BNDES faz pressão para GDF privatizar BRB, CEB e Caesb

BNDES
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Em todas as conversas que tem tido com governadores e secretários estaduais, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, pergunta qual é o portfólio de estatais passíveis de privatização. Em Minas Gerais, por exemplo, se colocou à disposição para auxiliar na venda de empresas. Nem o Distrito Federal escapou dessa sina.

No encontro com o secretário de Desenvolvimento Econômico do DF, Ruy Coutinho, por exemplo, o assunto era investimentos para infraestrutura, mas Levy fez questão de perguntar se havia uma lista para privatizações. Coutinho não avançou nesse tema. Mas, dentro do BNDES, há quem diga que estão no radar o BRB, a CEB e a Caesb. Ou seja, as joias da coroa. Mas, segundo técnicos do banco de fomento, isso é tema que será discutido futuramente entre Levy e o governador Ibaneis Rocha.

O teste de Quintão

Assessor especial da Casa Civil, o ex-deputado Leonardo Quintão terá uma prova de fogo esse mês, com a decisão do presidente do Conselho de Administração de Furnas, Wilson Ferreira, de demitir os indicados por políticos. O comandante de Furnas, Ricardo Medeiros, indicado pela bancada do MDB de Minas Gerais, é contra as demissões e discutiu feio com Ferreira ontem. A briga será arbitrada pelo Planalto, onde os afastamentos são bem-vindos. Cabe a Quintão calar ou consentir. Ficará mal nas duas situações.

Exemplar

A ordem no governo federal e na Justiça é não poupar quem mandou construir um refeitório sob a barragem que se rompeu na semana passada, em Brumadinho.

Pior de três

Davi Alcolumbre (DEM-AP) que se prepare: Cresce no Senado a visão de que deixar o DEM com a Presidência das duas Casas Legislativas e, ainda, manter vários ministros no governo, inclusive a Casa Civil, não dá. E, como Rodrigo Maia é tido como um nome consolidado, a tendência dos partidos é sacrificar a candidatura de Alcolumbre.

Hora do funil

Dos oito candidatos a presidente da Câmara, restam seis: Rodrigo Maia (DEM), Fábio Ramalho (MDB), Ricardo Barros (PP), JHC (PSB), Marcelo Freixo(PSol) e Marcel Van Hatten (Novo). Alceu Moreira (MDB-RS) saiu da disputa ontem para ajudar Fabinho Ramalho a tentar levar a eleição a um segundo turno.

Cara & crachá I/ Deputados estão cada dia mais indócis com o Planalto. Ontem, alguns tentaram entrar lá pelos fundos, na área da garagem destinada ao ingresso de ministros, onde é possível chegar ao terceiro andar sem ser muito incomodado. Não deu certo.

Cara & crachá II/ A segurança, cumprindo ordens, orientou os visitantes a usarem a portaria central, na frente do Palácio, onde o nome do sujeito é anotado e o acesso aos andares superiores só é permitido mediante autorização. Um deles saiu de lá irritado e reclamando “saudades de Temer”.

Cara & crachá III/Nos tempos do presidente Michel Temer, todos entravam direto, pelo mesmo espaço dos ministros. Aos habitués era inclusive dispensada a identificação naquela portaria. Agora, a batida é diferente.

Enquete fraudada/ o senador Marco do Val (PPS-ES) fez uma enquete nas suas redes para saber quem seus seguidores gostariam de ver na Presidência do Senado. Teve que tirar do ar. Estavam fraudando a contagem. Triste viver num país onde nem uma simples enquete para de pé.

Ao dizer que dialoga com ‘qualquer um’ no Congresso, Mourão articula melhor que Onyx

Mourão
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No papel de presidente em exercício, o general Hamilton Mourão fez o que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, articulador político do governo não fez: dizer que dialoga com “qualquer um” no Congresso Nacional. No Senado, Onyx trabalha por Davi Alcolumbre (DEM-AP), irrita o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os emedebês de Renan Calheiros e Simone Tebet. Essa irritação toda não vai terminar bem para o principal ministro encarregado de fazer a ponte entre o governo e o parlamento. Mourão, por sua vez, que tem quatro anos de Vice-Presidência assegurados, vai ocupando espaço naturalmente.

