Autor: Ronayre Nunes
Partidos do Centrão darão ultimato a Bolsonaro sobre nome para eleição de 2026
Coluna Brasília/DF, publicada em 30 de março de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Em público, os partidos continuam elogiando todos os movimentos de Jair Bolsonaro. No privado, porém, a história é outra. Tem muita gente pensando em fixar um prazo, de preferência até o final deste ano, para que o ex-presidente coloque um nome mais ao centro no papel de seu candidato a presidente da República.
Se não o fizer, partidos como União Brasil, Progressistas e Republicanos vão cuidar da própria vida. O recado é claro. Essas legendas não querem apoiar um filho de Bolsonaro para o Planalto nem a ex-primeira-dama Michelle.
Muitos políticos desses partidos consideram que é preciso se distanciar da extrema-direita e buscar um caminho para os conservadores que não tenha sombra de tentativa de golpe ou coisa que o valha. Não dá para flertar com o cenário que aparece no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), uma peça que ganhará, a cada dia, mais visibilidade. Por enquanto, porém, faltam votos aos candidatos de direita e de centro-direita para colocar esse plano em prática. Por isso, os gestos de apoio a
Bolsonaro vão continuar.
Veja bem/ Os partidos sequer conhecem o texto final da proposta de anistia. E enquanto isso não for feito, não há o que decidir. O PSD, por exemplo, só discutirá quando tiver o projeto em mãos.
Recuar…
Prestes a enviar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da segurança pública ao Congresso, conforme antecipou esta coluna, o governo decidiu que o texto irá garantir a autonomia das unidades da Federação na gestão de suas forças nessa área. A União vai estabelecer as diretrizes. Em vários eventos nos últimos dias, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que “a União, de forma nenhuma, se intrometerá nos comandos
dos estados”.
…para avançar
Entre as mudanças no texto, a PEC permitirá que a Polícia Rodoviária Federal (PRF), mediante aprovação do ministro da Justiça, ajude os governos estaduais em calamidades públicas, desastres naturais ou quando houver solicitação dos governadores. Também está prevista a integração de dados policiais de quem tem passagem por delegacias. A ideia é evitar que criminosos com fichas em determinados estados sejam soltos em audiências de custódia em outras unidades da Federação.
São Paulo, o laboratório
A corrida para a Prefeitura de São Paulo, em 2024, foi vista nos partidos de centro-direita como o ensaio para a campanha presidencial, em 2026. É lançar um candidato e deixar que os bolsonaristas indiquem um vice. O PL, hoje, não quer saber de vice. Na época em que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) começou sua pré-campanha de candidato à reeleição, o PL também não queria. Foi uma novela até fechar o acordo.
Só a vitória interessa
O PL tem feito reuniões semanais para avaliar o que fazer com o projeto de anistia aos enroscados no quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023. Enquanto houver risco de derrota no plenário, não vão exigir que o projeto seja pautado. A reunião está marcada para a próxima terça-feira, acoplada a uma conversa com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Clamor pela união
Pré-candidato à presidência do PT, Edinho Silva divulgou, ontem, carta aberta na qual clama que o partido se mantenha “mobilizado” e “capaz de derrotar o fascismo e de garantir a democracia no Brasil”. A exortação tem razão de ser: ele enfrenta resistência das correntes mais à esquerda da legenda. Edinho é favorável à manutenção da frente ampla, para as eleições de 2026, que possibilitou que Lula derrotasse Bolsonaro, em 2022. Só que nem mesmo o apoio do presidente da República faz com que os petistas se unam em torno dele.
Barreira interna
Edinho tem como principal adversário o historiador Valter Pomar, lançado em 15 de março à disputa do comando do PT. Integrante da corrente Articulação de Esquerda, ele defende que a legenda se volte para a esquerda, mantenha-se fiel às bandeiras petistas históricas e sustente conexões apenas com partidos do mesmo campo ideológico. A eleição para a escolha do novo presidente petista é em 6 de julho.
CURTIDAS
Nariz torto/ Por mais popular que seja a proposta de isenção do Imposto de Renda para até quem recebe salários de até R$ 5 mil de salário, a oposição não engole a medida e ensaia um discurso de que os pequenos municípios é que serão prejudicados com queda de arrecadação. “O governo só empurrou o problema para os municípios. Isso aumenta a dependência do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e sufoca os serviços públicos locais. O próximo governo vai ter que fazer uma reforma tributária completa, não essas gambiarras que geram caos fiscal e vendem ilusão”, afirmou o presidente da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP).
Santo de casa…/ Quando da reunião da ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, com os líderes partidários, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), o mais à esquerda do grupo, brincou: “Quem poderia criar problema era eu, mas não sou doido de criar problema em casa!”. Para quem não sabe, ele é marido da ministra.
Isolada/ A deputada Carla Zambelli (SP) perde lastro no PL. Integrantes do partido não gostaram da entrevista que concedeu à CNN, quando disse que “jamais sacaria uma arma sem motivo extraordinário”. Até seus correligionários duvidam da versão apresentada pela parlamentar.
É hoje/ Depois do movimento dos bolsonaristas em favor da anistia, há duas semanas, agora é a vez da esquerda promover um ato em sentido contrário. É a continuidade da polarização com outros contornos.
