Votação da Previdência alça Rodrigo Maia à posição de “primeiro-ministro”

Rodrigo Maia
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Antes mesmo de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciar o placar surpreendente de 379 votos em favor da reforma da Previdência, ele já era tratado pelos colegas como o grande vencedor da noite.

Em seu discurso, reforçou essa posição, ao mencionar a recuperação da “força da Câmara”. Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, Maia defendeu a necessidade de uma “relação diferente, onde o diálogo e o respeito prevaleçam”.

Há aí uma janela para que governo e Parlamento se entendam para a batalha da reforma tributária e medida provisória da liberdade econômica, os próximos itens da agenda de reformas.

Em tempo: A guerra da Previdência ainda não terminou. A forma súbita como Maia encerrou a sessão prevista para seguir madrugada adentro deixou muitos governistas com a sensação de que é preciso acertar o passo.

Afinal, do alto da mesa diretora dos trabalhos, o presidente percebeu que poderia perder o destaque que pretendia tirar os professores da reforma.

E não dava para, depois da grande vitória, começar os destaques com uma derrota. Ainda há outras votações envolvendo policiais, viúvas e até professores. E, reza a lenda, o diabo mora nos detalhes.

O que interessa

A agenda de costumes, tão cara ao presidente Jair Bolsonaro, não está entre as prioridades do “primeiro-ministro”, Rodrigo Maia. O deputado apostará na agenda que ajude a recuperar a economia e gerar empregos. O resto é perfumaria.

Há exceções

Entre as propostas que não mexem diretamente com a economia, mas vão entrar na pauta de Rodrigo Maia, estão a lei do abuso de autoridade e o pacote anticrime de Sérgio Moro.

A volta de Onyx

O resultado pra lá de favorável ao texto base da reforma deu novo fôlego ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Agora, caberá ao novo ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, conseguir manter o mesmo nível de diálogo com o Parlamento.

Enquanto isso, no Ministério da Economia…

O ministro Paulo Guedes avisou que entregará sua proposta de reforma tributária nos próximos dias.
É para não deixar as propostas em discussão na Câmara, de Bernardo Appy, e no Senado, do ex-deputado Luiz Carlos Hauly, seguirem sem que o governo tenha dado o seu tom nesse quesito.

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Um por todos…/ …todos por um. Com 11 votos a favor da reforma da Previdência dentro do PSB, de um total de 21 da bancada, os deputados ganharam um aliado forte, o ex-líder Júlio Delgado. “O texto que chegou ao plenário é muito diferente daquele que esteve em votação na Comissão de Constituição e Justiça. Portanto, vou defender os deputados”, disse ele.

Por falar em PSB…/ Pelo menos cinco partidos já estenderam o tapete vermelho para o deputado pesselista do Espírito Santo Felipe Rigoni, o primeiro parlamentar cego, que vem se destacando por posições equilibradas e firmes na Casa. Ele votou a favor da Previdência. Se os socialistas insistirem em punir os deputados, Felipe não vai ficar ao relento.

Salvo-conduto/ Dos oito deputados do PDT que votaram a favor da reforma da Previdência, Tábata Amaral (SP) tem em mãos uma carta do partido que lhe conferiu essa prerrogativa antes mesmo de ser eleita. “A carta existe”, disse Tábata à coluna, sem esconder o mau humor. “Já disse que não vou falar com a imprensa. O que eu tinha a dizer já
está nas minhas redes sociais”. Aff…

Mais um AGU para o STF/ Ao se referir a um nome “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro tinha em mente o pastor André Mendonça, advogado-geral da União, como já antecipou a coluna. Aliás, Gilmar Mendes e o atual presidente do STF, Dias Toffoli, também já ocuparam o mesmo posto. Só não são formados em teologia.