Dupla dinâmica

Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e Major Olímpio (PSL-SP) se reuniram ontem. Discutiram estratégias para o segundo turno na eleição do Senado. Eles não escondem o desconforto com a preferência de Onyx por Alcolumbre.

É para já

O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello não vai demorar na análise do caso Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro. A ideia é devolver logo o processo para o Rio de Janeiro.

Enquanto isso, no MDB…

Quem se deu bem ontem foi Renan Calheiros (MDB-AL). Não disse que era candidato e conseguiu o que queria, deixar para quinta-feira a escolha do nome que representará o MDB na disputa pela Presidência do Senado. Com a decisão na véspera da eleição, não vai dar tempo de criar uma grande onda anti-Renan.

… os bastidores fervem

Renan chega para o confronto com Simone Tebet (MDB-MS) sem veto do Planalto, com um leque de apoios externos no PT e no PSD. A senadora, por sua vez, já fora da liderança do partido, tem aliados espalhando aos quatro ventos a versão de que Renan é a “última Geni”.

Jogo de empurra

Petistas estavam irados com a dificuldade dos juízes de conceder a Lula o direito de se despedir do irmão Vavá, que faleceu ontem, vítima de câncer. Ninguém parecia com coragem de conceder o que é dado a muitos presos comuns. O PT esperava a concessão para colocar seu maior líder novamente em evidência, fora das grades. Nem que fosse por algumas horinhas.

Orai e vigiai/ Embora tenha conseguido tirar Arthur Lira (PP-AL) da disputa para presidente da Câmara e detenha a firme posição de favorito, Rodrigo Maia não baixou a guarda. Sabe que, se Fábio Ramalho (MDB-MG) encantar o baixo clero, problemas virão. Ontem, por exemplo, 50 deputados passaram pelo gabinete do emedebista. Fabinho, aliás, corre atrás daqueles 30 que, segundo contas do PP, votariam em Arthur Lira.

Chiquinho, o observador/ Do alto de quem acompanha a política há mais de 40 anos, seja como assessor de Michel Temer, José Sarney, seja no papel de deputado e senador, Francisco Escórcio comenta a situação de Onyx Lorenzoni: “Ele é jovem, inteligente. Aos poucos, vai aprendendo. É com o andar da carruagem que a as abóboras vão se ajeitando”.

Giacobetes versus Soraya/ Quem chama a atenção esses dias na Câmara são as moças que desfilam com camisetas de Giacobo (foto), do PR do Paraná, para a primeira secretaria. Quem deve concorrer contra ele é a deputada Soraya Santos (PR-RJ).

Recorde indigesto/ As contas de autoridades de Minas Gerais indicam que o número de mortos decorrentes da tragédia de Brumadinho vai superar o de outros rompimentos semelhantes. É a barragem “barata” da Vale mostrando o que não tem preço.

Na votação do candidato do MDB à Presidência do Senado, Renan Calheiros e Simone Tebet buscam 7 votos

Renan Calheiros e Simone Tebet
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A votação que escolherá o candidato do MDB à Presidência do Senado não será tranquila, nem para Renan Calheiros nem para Simone Tebet. Quem vencer, será por sete votos dos 13 que devem compor o colegiado (inclui-se aí o senador Eduardo Gomes, que se elegeu pelo PSD, mas vai para o MDB). E isso se o resultado sair ainda hoje. Assim, quem perder estará à vontade para concorrer dentro do plenário na sexta-feira.
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Na guerra dos bastidores em busca dos votos, a sensação é de que a unidade não virá. Enquanto Renan diz de público que Simone tem o apoio de Eduardo Cunha, aliados dela se referem a Renan como “a última Geni”, ou seja, eleger o senador alagoano seria manter a tensão na Casa. É nesse clima que o partido se reúne a partir das 15h.

Só assim

A Vale que se prepare: Há consenso no Judiciário e no Executivo a respeito da forma de fazer com que a empresa seja totalmente rigorosa na prevenção de novos acidentes. Punição exemplar no caso de Brumadinho, algo que não houve em Mariana.

Diferenças

No caso de Mariana, o dano ao meio ambiente foi maior. Desta vez, o drama é o número de mortos. Ninguém engole um refeitório justamente no local por onde a lama escoaria, em caso de rompimento.

Certo & duvidoso

Se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quiser tirar algum concorrente de combate, terá que oferecer algo em troca. Arthur Lira (PP-AL) resiste hoje a deixar a disputa por promessa de apoio futuro. Teme que a conjuntura mude e aí o acordo vá para espaço.

