Categoria: coluna Brasília-DF
Com a nova denúncia contra Michel Temer entrando em cena, a reforma da Previdência volta aos escaninhos do Parlamento, sem data para sair. E justamente no momento em que o governo se preparava para mandar o texto ao plenário. Na equipe econômica, há quem diga que Rodrigo Janot dividiu a denúncia em duas partes em junho, justamente para evitar que o Planalto tivesse a chance de tentar se fortalecer para levar a reforma previdenciária ao plenário da Câmara. Agora, tudo o que estava em gestação para conseguir aprovar as mudanças no sistema de aposentadorias será direcionado para fazer o presidente pular mais uma fogueira.
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Quando a primeira denúncia foi apresentada, o cenário era semelhante e o que era preparado para votar a reforma previdenciária, em junho, acabou sendo direcionado para evitar que Temer fosse afastado. Assim, dizem integrantes da equipe econômica, aquelas categorias mais abastadas e que se aposentam cedo poderão continuar a usufruir do sistema atual, sem problemas.
Blindou-se
As acusações de Rodrigo Janot a Joesley Batista e a executivos da JBS e o pedido para que sejam mantidos na cadeia vão enfraquecer a tese do governo de que o procurador-geral se aliou aos delatores apenas para “pegar” Temer.
Simbólico
O PMDB, de Ulysses Guimarães, se esvai. O partido se prepara para afastar o deputado Jarbas Vasconcelos (PE) e mantém a legenda na Bahia nas mãos de Geddel Vieira Lima, que, apesar de suspenso, continua com poder em solo baiano.
É lá
Os advogados do presidente Michel Temer vão tentar matar essa segunda denúncia no Supremo Tribunal Federal, mas políticos conhecedores do humor dos ministros da Corte consideram difícil. Por isso, o governo dependerá, mais uma vez, da Câmara, o terreno em que Michel Temer venceu a primeira batalha.
Enquanto isso, no PT…
Parlamentares petistas ficaram mais tranquilos quando saiu a notícia da segunda denúncia contra Temer. Assim, a parte da delação de Antonio Palocci sobre entrega de dinheiro vivo a Lula, publicada pela revista Veja, ficaria longe das manchetes
de sites e jornais.
CURTIDAS
Deixa quieto/ A ex-presidente Dilma Rousseff foi aconselhada a não comparecer à posse de Raquel Dodge.
Dilma e Irma/ Brasileiro faz piada com tudo, até com furacão. Entre os parlamentares, houve quem se saísse com esta: “Olha, avisa lá para o pessoal de Cuba que, se eles não conseguirem segurar o Irma, nós mandaremos a Dilma. Ela tem ideias para estocar vento”.
Geraldo na roda/ O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai a Minas Gerais na segunda-feira. Aproveitará para se aproximar dos deputados ligados ao senador Aécio Neves.
Enquanto isso, em Brasília…/ A reforma política subiu no telhado. As chances de aprovação, na semana que vem, são mínimas.
O procurador-geral Rodrigo Janot ganhou o embate de ontem no Supremo Tribunal Federal, mas ainda não levou o grande prêmio, uma vez que é preciso esclarecer como fica a situação da JBS, de seus executivos e das provas. O Planalto já se prepara para dar aos aliados o discurso de que Janot baseará a segunda denúncia em uma delação que ainda está sub judice. Afinal, se a Câmara derrotou a primeira denúncia antes de conhecidas as novas gravações de Janot, agora será mais fácil pular o novo obstáculo.
O Planalto se prepara inclusive para enfrentar a hipótese de que Janot utilize apenas a delação de Lúcio Funaro, o doleiro que apontou os peemedebistas Geddel Vieira Lima e Rodrigo Rocha Loures como operadores de Michel Temer. Para esse caso, os aliados do presidente vão fazer circular o discurso de que Funaro é um mentiroso contumaz que já enganou diversas vezes a Justiça para se livrar de processos.
Esquecidos
O PMDB suspendeu Geddel Vieira Lima, que está preso, mas se esqueceu da trinca na cadeia há mais tempo: Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Rodrigo Rocha Loures. todos continuam peemedebistas de carteirinha.
Nem vem
O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho, que xingou o ministro Antonio Imbassahy, pode reclamar onde quiser. O presidente Michel Temer não planeja tirar o tucano do cargo de ministro da Secretaria de Governo. Do jeito que vai o PSDB, qualquer movimento mais brusco só aumentará o problema.
