Coluna Brasília-DF
A demissão de Nelson Teich e a insistência do presidente Jair Bolsonaro no fim do isolamento deixaram toda a classe política com a sensação de que o capitão não baixará a guarda em relação à reabertura geral de todos os setores econômicos e manterá elevada a pressão sobre os governadores.
Mesmo que o país tenha aumento do número de casos e de mortes por causa da covid-19, ele seguirá nessa direção. O presidente mira no cansaço das pessoas com o isolamento social e nos movimentos que começam a ocorrer na Europa e nos Estados Unidos pela volta à normalidade em locais onde a reabertura segue a passos lentos para evitar sobrecarga no sistema de saúde.
A escolha de Bolsonaro é um caminho sem volta. Ele está convicto de que, quanto mais tempo houver desse distanciamento, mais as pessoas terão problemas econômicos e vão lhe dar razão. Daí, acredita ele, será possível recuperar até aqueles eleitores que se afastaram.
O cálculo de Bolsonaro, porém, não leva em conta que o novo coronavírus ainda está se espalhando sem que a população de muitos estados tenha a segurança, seja de um medicamento eficaz para todos os casos, seja de um sistema de saúde capaz de garantir o atendimento.
Vídeo, versão light
Com os aliados do presidente Jair Bolsonaro certos de que o ministro Celso de Mello tende a levantar o sigilo da reunião de 22 de abril para nivelar todas as pontas da investigação sobre tentativa de interferência na Polícia Federal, a ordem é agora agir para “contenção de danos”. A narrativa será no sentido de que falar palavrão não pode ser configurado crime e nem cobrar que a família esteja segura — no sentido de que todas as declarações seriam relacionadas à segurança pessoal e não à Polícia Federal.
Estrada esburacada e sem sinalização
Esse é o cenário para a política até as eleições presidenciais de 2022. E, nesse cardápio, a maioria dos partidos não inclui o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Apesar das incertezas, muitos colocam a vontade de não tratar de impeachment.
Mandetta compara Bolsonaro a Dilma e Lula
Na entrevista ao CB.Poder, o ex-ministro da Saúde e ex-deputado Luiz Henrique Mandetta aproveitou para demarcar o terreno na arena do futuro: “Veremos agora uma tratativa do executivo que era como assisti ao PT fazer no final do (governo) Lula 2, Dima 1 e Dilma 2. A gente volta com aquela metodologia. Alguns vão manter a independência, como é o caso do Democratas”.
Te cuida, capitão/ Em conversas políticas recentes, o presidente Jair Bolsonaro foi alertado de que será a próxima vítima do Centrão, que hoje recebe no Planalto e no governo. Ele sabe. Porém, não dá para dispensar base política nesse cenário de crise.
Ele, não, outros atores/ Da mesma forma que houve a campanha “ele, não” da esquerda contra o então candidato Jair Bolsonaro, há setores dos partidos de centro entoando o mesmo bordão em relação ao governador de São Paulo, João Doria.
Incubadora de pré-candidatos/ Hoje, os partidos que poderiam apoiar o governador paulista olham mais para aqueles que Bolsonaro tirou do seu rol de apoios, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o da Justiça SErgio Moro.
A velha e boa W3/ Diante da dificuldade em reabrir os shoppings, empresários locais planejam sugerir ao governador Ibaneis Rocha que apresse e incentive a revitalização da Avenida W3 (Sul e Norte). A avenida foi o primeiro local de comércio da capital da República e é vista por muitos como um local simbólico para o recomeço pós-pandemia.