Contabilidade

Deputados acreditam que os candidatos a presidente da Câmara Fábio Ramalho (MDB), Arthur Lira (PP) e JHC (PSB) têm juntos 220 votos. Somados aos de Marcelo Freixo (PSol), Marcel Van Hatten (Novo) e Ricardo Barros são outros 50. Ou seja, Rodrigo Maia ainda não completou os 257 para vitória no primeiro turno.

Regimento & bom senso

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi aconselhado a não forçar a barra para presidir a sessão de escolha do futuro presidente da Casa, uma vez que será candidato. Já há inclusive questão de ordem para evitar que ele fique no comando da sessão. Se forçar a barra, perderá votos.

Por falar em Alcolumbre…

O apoio do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a Alcolumbre é citado nos bastidores como “miopia política”. Se o senador do DEM vencer ou perder — e a segunda opção é a mais provável — a vingança será em cima do governo.

Água benta/ O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) chamou D. Sérgio para benzer o gabinete que ele ocupará no 11º andar no anexo I. Na legislatura que termina dia 31, o espaço foi ocupado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Área nobre/ Izalci queria o gabinete ocupado por Zezé Perrela (PSDB-MG), estrategicamente posicionado ao lado da sala da Liderança do MDB, próximo ao plenário, porém, o local ficou para a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), portadora de necessidades especiais. Assim, ela poderá dispensar o uso do elevador para se deslocar até o plenário.

Falem bem, falem mal…/ mas falem de mim. É isso que está movendo as candidaturas em série a presidente do Senado. Reguffe, por exemplo, que teve a candidatura antecipada pela coluna, conseguiu o feito de chamar a atenção para toda a economia de recursos que fez ao longo do mandato, algo inédito na Casa. De quebra, ainda obrigou os candidatos a prepararem propostas para apresentar ao longo da semana.

Enquanto isso, em São Paulo…/ O sucesso da cirurgia do presidente Jair Bolsonaro é uma tensão a menos no país. Ele já avisou a amigos que acompanhará a eleição para presidente da Câmara e do Senado, pronto para receber, em breve, os vencedores para tratar da agenda das reformas.

Jarbas Vasconcelos apoiará Simone Tebet para o Senado dentro e fora do MDB

Jarbas
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Eleito senador, Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) interrompe hoje as férias para ingressar na campanha de Simone Tebet pela Presidência do Senado dentro e fora do MDB. “Ela está à altura do momento. É responsável, plural, tem todos os requisitos. Vou me empenhar para que seja eleita”, diz Jarbas, do alto de quem já viu um pouco de tudo na política.

Ainda que não seja indicada como o nome do MDB, Simone pretende se lançar em voo solo no plenário. Ela trabalha para fugir da sina de Luiz Henrique, o candidato avulso que, em 2015, obteve 31 votos contra 49 de Renan Calheiros. Na disputa prevista para daqui a uma semana, no entanto, ela segue mais ou menos o mesmo script: se aproximou do PSDB, que tem vários senadores interessados em apoiá-la. Falta combinar com os demais partidos.

Contabilidade de Renan

Os aliados de Renan acreditam que o senador alagoano tem 44 votos. Se a conta estiver certa, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, terá de rever seus conceitos. Pelos números, o candidato do DEM, Davi Alcolumbre, não terá sequer os seis votos do próprio partido.

O teste de Mourão

O decreto do presidente em exercício, Hamilton Mourão, que amplia o número de pessoas com poder de determinar sigilo a documentos oficiais não está livre de ser submetido a uma votação no Parlamento. O deputado Reginaldo Lopes, por exemplo, prepara um projeto para sustar o texto. Será uma prova de fogo para aqueles que chegaram eleitos pelas redes sociais.

Bolsonaro na linha fina

Com Flávio Bolsonaro na mira por causa de sua movimentação financeira e do seu ex-assessor Fabrício Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro não poderá dar um passo em falso no quesito combate à corrupção. Daqui para a frente, por exemplo, avaliam muitos políticos, terá de ter cuidado redobrado com as medidas nessa seara. Haja vista a nova proposta do Banco Central de suspender a vigilância sobre parentes de políticos.