Deputados ávidos por recursos são obstáculo à reforma da Previdência

deputado Marcelo Aro,
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A oposição tentou dar à divulgação de áudios de procuradores da Lava-Jato o mesmo peso que teve, em 2016, a conversa do então presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista e, assim, adiar toda e qualquer discussão da reforma da Previdência. Não conseguiu. Porém, nem tudo são flores para o governo. A parte dos deputados que espera a liberação das emendas ao Orçamento estava disposta a lutar até a madrugada para adiar a votação.

Tudo para levar o governo a garantir o empenho de quase R$ 2 bilhões que faltam para completar os R$ 4 bilhões das emendas de liberação obrigatória. Ao mesmo tempo, pretendem assegurar que não haja um “cheque sem fundo”, ou seja, que as emendas não sejam lastreadas em rubricas que não têm receita para honrar os compromissos assumidos.

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Da mesma forma que a oposição não conseguiu transformar o caso Deltan em algo capaz de paralisar a reforma, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também não conseguiu conter os deputados ávidos por recursos para suas bases eleitorais. Como disse certa vez o deputado Marcelo Aro, “isso não é toma lá dá cá, é dar discurso para que o deputado possa justificar o voto em favor de uma reforma que exige sacrifícios de todos”. É nesse pé que o governo continuará hoje a batida pró-reforma.

Fiquem tranquilos

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, tem dito a amigos que não costuma usar áudios. Portanto, se houver algum que lhe diga respeito nessa nova temporada dos diálogos do site The Intercept, ele considera que não haverá nada comprometedor. O procurador Deltan Dallagnol, entretanto, era dado a usar essa facilidade.

Mulheres, policiais e professores

Esses são os pontos que mais preocupam deputados favoráveis à reforma. Quanto à população, avisam, até aqui, não houve grandes manifestações na porta do Congresso contra o texto. As maiores contra o governo, até agora, foram em favor de recursos para as universidades públicas.

O tempo de Rodrigo

A expectativa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se conseguir concluir os dois turnos da votação da reforma previdenciária esta semana, é poder adotar o discurso de que a Casa fez a sua parte, aprovando as novas regras para aposentadorias. E, de quebra, poder afirmar com todas as letras que a bola está nos pés do ministro da Economia, Paulo Guedes. E não adianta chorar porque não houve capitalização. Afinal, o Parlamento, até aqui, não reduziu demais a economia de recursos.

O tempo de Marcelo

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, escolheu 6 de agosto para ir ao Senado falar sobre laranjas do PSL e outros assuntos da pasta, porque, até lá, conforme calculam os integrantes do partido, essa história estará mais clara. Álvaro repete dia e noite que não tem nada contra ele nem vão encontrar nada que o incrimine.

Mais leves/ Tanto o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o 01, quanto o deputado Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP), o 03, estão mais à vontade no Congresso. Flávio estava solto na sala de café dos senadores, durante a degustação de queijos artesanais, enquanto o irmão defendia a vaquejada no plenário da Câmara.

Aliás…/ A vaquejada conseguiu colocar do mesmo lado os deputados Eduardo Bolsonaro, do PSL, e Renildo Calheiros, do PCdoB de Pernambuco. Há quem diga que foi a única vez em que os dois discursaram em defesa do projeto em votação.

Moro é gostosinho/ Calma, pessoal! É o vinho Moro, da uva merlot, da casa João Moro, de Montes Belos (RS), na região próxima a Gramado (RS). A bebida começou a fazer sucesso ontem, no Senado, na degustação da produção gaúcha e de queijos artesanais de várias regiões do país. A senadora Soraya Thronicke, do PSL de Mato Grosso do Sul, provou o vinho e gostou. Com todo o respeito!

Por falar em Moro…/ Agora, sim, vamos ao ministro da Justiça, Sérgio Moro: Ele e a esposa, Rosângela, foram nomeados conselheiros do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado. Ele, como representante do governo e ela, da sociedade. Epa! Olha o nepotismo voluntário aí. Quem preside o Conselho é a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Situação de policiais na Previdência deixa PSL entre a cruz e a espada

PSL
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A oposição planeja explorar a aposentadoria dos policiais no seu kit obstrução, de forma a tentar jogar o desgaste da reforma previdenciária para cima do PSL do presidente Jair Bolsonaro. O partido presidencial, aliás, está disposto a fechar questão em torno da proposta aprovada na Comissão Especial.