Mal-estar na PGR
Está um climão na procuradoria entre Raquel Dodge e o cerimonial de Rodrigo Janot, que cuida da posse, em 18 de setembro. Os “Janozistas” não têm facilitado a vida dos aliados de Raquel e ainda convidaram a
ex-presidente Dilma Rousseff para a cerimônia, que contará com a presença do presidente Michel Temer. Ela ainda não confirmou presença.
CB.Poder
O CB.Poder, que pode ser visto no site do Correio Braziliense, traz o professor Marcelo Vitorino (foto), especialista em marketing digital, que analisa as chances dos candidatos que já se apresentaram para 2018. Ele garante que as redes terão mais importância,
mas a tevê continuará como o carro-chefe das campanhas.
E o Lula, hein?
Adversários do ex-presidente que acompanharam o depoimento ontem consideram que Lula conseguiu transformar sua fala num ato político. Ao dizer, por exemplo, que, se voltar a ser candidato em 2018, o apartamento vizinho ao seu terá mais movimento, o ex-presidente deixou a porta aberta para reforçar o discurso de que, se for preso até lá, terá sido perseguição.
Efeito Geddel I/ A apreensão de malas e caixas de dinheiro de Geddel Vieira Lima em um apartamento em Salvador mudou a estratégia dos ladrões em Brasília. Na terça-feira, em pleno horário de almoço, uma moradora da 305 Sul quase teve um infarto quando homens bem-vestidos tocaram a campainha de seu apartamento e entraram dizendo que não iriam machucá-la, mas queriam… A mala
de dinheiro.
Efeito Geddel II/ A tensão durou mais de uma hora. Eles fizeram uma busca na casa e só saíram quando se convenceram de que não havia malas de dinheiro ali. Um dos meliantes fez uma ligação telefônica na frente da senhora de mais de 70 anos e foi direto: “Ô seu …! Você me deu o endereço errado. Não tem mala de dinheiro aqui”. Saíram sem levar nada.
Olho vivo!/ Atenção moradores da cidade: os assaltantes conseguiram passar pela portaria porque estavam bem-vestidos e aproveitaram a chegada de um morador da mesma prumada da tal senhora. Fica a lição. Não se pode mais fazer a gentileza de deixar alguém desconhecido entrar junto com você no seu prédio. Os bandidos atrás dos bunkers de dinheiro chegam com cara de executivos e confiantes no velho ditado: “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.
Por falar em tensão e ladroagem…/ A coluna foi saber de brasileiros que moram na Flórida o que eles preferem: voltar ao Brasil ou ficar na Flórida e enfrentar as tempestades. A maioria opta por permanecer nos EUA. “Comparados com o rastro de destruição do atual furacão brasileiro, os daqui são brisas de baixa intensidade e acabam logo.” Faz sentido.
Colaborou Leonardo Cavalcanti
As especulações sobre aumento do Imposto de Renda da pessoa física com novas faixas de 30% e 35% não surgiram por geração espontânea. A ideia, apesar dos desmentidos do Planalto sobre o tema, é sim colocar o assunto na roda de forma a fazer um alerta à base aliada: para os parlamentares aceitarem a reforma da Previdência, em especial, o fim dos privilégios daqueles que recebem altas aposentadorias no setor público. O Poder Executivo segue assim a velha máxima: quando você quer resolver um problema ou considerá-lo menor, basta colocar outro maior na roda. O deputado Darcísio Perondi, grande aliado de Temer, não esconde a estratégia: “Ou fazemos a reforma da Previdência ou a saída será impostos”, diz.
O tropeço de Janot I
Em conversas para lá de reservadas, advogados e juristas afirmam que o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, jamais poderia ter anunciado em entrevista que fará uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer com base em delações que ainda não foram fechadas oficialmente. Agora, caberá ao procurador acelerar o trabalho.
O tropeço de Janot II
A avaliação de alguns juristas é a de que Janot, ao fazer o anúncio em entrevista à Folha de S,Paulo na última segunda-feira, tentou capturar a agenda do país, no sentido de parar tudo que está em curso para que se espere o que vem da PGR contra Temer. Denúncia, dizem muitos, não se anuncia. Apenas se apresenta.
