Bolsonaro terá que arbitrar disputas internas entre Ramos e Ciro

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As manobras que o quase ex-ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, adotou nos últimos dias para tentar permanecer no cargo deixaram a ala do governo mais afinada com a política muito preocupada com o que vem por aí. Há um temor na base de que o general tente continuar interferindo na Casa Civil, da mesma forma que tentou interferir na Secretaria de Governo, depois que foi guindado ao segundo posto mais importante do Planalto. E, diante da insatisfação e parte dos bolsonaristas com a posse de Ciro, há um receio de que Ramos vire uma espécie de muro das lamentações dentro do Planalto e passe a tentar atuar contra o sucesso do novo ministro.

Ramos não queria sair da Casa Civil. Chegou inclusive a dizer que o presidente do PP, Ciro Nogueira, deveria ser nomeado para a Secretaria de Governo, onde está Flávia Arruda. Não deu. O presidente Jair Bolsonaro já havia dito que o senador iria para a Casa Civil e qualquer coisa abaixo disso faria o novo ministro perder o brilho e o poder da novidade. Ramos irá, sim, para a Secretaria Geral, mais afeitas às questões de administração do Planalto e programas específicos do governo do que a articulação de Ministérios. Passará a ocupar o outro lado do corredor, mais distante do gabinete presidencial.

Dentro do Planalto, Ramos manteve alguns de seus assessores ainda na Secretaria de Governo. Há quem esteja com receio de que tente fazer o mesmo na Casa Civil. A diferença é que Ciro Nogueira, embora paciente e cordato, não é Flávia Arruda, que segurou as pontas diante da manutenção de parte da equipe do general e demorou a conseguir o seu próprio pessoal. Ciro é um senador experiente, preside o partido que é a quarta bancada da Câmara. Essas credenciais deram a senha, para que, com muita tranquilidade, Ciro dissesse na conversa de hoje ao presidente Jair Bolsonaro que precisa ter respaldo para trabalhar, ou seja, ser uma espécie de porta-voz do presidente Bolsonaro nas conversas politicas.

Ciro já avisou que precisará montar a própria equipe dentro da Casa Civil. Quer resolver os problemas políticos do governo com a política. Nesse caso, resta ao pessoal de Luiz Eduardo Ramos começar a fazer a mudança para o outro lado do corredor. Se essa relação trincar, Bolsonaro terá que arbitrar as disputas entre Ramos e a ala política, hoje muito maior no coração do governo.

Reforma ministerial atiça aliados de Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

Desde que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a reforma ministerial, as salas do Palácio do Planalto viraram um mar de especulações. Quem mais tem sido objeto desse disse me disse é a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que “passeou” pela Esplanada como se estivesse certo seu deslocamento para outras pastas. Até aqui, de certo mesmo é o deslocamento do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que, avaliam os políticos, é simpático, mas não tinha o traquejo para o cargo. Na Secretaria de Governo, por enquanto, não há qualquer confirmação de mudança por parte dos auxiliares diretos de Bolsonaro.

Flávia, pelo visto, terá no senador Ciro Nogueira (PP-PI) um coordenador político para acelerar o “atendimento” das excelências, sempre incansáveis na busca de emendas e espaços no governo. E como a Casa Civil tem diversas atribuições, ele terminará dividindo esse trabalho com a ministra. E até prefere alguém mais “calma”, como Flávia, do que alguém que ficaria disputando espaço.

A pressão continua
Além da pasta do Trabalho e Emprego, há uma pressão nos bastidores para a volta do Ministério do Planejamento, que sempre cuidou do Orçamento e das políticas públicas. Só tem um probleminha: Bolsonaro, em princípio, não quer saber de tirar tanta coisa das mãos de Paulo Guedes, o seu “Posto Ipiranga” da área econômica.

Tamanho P

A greve dos caminhoneiros até aqui não provocou tantos estragos quanto previu a oposição.