Significa que, se não houver um acordo para aliviar a situação dos policiais, retirando-os da reforma para colocá-los num texto à parte, quem votar contra corre o risco de punição. E quem votar a favor, será atacado pela oposição. É a bancada da bala entre a cruz e a espada pela primeira vez.

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Entre os pesselistas, pegou muito mal a atitude do deputado Alexandre Frota (PSL-SP), que foi para as redes sociais se apresentando como alguém que ficou ao lado dos policiais e exibindo fotos dos votos de seus colegas de partido que votaram com o governo, ou seja, contra mudanças no texto a favor da categoria. O futuro de Frota no partido é incerto. Ou ele vota com o partido, ou pode ficar sem legenda.

O “sim” da Previdência

Quanto à reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não quer conversa. Sua intenção é resolver agora e não deixar esse tema pendurado na Casa no segundo semestre. Em agosto, Maia quer discutir e votar a reforma tributária.

Deixa quieto

Maia tem pedido, inclusive, que os deputados não façam pressão sobre o governo por emendas e cargos nessa votação da reforma previdenciária. Depois, quando for algo de interesse exclusivo do Planalto, e não do país, aí sim, quem quiser que cobre uma fatura.

Fechou, mas…/ O PSB fechou questão contra a reforma da Previdência. Mas não decidiu que tipo de punição fará a quem votar a favor: “As consequências sempre vêm depois”, diz o líder do partido, Tadeu Alencar.

Santo de casa/ Funcionários da Câmara que trabalham desde pequenos com salários modestos e estão na faixa dos 45 anos estão com medo da reforma e, nas últimas horas, começaram uma campanha entre os deputados pedindo que não aprovem o texto.

QG/ Havia mais deputados ontem à tarde na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do que no plenário. É ali que os últimos ajustes da reforma que irá a votos hoje.

Começou/ Ontem mesmo, no início da noite, o deputado Fábio Henrique (PDT-SE) colocou na roda o discurso da oposição: “Amanhã, vamos ver quem faz parte da bancada da segurança pública ou a defende só no gogó”.

André Mendonça, da AGU, é visto como o evangélico de Bolsonaro para o STF

André Mendonça AGU
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Dia desses, numa reunião ministerial no Planalto, o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, fez vários elogios ao ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, por causa da sustentação oral no Supremo Tribunal Federal em defesa da Petrobras.

Mal o almirante terminou de falar, o presidente Jair Bolsonaro completou: “E ele é evangélico!”. Os olhares se voltaram, então, para o ministro Sérgio Moro que, à mesa, não moveu a pestana. Para aqueles ministros seguidores da máxima “para bons entendedores, meia palavra basta”, Bolsonaro indicava ali em quem estava pensando quando havia dito que era chegada a hora de nomear um evangélico para o STF.

Dentro e fora do governo, Mendonça encabeça a bolsa de apostas. Moro, na defensiva, deixou de ser o plano A. Na entrevista que o Correio trouxe nesse domingo, o próprio Moro põe o STF em segundo plano. Depois da divulgação dos diálogos, sites e canais de youtube simpáticos ao governo tratam o ministro como o sucessor de Bolsonaro. Ele está, a cada dia, mais político e menos juiz.

Ele é assim

A um amigo, o presidente Jair Bolsonaro foi direto, dia desses, ao dizer que esquecesse a lista tríplice para a Procuradoria. Isso significa que ele escolherá quem quiser e considerar melhor para o cargo. E não quem a categoria prefere, tá ok?