Avaliação do STF piora entre deputados, mas melhora com senadores
Coluna Brasília/DF, publicada em 29 de março de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
A avaliação da Suprema Corte caiu entre os deputados e subiu entre os senadores, conforme pesquisa do Ranking dos Políticos, a ser divulgada hoje. O levantamento mostrou que oito em cada 10 parlamentares acreditam que o Supremo Tribunal Federal (STF) está invadindo competências do Poder Legislativo.
“Essa alta temperatura registrada mostra que há demanda por avançar projetos de lei que revisam prerrogativas do STF, como vimos no ano passado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara)”, afirma Luan Sperandio, diretor de operações do Ranking dos Políticos, instituição que faz estudos dos mais diversos temas relacionados à política.
A pesquisa mostra que 55,9% dos deputados consideram a atuação dos ministros ruim/péssima, um aumento de 1% em relação a 2024. Já no Senado, a percepção negativa sobre os ministros do STF caiu 4,4%, de 42,9% para 38,5%. A avaliação positiva caiu 12,6% na Câmara, atingindo 20,7%, e no Senado, aumentou 9%, chegando aos 42,3%. Sobre a invasão de competências do STF, 48,6% dos deputados acreditam que a Suprema Corte invade usualmente, e 31,6%, que a invasão ocorre ocasionalmente. Entre os senadores, essa percepção é de 42,3% usualmente, e 34,6%, ocasionalmente.
Respingou no partido…
A perspectiva de Jair Bolsonaro não ser candidato a presidente da República tem levado os partidos de centro a investirem na busca de prefeitos do PL. O alerta mais incisivo no momento foi em Goiás, onde o União Brasil, partido do governador Ronaldo Caiado, levou seis prefeitos da legenda do ex-presidente.
… e animou muita gente
A ideia é repetir esse movimento em outros estados. Até aqui, o que tem segurado os prefeitos e os deputados no PL é o tamanho do fundo partidário e eleitoral, que amplia a possibilidade de financiamento de campanha. Porém, se o bolsonarismo se inviabilizar, a porta de saída será a opção de muitos.
Nada é para já
Os decretos de contenção de gastos editados pelo governo esta semana representaram um banho gelado para os congressistas. A leitura deles é de que a liberação das emendas não será rápida como esperavam. Eles ficaram assustados com a contenção de
R$ 128,4 bilhões até maio.
Desigualdade cruel
Um estudo da ONG Habitat para a Humanidade mostra que uma mulher negra precisaria de 184 anos ou sete gerações para juntar o dinheiro necessário a fim de conquistar a casa própria em uma favela no Brasil. O estudo também traz dados sobre dedicação da renda comparando homens e mulheres, jornada de trabalho e violência familiar. A ONG coletou dados em 106 favelas e comunidades urbanas em bairros populares, ao longo de cinco anos, por quase todo o país.
CURTIDAS
Missão dada…/ … missão cumprida. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já começou a panfletar o Zé Gotinha pelo Brasil. A primeira parada foi na final do Paulistão. O objetivo da caravana é melhorar os números da cobertura vacinal. Essa entrega foi uma das promessas de campanha de Lula em 2022. “Vacina é vida. A gente vai a tudo quanto é canto, estádio, igrejas, espaços culturais, escolas, para convencer todo mundo a se vacinar”, disse Padilha.
Meninas superpoderosas I/ A Revista Forbes Brasil divulgou sua lista das Mulheres Mais Poderosas do país, destacando lideranças femininas que estão transformando setores como economia, política, tecnologia e cultura. Essas mulheres não apenas conquistaram posições de destaque, mas também impulsionam mudanças significativas em suas áreas de atuação.
Meninas superpoderosas II/ Entre as homenageadas, estão as presidentes da Petrobras, Magda Chambriard; do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros; a CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral, que revolucionou a indústria de lítio sustentável no mundo; e Sonia Guimarães, primeira mulher negra a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Meninas superpoderosas III/ Também é destaque a atriz Fernanda Torres, cuja atuação no filme Ainda estou aqui ganhou projeção internacional. Elas representam um movimento crescente de liderança feminina nos mais diversos setores, inspirando mulheres no Brasil e no mundo, mostrando que é possível unir sucesso empresarial e responsabilidade socioambiental.
Coluna Brasília/DF, publicada em 22 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
O aniversário de 45 anos do PT começou ontem com cheiro de reforma ministerial e troca de comando no partido. A expectativa é de anúncio da atual presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, como futura ministra palaciana de Lula. Conforme avaliam integrantes do governo, o presidente não deve demorar a promover as trocas na equipe, de forma a tentar dar uma “oxigenada” que ajude a melhorar a popularidade. Até porque, se deixar para nomear políticos em meados deste ano, o titular que tiver planos de concorrer a um mandato eletivo em 2026 ficará menos de um ano no cargo.
O olhar deles
Para o senador Dr. Hiran (PP-RR), líder do bloco Aliança — formado por PP e Republicanos —, a reforma ministerial pode “restaurar um pouco de governabilidade”. “Em relação a essa reforma ministerial, tem muita especulação. A gente sabe que vai acontecer. O governo precisa fazê-la para restaurar a boa relação com o parlamento e, também, a performance. Tem muita especulação, mas espero que o presidente escolha as melhores pessoas”.
