será dada por Marcelo Odebrecht e pelo patriarca da empresa, Emílio Odebrecht, cujas delações são consideradas 100 vezes mais devastadoras. Vem coisa pesada aí contra os governos passados. O que parece muito estranho, até para alguns investigadores, foi ter surgido primeiramente as citações justamente a quem está no poder. Suspeita-se de uma cortina de fumaça para tentar barrar a reforma da Previdência e as investidas de Renan Calheiros contra a Lava-Jato.

Uma coisa e outra coisa

Decidido a fazer de Antonio Imbassahy ministro da Secretaria de Governo, o presidente Michel Temer fez chegar aos partidos que compõem o Centrão que a Presidência da Câmara não será moeda de troca nesse processo. O bloco deseja o cargo, algo que Temer não pode dar, uma vez que não há consenso na base aliada sobre quem deve ser o candidato.

Raspa do tacho

A lista de liberação de mais de R$ 1 bilhão em emendas ao Orçamento, neste fim de ano, traz os deputados do PT no topo dos agraciados: R$ 200 milhões. As emendas liberadas do PMDB somaram R$ 112 milhões.

Preparar para descolar

O PSB vai usar a reforma da Previdência para deixar expostas suas diferenças em relação ao governo Temer. Hoje, na solenidade para marcar o centenário de Miguel Arraes, começam os ensaios nesse sentido.

Cronograma difícil

Aqueles que tiveram o cuidado de avaliar a perspectiva de uma eleição direta para escolha de um novo presidente da República, hipótese descartada pelo Planalto, afirmam que uma proposta desse tipo só passaria com o apoio de todos os partidos e todos os setores. Sem consenso, a melhor das hipóteses indica a aprovação apenas em 2018, ano eleitoral. Propostas, aliás, não faltam. Há, pelo menos, duas: uma de Miro Teixeira, na Câmara, e outra de Reguffe, no Senado.

Férias encurtadas/ O presidente Michel Temer cogitou passar 15 dias descansando com a família. Porém, hoje, diante da crise econômica e das dificuldades na política, sairá apenas para as festas de fim de ano. Janeiro será de trabalho, com foco na economia.

Sala de espera/ No momento em que começaram a circular as informações sobre mais um pedido de abertura de inquérito contra o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), ele estava no Planalto, aguardando para falar com um assessor da Secretaria de Governo. Não estava com cara de bons amigos.
Onde mora o perigo/ Se homologada a delação de Claudio Melo Filho, Geddel Vieira Lima (foto), hoje sem foro privilegiado, terá que responder ao juiz Sérgio Moro. O ex-ministro já está se preparando para isso.

Caneta sem tinta/ Os relatos de Claudio Melo Filho indicam que o então ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, não providenciou nada do que a Odebrecht queria. No Congresso, os próprios peemedebistas brincam: ele não tinha poder. Quem mandava era Dilma.

Citados, eles vão às férias…

Publicado em coluna Brasília-DF

O governo pode até pensar em convocar o Congresso em janeiro para acelerar a reforma da Previdência. Mas os parlamentares, em especial quem se vê levado a dar explicações à Justiça, não querem saber de pisar em Brasília com a colaboração da Odebrecht fervendo neste verão. A maioria deseja votar o teto de gastos, as leis orçamentárias, sumir do mapa e torcer para que, na volta do recesso, a poeira já tenha baixado.

… E Michel, às mudanças
Diante dessa realidade, o presidente Michel Temer foi aconselhado a aproveitar o período para organizar melhor o governo, de forma a tentar salvar o próprio mandato que a colaboração premiada da Odebrecht chacoalha. A avaliação geral é a de que o fato de estar no comando do país joga no colo de Temer grande parte do desgaste nesse processo. A ordem é não se deixar derrubar com o barulho da bala e trabalhar para tentar sair da linha de tiro. Falta combinar com os adversários. Eduardo Cunha, inclusive.

Mal-estar

Os tucanos foram acusados pelos peemedebistas de tentarem transformar a indicação de Antonio Imbassahy para a secretaria de Governo em fato consumado antes que o presidente Michel Temer tivesse anunciado. Agora, é aproveitar o fim de semana para tentar acalmar a todos. O centrão irritado com a escolha de Imbassahy, e o PSDB incomodado com a hesitação. É o clima na base aliada cada vez pior.