Bolsonaro tomou gosto

Passados seis meses no cargo, os políticos dão o veredito: O presidente Jair Bolsonaro sentou-se de fato na cadeira, não se intimida mais com militares, nem tampouco com experts em áreas que ele não domina. Descobriu que pode muito e, devagarinho, trocou quase todos os ministros do Planalto. Da formação inicial, restam os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e do Gabinete de Segurança Institucional, general Heleno, ambos sob constantes ataques.

Tem limite

A torcida, entretanto, é que não use esse poder para prevalecer a sua vontade e jogar o povo contra os outros Poderes da República. A questão dos policiais federais na reforma da Previdência, nesta semana, será mais um teste. Se nada mudar, dizem alguns, não dará para o presidente ficar no discurso fácil, do “eu queria, mas eles não deixaram”. Afinal, governar significa também buscar consensos e olhar o todo. Não apenas o lado de uma determinada categoria.

A casa da federação…

A defesa que o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho, fez da inclusão dos servidores estaduais na reforma da Previdência deixou muitos com a impressão de que, se a Câmara não incluir quando da votação em plenário, o Senado o fará. Só tem um problema aí: incluindo qualquer artigo nesse sentido, o projeto volta para nova rodada de deliberação entre os deputados.

…E dos governadores

No Senado, quem não foi governador tem pretensão de ser. Quem já ocupou o cargo sabe como é difícil a administração das despesas previdenciárias. Quem ainda não chegou lá fica preocupado só de pensar na hipótese de faltar recursos para pagar aposentados.

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Damares ameaçada. De novo/ A Polícia Federal reforçou a segurança da ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves. É que, quase diariamente, ela recebe ameaças de morte nas redes sociais.

Palavra de Bolsonaro I/ A Frente Parlamentar em Defesa de Furnas começará quente. A ideia é espalhar nas redes sociais vídeos com várias falas do presidente da República garantindo que a empresa está fora do rol de privatizações de seu plano de governo. São várias gravações ao longo da campanha, inclusive uma em que Bolsonaro aparece ao lado do senador Flávio Bolsonaro, o 01.

Palavra de Bolsonaro II/ A Frente Parlamentar será instalada na Câmara dos Deputados na terça-feira, às 11h, e parlamentares planejam exibir os vídeos para lembrar à equipe econômica o que o presidente prometeu na campanha. E, vale registrar, até aqui, o presidente tem cumprido a palavra empenhada junto ao eleitorado.

Regras para policiais na reforma da Previdência é desgaste para o bolsonarismo

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O presidente Jair Bolsonaro terá de gastar muita saliva para convencer policiais civis e guardas municipais de seu esforço em prol de uma situação melhor para essas categorias na reforma previdenciária. Especialmente depois que a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, capitaneou a troca de deputados na Comissão Especial para garantir a aprovação do texto-base da reforma e votos favoráveis à manutenção da proposta quanto aos pontos destacados para votação em separado.

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A oposição tem gravado tudo o que disse Bolsonaro e as atitudes dos líderes do governo. A ordem é tentar colar na testa do presidente que o governo diz uma coisa e faz outra. Obviamente, ainda falta muito para a eleição municipal, mas os oposicionistas acreditam ter encontrado aí um discurso para desgastar o bolsonarismo.

Onde incomoda

Procuradores da Lava-Jato estão preocupados com as conversas particulares que mantiveram em seus chats no Telegram. Embora o The Intercept não tenha divulgado desabafos sobre assuntos pessoais dos procuradores, são temas dessa ordem que, dizem alguns, podem causar mais constrangimentos a alguns deles.

O campo fake…

O senador Eduardo Gomes (MDB-TO) apresentou um pedido para que a Casa delimite os fatos a serem apurados pela CPI das Fake News. Um dos argumentos do parlamentar é que, se isso foi pedido aos defensores da CPI da Lava Toga, tem de haver o mesmo tratamento para as demais comissões parlamentares de inquérito.