O que quer Arthur Lira
Não é apenas em Alagoas que o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), concentra atenção. Ele também está dedicado a tentar consolidar a federação entre seu partido e o União Brasil — é cotado para presidi-la. Só tem um probleminha: o União Brasil ainda não definiu se aceita ceder o espaço de presidente ao PP.
Salvo pelo gongo
Os R$ 4 bilhões que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou para o atual Plano Safra, tendem a apagar uma fogueira. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, ensaiava bater bumbo no plenário. “(Vem) no momento em que vamos começar a safra de inverno, quando plantamos o grosso da nossa produção de milho. Com as taxas do mercado, precisaremos de mais recursos do Tesouro Nacional para a equalização dos juros”, advertiu, em vídeo nas redes sociais.
E vem mais
A pressão para os financiamentos agrícolas tende a crescer, especialmente como forma de baixar o custo dos alimentos. Afinal, se o governo quer trabalhar para que os preços não subam, melhor ajudar os produtores — e não suspender
linhas de crédito.
Sem plano B
Mesmo com Jair Bolsonaro denunciado, deputados fiéis a ele, como Zé Trovão (PL-SC), afirmam que o candidato para 2026 será o ex-presidente até o fim. Entretanto, se for condenado por tramar um golpe de Estado, “o partido apoiará o nome que ele indicar. A não ser que haja alguma divergência grande”.
CURTIDAS
Ele tem razão/ Em conversas reservadas, muitos bolsonaristas dizem que o tenente-coronel do Exército Mauro Cid (foto), ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, está certo em pelo menos um ponto: foi ele quem mais perdeu. Jogou fora a carreira, precisou vender imóveis e não pode sair à rua.
Por falar em Mauro Cid…/ Ao mencionar o financiamento do golpe, ele inocentou o PL e jogou a bomba no colo do general Walter Braga Netto. Agora é saber de onde veio o dinheiro.
Censura?/ O que anda circulando pelos corredores da Câmara dos Deputados é que está dificultando o cadastramento de novos jornalistas, por acharem que “tem imprensa demais”. Até o momento, a Casa não tem data para retomar os credenciamentos.
Homenagem póstuma/ O Flamengo fará um minuto de silêncio antes do jogo de hoje contra o Maricá, no Maracanã, pelo Campeonato Carioca, em homenagem ao advogado e empresário Guilherme Cunha Costa, falecido terça-feira. A foto de Guilherme, rubro-negro fanático, será exibida no telão do estádio. A missa de Sétimo Dia será segunda-feira, às 20h, no Santuário Nossa Senhora da Saúde, em Brasília.
Blog da Denise publicado em 23 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg
Da mesma forma que os partidos não vão atender ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que digam, o quanto antes, que caminho percorrerão em 2026, nenhuma das agremiações de centro chancelará, no curto prazo, uma candidatura presidencial que tenha o sobrenome Bolsonaro — seja Eduardo Bolsonaro, seja a ex-primeira-dama Michelle. A vontade dos partidos de centro, hoje, é buscar um nome que derrote tanto o petismo quanto o bolsonarismo.
Os partidos de centro, que têm conversado — e muito —, acreditam que o bolsonarismo e o petismo estão perdidos quanto ao melhor caminho a tomar, diante da inelegibilidade do ex-presidente. O petismo, avaliam alguns, encontrará dificuldades, em especial, por causa da ausência de um plano que recupere a imagem do país junto aos investidores. Lula mudou sua comunicação, o que fez subir o número de visualizações na internet, mas ainda não conseguiu acertar o passo entre a área política e a econômica do seu governo.
Não acabou
O fato de o ministro Flavio Dino, do Supremo Tribunal Federal, ter liberado parte das emendas destinadas às ONGs, não significa que tudo serão flores no relacionamento entre a Corte e o Congresso a partir de agora. Com as investigações em curso, muitos outros bloqueios estão por vir.
Alerta do BC
Acostumados a avaliar com uma lupa as atas do Comitê de Política Monetária (Copom), os economistas dos bancos perceberam algo inédito no último relatório: “A ata instou as instituições financeiras a terem especial vigilância na concessão de crédito. E não é usual. Fomos checar com inteligência artificial e tudo em todas as atas anteriores. Não é usual o Banco Central incluir uma mensagem prudencial, num texto essencialmente sobre política monetária. Eles também estão olhando com preocupação essa questão”, disse o economista-chefe do Banco Itaú, Mário Mesquita, em palestra no Lide Brazil Economic Forum, em Zurique.
A chegada de Hugo
O jantar do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), amanhã, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), é interpretado pelo governo como um sinal de que, no papel de presidente da Câmara, distribuirá o jogo e fará gestos. Falta definir, porém, a calibragem entre situação e oposição, algo que Hugo avisou que será definido no dia a dia. Ou seja, não tem essa de fechar com um lado ou com o outro.
Preocupante
Especialistas que monitoram as políticas públicas na educação brasileira consideram que o bloqueio de R$ 6 bilhões em recursos do programa Pé-de-Meia, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), acendeu um alerta para a necessidade de reforço e de eficiência na gestão dos recursos — como governança e transparência. “O Pé-de-Meia pode reduzir a evasão escolar, mas recursos e boas ideias, sem controle, são uma conta que não fecha. Estamos próximos da conclusão do Plano Nacional de Educação (PNE), com metas e objetivos para a próxima década, e isso depende de caminhos concretos para ser bem executado. Incerteza e insegurança não podem permanecer na pauta do MEC”, adverte Letícia Jacintho, presidente da Associação De Olho no Material Escolar.