Na boca da base

O nome de Antonio Imbassahy nem tinha circulado e senadores já reclamavam dessa grande proximidade entre PSDB e governo: “A preocupação do PSDB é recuperar o poder. Até se o Michel tiver uma popularidade de 90% em 2018, os tucanos terão candidato a presidente”, dizem aliados do governo.

Lula, a Zelotes e o PT

A intenção de muitos integrantes do PT em eleger Lula presidente do partido foi colocada em xeque ontem, com a nova denúncia sobre tráfico de influência. Há quem diga que, com três processos e um inquérito nas costas, o ex-presidente não terá condições de comandar uma legenda dividida. O melhor é preservá-lo dessa briga interna para, se for possível, lançá-lo candidato a presidente da República em 2018. Afinal, diante do lamaçal que se transformou a política, é bem capaz que o povo perdoe o ex-presidente e o reeleja. Essa é hoje a esperança do PT.

Quem cala consente

Nomeado relator da lei de abuso de autoridade em 2009, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) mandou centenas de ofícios a comandantes de instituições públicas pedindo sugestões para o texto. Não recebeu respostas.

Amigos de ocasião/ O presidente do Senado, Renan Calheiros, não esquece aqueles que chegaram na primeira hora a seu gabinete, antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir mantê-lo no cargo. E registrou: Os tucanos começaram a chegar só depois do voto de Celso de Mello, dando a senha para que o senador permanecesse no cargo.

Ironia da ocasião/ Justamente na semana em que Renan Calheiros descumpriu a liminar do ministro Marco Aurélio de Mello, vem à tona a preliminar da delação do executivo da Odebrecht Cláudio Mello em que o senador alagoano é tratado como “Justiça”. Nada é por acaso.

Prisão domiciliar?/ Na semana passada, foi o deputado Aníbal Gomes que ouviu poucas e boas no aeroporto de Fortaleza. Chegou ao ponto de seu segurança socar um cidadão. Agora, foi o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, ser chamado de “ladrão” num shopping em São Paulo. O vídeo viralizou nas redes sociais.

Enquanto isso, no Ceará…/ O governador Camilo Santana, do PT (foto) , não escondeu o desconforto ontem ao se ver obrigado a aplaudir um discurso do senador Eunício Oliveira, na solenidade do programa Minha Casa/Minha Vida. Os dois são adversários ferrenhos e mal se cumprimentam. O próprio Temer foi frio, a cada vez que Camilo puxava conversa. O governador é ligado ao ex-ministro Ciro Gomes, aquele que já chamou o PMDB de quadrilha.

Jogada de risco

Publicado em coluna Brasília-DF

Parlamentares estão em estado de alerta para os últimos movimentos de Michel Temer. Lembram que, em 2015, Dilma Rousseff fez de tudo para que os peemedebistas se sentissem mais confortáveis no governo. Para isso, entregou-lhes a coordenação política. O PMDB sofreu uma série de boicotes do PT. Insatisfeita, a parte do partido não atendida foi se afastando do Planalto. Agora, Michel Temer deve entregar a coordenação ao deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), e não está descartado que mais à frente convide o senador Tasso Jereissati para um posto importante.

» » »

Dentro do PMDB, há quem considere o risco de boicote de setores do partido à coordenação do habilidoso Imbassahy, da mesma forma que os petistas faziam ouvidos moucos ao maestro Temer enquanto coordenador político de Dilma. A diferença, no caso, é o presidente da República. Capaz de dedicar horas a uma conversa política. Todos confiam que a habilidade de Temer, hoje chefe supremo, consiga segurar a tropa. Afinal, dizem alguns, era atender o PSDB ou vê-los pular do barco mais cedo.

PF versus Moraes

O ministro da Justiça, Alexandre Moraes, conseguiu algo inédito: unir todas as categorias e facções da Polícia Federal que brigam entre si. Os policiais estão furiosos com o ministro. Na visão deles, enquanto o ministro da Defesa, Raul Jungmann, liderou um movimento em favor da manutenção de um sistema de aposentadoria diferenciado para os militares, Moraes abandonou os policiais.