Tamanho GG
O sonho do Progressistas é, na Casa Civil, conseguir fazer crescer a bancada do partido nas próximas eleições. Já tem gente, inclusive, sugerindo a Ciro Nogueira que não concorra ao governo do Piauí, no ano que vem, para manter o status quo em pleno ano eleitoral.

Nada passou, mas…
Ao cancelar os estudos sobre a Covaxin solicitados pela Precisa, empresa intermediária citada em um esquema de pedido de propina sob investigação, o governo acredita que será possível deixar claro que não houve malfeito na compra de vacinas. Só tem um probleminha: tentativa também é crime. E é por aí que a maratona da CPI da Covid volta na semana que vem.

Ele não/ A forma como Bolsonaro se referiu ao vice-presidente Hamilton Mourão, segunda-feira (26/7), como “aquele cunhado que você tem que aturar”, foi vista como um sinal de que não há hipótese de essa parceria ser mantida em 2022.

E o fundão, hein?/ Se ficar em R$ 4 bilhões, ninguém vai chiar.

Toque feminino/ A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) ganhou uma integrante em sua diretoria. Especializada em regulação de transportes aquaviários, Flávia Takahashi é a primeira mulher a ser indicada para a diretoria da autarquia.

Fadinha/ Diante das incertezas que o país atravessa, especialmente na educação, a medalha de Rayssa Leal, aos 13 anos, foi vista com um incentivo e um sinal de que nem tudo está perdido. A prática esportiva é o portal que temos nesses tempos estranhos.

Se Bolsonaro não mudar, reeleição fica difícil

Publicado em coluna Brasília-DF

Parafraseando o recado já desmentido pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, de que, sem voto impresso, não tem eleição em 2022, os aliados do presidente do PP, Ciro Nogueira, têm dito em conversas reservadas que a ida do presidente do Progressistas para a Casa Civil precisará vir acoplada a uma mudança de hábito do presidente da República. Ciro não vai ouvir os desaforos que Luiz Eduardo Ramos ouvia quando as coisas não iam bem, tampouco suportará ver o bolsonarismo raiz criticando o Centrão dia e noite. Se o presidente já disse que era do Centrão, é hora de os seus mais fiéis escudeiros respeitarem os aliados.

Os deputados do PP têm dito que não dá para os bolsonaristas sentarem-se à mesa, fecharem acordos e depois irem às redes sociais criticar o que foi feito, caso, por exemplo, do Fundo Eleitoral. Também não dá para colocar a culpa no Congresso pelas dificuldades que o governo enfrenta, seja em termos de gestão da pandemia, seja em votações no Parlamento. Ciro tem tempo para reorganizar essa base, porque, como tem mandato até 2027, não precisará deixar o cargo para concorrer a um novo mandato no ano que vem. Resta saber se Bolsonaro e a bancada do bolsonarismo raiz estão dispostos a parar de tentar desgastar os aliados do Centrão, ainda mais no ano eleitoral. Se a convivência nessa grande “família” ficar insustentável, quem vai perder é o presidente.

Sem recursos para mais nada

Os deputados têm uma justificativa para não aprovar o voto impresso. É que está em análise no Congresso Nacional um projeto em que o governo pede autorização para realizar operações de crédito a fim de suplementar gastos com pessoal e aposentadorias de servidores. São R$ 164 bilhões. O pedido é visto como um sinal de que a situação das contas públicas está para lá de difícil.

Veja bem

Da parte dos defensores do voto impresso, porém, essa justificativa é furada. Basta tirar dinheiro das emendas de deputados, senadores e também aquelas de relator, que consumiram R$ 17 bilhões este ano, que tudo se resolve. Inclusive, a compra de mais vacinas e pesquisas para combater a covid-19.

Amigo da onça I

A prisão nos EUA do bilionário Thomas Barrack Jr, um dos maiores acionistas da Digital Colony e um dos melhores amigos de Donald Trump, deixou ainda mais evidente que a sobrevivência da Oi depende dos negócios que realizou de venda de parte de sua área de fibra, para o BTG Pactual, e da totalidade de seus ativos móveis para Claro, TIM e Vivo.