CURTIDAS
O importante era falar/ Bolsonaro abre o jogo ao dizer por que foi candidato a presidente da Câmara por três vezes: “Tinha chance de ganhar? Zero! Mas tinha direito a 10 minutos na tribuna”, disse, em entrevista à Revista Oeste. Referia-se aos discursos dos candidatos, num dia de casa cheia e boa audiência na TV Câmara.
Nossos comerciais, por favor/ Bolsonaro contou que, naquela época, discursou dizendo que petistas promoviam fake news ao espalharem, na internet, que a reforma trabalhista acabaria com os direitos — como férias e 13º salário. No governo, há quem atribua essa lembrança, agora, a uma forma de o ex-presidente tentar empatar o jogo diante das acusações de que
disseminou mentiras.
Périplo acadêmico/ Depois de passar pelo Fórum Econômico Mundial, em Davos, e pelo Brazil Economic Forum, em Zurique, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso (foto), fará um circuito de palestras por universidades norte-americanas. Vai a Yale e a Harvard. Tudo antes de voltar ao Brasil, para a abertura dos trabalhos do Judiciário.
Contem aí/ Em suas visitas, Barroso terá a oportunidade de colher, in loco, a avaliação dos intelectuais americanos a respeito desses primeiros acordes do governo de Donald Trump,
nos Estados Unidos.
Ibaneis anuncia investimento bilionário em energia limpa no DF
Zurique — Ao participar do Brazil Economic Forum, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou investimentos captados pelo GDF da ordem de R$ 1,2 bilhão em transformação energética da capita da República. Até 2026, a ideia é ter energia limpa, em especial, a fotovoltaica, em todos os prédios públicos, inclusive federais. No caso do governo federal, conforme anunciou Ibaneis, o primeiro será com o Supremo Tribunal Federal, para que 95% da energia usada pela Suprema Corte seja limpa, produzida pelo governo do DF. “A ideia é promovermos a integração com os órgãos federais, a fim de termos 80% da energia limpa em todos os órgãos públicos. Essas medidas estão transformando a capital do país”, afirmou o governador.
Diante da ideia do governo Trump, nos Estados Unidos, de insistir nos combustíveis fósseis, diz Ibaneis, caberá aos governos locais trabalhar na manutenção da agenda da sustentabilidade. “Esperamos que a COP30 nos ajude nesse caminho”, pontuou Ibaneis.
O governador do DF disse, que, da sua parte, o dever de casa está em curso. Além do esforço para limpar a energia usada nos prédios públicos, ele citou a iniciativa de seu governo, da não cobrança de IPVA dos elétricos e híbridos, o que ajuda nesse caminho da energia limpa e alavanca toda uma indústria. “Na época, fui muito criticado, mas os números indicam que estamos certos”. Em 2021, foram vendidos no DF 1.590 veículos híbridos e/ou elétricos. Em 2024, esse número subiu para 40 mil. “Só perdemos para São Paulo na fora de veículos híbridos ou elétricos, que seguem no caminho da energia limpa”, lembrou Ibaneis.
“O objetivo de todas as medidas é tornar Brasília um exemplo de transição energética”, disse o governador, seja nas faixas de renda mais abastadas, seja naquelas mais modestas. “No mundo, temos um bilhão de pessoas sem acesso a energia. É preciso levar inciativas para a população de baixa renda. Já reduzimos a cobrança da energia para pessoas de baixa renda, agora é a hora e levar a energia limpa”, diz.
A preocupação do DF hoje é evitar que, em 2025 e nos anos seguintes Brasília volte a viver o que houve no ano passado, quando o DF ficou enfumaçado por quase dois meses. “Estamos passando por um grande problema que e o aquecimento global. E temos sofrido muito. No ano passado, não foi fácil. Cidade ficou às escuras pelas queimadas. E temos que nos preparar permanentemente”, disse o governador, que pretende terminar o mandato com um milhão de mudas de árvores plantadas no Distrito Federal. “Brasília já é uma das cidades mais verdes do mundo”, afirmou.
No painel de Ibaneis, estavam ainda o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), que passou por problemas semelhantes em seu estado no ano passado. Essa preocupação tem que ser permanente, não dá para ficar apenas na época da seca. É preciso prevenção e estamos nos preparando nesse sentido”, afirmou. Também estiveram empresários, como Wagner Carvalho, da W Energia, e Celso Fiori, da Mercúria Brasil, empresas que têm o foco na sustentabilidade climática.
Ibaneis saiu do Lide Brazil Economic Forum direto para uma visita à empresa líder global na geração de energia a partir de resíduos sólidos, a Kanadevia Inova, com sede na Suíça. Ele tem visitado outras empresas desse segmento, porém, até aqui todas as consultas teriam que ter investimentos públicos. A ideia de Ibaneis é fazer uma concessão, para que a empresa invista no DF. Ele calcula que é possível atrair investimentos da ordem e R$ 1 bilhão em novas iniciativas de energia limpa.
A inclusão do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entre os indiciados no inquérito da tentativa de golpe de Estado, acendeu o alerta entre os integrantes do partido. Alguns, inclusive, consultaram juristas para saber se pode haver a extinção da legenda. A avaliação de muitos operadores do direito foi de que se ficar comprovado que o PL deu dinheiro para o grupo que planejou o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, isso pode ser caracterizado como financiamento de organização paramilitar, conforme a Lei 9.096, de setembro de 1995. Enquanto prosseguir a investigação, ninguém está tranquilo.