…É vasto

O pedido de Eduardo Gomes, que teve o nome citado para ministro do governo, tem tudo para atrasar a CPI e ajudar o PSL. O partido de Jair Bolsonaro recorreu à Justiça tentando barrar a criação da comissão. Como tem fake news para todo lado, a discussão será grande para definir que tipo de mentira travestida de notícia deve ser investigada.

Trabalho dobrado

A ausência dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, na posse do novo ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, foi lida como um sinal de que a articulação será um desafio maior do que o militar espera. Alcolumbre já disse que continuará falando com Onyx.

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Não contem com ele/ A tirar pelos votos dos deputados André Figueiredo (PDT-CE) e José Guimarães (PT-CE), ontem, na Comissão Especial da reforma da Previdência, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), não vai se mobilizar em favor das mudanças nas aposentadorias.

Nem com eles/ A Bancada da Bala vai atuar no plenário para tentar aliviar a situação dos policiais. É agora que começa o esforço para unir o PSL.

Ali, “ex” tem vez/ O deputado Paulo Ramos reclamou da presença do secretário de Previdência, Rogério Marinho, à mesa diretora dos trabalhos da Comissão Especial. “Roberto Marinho não pode ficar aí”, criticou. O presidente da comissão, Marcelo Ramos, que é do tipo que perde o amigo, mas não a piada, saiu-se com esta: “Doutor Roberto está no céu. Só estaria aqui se fosse uma sessão espírita. Rogério Marinho está aqui como ex-deputado. E, nessa condição, ele só não tem prerrogativa de voto”.

Sutil diferença/ Em outros tempos, governos aprovaram reformas previdenciárias sem comemorações. Pois, agora, houve muitos aplausos para se somar à euforia do mercado, que fechou com recordes históricos. Sinal de mudanças também de comportamentos.

Troca de Onyx por general Ramos pode prejudicar reforma da Previdência

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A troca de comando na coordenação política do governo, que passa hoje das mãos do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para o novo ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, ameaça o cronograma da reforma da Previdência.

Líderes dos partidos de centro, que comandam o processo na Câmara, ponderam que não adianta selar compromissos de texto com Onyx Lorenzoni, que, depois, não serão reconhecidos pelo novo coordenador.

Ainda que Bolsonaro tenha garantido que Lorenzoni permanece como o negociador da reforma, há pontos, tais como não vetar partes da proposta e outros, que precisam ser mantidos pelo futuro coordenador político.

O livro que falta

Quem acompanha o painel de votações da Câmara dos Deputados garante que o atual governo não tem nem montou um quadro de votações da reforma previdenciária como aquele mantido por Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil nos tempos do presidente Michel Temer.

O livro que falta II

Padilha sabia tudo dos potenciais aliados do governo. Preferências por cargos, ou por emendas, municípios onde eram votados e tudo o mais. No atual governo, dizem os líderes, essa radiografia deixa a desejar.

No escuro

Entre os principais pontos do relatório, a tragédia de Brumadinho, o senador Carlos Viana (MG) destaca três a serem acompanhados com urgência.

O primeiro deles é a falta de segurança nas barragens. Em 72% delas, cerca de 3.500, a Agência Nacional de Águas (Ana) simplesmente não tem informações disponíveis.

No bem-bom

A tributação também deixa a desejar. São 3,5% de contribuição federal sobre exploração mineral. Agora, a ordem é preparar uma base legal para cobrar participação especial.

Na cobrança

Também há a expectativa de estabelecer o “ecocídio”, ou seja, obrigatoriedade de pagamento de multas elevadas ao erário pela morte de animais.

Juntos em 2022/ O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes estão em rota de aproximação com vistas a alianças no futuro. Falta definir os papéis de cada um nas próximas eleições.

Alguém vai sobrar/ O desafio é organizar o palanque e saber como fica o PT. O governador Camilo Santana, petista e aliado de Ciro e do senador Cid Gomes (CE), terminará seu segundo mandato e Tasso, o de senador, em janeiro de 2023. Há apenas uma vaga ao Senado na próxima eleição para o Parlamento.