Ancine em disputa
A posse do novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, ainda não foi suficiente para selar a paz na Ancine. Estava tudo certo para que o produtor Christian de Castro assumisse a presidência da agência. Porém, na última semana, aterrissou na Casa Civil a indicação do procurador da Ancine, Alex Braga, para o posto de comando. Alex é ligado ao ex-presidente Manoel Rangel, aquele que incentivou o “fora, Temer” no festival de Cannes. A indicação, entretanto, é atribuída à deputada Soraya Santos (PMDB-RJ).
Serviço para ontem
Amanhã tem visita às obras emergenciais de captação da água do Lago Paranoá. O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, e o governador Rodrigo Rollemberg vão conferir in loco o investimento de mais de R$ 40 milhões da União para garantir o abastecimento por aqui. O contrato de execução pelo GDF foi assinado em abril. Metade do tempo já se passou.
Time que venceu…
…Não se mexe. A estratégia em curso no PMDB é entregar a relatoria de uma possível denúncia contra Michel Temer ao deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que teve o parecer aprovado quando da primeira denúncia.
Sinceridade, só em “off”/ Pode perguntar a qualquer deputado o que interessa dentro da reforma política para este ano. Nas declarações públicas entram “melhorar a política do país, fidelidade ao voto do eleitor etc”. Nos bastidores, a resposta é uma só: o fundo para financiar as campanhas. O resto é perfumaria.
Revezamento/ Sem poder acompanhar toda a agenda de Lula no Nordeste, os senadores petistas fizeram uma “escala”: em cada cidade, dois acompanharão o ex-presidente no périplo de 17 de agosto a 4 de setembro.
Enquanto isso, na sala de café… /O deputado Heráclito Fortes contava a quatro ventos a história do candidato a prefeito de Miguel Leão (PI) que perdeu a eleição depois que passou
a exibir um vídeo com Lula. Eis que chega o deputado Sílvio Costa,
lulista roxo: “Até parece que a culpa
foi de Lula…”.
Rodrigo na roda/ O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco (foto), do PMDB de Minas Gerais, é o entrevistado de hoje no programa CB.Poder, ao vivo, às 13h30, na TV Brasília, com transmissão ainda pela página do Correio Braziliense no Facebook.
DEM, Doria e o PMDB
O prefeito de São Paulo, João Doria, recebe o título de cidadão soteropolitano, ao lado do alcaide de Salvador, ACM Neto (DEM). Essa homenagem vem justamente na temporada de ensaios rumo a 2018, e na mesma semana em que o presidente Michel Temer escolheu uma solenidade com o prefeito paulistano para deflagrar seu jogo de aproximação com o PSDB. E nada foi por acaso. O DEM e o PMDB estão próximos, enquanto o PSDB, mais ligado ao governador Geraldo Alckmin, distante. Para muitos, o recado a Alckmin está construído: com Doria, o jogo é mais fácil. Esteja o prefeito de São Paulo dentro ou fora do PSDB.
Não é demais lembrar que Geraldo Alckmin defendeu que o PSDB se afastasse do governo. Doria não chegou a esse ponto. Começou o assédio ao prefeito por parte dos governistas. Para não deixar tão explícito assim, hoje o presidente estará com Geraldo Alckmin.
Seguro-mercado I
Com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cantando aos quatro ventos que apresentará uma nova denúncia contra Michel Temer antes de deixar o cargo, o périplo do presidente por São Paulo teve ainda a missão de reforçar os laços com o empresariado. Hoje, ainda tem setor automotivo e imobiliárias. Amanhã, no Rio de Janeiro, será a vez dos exportadores.
Seguro-mercado II
Oficialmente, aliados do governo dizem que o reforço desse suporte é necessário para ajudar a conquistar votos pró-reformas no Congresso Nacional. Nos bastidores, porém, há quem diga que serve para pintar ainda mais o presidente como o retrato da busca da estabilidade econômica.
Várias fontes
A conversa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com Fernando Henrique Cardoso indica que o deputado do DEM não quer ficar apenas dependendo de Michel Temer e do PMDB. Seja para discussão da reforma eleitoral e política, seja para suas evoluções rumo a 2018.
Vanusa e Luz
Investigadores da Lava-Jato que atuam no Rio de Janeiro começam a fazer a lista daqueles personagens que atuaram em vários esquemas. Aqueles, por exemplo, que acompanharam de perto as investigações sobre o lobista Jorge Luz e os partidos políticos na Petrobras se voltam agora a analisar as ligações de negócios entre ele e a advogada Vanusa Sampaio, presa na semana passada dentro da operação que investiga obras da prefeitura do Rio no governo de Eduardo Paes.