Não estou, nem vou

A ira dos policiais aumentou na quarta-feira, quando as associações dos delegados e agentes tentaram uma audiência com o ministro Alexandre Moraes, mas foram encaminhados para o secretário-executivo do Ministério.

O reverso do aviso

Peemedebistas que estavam avisados da intenção do governo em esperar o listão da Odebrecht para depois nomear o novo ministro da Secretaria de Governo foram informados que o presidente queria antecipar a nomeação de Antonio Imbassahy por duas razões: primeiro, não dá para passar a ideia de que o Poder Executivo está refém dessa delação. Segundo, com a reforma previdenciária no Congresso, é preciso ter mais gente no papel de zagueiro.

Empurrãozinho

Agora, quem entende das coisas acredita que será mais fácil levar o PSDB a apostar na candidatura de Rodrigo Maia à Presidência da Câmara. Resta atender os partidos que compõem o Centrão, em especial, o PTB, de Jovair Arantes.

Climão

Senadores consideram que falta muito pouco para o presidente do Senado, Renan Calheiros, ouvir que não respeita nem oficial de Justiça, quanto mais o regimento interno da Casa. O “trator” que ele ligou ontem ao convocar várias sessões para o mesmo dia a fim de encerrar a discussão da PEC do teto e marcar a votação para terça-feira foi visto como “pagamento de fatura ao governo”.

Campanha antecipada/ O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), já colocou na rua sua campanha para presidente da Câmara, conforme anuncia o cartaz (foto) no início da L2 Norte, passagem quase que obrigatória dos deputados moradores dos apartamentos funcionais da SQN 202.

Enquanto isso, no Senado…/ O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), não deixa de ir a um evento promovido por senador. Ontem, lá estava ele na abertura do seminário Congresso do Futuro, uma iniciativa do senador Wellington Fagundes (PR-MT).

Temer na cova dos Gomes/ O presidente Michel Temer vai hoje ao Nordeste, passando por Pernambuco e Ceará. A ordem é começar a angariar algum apoio por ali. No Ceará, entrega hoje seis mil casas populares, como forma de minar a base política do pré-candidato a presidente da República Ciro Gomes.

Sarney telefonou/ Apenas para dizer que em nenhum momento se envolveu na operação que salvou Renan Calheiros no cargo de presidente do Senado.

Temer concorda com Moro

Publicado em coluna Brasília-DF

Num encontro ontem com cinco senadores onde o tema central foi economia, o presidente Michel Temer, professor de direito constitucional, comentou que considera corretas as emendas que o juiz Sérgio Moro sugeriu à lei de abuso de autoridade em tramitação no Senado, já apresentadas pelo futuro líder do PSDB, Ricardo Ferraço (ES). Uma delas explicita que mera divergência na interpretação da lei durante avaliação de fatos e provas não pode constituir crime. Afinal, um juiz tem que ter autoridade para interpretar a lei.

O presidente se disse ainda “aliviado”, porque ao rejeitarem a urgência de votação das dez medidas de corrupção. “Vocês tiraram esse assunto do meu colo”, disse Temer. Afinal, se ele veta o texto, briga com o Parlamento que o apoia. Se sanciona, briga com o povo que já não é lá muito amigo do governo.

Pressão sobre Toffoli
Com Renan réu no Supremo Tribunal Federal, aumenta a pressão sobre o ministro Antonio Dias Toffoli entregue logo sua posição sobre réus na linha sucessória da Presidência da República. Ele pediu vistas e até hoje nada.

Preocupação suprapartidária
Não, pessoal. Não é a lista da Odebrecht. O que preocupa para valer os senadores que estiveram ontem no Alvorada com Michel Temer é a situação da economia. Do PSDB, José Aníbal (SP), Ricardo Ferraço (ES) e Tasso Jereissati (CE). Do PPS, Cristovam Buarque (DF). Do PTB, Armando Monteiro Neto (PE), ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio do governo Dilma e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Precisa mais
No encontro com Temer, os senadores disseram que o teto de gastos e a reforma previdenciária não serão suficientes para destravar a economia. Na semana que vem, eles vão se reunir com ministros para discutir propostas de redistribuição da atual carga tributária, de forma a aliviar a produção e os salários.