É chute/ Ninguém confirma o placar de 330 votos a favor da reforma da Previdência, relatado por Onyx à coluna. Esse número só ficará mais claro depois da votação na comissão especial.

4 de julho/ Nunca tantos compareceram à tradicional comemoração da Embaixada dos Estados Unidos. Sinal de relações mais próximas.

O desafio de unir o PSL após Bolsonaro ser chamado de “traidor”

Bolsonaro PSL
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A manifestação dos policiais em frente ao Planalto terminou chamando o presidente Jair Bolsonaro de “traidor” e fez balançar o apoio do PSL à reforma previdenciária. O esforço daqui para frente será no sentido de unir o partido a votar o texto integral. Afinal, a legenda à qual o presidente é filiado tem que dar o exemplo para as demais.

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A coluna registrou, há meses, que o governo de Jair Bolsonaro teria com o seu partido o mesmo problema que o ex-presidente Lula teve com o PT, quando a Previdência esteve em debate. Nos tempos petistas, Heloísa Helena e um grupo de deputados deixaram a sigla e formaram o PSol. Resta saber o que farão os integrantes que não concordam com as propostas do governo.

Por onde passa boi…

Senadores pressionam o governo sobre cargos, porque começaram a ver dois pesos e duas medidas nas indicações. A direção da Sudeco, por exemplo, contou com o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Agora, muitos consideram que a porteira está semiaberta. Ainda não passa boiada, mas…

Por falar em Bolsonaro…

Ele abriu a reunião dos ministros, ontem, citando o caso de Marcelo Álvaro (Turismo). “O governo tem que ser um só. Se o governo não ficar junto, o próximo pode ser qualquer um. Qualquer coisinha, a imprensa vem para cima. Hoje é o Marcelo, o Moro. Querem atingir a mim, ao governo”, disse o presidente, segundo relatos de ministros.

… ninguém sai

A forma como ele se referiu ao ministro do Turismo deixou gente na sala com a certeza de que Bolsonaro vai seguir à risca o que disse anteriormente: só demite o ministro do Turismo se houver alguma prova cabal contra ele. Para completar, o ministro pediu licença para não integrar a lista dos que iriam ao jogo do Brasil, porque tem de ir a Mato Grosso do Sul lançar o Investe Turismo.

O climão na Casa

Levantamento da consultoria Arko Advice com 113 deputados de 24 partidos: a maioria, 76,1%, acredita que a reforma será aprovada. Metade prevê que a economia ficará entre R$ 800 bilhões e R$ 1 trilhão. São 513 deputados, apenas 113 foram ouvidos. Porém, a sensação geral é de aprovação, inclusive entre parlamentares de oposição.

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Heleno pulou fogueira I/O PT bem que tentou convocar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para que ele explicasse aos senadores por que foi à manifestação de apoio a Sérgio Moro, que teve, entre um dos focos, a defesa da intervenção militar e o fechamento do Congresso.

Heleno pulou fogueira II/ O único partido que apoiou foi a Rede. Os demais não viram necessidade sequer para um convite. “Ele estava lá como cidadão e não como ministro”, defendeu o senador Major Olímpio, com apoio dos partidos de centro e até de alguns da oposição.

Artistas na luta I/ Um grupo de músicos foi ao Senado para pedir encarecidamente que o novo plano nacional de turismo não isente hotéis e motéis do pagamento de direito autoral por música nos quartos. “As pessoas precisam entender que as músicas têm autores e que eles vivem disso”, afirma a cantora Sandra de Sá.

Artistas na luta II/ O projeto ainda não está em votação no plenário, mas é certo que o tema vai esquentar no segundo semestre. Sandra pergunta: “Será que os hotéis vão baixar a diária ou deixar de cobrar dos compositores?”