Dá-lhe explicação/ Mal Michel Temer saiu da solenidade ontem pela manhã em São Paulo, o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) puxou o presidente num canto. Tudo para explicar que, na quarta-feira, estava nos Estados Unidos e não conseguiu voo a tempo de chegar para a votação.
Vai ter fila I/ Aliás, o que não faltam são deputados explicando ao presidente da República por que não estiveram na votação da quarta-feira. Sabe como é: diante da perspectiva de perder os cargos de segundo escalão… Ninguém quer brigar com Michel Temer agora.
Vai ter fila II/ Nas internas, os deputados brincam que não dá para se arriscar a virar o “Hélio José da Câmara”.O senador do PMDB-DF votou contra o governo na reforma trabalhista e perdeu o afilhado na Secretaria de Patrimônio da
União (SPU).
Por falar em Senado…/
O presidente da Casa, Eunício Oliveira (foto), não pode reclamar da vida.
Dia desses, num evento, a deputada estadual Miriam Sobreira, do PDT, disse que não votaria nele, mas que era preciso reconhecer o trabalho do senador em prol do Ceará. Num dado momento de sua fala, Miriam afirmou que “parabeniza o governador Eunício”. Melhor que isso, só o voto.
Os líderes do governo e de partidos aliados já foram avisados que é preciso preparar a base para, antes da reforma previdenciária, aprovar o ajuste da meta fiscal, a mudança da taxa de juros dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, ainda, o Refis. A sorte do governo é que nesses quesitos, os 263 que Temer obteve na última quarta-feira resolvem.
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Em tempo: o mercado aposta na aprovação da reforma da Previdência e acredita que a ampliação do deficit na meta fiscal está diretamente relacionada com a conta para aprovar a proposta. Afinal, faltando um ano para a eleição, um desgaste político dessa ordem, em especial, junto aos servidores públicos, só se houver alguma benesse para compensar.
Quem tem medo de Bendine I
Que Val Marchiori, que nada. A prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine colocará novamente na vitrine a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha, aquela que d. Marisa Letícia não gostava. Madrinha de Bendine no BB, Rose, como Lula e os amigos a chamam, deu uma mergulhada depois da demissão, em 2012, já no governo Dilma Rousseff.
Quem tem medo de Bendine II
A perspectiva de delação do ex-presidente do Banco Brasil, dizem os próprios petistas, trará novamente à baila toda a teia de relações de Rose, inclusive com o ex-presidente Lula. Nos tempos de Bendine no BB, Rose conseguiu emplacar ainda um aliado de Delúbio Soares no comando do banco em Goiás.
Recordar é viver
Rose foi demitida depois que a Operação Porto Seguro da PF a apontou como parte integrante de um esquema de tráfico de influência e cobrança de propinas. O escritório da Presidência em SP foi inclusive alvo de busca e apreensão.
Bom sinal
Os fundos gerenciados pelo Ministério da Integração que atendem as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste fecharam o 1º semestre com a liberação de R$ 11 bilhões, 34% acima do valor liberado no mesmo período de 2016 e o melhor resultado desde a criação desses fundos, em 1989. Esses recursos atendem do pequeno produtor rural às grandes indústrias, com linhas de financiamento para investimento de longo prazo, capital de giro e custeio a fim de estimular o desenvolvimento nas três regiões.
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Efeito do cigarro // Transferido para o presídio, Aldemir Bendine (foto) está um pouco menos estressado. Lá, tem dois banhos de sol por dia com direito a pitadas. Na carceragem da Polícia Federal, Bendine já estava subindo pelas paredes. Agora, vai pensar melhor na delação.
O cara // Sabe por que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ficou tão anti-Temer ultimamente? Parte dos aliados do governador paulista estão convictos de que, se o presidente sair dessa crise e conseguir recuperar o fôlego, jamais irá apoiar o tucano em 2018. O nome será o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Terra de Murici // Cada um por si. Quem conhece a forma dos deputados se comportarem quando vêem a própria eleição no horizonte alerta: tudo o que for votado a partir de agora na Câmara passará pelo filtro “e o que eu ganho com isso?”.