O recado do processo
Integrantes de tribunais superiores dizem que o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro é pedagógico para o futuro: quem quiser ser candidato e ter sucesso na política, seja pela direita ou pela esquerda, que tome distância de extremistas. Atos violentos e ameaças a eleições e aos eleitos estarão sempre sujeitos a punições.
CNU em foco
O governo trata de jogar para escanteio qualquer especulação ou receio de cancelamento do Concurso Público Nacional Unificado (CNU), levantado a partir da ação na Justiça de Tocantins, sobre a eliminação de concorrentes. A ação adiou a divulgação do resultado do certame, mas não levará ao cancelamento, conforme informação do Ministério da Gestão à coluna. De lá, vem a notícia de que houve um “acordo judicial firmado pela União com o MPF (Ministério Público Federal) e a Cesgranrio justamente para garantir a integridade e a continuidade do concurso”.
Cadê o PNE?
O Ministério da Educação enviou, em junho, o Plano Nacional da Educação (PNE) para o decênio de 2024 a 2034. A Câmara dos Deputados até agora não o votou e segue em tramitação. Fonte do MEC afirma que a pasta não vai “pressionar” ou “passar por cima dos Poderes” para que o plano seja aprovado ainda este ano. Até aqui, a Casa apenas prorrogou o PNE anterior e vai deixar esse serviço para o ano que vem.
De Nice a Belém
Os presidentes do Brasil e França, Lula e Emmanuel Macron, firmaram um compromisso bilateral para priorizar a proteção dos oceanos e dos ecossistemas marinhos e costeiros. “Nosso objetivo é desenvolver uma economia azul justa e sustentável, fortalecendo, ao mesmo tempo, a resiliência das comunidades marinhas e costeiras”, explicaram. Em junho de 2025, a cidade francesa de Nice sediará a Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (Unoc), organizada pela França e pela Costa Rica. A ideia é inserir a proteção dos oceanos nas pautas prioritárias da COP30, em Belém, em novembro de 2025.
Se for a voto…
…passa. O deputado Evair Melo (PP-ES) acusa a base do governo de fazer “terrorismo” contra o projeto da anistia aos golpistas do 8 de janeiro de 2023. E avisa: “Posso afirmar, com toda certeza, que o humor dentro da Câmara dos Deputados não teve nenhuma alteração. Essa acusação de golpe e essas condenações do Alexandre de Moraes são cheias de vícios. Na hora em que o
projeto for a plenário, será aprovado”.
Na contramão de Haddad/ Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer reduzir os benefícios tributários para as empresas, o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) vem com uma proposta para facilitar o acesso ao crédito de pequenas e médias empresas para tentar sanar as dificuldades que têm no sistema financeiro tradicional e que traz novos benefícios: “Os ganhos com esses instrumentos terão isenção de Imposto de Renda e IOF, uma estratégia que já mostrou eficácia ao fortalecer setores como o agronegócio e o mercado imobiliário”, acredita.
Bateu, levou/ A rede X continua servindo para troca de sopapos virtuais entre autoridades. A mais recente foi entre o senador e ex-juiz Sergio Moro (UB-PR) e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Em resposta a uma publicação de Paes no X, onde chamou o juiz afastado Marcelo Bretas de “delinquente”, Moro rebateu: “Delinquentes eram seus amigos que ele prendeu”. O prefeito replicou: “Recolha-se à sua insignificância. Aqui você não cresce! Lixo!”.
O périplo de Hugo/ Depois de garantir o apoio dos partidos políticos, Hugo Motta agora se reúne com bancadas estaduais para fechar os votos e agradecer o apoio. Além do Piauí (leia post no Blog da Denise, no site do Correio), ele já se encontrou as bancadas de Alagoas, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima. A ideia é concluir essas conversas até o fim do ano e dedicar janeiro de 2025 a um pente-fino antes da eleição, em fevereiro.
Os pedidos de cada um/ Esses encontros têm sido importantes para que Hugo Motta relacione as prioridades de cada estado. Em algumas das conversas, os governadores têm participado.
Pendência federal: após eleições, chega a decisão sobre emendas parlamentares
Texto por Denise Rothenburg — Terminada a eleição neste domingo, entra em campo a decisão sobre as emendas. Faltam R$ 11 bilhões a serem pagos, sendo R$ 4 bilhões em transferências, R$ 2 bilhões em emendas de bancada e R$ 5 bilhões em emendas de comissão. Até aqui, a proposta de transparência a ser votada no Parlamento trata apenas do futuro, ou seja, não há propostas para dar visibilidade ao que foi liberado até aqui. Entre os congressistas, prevalece a tendência de dizer ao Supremo Tribunal Federal que, se o ministro Flávio Dino quiser um foco de luz sobre o passado, terá que pedir ao Poder Executivo.
Tema espinhoso
Ciente de que os governadores tentarão empurrar a crise da segurança pública no colo do governo federal, o presidente Lula chamou todos os gestores estaduais para uma reunião na semana que vem. Quer tratar do assunto olho no olho. O que levou a esse movimento foi o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, declarar com todas as letras que nenhum estado conseguirá combater o crime
organizado sozinho.