Dallagnol será alvo de toda a pressão em torno dos diálogos

Deltan Dallagnol
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A explanação que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, fará hoje à Câmara dos Deputados vem sob encomenda para que o ex-juiz tente encerrar o desgaste a que foi exposto nas últimas semanas.

A avaliação é a de que, depois das manifestações em seu favor do último domingo, Moro pula a fogueira acesa pelo The Intercept, se for tão bem quanto foi no Senado e mantiver a frieza, apesar dos ataques a que será submetido.

Porém, o salvo-conduto não valerá para toda a força-tarefa da Lava-Jato. Há convites ainda não respondidos pelo procurador Deltan Dallagnol, que passará a alvo de toda a pressão em torno dos diálogos.

Dallagnol ficará entre a cruz e a espada: não poderá recusar mais os convites, sob pena de passar a ideia de que está com medo das excelências. Em segundo lugar, deverá passar por muito mais dissabores do que Moro.

Afinal, o ministro é ex-juiz, e o procurador, que continua na ativa, não é o mais querido entre os parlamentares. Tem muita gente ali ávida por interrogar o procurador que personificou a Lava-Jato. Resta saber se Dallagnol vai encarar.

O pulo do quórum I

A perspectiva de os estados ingressarem na reforma da Previdência, ainda que seja para que as assembleias legislativas aprovem suas próprias reformas com um quórum menor do que três quintos, acendeu o pisca-alerta entre parlamentares de partidos contrários às mudanças nas aposentadorias. É que, se o quórum menor valer para os estados e municípios, isso pode terminar valendo também para a União.

O pulo do quórum II

Muitos têm receio de “desconstitucionalizar” essa questão. A decisão final ficou para esta terça-feira. E, agora, os oposicionistas querem que fique muito claro: as regras do governo federal não podem mudar sem ser por emenda constitucional. Nesse ritmo, em que tudo vira uma discussão e uma desconfiança em si, e diante dos pedidos dos estados, a tendência é de que terminem fora da reforma. Pelo menos nessa fase de comissão especial.

FGTS em debate

Na roda dos economistas mais gabaritados do país, já existe quem defenda a transformação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em depósitos no Tesouro Direto, investimento no qual o empregado consegue, do seu smartphone, acompanhar os rendimentos.

A ideia de Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, já deixou escapar a alguns amigos que, se dependesse dele, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estaria extinto.

CURTIDAS

Ganha-ganha/ Relator da antiga reforma tributária, o ex-deputado Luiz Carlos Hauly aposta que a Casa vai, sim, votar as duas reformas antes das eleições de 2020, a previdenciária e a tributária. “A da Previdência divide a população e une a Federação, que quer resolver a parte fiscal. A tributária divide a Federação e une a população, ou seja, dá votos”, diz ele.

A real do Real/ Anos depois, o economista Pérsio Arida confessa a encenação política da época do Plano Real para conseguir criar o colchão fiscal de desvinculação de receitas. “Fernando Henrique Cardoso tinha um poder de persuasão muito grande: conseguiu aprovar o Fundo Social de Emergência, que não era nem fundo, nem social e nem de emergência. Mas o nome era bonito, né?”, afirmou Arida, no seminário do Correio Braziliense sobre os 25 anos do Real.

Um café em prol da reforma/ O CLP — Liderança Política realiza nesta quarta-feira um café na Câmara com parlamentares e outras instituições em defesa da reforma previdenciária. Até a tarde de segunda-feira, havia 30 deputados confirmados. Parece pouco para um projeto em que se calculam 330 votos na conta de chegada. E é.

Reguffe sem partido/ Convidado a ingressar em diversas legendas, o senador Reguffe tem falado muito com o Podemos, do senador Álvaro Dias, mas rechaça que esteja colocando na roda qualquer imposição sobre dissolução de blocos ou coisa que o valha. “Quem diz isso está mentindo”, afirma. “Vou ficar sem partido um bom tempo ainda”, completa.