Não te fresqueia, tchê! // Na tumultuada sessão em que o presidente Michel Temer obteve o direito de continuar exercendo a Presidência da República, o deputado Carlos Marun se vira para o deputado Pompeo de Mattos, que cogitou não votar: “No Rio Grande quem honra sua bombacha tem que ser homem! É sim ou não! Mattos não titubeou: Vestido à caráter, foi lá e tascou o voto contra o presidente Michel Temer.
Assim como o governo esperava o resultado de ontem para tocar as reformas, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também aguardava o placar para encaminhar uma nova denúncia. Ele agora sabe que não há número suficiente para abrir uma investigação contra Michel Temer. A intenção, porém, ainda é enviar o pedido. E há, inclusive, gente da própria base do governo torcendo para que isso ocorra. Será mais uma chance de tentar obter algum benefício do Planalto.
Troca de posições
A classe política avalia que, ao longo do processo dessa primeira denúncia, o DEM começou a tomar o lugar do PSDB em termos de coesão partidária e preparação para as eleições do ano que vem. Se a legenda ampliar seus quadros e conseguir atrair um nome como João Doria, estará na boca para dar uma volta nos tucanos, ganhar a linha de frente para tirar eleitores de Jair Bolsonaro e emplacar um candidato para concorrer contra o PSDB.
São Paulo em litígio
Muitos parlamentares votaram com o presidente Michel Temer com a seguinte frase: “Voto sim, com o relatório do PSDB”. Em São Paulo, por exemplo, onde os tucanos mais ligados a Geraldo Alckmin votaram contra o governo, o líder do PMDB, Baleia Rossi, foi além: disse que, pela estabilidade política e econômica, votava com o relatório do PSDB.
Por falar em Geraldo…
Se depender do PMDB, Geraldo Alckmin pode esquecer a campanha presidencial em 2018. Os peemedebistas estão pra lá de magoados com o descaso dos tucanos ligados ao governador, em especial, Sílvio Torres, apontado como o porta-voz de Alckmin no Congresso.
Ninguém sai
A base que permaneceu fiel a Michel Temer deseja a troca imediata de ministros tucanos. O presidente, porém, não mexerá com ninguém. Afinal, ainda vem muita turbulência até setembro.
Previdência ainda não dá
O resultado de ontem deixou claro que a reforma da Previdência não passa agora. Restará ao presidente inverter a pauta e puxar a tributária em primeiro lugar. Falta convencer a equipe econômica.
Ninguém perde a piada/ O deputado Aleluia (DEM-BA) aproveitou a foto do colega Wladimir Costa tatuado com a bandeira do Brasil e “Temer” para colocar no seu Instagram uma imagem do rosto do governador da Bahia, Rui Costa (PT), no corpo de Wladimir. Viralizou entre os baianos.
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Na escada/ Dois médicos, Lelo Coimbra e Darcísio Perondi (foto), acompanharam Michel Temer à casa do deputado Fabinho, na noite de terça-feira, a pé, até o sexto andar, uma vez que o elevador quebrou. Da garagem ao térreo, o presidente subiu de uma tacada só. “Calma, Michel, espera a gente! Você está com fôlego de caminhada no Jaburu!”, disse Perondi.
Um pique só/ O presidente manteve o ritmo até o terceiro andar. Ali, deu uma parada. Afinal, não dava para chegar ofegante à conversa com os deputados. Ficaram por ali uns dois minutos, recuperando o fôlego. Depois, o presidente foi devagarinho e chegou sem dificuldades ao sexto andar.
Livros novos na praça/ Ontem foi a vez de o jornalista Mário Rosa lançar no Congresso Entre a glória e a vergonha, memórias de um consultor de crises. Hoje será a vez de Eumano Silva autografar seu mais novo livro, A Morte do diplomata, no Carpe Diem, da 104 Sul, às 19h.
Colaborou Paulo de Tarso Lyra
Repletos de avaliações de que o “pior já passou” para Michel Temer, os aliados do governo acreditam que o próximo desafio do presidente será escolher entre manter a recessão — com cortes profundos de despesas, sem aumentos salariais e grandes projetos — e uma guinada nos gastos, o que, inevitavelmente trará inflação. Até aqui, as indicações são de que ele pretende se manter firme no papel de presidente das reformas, com ares de que não se incomoda com a impopularidade.