A escolha de Sérgio Moro

Com as associações da Polícia Federal e de peritos criminais criticando a proposta do Banco Central de suspender a vigilância sobre parentes de políticos, e os magistrados defendendo, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, terá de definir um lado: e, avisam seus amigos, ele ficará ao lado dos policiais.

Fabinho na lida I/ Candidato a presidente da Câmara que mais preocupa o favorito Rodrigo Maia, o deputado Fábio Ramalho, do MDB-MG, foi o primeiro a sair em defesa da viagem dos deputados do PSL à China: “Deputados eleitos democraticamente pelo povo brasileiro têm a legitimidade de representar o país em viagens oficiais, assim como em representações extraoficiais. A China tem uma oferta de investimentos de, aproximadamente, R$ 30 bilhões em infraestrutura do Brasil. Ninguém está autorizado a dizer irresponsabilidades na rede com o pretexto ideológico” afirmou.

Fabinho na lida II/ De quebra, ainda se colocou no modo “paz e amor”: “Nada de radicalidades, nem para a direita nem para a esquerda. O Parlamento deve trabalhar em sua pluralidade, de forma a respeitar todas as frentes de pensamento da sociedade brasileira. Da mesma forma e sob os mesmos argumentos, apoio de forma irrestrita a missão do nosso governo em Davos”.

Lua de mel curtinha/ A decisão do presidente Jair Bolsonaro de não tirar uns dias de repouso para se recuperar da cirurgia que fará na segunda-feira levou muitos políticos a considerar que ele e o vice não vivem uma sintonia total e irrestrita.

Por falar no presidente…/ Ele já chegou marcando reunião para hoje cedo com assessores. Não quer perder um só minuto de trabalho antes da cirurgia.

Parte da reforma da Previdência de Temer será aproveitada por Bolsonaro

Reforma da Previdência
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A fim de ganhar tempo na reforma previdenciária, a equipe de Jair Bolsonaro vai pinçar uma parte do texto em tramitação na Câmara e apresentar uma emenda aglutinativa. A ideia não é nova. Foi feita no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e teve como relator o então líder do MDB, Michel Temer. Sinal de que nem tudo na velha política será desprezado pelos novos inquilinos da Esplanada. Caso essa proposta tenha problemas, o texto novo será apenas “apensado” ao que já está tramitando.

E Flávio ficou só…

Entre a defesa intransigente do filho mais velho e o “governar pelo exemplo”, o presidente Jair Bolsonaro ficou com a segunda opção, vista pelo próprio partido e pelas autoridades governamentais como a mais sensata. Tudo para afastar o governo dessa confusão em que Flávio Bolsonaro se meteu.

…na vontade

Dentro do PSL, partido do senador eleito, havia por parte de aliados dele a expectativa de um movimento em seu favor. As declarações de apoio, entretanto, são protocolares. A maioria, como fez a deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP) ontem no programa CB.Poder, diz acreditar na inocência, mas é preciso investigar e rapidamente para virar logo essa página.

A lógica do voto

Renan Calheiros chegará para a reunião do MDB com a certeza de que, se for candidato, terá o apoio dos senadores do PT. Para emplacar, Simone Tebet tem que levar aos emedebistas a certeza de que agrega votos fora do partido. Se não, terá dificuldades, apesar da ficha limpa.

Pulverizou geral

Até aqui, são oito candidatos a presidente do Senado, isto é, se Renan Calheiros e Simone Tebet forem concorrer independentemente da decisão da bancada. A conta favorece Renan, que chega com o apoio do PT e votos espalhados em outros partidos.

Com o pé esquerdo

Para quem se diz destro, o governo entrou na eleição para presidente do Senado chutando para fora. Isso porque, para eleger Davi Alcolumbre (DEM-AP), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, teria de ter quase todos os partidos aliados, isolando MDB e PT. Não é isso que se vê nos bastidores.

CURTIDAS

Bolsonaro e Mourão I/ A divulgação da agenda de 100 dias e a confusão na Venezuela amorteceram o cancelamento da entrevista de Jair Bolsonaro. Porém, entre os analistas estrangeiros ficou a impressão de que o presidente brasileiro perdeu uma boa oportunidade de se apresentar aos europeus como uma pessoa afável, capaz de dialogar e com boas ideias para o país.