PL sob alerta
As denúncias que envolvem o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) em desvio de dinheiro público deixou o PL em polvorosa. A dois dias eleição e com o partido na luta para ficar com 18 dos 103 municípios brasileiros com mais de 200 mil eleitores, esse escândalo pode atrapalhar candidatos em outras praças além de Goiânia. Todo o cuidado é pouco.
Por falar em PL…
A relação entre Valdemar Costa Neto e o ex-presidente Jair Bolsonaro já foi melhor. Mas ninguém quer saber de rompimento agora. O que Bolsonaro deseja é ter liberdade para indicar os candidatos ao Senado e, se continuar inelegível, o nome ao Planalto.
Muita calma nessa hora
Com a segunda presença em evento internacional cancelada devido à queda que sofreu no Alvorada, a avaliação dos petistas é de que a saúde de Lula requer cuidados. Apesar do vigor e força de vontade do presidente, fica claro que é preciso uma adaptação de agenda e a limitação de viagens longas ao que for estritamente necessário. A COP29, em Baku, no Azerbaijão, é uma delas.
Otto Alencar, menos um
A escolha de Otto Alencar (PSD-BA) para líder do governo neste período de afastamento do senador Jaques Wagner (PT-BA) vai muito além do talento do senador pedessista. Alencar figurava entre os possíveis pré-candidatos à Presidência do Senado. Agora, não figura mais.
Michelle no ataque/ Com a prisão de Wilmar Lacerda, ex-dirigente do PT, sob a acusação de pedofilia, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro partiu para cima. Em suas redes sociais, lembrou as denúncias de assédio sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos Sílvio Almeida e tascou: “Começo a pensar: será que a sigla do partido significa
Partido Taradão?”
26 vídeos/ Apesar de afirmar que não guarda rancor, Pablo Marçal (PRTB) lembrou que Silas Malafaia não fez nenhuma crítica gravada ao candidato do PSol e dedicou 26 ao ex-coach. “Era muito simples resolver isso comigo, e não conseguiram resolver, nem o Bolsonaro, nem o Tarcísio, nem o Nunes, nem o Malafaia. Então, que Deus tenha piedade. Agora era bom o Malafaia ajudar pelo menos na oração, porque não gravou nenhum vídeo contra o Boulos, mas contra mim ele gravou 26”, falou ao final da
entrevista com Boulos.
Por falar em final…/ Marçal ainda aproveitou a audiência do encontro com Boulos para pedir votos a candidatos bolsonaristas em Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Campo Grande e Fortaleza. Quer manter a influência no meio político e… ganhar dinheiro na internet com lives polêmicas como a de Guilherme Boulos.
Enquanto isso, no Maranhão…/ Em Imperatriz (MA), a candidata Mariana Carvalho (Republicanos), que recebeu na cidade a senadora Damares Alves e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, acaba de perder o apoio do presidente estadual do seu partido, Aluísio Mendes. Ele disse que não pode apoiar uma candidata que se aliou à “organização criminosa” de Josimar do Maranhãozinho, suspeito de desvio de recursos de emendas.
Entre as decisões que estão no forno do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a mudanças climáticas, está a exigência de que o governo federal desloque, ainda no período das chuvas, todo o aparato de combate a incêndios para os municípios que sofrem com a estação da seca. O levantamento indica que 20 municípios brasileiros concentraram praticamente 85% das queimadas deste ano. Portanto, se o governo atuar preventivamente nessas localidades, conseguirá evitar o país defumado.
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E tem mais/ A outra decisão judicial que vem por aí, porém, para o médio prazo, é cumprir a lei que estipulou o CAR (Cadastro Ambiental Rural) em 2012, ainda no primeiro governo da presidente Dilma Rousseff. E, a partir do CAR, acelerar o PRA (Programa de Regularização Ambiental). Com esses dois instrumentos será possível, por exemplo, exigir o reflorestamento de matas ciliares a proprietários que descumpriram a legislação em vigor. Vale lembrar que o governo federal não ficou nada feliz quando o ministro Flávio Dino determinou ações imediatas de combate aos incêndios. Mas, se não adotar medidas de prevenção, será obrigado a cumprir novas ordens judiciais relacionadas a um serviço que já deveria estar em fase de planejamento e separação dos recursos. Afinal, com a COP30 logo ali, é preciso mostrar agilidade na proteção ambiental.
Alerta aéreo
Panes em aviões da Força Aérea Brasileira têm ganhado alguma recorrência neste fim de ano. Primeiro, o avião de Lula que ficou no ar por mais de 4 horas queimando combustível para poder pousar. Agora, um caça caiu ao apresentar falhas. E não é por falta de recursos. O Ministério da Defesa tem R$ 9,4 milhões destinados à modernização e revitalização de aeronaves e sistemas embarcados.
Próximos capítulos
A contar pelas últimas reuniões dos congressistas, as propostas a serem analisadas para regulamentar as emendas se referem apenas aos orçamentos futuros. Conforme o leitor da coluna já sabe, o STF vai cobrar as destinações passadas, baseado na decisão da ministra Rosa Weber, em 2022. Sem o cumprimento do voto de Rosa, chancelado pelo plenário, não tem emenda impositiva liberada.