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Temer age, nesse quesito, mais ou menos como fez Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda em 1993, quando o Plano Real engatinhava. FHC repetia diariamente que dizia não a aumentos de gastos expressivos naquele momento para dizer sim mais à frente.
Sem rua, não vai
Por mais que o governo de Michel Temer seja impopular, analistas consideram que está cristalizada uma percepção pragmática do eleitorado que, pelo menos até aqui, não foi às ruas pedir o afastamento do presidente: mudar agora não resolveria nada.
Fase um, fase dois
Para quem conhece a sistemática de
liberação de emendas, o jogo de Temer está definido: no primeiro semestre, empenhos, ou seja, promessa de liberação de recursos. Agora, neste segundo semestre, a liberação efetiva coincidirá com o período em que o governo deseja retomar a votação da
reforma da Previdência.
O eleitor rejeita todo mundo
O Instituto Paraná Pesquisa foi às ruas sondar os eleitores sobre 2018. Descobriu que, a preços de hoje, o eleitor não “comprou” nenhum candidato. A rejeição mais baixa é de João Doria: 42,2%. A de Geraldo Alckmin é de 54,1%; Bolsonaro, 53,9%, Ciro Gomes, 50,2%. Os detalhes
estão na edição da revista IstoÉ, que contratou a pesquisa.
E o Lula?
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva aparece como o mais rejeitado, 55%. Porém, vence em todas as simulações de segundo turno.
Esquerda, volver!
A guinada do PT às origens começa a mexer com as alianças estaduais.
O senador Armando Monteiro Neto (PTB), pré-candidato a governador de Pernambuco, foi praticamente abandonado pelos petistas no estado, que já falam em candidatura própria ao Palácio das Princesas.
A moça da janela
A inspiração de Chico Buarque em seu novo álbum Caravanas tem nome: Carol Proner (foto). Professora titular da UFRJ, doutora em direitos humanos e direito internacional, Carol tem luz própria. Dirige o Instituto Joaquín Herrera Flores, de direitos humanos, ligado à Universidade de Sevilla. Recentemente, tirou uns dias de férias com o compositor em… Paris. Eis que agora surge o novo trabalho de Chico. Uma das poucas fotos em que o casal apareceu junto foi postada, dia desses no Facebook, por Gregorio Duvivier. Foi um frisson no meio artístico para saber quem era a loira da janela.
Aliás, sabe a nova música Tua cantiga, que já tem inclusive um clip oficial no YouTube? Pois é. Adivinha para quem? Ah, o amor! Alguém conhece maior força inspiradora? Carol, os fãs do cantor e compositor agradecem.
Diante das dificuldades no caixa da União, o presidente Michel Temer é pressionado pelos técnicos a fazer uma opção: ou mantém os serviços funcionando ou realiza as obras de infraestrutura que fazem vista na hora da eleição. Nas reuniões mais reservadas, seus conselheiros defendem a manutenção dos serviços. É mais desgastante deixar de atender os cidadãos nas mais diversas áreas do que postergar a inauguração de ponte. O presidente tem até o envio do Orçamento do ano que vem, ou seja, 31 de agosto, para fazer essa escolha. Falta combinar com os parlamentares que, ao votar em Temer no início do mês, esperam as famosas obras da União nos municípios.
No embalo do PDV
O plano de demissão voluntária no Poder Executivo, anunciado pelo governo, fez soarem as trombetas nos movimentos sociais para colocar uma lupa na quantidade de assessores comissionados que circulam pelo Poder Legislativo. E o verbo que usam é esse mesmo: circulam. Vem por aí um novo pente-fino nos cargos do Legislativo.
Sobrou para ele
Ex-ministro de Dilma Rousseff, o senador Eduardo Braga esperava ao menos a neutralidade do ex-presidente Lula na campanha para o governo do estado. A ida de Lula a Manaus será mais um sinal de que o ex-presidente não quer mais conversa com o PMDB. Nem com aquele que era aliado.
Temer e os votos
A maior incógnita para o governo hoje é o PSDB. Os tucanos ainda não deixaram claro quantos votos darão em defesa do presidente Michel Temer em 2 de agosto, na votação da denúncia oferecida pelo procurador-geral, Rodrigo Janot.
Enquanto isso, no PMDB…
“Quem votar a favor dessa ofensa ao presidente não terá ambiente para permanecer no partido”, diz o deputado Carlos Marun.
