Coluna Brasília-DF
Diante das críticas que começou a receber dos próprios aliados, e da queda de popularidade, o governo pisou no freio a fim de tentar retomar o ativo que mantém 30% do eleitorado fechado com o presidente Jair Bolsonaro: confiança. É quase um consenso na classe política, inclusive entre os fiéis escudeiros do governo, que o presidente não conseguiu acertar o passo na pandemia até este momento, e que isso tem corroído apoios entre a população.
Nas últimas 48 horas, foram três recuos. Primeiro, a divulgação dos números totais de casos da covid-19 registrados e de mortos –– algo que o governo informou nos bastidores, tão logo descobriu que o relator da ação sobre o tema, no Supremo Tribunal Federal, seria o ministro Alexandre Moraes. Depois, veio o retorno de R$ 83 milhões ao Bolsa Família. Por último, a reunião ministerial com transmissão direta pelo canal do YouTube da TV Brasil –– formato que Bolsonaro tinha dito que não faria mais, desde que o vídeo do encontro de 22 de abril foi aberto e o governo, mais uma vez, ficou na defensiva.
Até aqui, essas três iniciativas ajudaram a distensionar o ambiente político. A intenção é tentar reforçar o volume em favor do presidente para dar discurso a seus apoiadores nas redes e nas ruas. Aliados torcem para que a distensão “seja infinita enquanto dure”.
Pior impossível
Foi por água abaixo a intenção do governo de liquidar, esta semana, o julgamento da chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além do placar de 3 a 2 a favor de novas investigações, quem pediu vistas foi justamente o ministro Alexandre de Moraes, guardião das informações a respeito do inquérito das fake news, no STF.
Quem com ferro fere…
A criação do Renda Brasil, anunciado por Paulo Guedes como o carro-chefe dos programas sociais do governo no pós-pandemia, será com um banho de loja no Bolsa Família, criado por Lula, e o ponto que falta para dar a Bolsonaro um discurso de atenção aos mais pobres. A ideia é, até o final do ano, tirar do mapa o nome Bolsa Família, marca das administrações petistas.
… com ferro será ferido
O plano do governo, de incluir no Renda Brasil os 38 milhões de “invisíveis” descobertos com a criação do auxílio emergencial, nesses tempos de pandemia, é usar a mesma ferramenta que os petistas lançaram. Dar uma repaginada, juntar programas e, assim, tirar de cena o governo anterior. Na época de Fernando Henrique Cardoso, era Bolsa Escola, na Educação; Vale Nutrição, na Saúde; e Vale Gás, em Minas e Energia.
Barulho geral/ O ministro do Tribunal Superior Eleitoral Sérgio Banhos precisou interromper por alguns minutos a leitura de um parecer, por causa dos fogos que adversários do presidente soltaram em frente ao TSE, por causa do julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão. Os demais ministros simplesmente não conseguiam ouvi-lo na videoconferência. “São 20 pessoas, mas parece um réveillon no Rio de Janeiro!”, comentou o presidente Luís Roberto Barroso.
Ali, parece que o pior já passou/ Pelo menos no universo digital, a pandemia causada pelo novo coronavírus perdeu força. Há uma desaceleração na produção de conteúdos nas redes sociais, nos sites de mídia e nas buscas do Google, conforme levantamento da consultoria Bytes.
Só tem um probleminha/ Com o número de casos e de mortes em alta, o desinteresse vem cedo demais.
Bier Fass/ Mais um efeito colateral da pandemia na história de Brasília. O restaurante Bier Fass, do Gilberto Salomão, no Lago Sul, fechou as portas. Segundo os tradicionais frequentadores, é o único imóvel do centro comercial que não estava alugado a terceiros.