Bolsonaro e Mourão II/ Enquanto isso, por aqui, Mourão teve agenda extensa de contatos políticos e diplomáticos. Para completar, aproveitou o Twitter para fazer um afago aos jornalistas que sempre o esperam na porta da Vice-Presidência, no maior bom humor. Já tem político ensaiando a #Mourãoéfofo. Com todo o respeito.

O novo vizinho I/ Foi-se o tempo em que o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) deixava o plenário ao lado do colega Marco Maia (PT-RS) e desciam juntos para os gabinetes, situados lado a lado na área próxima aos estúdios da TV Câmara. Agora, quem lhe fará companhia na vizinhança é o deputado eleito Aécio Neves (foto) (PSDB-MG), que, inclusive, está reformando o espaço.

O novo vizinho II/ PT e PSDB não se bicam. Há quem diga que, talvez, diante do governo de Jair Bolsonaro, os dois partidos possam voltar a conversar.

Deputados reclamam de serem atendidos por Quintão, assessor especial da Casa Civil

Leonardo Quintão
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O governo mal começou e os deputados se dizem cansados de serem atendidos por Leonardo Quintão, assessor especial da Casa Civil e ex-deputado pelo MDB de Minas Gerais. Os políticos querem falar é com quem resolve os problemas — leiam-se verbas e projetos para as bases eleitorais. Nos ministérios, salvo as áreas ocupadas por políticos — Agricultura, Cidadania e Saúde —, os demais ministros não têm “sensibilidade” para priorizar o atendimento aos políticos. Quintão, até aqui, tem sido educado, mas nada além de água e café. Já tem gente dizendo que, assim, vai ser difícil.

Na medida…

O discurso do presidente Jair Bolsonaro em Davos, na Suíça, ficou dentro do que ele podia dizer. A reforma previdenciária ainda está em discussão, a tributária ainda é desconhecida. Qualquer passo em falso poderia comprometer a negociação por aqui.

… para não fazer marola

Tudo o que Bolsonaro não desejava era passar a ideia de que levou suas propostas primeiramente ao público externo para, depois, apresentá-las aos brasileiros. Afinal, lembram integrantes da comitiva, quando os temas precisam ser negociados com o parlamento, todo o cuidado é pouco.

Por falar em Parlamento…

A 10 dias da eleição para presidente da Câmara, três blocos se formam em busca de espaços na Casa, um com o PSL, outro com o PT e um terceiro, com MDB e PP.

… é melhor moderar o discurso

O vídeo que o deputado eleito Daniel Silveira (PSL-RJ) gravou na China para defender a comitiva do partido que viajou àquele país está dando o que falar. Ele solta uma série de “pqp” e outros palavrões, diz que brasileiro só funciona na “porrada”. Vale lembrar que, na tribuna, esse linguajar pode resultar em advertência.

O maior teste de Flávio

Políticos tarimbados são unânimes em afirmar que a grande prova de Flávio Bolsonaro será seu discurso no plenário da Casa, em fevereiro. Como filho do presidente e com explicações pendentes, terá a missão de convencer que é inocente, não se expor a contradições e evitar chorar na tribuna.

A maldição do choro

Pelo menos, dois choraram ao apresentar a defesa: Geddel Vieira Lima, na Câmara, e José Roberto Arruda, no Senado. Deu no que deu.

Bolsonaro, o econômico I/ Os ministros Paulo Guedes e Sergio Moro acompanharam o presidente Jair Bolsonaro a Davos, mas não ficaram no mesmo hotel que o presidente, o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Pelos preços nos sites de cada hotel, a hospedagem dos ministros foi bem mais cara do que a do presidente.

Bolsonaro, o econômico II/ Bolsonaro, Araújo e o filho ficaram no Hotel Seehof, um dos mais antigos e tradicionais do resort suíço. Moro e Guedes se hospedaram no novíssimo Hard Rock Davos, inaugurado em dezembro de 2017. No Seehof, o quarto mais barato sai por 800 francos suíços, correspondentes a R$ 3,3 mil. No Hard Rock Davos, a única diária disponível era de 6 mil francos suíços, o equivalente a R$ 22,6 mil.

Bolsonaro, o econômico III/ Vale registrar que o filho do presidente viajou a convite, “sem custo para a Câmara e a Presidência”.