GSI e Aeronáutica investigarão se há outros militares envolvidos em caso de cocaína na Espanha

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A prisão do sargento Manoel Silva Rodrigues com 39kg de cocaína na Espanha, transportados no avião da FAB, levará a uma investigação sigilosa do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Aeronáutica para saber se há outros militares envolvidos.

Afinal, passar 39kg na mala de viagem a trabalho e por poucos dias, não pode ser considerado um fato normal. Saber desse caso, como disse o general Heleno, “só se tivesse bola de cristal”. Mas, daqui para frente, a conversa é outra.

Vergonha internacional 

Nos Estados Unidos, o Brasil sempre foi considerado um corredor do tráfico de drogas para países europeus. Vêm aí normas mais rigorosas para o embarque nos aviões da Força Aérea Brasileira. Mesmo para militares que servem há tempos.

O que falta para que o Congresso vote a reforma da Previdência?

Previdência
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Empossado no cargo de presidente do PP de Minas Gerais, o deputado Marcelo Aro (PP-MG) não esconde o que falta para que o Congresso vote a reforma da Previdência: “Honrar os compromissos assumidos”. E o que significa? “Liberar as emendas extras dos deputados.” Ele considera que isso é fundamental para que os congressistas possam confrontar o discurso da oposição contra a reforma. “Se eu chego a uma cidade de Minas e digo que a reforma é necessária para que haja economia e que, com isso, levaremos obras aos municípios e equipamentos aos hospitais, e cumpriremos o que foi dito, as pessoas entendem e apoiam o voto a favor da reforma”, diz ele. “Isso não é toma lá dá cá, isso é articulação política. Não quero o dinheiro para mim, e sim para a população.”

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Em tempo: na Câmara, embora tenha repercutido muito mal o fato de o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter dito, segundo relato de governadores, que “o Congresso é máquina de corrupção”, a ordem é votar a reforma. As apostas de muitos são de que, ainda assim, o governo terá problemas e não poderá acusar o Parlamento.

A resposta a Moro e a Dallagnol

O projeto de abuso de autoridade, aprovado na esteira da divulgação dos diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava-Jato, vai para a Câmara com o PSL disposto a passar um pente- fino na proposta. Só tem um probleminha: o Centrão, que hoje é o dono do pedaço, quer aprovar o texto o mais rápido possível.

Até tu, Guedes?

Os parlamentares elogiaram cedo demais o fato de o presidente Jair Bolsonaro trocar o decreto das armas por um projeto de lei. O novo decreto, editado na madrugada de ontem, somado à frase de Paulo Guedes de que o Congresso é uma máquina de corrupção, estremeceram novamente as relações. “Guedes pegou pesado. Não dá para colocar todos no mesmo balaio”, reclama o senador Omar Aziz.

CURTIDAS

Sarney e Dino juntos/ O governador do Maranhão, Flávio Dino (foto), pediu e obteve esta semana um dedo de prosa com o ex-presidente José Sarney. A ideia surgiu depois que Dino leu a entrevista de Sarney ao Correio, no mês passado.

O jogo de Dória/ Depois de o governador de São Paulo, João Dória, organizar uma “pelada” entre parlamentares e integrantes de seu governo, a turma dos deputados que joga futebol todas as terças-feiras planeja juntar os dois grupos de “peladeiros”.

… com Bolsonaro/ A ideia é escolher uma data no segundo semestre para, em Brasília, reunir o governador paulista, deputados, senadores e… o presidente Jair Bolsonaro. Os filhos do presidente já pediram que outros governadores sejam convidados, para não dar palco a Dória. A ideia agora é chamar, pelo menos, o governador do Rio, Wilson Witzel, e escolher um local neutro para a partida.

Amigos, amigos../ O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, cumpriu o que havia dito no jantar do site Poder 360. Bom de papo e de articulação política, ele tratou Sérgio Moro com a maior deferência no jantar de ontem, na casa do senador Marcos do Val. “É difícil brigar comigo!”