Paradinhos aí!
Os tucanos começam a puxar o tapete de Renan Calheiros. O deputado Luiz Carlos Hauly e Domingos Sávio sugerem que não se vote nada relativo a mudanças na lei de abuso de autoridade, nem as medidas contra a corrupção enquanto não terminar a Lava Jato Falta combinar com o comando do Senado. Renan Calheiros é visto hoje como alguém que age para enquadrar a primeira instância e manter o foro privilegiado.

CURTIDAS

Em campanha/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), janta hoje com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Será levado pelo deputado Heráclkito Fortes (PSB-PI).

Rosso e Jovair/ Os deputados do PTB vão deflagrar uma pressão para que Rogério Rosso (PSD-DF) desista de concorrer à Presidência da Câmara para apoiar o líder petebista, Jovair Arantes. Arantes apoiou Rosso na disputa do mandato tampão. Agora, dizem os petebistas, é hora de retribuir.

Moral da história/ Os petistas ficaram em alerta total quando o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) cobrou do juiz Sérgio Moro as gravações de conversas telefônicas de Lula. d. Marisa Letícia, filho e nora __ aquelas que vazaram, constrangendo o ex-presidente e seus familiares. Moro disse apenas que era magistrado e não iria comentar processos pendentes. Para o PT, foi um recado claro de que o inferno astral de Lula não acabou.

Estresse na embaixada/ O cerimonial e a equipe francesa que preparou a tradicional festa de apresentação do Beaujolais Nouveau viveram dias de estresse. Os queijos vindos de Marseille para o evento de ontem ficaram cinco dias retidos na alfândega e só foram liberados na véspera da recepção na residência do embaixador Laurent Bili.

Termômetro virtual alerta

Publicado em coluna Brasília-DF

Analistas de redes sociais vislumbram para 2017 um movimento semelhante àquele que tomou o país em 2013, no período da Copa das Confederações. Esses especalistas identificaram um índice de mau humor infinitamente superior ao de 2015 e de 2014, fruto da grave crise econômica na qual as pessoas estão empobrecendo. E, diante da estagnação e do desemprego, a perspectiva dessa indignação extrapolar o mundo virtual e se transformar num amplo movimento de ocupação das ruas é um pulo. Ou as autoridades entendem esse recado e tratam a cuidar da crise econômica, ou outros problemas virão. O primeiro movimento está marcado para 4 de dezembro, coincidentemente, o mesmo dia em que os cubanos vão enterrar as cinzas do comandante Fidel Castro.

Cabral, segunda temporada
O verão vai ser quente. Já está no forno a segunda fase da operação que levou Sérgio Cabral a descobrir Bangu. Na mira, escritórios de advocacia e a ex-primeira-dama Adriana Anselmo, apelidada por alguns agentes, “a mulher das mil e uma jóias”. Ela é suspeita de ser uma das operadoras do esquema do marido.

Por falar em Cabral…
As notícias do cárcere são as de que o ex-governador tem chorado muito, ciente de que passará um bom tempo naquelas acomodações. O problema é que, se recorrer à delação premiada, enrosca ainda mais a família.

Nem tudo é tristeza
Não são poucos os deputados da Bahia que se dizem aliviados com o tombo de Geddel Vieira Lima. Uns garantem que, agora, Michel Temer será obrigado a redistribuir os cargos regionais.

O que eles pensam, ele fala
“Moro está acabando com o Brasil. É irresponsável. Não precisa fazer isso para combater a corrupção”, afirmou essa semana o deputado Vicente Cândido, no programa Frente-a-Frente, da Rede Vida, refletindo o sentimento que predomina entre os parlamentares, especialmente, os fisgados na Lava-Jato e seus aliados.

O que o governo deseja
A Advocacia Geral da União vai se esforçar junto ao Supremo Tribunal Federal para colocar como primeiro item da pauta de quarta-feira a ação direta de inconstitucionalidade que trata da cobrança das dívidas dos devedores contumazes nos setores de tabaco, bebidas e combustíveis. A esperança com a ação é arrecadar além do que já foi captado com a repatriação.