Enquanto isso, no passado…/ Integrantes do governo faziam questão de lembrar a polêmica viagem da então presidente Dilma Rousseff que, em 2014, saiu de Davos direto para Cuba, com uma “escala técnica” no fim de semana em Portugal, onde se hospedou no Hotel Ritz, à época, com diária de R$ 26 mil.

 

Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press – 14/11/18

CB.Poder/ A deputada Joice Hasselmann (foto) é a entrevistada de hoje no CB.Poder da TV Brasília, às 13h.

Mourão prepara o terreno para a inclusão dos militares na reforma da Previdência

Militares
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Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentam as novas bases do governo no Fórum Econômico de Davos, o presidente em exercício, general Hamilton Mourão, estará dedicado a preparar o terreno para a inclusão dos militares na reforma da Previdência. É cada vez mais consensual no governo que ninguém pode ficar de fora, até para não dar margem a atrasos no Parlamento.

A ideia de incluir os militares é para não dar margem a outros setores mais abastados, como o Judiciário, o Ministério Público e o Legislativo. Se todo mundo estiver dando a sua quota, de uma forma ou de outra, fica mais fácil convencer a sociedade.

Contagem regressiva

Renan Calheiros só vai disputar a Presidência do Senado se tiver certeza da vitória. Não entrará em bola dividida. Como até aqui só disse que não é candidato, e que a escolha será da bancada do MDB, não será um recuo.

Enquanto isso, na Câmara…

Rodrigo Maia perde dois partidos em seu bloco, o PT e o PSB. Porém, como o voto é secreto, ele terá apoios discretos nas duas bancadas.

Doria na lida/ O governador de São Paulo, João Doria (foto), tem começado reuniões na Suíça apresentando um vídeo de menos de 3 minutos intitulado “Uma Nação chamada São Paulo, estamos prontos para os negócios”. Tudo para atrair investidores.

PT considera precipitado pedir uma CPI para investigar Queiroz e Flávio Bolsonaro

CPI Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz
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Parte do PT considera precipitado pedir uma CPI para investigar as movimentações financeiras de Fabrício Queiroz e do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). A ordem na oposição, de um modo geral, é tratar agora das Presidências da Câmara e do Senado, deixando que o senador se explique perante às autoridades competentes, no caso, o Ministério Público.

As movimentações financeiras de Flávio Bolsonaro e de Fabrício Queiroz não são assunto de governo. Portanto, em outros partidos de oposição é voz corrente que não cabe CPI. Afinal, se banalizar demais os pedidos de CPIs já na largada, se vier algo envolvendo governo, não haverá espaço para pedir investigação. Porém, tem gente no PT querendo CPI só para guardar o lugar na “fila”.

Petistas não vão dar trégua ao senador eleito Flávio Bolsonaro. A ordem é saber se o filho do presidente é pavio curto ou tem “nervos de aço”.

Os petistas querem saber, por exemplo, onde estão os filmes sobre as imagens dos autores dos depósitos em 2017 na conta do senador eleito, se a compra e venda de imóveis está declarada no Imposto de Renda de todos os citados e por aí vai.

Para completar, se houver uma reclamação a respeito do modus operandi do Ministério Público, não faltará quem lembre que, na hora de investigar o PT, o MDB, o PP, o PSDB e quem mais chegou, não houve grita dos bolsonaristas.

Enroscados na Lava-Jato estão de olho no caso Queiroz no STF para pegar carona

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Por onde passa Flávio… Passarão outros mais. Enroscados na Lava-Jato que correm o risco de perder o foro privilegiado acompanham de perto os desdobramentos da liminar do ministro Luiz Fux que suspendeu a investigação sobre as movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). É que, se o pedido de Bolsonaro tiver sucesso, haverá uma avalanche de novos pleitos para que investigações enviadas à primeira instância no ano passado regressem ao Supremo Tribunal Federal (STF). Há quem diga que, se o tribunal aceitar discutir um caso que não tem relação com o mandato para o qual Flávio foi eleito, e do qual o senador não é sequer alvo, todos os demais devem ter o mesmo destino. Assim, o STF, que pensava desafogar sua pauta e seu trabalho com a restrição de foro, corre o risco de ganhar muito mais atribuições.

Abriu a guarda…

Ao pedir o envio do caso da movimentação financeira do ex-assessor Fabrício Queiroz para a esfera do STF, o senador eleito Flávio Bolsonaro arranhou o discurso do “eu não tenho nada com isso”. Politicamente, até aliados do senador consideram que ele errou ao não ir até o MP do Rio de Janeiro para prestar os esclarecimentos como testemunha e deixar que o suspeito se explicasse às autoridades competentes.