Amigo da onça II

A Digital Colony fez ofertas para ambos os negócios, mas não levou nada. Comprou as torres da Oi por R$ 1 bilhão, negócio que ainda não foi quitado, e estaria formando consórcio com provedores regionais para disputar o leilão de 5G. Barrack Jr, 74 anos, foi acusado de violar a legislação de lobby, perjúrio e obstrução de justiça. Ele renunciou ao cargo de presidente do Conselho da Colony Capital, empresa que controla a Digital Colony.

Suíte principal

O PP une seu destino a Jair Bolsonaro porque está convencido de que, ali, terá todo o espaço. Num projeto alternativo a Lula e Bolsonaro, o partido teria, no máximo, um sofazinho na sala ou no corredor. Haja vista o tempo petista, quando Ciro era aliado, mas não era da copa e cozinha, como ocorre agora com Bolsonaro.

Curtidas

O candidato/ Tudo caminha para que o ministro da Cidadania, João Roma, concorra ao governo da Bahia. Ele é visto pelos mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro como aquele que terá a missão de carregar a bandeira do novo Bolsa Família no estado governado pelo PT de Rui Costa.

O ex-amigo/ Roma é do Republicanos. Foi para o partido porque o presidente do DEM, ACM Neto, teria, assim, mais uma legenda aliada. Romperam quando Roma assumiu o ministério no governo Bolsonaro.

Dois senadores, um governo/ Pelo menos dois senadores do Maranhão, Roberto Rocha (sem partido) e Weverton Rocha (PDT) vão concorrer ao governo do estado. Roberto tende a ir para onde for o presidente Jair Bolsonaro.

E o Crivella, hein?/ Lá se foi um mês e nem uma resposta sobre a agremènt da África do Sul para que Marcelo Crivella seja embaixador por lá. No Itamaraty, há quem diga que o embaixador Sérgio Danese vai permanecer onde está e muito bem, obrigado. No governo, só se ouve um “deixa quieto”.

Ciro Nogueira terá missão de minar a terceira via em 2022

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao mesmo tempo em que atuará para preservar os interesses do governo no Congresso, Ciro Nogueira terá a missão de tentar fechar todas as brechas que possam representar fôlego para uma terceira via em 2022. A tentativa de fusão dos partidos, que sofre um mar de resistências, é parte desse processo, a fim de evitar que uma parcela do DEM esteja engajada na busca de uma alternativa à polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.

A avaliação dos aliados do presidente da República é a de que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, caminhou muito mais do que eles calculavam. Montou candidaturas fortes em Minas Gerais, no Rio de Janeiro tem Eduardo Paes e está prestes a receber o ex-governador Geraldo Alckmin para concorrer ao estado de São Paulo.

Mudança de sala
Os corredores do quarto andar do Palácio do Planalto terão movimentação intensa nos próximos dias. É que os militares da reserva levados para a Casa Civil podem se preparar para deixar os cargos. Ciro Nogueira preencherá a maioria dos postos com assessores de sua confiança. A turma de Luiz Eduardo Ramos, porém, não ficará ao relento: será transferida para a Secretaria Geral da Presidência, na ala Oeste, onde bate o sol da tarde e não tem vista para o Lago Paranoá.

Gato escaldado…

Que ninguém se surpreenda se o governo vier a oferecer mundos e fundos ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Tudo será feito para tentar tirá-lo do páreo em 2022. Mas não vai colar.

… sabe o que vem pela frente
Depois da forma como Bolsonaro expôs o ex-juiz Sergio Moro, são poucos os que acreditam piamente nas promessas presidenciais.

O primeiro grande gol da CPI
Ao cancelar o contrato com a intermediária Precisa e negar a autenticidade dos documentos enviados ao governo, a Bharat Biotech abre as portas para tentar ver sua vacina aprovada no Brasil. E, de quebra, ainda dá lastro à CPI da Covid, que, embora de recesso, continua ativa nos bastidores. Em agosto, a tensão promete ser grande.