CURTIDAS

Adeus a Fidel I/ Lula e Dilma planejam participar dos funerais de Fidel Castro. O governo Michel Temer ainda não anunciou se o presidente vai ou será representado pelo embaixador ou pelo ministro de Relações Exteriores, José Serra. Se for, será a primeira reunião do grupo desde o impeachment.

Adeus a Fidel II/ Ontem petistas lamentavam que companheiros presos não poderão participar dessa última homenagem ao ícone da esquerda mundial. Especialmente, José Dirceu, que já morou em Cuba.

O rigor da presidente/ Os ministros do Supremo Tribunal Federal reclamam à boca pequena do rigor com que a ministra Cármen Lúcia trata o horário do intervalo. Dia desses, ela foi direta: “São 16h05. Voltaremos 16h35”. E ai de que quem não cumprir.

Por falar em Supremo…/ Na primeira quarta-feira de dezembro, dia 7, a biblioteca do STF será palco do lançamento do livro Segurança Jurídica e Protagonismo Judicial, desafios em tempos de incertezas. Werson Rêgo coordena a publicação, que reúne trabalhos de importantes personalidades do direito em homenagem ao ex-ministro Carlos Mário Velloso.

Circuito isolado

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Ciente de que está na mira da Lava-Jato, a Eletrobrás aproveitou a semana do feriadão para divulgar um “fato relevante”, algo considerado importantíssimo no mercado empresarial. Em 12 páginas, na linguagem rebuscada típica da burocracia empresarial, os controladores estouram seus antecessores. Na página 4, a empresa lista seis fraquezas da companhia em 2015 e anos anteriores. Diz que a Eletrobrás “não manteve ambiente de controle efetivo, revisão de gestão, demonstração financeira, controles efetivos e adequados sobre as sociedades de propósito específico”.

Antes dessas críticas, já na segunda página, a empresa reforça: “Segundo seu código de ética, a Eletrobrás não tolera corrupção ou quaisquer outras práticas comerciais ilegais por seus empregados, empreiteiras ou fornecedores, e, portanto, tem tomado uma série de iniciativas envolvendo suas atividades econômicas e seu sistema de governança corporativa”. Se é preciso avisar em alto e bom som que não tolera corrupção, é sinal de que boa coisa não vem por aí. E a atual gestão, ciente dos problemas, tenta se antecipar ao estrago, meio que isolando a confusão nos comandantes dos tempos de Dilma.

O grande paraíso fiscal
A primeira fase da Lei de Repatriação mostrou que a Meca dos brasileiros com recursos depositados lá fora está longe de ser a Suíça. Os dados do Banco Central analisados pelo tributarista Gil Vicente Gama indicam que os principais países de origem dos ativos dos quase 22 mil contribuintes que aderiram ao programa são os seguintes: Estados Unidos (52%), Ilhas Cayman (23%), Reino Unido (5,7%), e Bahamas (3,9%). A Suíça aparece em quinto, com 3,4%.

Distância regulamentar
Os tucanos planejam aproveitar a lei de abuso de autoridade no Senado para marcar aí um certo afastamento do presidente da Casa, Renan Calheiros. O discurso o PSDB sobre o tema será formatado esta semana.

Outro jogo
Não dá para Rodrigo Maia e demais pré-candidatos a presidente da Câmara tratarem da próxima eleição para presidente da Casa do mesmo jeito que lutaram com a disputa para o mandato tampão. Desta vez, com cargos da mesa na roda, quem amarrar melhor os demais partidos na composição da chapa terá mais chance.

Oi e seus nós
Os interessados em salvar a Oi querem na prática o perdão das multas que a empresa recebeu da Anatel por não cumprir as metas do plano original de concessão. O assunto será discutido na segunda-feira.