“Mais lento que tudo”
É grande a insatisfação de técnicos e até mesmo de parlamentares com o esvaziamento do Congresso devido ao segundo turno das eleições municipais. Várias pautas importantes estão paradas e sessões de comissões são desmarcadas na última hora. Resta saber se haverá tempo hábil para votar tudo que é essencial neste ano.
Oceano também pede socorro
O Brasil sai mal na foto do clima em 2024, e não apenas pelas queimadas. Os oceanos também preocupam, e pela sujeira. Um estudo da ONG Oceana Brasil revelou que o país é o 8º no ranking dos que mais jogam plástico nos mares, e o
1º da América Latina. Para quem quer sair bonito na COP29, em Baku, e sediará a COP30, em Belém, o brasileiro, de maneira geral, ainda tem muito a trabalhar nas questões ambientais.
Quem viu, quem vê/ Depois de dizer há alguns meses que Ricardo Nunes “não era o candidato ideal”, agora, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez questão de se associar ao prefeito. Disse que jogou no “meio campo” no primeiro turno.
O que ele quer/ Jair Bolsonaro age neste segundo turno para manter seu nome vivo junto ao eleitorado e mostrar que ainda é o grande representante da direita para 2026. Assim, se não conseguir ganhar na Justiça o direito de ser candidato, terá condições de indicar o nome do PL para concorrer contra o PT de Lula.
Portos em debate/ A Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) fará seu 11º encontro amanhã, no Clube Naval de Brasília, com a presença da secretária executiva do Ministério de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori (foto). O tema deste ano será “Transição energética no setor marítimo — ameaças e oportunidades para os terminais portuários brasileiros”.
A mudança é geral/ A descarbonização no transporte marítimo é considerada essencial para a agenda do clima. O modal é responsável por 3% das emissões de gases do efeito estufa em todo o mundo. A meta da Organização Marítima Internacional é chegar a 2050 com emissões líquidas zero. É preciso alinhar os esforços o mais rapidamente possível para cumprir esse objetivo.
Coluna publicada em 29 de setembro, por Carlos Alexandre
A uma semana da eleição municipal, está evidente que a crise climática teve baixíssimo apelo para o eleitorado e no debate entre os candidatos, ao menos nas principais capitais do país.
Em São Paulo, uma das cidades que ficaram cobertas por fumaça espessa em razão das queimadas, o percentual de eleitores muito preocupados com a emergência climática é ínfimo. Segundo pesquisa Datafolha realizada no fim de agosto, apenas 3% dos paulistanos veem como prioridade combater as enchentes — e somente 1% exige providências para as mudanças climáticas.
No Rio de Janeiro, o cenário é semelhante. O mesmo Datafolha indica que apenas 4% dos eleitores avaliam que o futuro prefeito deve dar prioridade às enchentes. Segurança, saúde e educação lideram as preocupações de quem irá às urnas no próximo domingo.
Em Porto Alegre, capital do estado devastado pelas enchentes em maio, um dos pontos mencionados na campanha eleitoral é o reforço do sistema contra cheias e a recriação do Departamento de Esgotos Pluviais, desativado em 2017.
Em suma, a crise ambiental afeta cada dia mais o cotidiano do eleitor, mas permanece distante das urnas.
Cartilha eleitoral
A fim de auxiliar o eleitor a escolher o candidato que expressa alguma preocupação com o meio ambiente, o Greenpeace lançou a cartilha Confirma pelo Clima. O documento pode ser acessado gratuitamente e estabelece as relações entre crise climática e outras pautas, como saúde, educação, moradia e gestão de recursos.
Olho neles
A cartilha detalha, ainda, o papel de cada um dos ocupantes de cargo público — em particular prefeitos (as) e vereadores (as). A mensagem do Greenpeace é clara é direta: “Vote por cidades preparadas para a crise climática”.
Fogo e fumaça
Nunca é demais lembrar: os efeitos da crise climática não afetam apenas grandes áreas verdes, como os biomas. Têm forte impacto nas cidades, onde vivem mais de 120 milhões de brasileiros. Recordemos os últimos acontecimentos, como os danos à saúde provocados pelas queimadas em Brasília, São Paulo, Manaus e outras cidades. Ainda na capital federal, dezenas de escolas suspenderam as aulas em razão da má qualidade do ar.
Chuva e blecaute
O drama não ocorre apenas em período de seca. No verão de 2023, mais de 2 milhões de paulistanos ficaram sem energia elétrica por causa das chuvas. Em maio e junho deste ano, o país ficou estarrecido com a dimensão da tragédia no Rio Grande do Sul. E os temporais voltaram a provocar medo e destruição no estado nos últimos dias.
Que autoridade?
No governo federal, anunciou-se a criação de uma autoridade climática para atuar de maneira mais eficiente no enfrentamento da emergência ambiental. Não está claro ainda, porém, qual peso teria essa instituição e quem estaria à frente dela. Corre-se o risco de a discussão ficar no meio do caminho, com o fim do ciclo de queimadas e início da temporada de enchentes e temporais.
A última de Marçal
Um estudo divulgado pelo Instituto Democracia em Xeque (DX) conclui que a estratégia digital de Pablo Marçal traz novos riscos à democracia. Com as contas nas redes sociais suspensas desde agosto, o candidato à prefeitura paulistana mantém a hegemonia na internet graças à “indústria dos cortes” e à premiação aos seguidores que postam conteúdo sobre o ex-coach. Essa estratégia constitui, segundo o DX, um item adicional no rol de ameaças que as redes sociais sem regulamentação representam para o processo político.