…e chamou a oposição

Depois do recurso ao STF, há quem preveja uma estreia difícil para Flávio Bolsonaro no Senado. Afinal, no momento em que pede para que o caso seja enviado à esfera federal, serve um prato cheio para a oposição degustar na arena do Legislativo, a respeito da restrição de foro. Alguns dizem, em conversas reservadas, que não terão muito trabalho para fazer o novato tropeçar, uma vez que ele mesmo está amarrando uma corda nos pés.

Trabalhando sem nomeação

A Casa Civil continua com dificuldade para colocar em dia a edição de decretos de nomeação e dispensa de pessoal. Até mesmo na equipe de Paulo Guedes, anunciada em 2 de janeiro, alguns demoraram mais de 15 dias. Marcos Troyjo, por exemplo, secretário de Comércio Exterior, só foi nomeado esta semana, praticamente às vésperas de acompanhar o presidente Bolsonaro a Davos.

Simone Tebet versus Renan Calheiros

Ao marcar a reunião do MDB para 29 de janeiro, a líder do partido no Senado, Simone Tebet, deu um nó na estratégia de Renan Calheiros. O senador contava com a reunião de bancada na véspera da eleição, de forma a não dar tempo de a campanha contra ele nas redes sociais influenciar a escolha de parte dos senadores. Já tem muita gente convicta de que Simone vai disputar contra Renan na bancada. Tal e qual Luiz Henrique fez em 2015 e perdeu. Agora, com a Casa mais pulverizada, há quem acredite que pode dar certo.

PSDB em (re) construção I

A deputada Yeda Crusius (PSDB-RS) aceitou o chamado da bancada feminina tucana e vai concorrer à Presidência do PSDB. Seu primeiro compromisso foi uma conversa com o governador de São Paulo, João Doria. Ele tem como candidato a presidente da sigla o deputado Bruno Araújo (PE). O nome de Yeda foi lançado pela senadora eleita Mara Gabrilli (PSDB-SP).

PSDB em (re) construção II

Yeda conta com a bancada feminina a seu favor. Bruno tem a desvantagem de o partido ter sido praticamente dizimado em Pernambuco, enquanto os gaúchos vêm com o jovem governador Eduardo Leite. Yeda chega com o discurso de que a legenda tem de montar um novo programa partidário, “não novos valores”, e acabar com a disputa interna que destroçou o PSDB: “Tem de ter lugar para Fernando Henrique, que não apoia Bolsonaro, e para Doria, que apoia, e as posições serem respeitadas”.

Os recados de Renan/ Ao dizer no Twitter que “bate continência para um major da polícia” e não para um coronel da política, como Tasso Jereissati (foto), Renan Calheiros manda um recado: pode ter conversa com o PSL. Como o partido de Bolsonaro tem quatro votos na Casa, se brincar, fica até a vaga que caberia ao PSDB na Mesa Diretora.

Dona Zezé I/ A tal “despetização” promovida pelo ministro Onyx Lorenzoni acaba de atingir uma filiada ao… seu partido. A maranhense Maria José Brasil é do partido desde os tempos em que o DEM ainda se chamava PFL. Tem até a certidão do cartório eleitoral de Bara do Corda, de 2001. Quem trabalha no Palácio do Planalto ou percorre seus gabinetes sabe de quem se trata.

Dona Zezé II/ Ela chegou ao Planalto ainda no governo de José Sarney, levada por Marco Maciel nos tempos em que ele era chefe da Casa Civil. Permaneceu por lá em todos os governos. De Sarney a Michel Temer, passando por Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma. É conhecida porque sempre fez questão de tratar todos pelo nome, algo raro no entra e sai palaciano. Quem falava com D. Zezé uma vez, na segunda, não precisava se reapresentar. Memória do Planalto que, pelo visto, o novo governo não dá o menor sinal de querer preservar.