CURTIDAS

Em nome do pai/ Parlamentares não esquecem da imagem da deputada Clarissa Garotinho no plenário da Câmara, de celular em punho, gravando imagens de Eduardo Cunha no dia em que foi cassado enquanto bradava palavras de ordem. E agora, com o pai dela hospitalizado e preso, houve quem apostasse que Clarissa deixaria os peemedebistas esquecidos. Ela, entretanto, não vai parar e está dedicada a apontar as diferenças entre os casos de seu pai e o do ex-governador Sérgio Cabral.

Porque demorou/ Críticas à demora dos agentes públicos em prender o ex-governador Sérgio Cabral e outros integrantes da gangue do guardanapo na cabeça tomaram as redes sociais desde quinta-feira. Os investigadores, entretanto, avisaram que foi preciso passar os Jogos Olímpicos para limpar a casa depois que as visitas fossem embora.

Quem eles temem/ Advogados de ex-deputados, ex-governadores e ex-senadores trocam o “periculum in mora” (perigo da demora) por “periculum in Moro”. Sabe como é, se tem algo que eles preferem evitar é ter que encarar o popular juiz da Lava-Jato.

Troca de comando/ Não foi apenas o governo que mudou de líder. Está tudo encaminhado para que o senador Ricardo Ferraço (ES) assuma a liderança do PSDB na Casa.

Blindagem ministerial

Publicado em coluna Brasília-DF

O presidente Michel Temer não definiu onde pretende passar as festas de fim de ano, mas sabe que fará um rearranjo no Ministério. As mudanças serão pontuais, porém, importantes e virão também para, além de ajudar a melhorar a gestão, dar um viés de “alta” para personagens discretos, alvos da vingança de terceiros atolados em escândalos. No topo dessa lista de proteção está o ex-governador do Rio e ex deputado Wellington Moreira Franco, alvo preferido do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha em todas as conversas que o ex-deputado manteve pouco antes de ser recolhido à carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Cunha e Moreira nunca foram muito próximos. Moreira é responsável pelo plano de parcerias público-privadas do governo, mais conhecido como projeto Crescer. O programa é estratégico dentro da concepção do governo e considerado muito bem concebido, daí o fato de ter se tornado uma das melhores apostas do presidente. Que ninguém se surpreenda se Moreira, logo ali na frente, virar ministro do Planejamento. De lá, poderá levar o Crescer adiante com uma proteção a mais cotra os ataques de Eduardo Cunha.

Tucanos em litígio
As conversas entre José Serra e Aécio Neves resultaram numa discreta consulta ao partido no sentido de postergar a escolha do futuro presidente da legenda em um ano, ou seja, eleger o novo comando apenas em maio de 2018. Se a ideia vingar, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ficará praticamente de mãos atadas para tentar se colocar melhor na cúpula partidária e, dali, construir sua candidatura presidencial.

Ou uma coisa ou outra I
Aliados do presidente Michel Temer insistem na premissa de o governo buscar um Orçamento verdade para o ano que vem, isto é, sem receitas fictícias criadas pelo Congresso apenas para acomodar as emendas dos parlamentares __ de execução obrigatória. Isso significa que, se o governo optar por liberar todas as emendas de deputados e senadores, terá que tirar de outros projetos.

Ou uma coisa ou outra II
Para garantir uma receita extra, veio às tona uma proposta de incluir o dinheiro do que pode entrar com mudanças na Lei de Repatriação. Só tem um probleminha: como não se sabe quanto vem, a citação de um valor seria chute e aí o Congresso cairá novamente na velha formula de projetar receita que não se confirma.

Por falar em repatriação…
Os movimentos de quem dinheiro lá fora e optou pela repatriação indicam que o nome da lei está errado. Na verdade, a maioria dos “repatriadores” pagou apenas os impostos, mas manteve os recursos lá fora, ou seja, não veio capital para ser investido aqui.

…Virou Lei da Mobilidade
Porém, isso não representa o fim do mundo, uma vez que há muitos desses recursos investidos em títulos do Brasil. “Os bancos internacionais fazem o perfil do depositante e traçam uma carteira de investimentos relacionada ao país dele”, explica o advogado Gil Vicente Gama, especialista no assunto.