Novo paradigma
“Nesse novo paradigma, o pleito é visto como uma oportunidade de sequestrar a economia da atenção das plataformas digitais para promover uma pirâmide financeira baseada em trabalho precarizado e aliciamento de eleitores que pode ser considerada ilegal de acordo com a legislação eleitoral”, alerta o relatório.
Outro lado
Sobre sua atuação nas redes sociais, a campanha de Pablo Marçal tem dito que atua dentro das regras do TSE. E que interrompeu os pagamentos a seguidores.
Coluna publicada em 28 de setembro, por Carlos Alexandre
Após reiterar suas convicções sobre a agenda internacional no plenário das Nações Unidas, o presidente Lula retorna ao Brasil com alguns embaraços e ao menos duas missões complicadas na bagagem. As declarações sobre o acordo da Ucrânia e a acusação de que o governo de Israel comete genocídio no conflito contra o Hamas e o Hezbollah, além de não serem novas, tiveram efeito nulo sobre esses conflitos.
A ofensiva do governo de Benjamin Netanyahu contra Beirute e outras localidades nos últimos dias mostrou que os apelos da comunidade internacional caíram no vazio. Mais do que gastar saliva em fóruns internacionais, o governo Lula precisa correr para retirar os brasileiros que estão na linha de fogo de Israel no Líbano.
Há ainda questões internas e regionais que precisam ir além do discurso. Como não se ouviu nenhuma palavra sobre a escandalosa manobra de Nicolás Maduro para se manter no poder em um simulacro de eleição, prossegue o constrangimento, para o Brasil, de ter como vizinho um regime que agride a democracia sem qualquer escrúpulo, instituindo um regime de exceção na América do Sul.
Por fim, o governo Lula precisa ter uma ação mais efetiva no problema ambiental, agravado pela onda de queimadas. Há muito a se fazer para o Brasil chegar à COP 30 em Belém com um repertório de medidas concretas que tratem de desmatamento, licenciamento ambiental, regularização de terras indígenas e outras urgências.
Mais um
O ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli anulou as decisões contrárias ao Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, investigada na Operação Lava-Jato. Toffoli entendeu que a conduta do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da força tarefa corroeu “as bases do processo penal democrático”. Com a decisão, Léo Pinheiro obteve o mesmo benefício concedido a Marcelo Odebrecht, personagem central do escândalo do petrolão.
Dilema empresarial
Homenageado durante o seminário Lide de governança corporativa, o chairman do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau, alertou para a distância entre a prática empresarial e a política. “A capacidade empresarial do brasileiro é indiscutível. Temos exemplos de grandes competências. Por que falhamos tanto no campo político?”, questionou em discurso. Elie Horn, sócio-fundador da Cyrela, também recebeu homenagem do grupo Lide.
Chega para lá
A Justiça paulista concedeu medida protetiva a Duda Lima, marqueteiro do candidato à prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes, contra Nahuel Medina. No início da semana, o assessor de Pablo Marçal deu um soco em Duda Lima. O juiz Mens de Mello determinou que o agressor e a vítima fiquem a uma distância de no mínimo dez metros. Há uma expectativa do que pode acontecer nos próximos debates entre os candidatos.
Conta salgada
Os efeitos econômicos da crise climática continuam. A conta de luz vai ficar mais cara. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a bandeira vermelha, patamar 2, a partir de outubro. Um dos motivos é falta de chuvas e o encarecimento da energia elétrica. Com o reajuste, serão cobrados R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Procuradores do G20
O Ministério Público Federal será o anfitrião do primeiro encontro entre os procuradores-gerais dos países membros do G20. A reunião terá, entre outros objetivos, estreitar a cooperação para o combate ao crime organizado. Estão na mira ilícitos transnacionais como tráfico de pessoas, crimes cibernéticos e ambientais. A Cúpula ocorrerá no Rio de Janeiro, de 20 a 22 de outubro.
Força-tarefa
Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, “tratase de uma iniciativa pioneira, que proporcionará um foro global de diálogo entre os chefes do Ministério Público dos países integrantes do grupo, fomentando o intercâmbio de conhecimento entre os órgãos de investigação e persecução penal sobre temas jurídicos estratégicos na atualidade.”
Terminal zero
Quarta-feira, 14h, Rodoviária do Plano Piloto. Localizado entre o Palácio do Planalto e o Palácio do Buriti, o terminal que ocupa lugar central na história de Brasília está em estado de lástima. Apenas uma escada rolante funcionava no local. Em vários pontos, ambulantes vendiam o que podiam – frutas, camisetas, bermudas, fones de ouvido e toda sorte de produtos – em tabuleiros improvisados ou em cima de panos esticados ao chão. Tão perto do poder, tão longe da cidadania, a Rodoviária está esquecida.
O incansável Eurípedes
Personagem histórico de Ceilândia, o ex-senador e ex-deputado distrital Eurípedes Camargo recebe homenagem hoje. Além de fundador da Associação dos Incansáveis Moradores de Ceilândia, grupo fundamental para a valorização dos direitos dos moradores da cidade, Camargo participou ainda da elaboração da Lei Orgânica do Distrito Federal. A homenagem será às 15h, na Escola Parque Anísio Teixeira (EPAT), em Ceilândia Sul.