… As favas estão contadas
A expulsão, entretanto, só se aplicará, inicialmente, a Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), primeiro relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
CURTIDAS
Primeiro aviso/ As redes sociais convocaram para hoje o primeiro protesto contra o aumento no preço dos combustíveis. A ideia é não abastecer o carro hoje. Outros protestos virão.
Exemplo/ Sérgio Zveiter (foto) perderá todos os postos nas comissões técnicas da Casa. Será um gesto do
partido em defesa de Michel Temer, com gostinho de vingança do Planalto.
Sem volta/ Quem apostou na fusão entre PSD e DEM pode se preparar para pagar a aposta. Gilberto Kassab não vai perder sua igrejinha, assim como Rodrigo Maia e o prefeito de Salvador, ACM Neto, não planejam conversas a esse respeito.
Só uma escala/ A frente parlamentar por mudanças na política, aquela que contará com a participação de setores do PSD, PSB e PPS, é com vistas à formação de um novo partido em 2019.
Os estrategistas do governo e aqueles nem tão governo assim consideram que o presidente Michel Temer está trabalhando com uma “zona de segurança e conforto” ainda irreal em relação ao desfecho da crise política. O aumento de imposto, por exemplo, foi visto como um sinal de que Temer age como se a fatura estivesse liquidada, e não está. Enquanto o procurador-geral, Rodrigo Janot, estiver na busca de novas informações para fortalecer uma segunda denúncia contra o presidente, todo o cuidado é pouco.
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A percepção dos parlamentares é de que Temer não tem tantos problemas em relação ao Congresso porque as pessoas não foram às ruas pedir a saída dele, como fizeram no ano passado, quando do impeachment da presidente Dilma. Aumento de imposto, entretanto, pode levar a população de volta às ruas contra o governo. E, nesse caso, a ampla maioria governista na Câmara tende a encolher.
O que ele diz
Todas as vezes em que se refere a delações do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro, o presidente Michel Temer responde “risco zero” de o envolverem em algo escuso. Pode sim, surgir uma reunião aqui, outra acolá. Porém, nada de dinheiro para lá e para cá.
O que muitos apostam
Eduardo Cunha não deve ter muito para falar porque, no papel de líder do PMDB e, depois, de presidente da Câmara, não era operador. Para completar, a mulher e a filha estão praticamente livres. Funaro é diferente. Ele mexia com dinheiro e é considerado franco-atirador. É dele que Janot quer tirar suas flechas.
Onde pega I
A ideia de usar as Forças Armadas em operações de surpresa no Rio de Janeiro está diretamente relacionada à reclamação das tropas. Uma das principais é a falta de segurança jurídica para os militares que, por exemplo, ferirem algum civil.
Onde pega II
No Haiti, onde os soldados integram força de paz, há o guarda-chuva da ONU, que protege as Forças de qualquer processo. No Brasil, não há proteção jurídica aos militares em ações de garantia da lei e da ordem. Nos tempos de ocupação da favela do Alemão, um traficante morreu numa troca de tiros, e soldados do Exército responderam criminalmente.
Próximos capítulos/ O presidente Michel Temer considera encerrado o episódio DEM e vai se dedicar, na próxima semana, a cuidar dos outros partidos com problemas, em especial o PSDB, das declarações ácidas, como a de Cássio Cunha Lima. Há 15 dias, Cunha Lima afirmou que, em 15 dias, o país teria um novo presidente. Amigos de Temer brincavam: “Estava certo, afinal, o presidente viajou à Argentina”.
A galera pede/ Pesquisas internas do DEM indicam que 65% dos soteropolitanos apoiam a renúncia de ACM Neto (foto) ao mandato de prefeito de Salvador. Calma, pessoal! É apoio para concorrer ao governo da Bahia em 2018.
Vamos ver/ A todos que perguntam se ACM Neto será mesmo candidato ao governo estadual, ele responde que ainda tem tempo para decidir, leia-se, clarear o cenário. “Não darei um salto numa piscina sem água”, disse o prefeito a um amigo.
Fim das quadrilhas/ No Ministério Público há quem diga que as quadrilhas de São João ficaram para trás, assim como a denúncia que o procurador- geral, Rodrigo Janot, planejava fazer contra Michel Temer. Isso porque, só com Funaro, sem Eduardo Cunha, Rodrigo Rocha Loures e outros, não há como acusar Temer por formação de quadrilha.