CURTIDAS

Santa Claus/ Acostumadas a passar o Natal ou Ano Novo no exterior, algumas esposas dos detentos da carceragem da PF em Curitiba cogitaram fazer uma festa para os maridos presos. Foram desestimuladas. Não ia ficar bem chegar lá com garrafas de Château Petrus, Romanée-Conti ou, ainda, um Richebourg, considerado o vinho mais caro do mundo.

Vida de governo/ O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, e um assessor apostam corrida do emagrecimento, para ver quem chega primeiro aos 90 quilos. O ministro levou a sério e passou a frequentar uma academia da cidade todos os dias pela manhã. O difícil é conseguir fazer a série de exercícios. O telefone não para.

Wikipedia/ Cresceu no governo e no Congresso a busca por perfis e informações a respeito do ministro do Tribunal Superior Eleitoral Herman Benjamin, relator do processo que pode resultar na cassação da chapa presidencial Dilma-Temer. Indicado por Lula, é considerado discreto e técnico.

Todo mundo em pânico/ A presença do procurador Deltan Dallagnol neste fim de semana em Brasília deixou os politicos de cabelo em pé. Quem acompanha o passo a passo da Lava Jato garante que esta semana de feriado promete.

O modelo é o da Petrobras

Publicado em coluna Brasília-DF

Os planos do presidente Michel Temer para o setor elétrico, no qual também há uma lupa da Lava-Jato, passam pelo mesmo molde adotado para a Petrobras. Para cada empresa, a ideia é buscar alguém com nome no mercado, de estatura técnica e gerencial, capaz de sanear o setor. As mudanças, porém, serão feitas devagar e com muito jeito, de forma a não criar muitos atritos e garantir boas escolhas, fundamentais em tudo na vida. Falta combinar com os partidos, ávidos por indicações, e com aquele ar de quem não aprendeu nada com Lava-Jato.

Candidato avinagrado
Ministros do governo Michel Temer se preparam para abortar a candidatura do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) à Presidência da Câmara. “Ele é um fator de desunião. E se não une a própria bancada, vai unir quem?”, pergunta um dos mais próximos ao presidente Temer.

Olha o Paulo Câmara…
A defesa que o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, tem feito da candidatura de Márcio França ao governo de São Paulo é vista um movimento com vários reflexos. O visível aos leigos da política é Câmara se apresentar para o apoio a Geraldo Alckmin, caso o governador paulista seja mesmo candidato a presidente da República e apoie Márcio França para a reeleição. (Márcio FRança assume o comando do Palácio dos Bandeirantes, se Alckmin se licenciar).

…embaralhando o jogo
A leitura invisível a quem não é do ramo da política é outra. Sabe-se hoje que o PSDB de São Paulo, balaio de tantos iluminados, não admite ceder o governo local a um candidato de outro partido, ainda que seja França seja vice-governador. Sendo assim, Paulo Câmara já começa a construir o discurso para virar o leme do PSB a outra candidatura que não a de Alckmin. Leia-se Aécio Neves.

O desafio da hora
Em meio à reforma política, o desafio dos parlamentares é o financiamento da campanha. A Lava-Jato afugentou o empresariado, que hoje quer distância das campanhas políticas. O orçamento público não comporta mais essa despesa. E, para completar, o eleitor está tão avesso à política que não está disposto a dar seu suado dinheirinho para candidatos.

Outra reforma
A reforma da Previdência Social segue para o Congresso entre o primeiro e o segundo turno da votação da emenda do teto de gastos. A trabalhista, para tristeza do empresariado, irá apenas em 2017.

CURTIDAS

Vale lembrar/ Em tempo de imposição de limites a supersalários, circula pelo WhatsApp uma lista publicada no ano passado pelo Novo Jornal, do Rio Grande do Norte, com os 50 maiores vencimentos do estado. O topo era o de uma desembargadora, R$ 179 mil.

Vale o esforço/ Não por acaso, muitos juízes vêem a proposta do presidente do Senado, Renan Calheiros, como uma “vingança” ao Poder Judiciário. Razões à parte, pagar 179 mil de salário mensal quando há um teto de vencimentos na administração pública pode ser visto como abuso de autoridade.