Polêmicas de Damares são usadas para equipe econômica contornar situações esdrúxulas

Polêmicas de Damares
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Integrantes da equipe econômica estão a ponto de pedir que a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, mantenha as frases polêmicas. É que, a cada dia que passa, descobrem mais uma situação esdrúxula, seja no Orçamento, seja na administração pública. Nesta semana, muita gente ficou boquiaberta ao constatar, via Instituição Fiscal Independente (IFI), que, para cumprir a regra de ouro, o Congresso terá que aprovar um crédito orçamentário adicional atípico, e por maioria absoluta.

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Para quem não viu ou não soube, o relatório da IFI, que já está com técnicos do governo, menciona que, no Orçamento de 2019, o excesso de operações de crédito em relação às despesas de capital é da ordem de R$ 248, 9 bilhões. Para tapar esse buraco, o governo precisará aprovar o crédito orçamentário no Congresso. Ou seja, Bolsonaro já vai entrar correndo atrás dos deputados, e não será apenas por causas das reformas, mas para reduzir os prejuízos.

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Os técnicos da IFI dão, inclusive, uma pista de onde o governo pode tirar o dinheiro para cobrir esse buraco: privatizações de estatais, leilões de petróleo dentro da cessão onerosa, devolução de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e resultado positivo do Banco Central. Tá, mas, tem gente no governo que estava disposta a usar tudo isso em outras coisas. Pelo visto, vai ter de escolher: ou cobrir as despesas ou deixar o país se divertindo com assunto mais cor-de-rosa, enquanto a economia não entra no azul.

Noves fora…

A turma aliada ao deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) fez as contas e descobriu que o bloco partidário de Rodrigo Maia, em 2017, reunia 450 deputados. E o candidato desses partidos obteve, à época, menos de 300 votos no primeiro turno. Logo, dizem os amigos de Fabinho Liderança, é ali que estão os traidores.

…a conta termina fechando

Apesar dos pesares, Rodrigo venceu. E, desta vez, terá votos em quase todos os partidos, do PT ao PSL. Embora o presidente Jair Bolsonaro não esteja engajado nas campanhas, seus ministros estão. E o DEM tem mais espaço na Esplanada, além da simpatia de Paulo Guedes.

Por falar em ministros…

Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, Teresa Cristina, da Agricultura, ambos do DEM, e o emedebista Osmar Terra, da Cidadania, deixam o governo por 24 horas, em 1º de fevereiro. Vão assumir os respectivos mandatos na Câmara dos Deputados.

Por falar em Paulo Guedes…

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é tido hoje como um defensor da candidatura de Renan Calheiros à Presidência do Senado. Já chegou aos ouvidos do Planalto a seguinte frase do Posto Ipiranga: “Renan é um Highlander. Vai nos ajudar a aprovar as reformas estruturais”.

… ele não deixa de ter razão

Guedes não está de todo equivocado. Renan quer paz, amor poder e… recursos para o governador de Alagoas, Renan Filho. É, foi e será sempre pragmático.

CURTIDAS

Acontece nas melhores famílias I / Sem saber, e desavisado em relação aos cerimoniais palacianos em visitas de chefes de Estado, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, parou na porta errada, ontem, no Itamaraty, e foi logo descendo do carro, caminhando rápido pelo tapete vermelho da entrada principal. Muita gente, dentro do prédio, olhou esquisito. E não foi por causa do governador ser estreante.

Acontece nas melhores famílias II/ O acesso por aquela porta é restrito a chefes de Estado, salvo raríssimas exceções, como reza o protocolo da sede da diplomacia. Foi uma saia justa para o cerimonial. Invariavelmente, em eventos formais, convidados e demais autoridades costumam acessar o prédio pela porta lateral. Mas ninguém foi criar caso com o governador ou reclamar por ele ter usado a mesma porta que Jair Bolsonaro e Maurício Macri. Sinal de bom senso.

Deferência/ O rei da Espanha, Felipe VI, recebeu o embaixador Pompeu Andreucci Neto no Palácio Real de Madrid. O embaixador fez entrega das cartas credenciais e, em seguida, foi recebido em audiência pelo rei. Normalmente, nessas ocasiões, o monarca concede entrevistas de 10 minutos. No caso do embaixador do Brasil, a entrevista estendeu-se por 35 minutos. O rei Felipe VI gosta muito do Brasil e é profundo conhecedor da realidade brasileira.

O segredo do “novo Severino”/ A coluna quis saber do deputado Fábio Ramalho por que ele tem feito campanha praticamente à mesa: “É porque, nessas situações, os ânimos ficam desarmados”.