Roteiro/ Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, têm traçado o caminho para tentar emplacar a reeleição do democrata. Em novembro, criar um clima. Em dezembro, levar o assunto à Comissão de Constituição e Justiça.

Tudo no livrinho/ Na Constituição brasileira cabe de tudo. Até o final deste ano, estará no texto constitucional um artigo para isentar os templos religiosos do pagamento de IPTU. Hoje, não pagam. Mas a ideia é prevenir. Se nesses tempos de crise, algum estado pensar em estabelecer essa cobrança, terá que mudar de novo o texto constitucional. Aí, nem Deus.

O que vale para o Congresso…

Publicado em coluna Brasília-DF

Sabe aquela história de réu em ação judicial não poder compor a linha de sucessão da Presidência da República? Começa a se cristalizar no Ministério Público a ideia de que isso se estenda às Assembleias Legislativas estaduais, câmaras Distrital e municipais. Não por acaso tem muitos deputados estaduais e distritais perdendo o sono por causa dessa possibildiade. Afinal, o que não falta é político com receio de virar réu. A “santa de casa”, Celina Leão, que o diga.

Ele fora
O presidente do Senado, Renan Calheiros, avisou a amigos que Rodrigo Maia pode até se mexer para tentar a reeleição à Presidência da Câmara. Porém, ele, Renan, não irá entrar nessa. O acordo para fazer de Eunício Oliveira (PMDB-CE) o novo comandante está selado.

Fúria Palaciana
Assessores e ministros do Planalto ficaram irados com o fato de Eduardo Cunha chamar o presidente Michel Temer como testemunha de defesa. Consideram que a ideia do ex-deputado foi expor o presidente sem necessidade. Só para incomodar.

Os meus, os seus…
O presidente do PSDB, Aécio Neves, marcou para o dia 25, em Brasília, a reunião de todos os prefeitos eleitos pelo partido. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, reunirá os eleitos em seu estado uma semana antes.

…e os nossos!
Dentro do PSDB paulista surge a tese de repetir o que foi feito nos Estados Unidos: Barack Obama ganhou as primárias de Hillary Clinton, fez dela secretária de Estado e agora se jogou de corpo e alma na candidatura democrata. Nada impede, na visão dos paulistas, que Geraldo Alckmin faça o mesmo com Aécio Neves no futuro. Os mineiros, entretanto, preferem o inverso.

O perigo do momento
No Rio de Janeiro e em outros estados, há uma onda de servidores públicos em busca de reajustes salariais e pagamento dos atrasados. Na atual conjuntura, avisam os economistas, quem conseguir manter seus empregos, ou simplesmente receber o salário, deve dar graças a Deus. O caixa faliu e não há espaço para aumento de impostos.

Por falar em recursos…
A fim de incrementar os valores destinados à promoção da prática esportiva, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, ficará boa parte da manhã no Congresso para dar um empurrãozinho no projeto que pretende aumentar de 1% para 3% o limite de aplicação do lucro das empresas privadas no setor. É a lei Rouanet do esporte, com direito a incentivos fiscais. A ideia é tentar levar o empresariado a investir na formação de base para várias modalidades, algo que hoje está basicamente na conta do orçamento público.

CURTIDAS

House of Cards/ O netflix do recesso está garantido. O Senado está comprando 200 aparelhos de tevê de 40 polegadas e 40 de 55 polegadas. Dá quase três aparelhos por senador.

Por falar em recesso…/ Se depender do presidente Renan Calheiros, os senadores terão uma semana a mais de folga. Ontem, no plenário, ele mencionou que a sessão legislativa vai até 16 de dezembro. A Constituição menciona 22.

Dever de casa…/ Para quem deseja ocupar cargos na administração pública, é bom dar uma chegada hoje ao Superior Tribunal de Justiça, entre 18h30 e 21h, para acompanhar o lançamento do livro “Improbidade Administrativa _ Temas atuais e controvertidos”.

…com os professores/ Coordenado pelo ministro Mauro Campbell Marques, o trabalho é uma resposta aos debates suscitados pela comunidade jurídica sobre a aplicação e o alcance da Lei 8.429/92. A lei da Improbidade administrativa. O prefácio é do ex-ministro Francisco Rezek.