Fusão de partidos volta à cena

Publicado em coluna Brasília-DF

O sonho do PP, de se tornar tão grande quanto o antigo PFL já foi no passado, levou o partido de Ciro Nogueira a jogar sobre a mesa uma proposta de fusão com o DEM de ACM Neto e o PSL, de Luciano Bivar e Antonio Rueda. Há um ano, quando Bolsonaro deixou o PSL, houve conversas sobre fusão do PSL com o DEM, à época, ainda sob forte influência de Rodrigo Maia. Os ventos da política mudaram e nada foi feito. Agora, voltam à cena a partir do PP de Ciro Nogueira.

Só tem um probleminha: Nessa configuração, o DEM de ACM Neto não teria mais o protagonismo e nem o comando da legenda. O partido seria praticamente engolido pelo PP de Ciro Nogueira e do presidente da Câmara, Arthur Lira, que hoje dominam o palco da política. Por isso, no que depender do DEM, por exemplo, nenhum movimento nesse sentido será feito enquanto o jogo de 2022 não estiver com regras definidas e o cenário mais claro.

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Falta acertar em casa: Se quiser mesmo fundir os três partidos, Ciro Nogueira terá que intervir no PP da Bahia. Lá o Progressistas é aliado do governador Rui Costa, que tem como vice João Leão, do PP.

Mourão joga crise para escanteio..
A notícia de O Estado de S.Paulo, de que o ministro da Defesa Braga Netto havia mandado intermediários dizer ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que sem voto impresso não haverá eleição, só perdeu impacto depois da fala do vice-presidente da República, Hamilton Mourão.

… mas a Defesa, não
A frase do vice-presidente foi considerada muito mais incisiva do que a nota de Braga Netto, que espalhou brasa ao ingressar na seara política e defender o voto impresso. A nota deixou a sensação entre os políticos de que, pelo menos, parte dos militares apoiaria um golpe de Jair Bolsonaro.

Carreira solo
Jair Bolsonaro até aqui não pediu votos aos senadores em prol de André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal. A tarefa ficará a cargo de Ciro Nogueira.

CURTIDAS

Enquanto isso, entre no bolsonarismo raiz…/ Houve um desconforto muito grande por parte dos primeiros aliados de Bolsonaro o fato de o presidente dizer, com todas as letras, que é Centrão. Ninguém vai romper, mas o entusiasmo não é mais o mesmo.

Não culpem os meus/ Em suas lives, o presidente Jair Bolsonaro tem feito apelos para que os seus apoiadores não ponham a culpa da aprovação do Fundo Eleitoral nos deputados que o apoiam. “Meus filhos, Bia Kicis, Carla Zambelli, votaram para aprovar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e não o Fundo Eleitoral”, repete diariamente. E diz que a crítica é injusta.

Rosângela na lida/ Rosângela Moro, mulher do ex-ministro Sérgio Moro (foto), postou uma imagem no Instagram em que esconde o rosto da pessoa ao eu lado com tinta laranja. Por segurança. A postagem foi acompanhada das hashtags #forabolsonaro, #nemLulanembolsonaro e #3viajá.

Rosângela na lida II/ Rosângela Moro escreveu: “Meu pontinho laranja. Amo mais que tudo nessa vida e não posso mostrar porque ficamos cruéis, cegos, ofensivos e desprezíveis. Mas ela saberá que me importo. Triste Brasil! Escondeis quem amas”.

Ao defender voto impresso, Braga Netto mantém tensão com o Congresso

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A nota que o Ministério da Defesa soltou há pouco foi vista por muitos como mais um recado em prol do voto impresso do que propriamente um desmentido a respeito da reportagem publicada em O Estado de S.Paulo. É que, ao mesmo tempo em que desmente a notícia de que o ministro Braga Netto teria enviado um interlocutor para dizer a Arthur Lira que, se não houver voto impresso, não haverá eleições, a nota entra na seara politica, algo que não cabe aos ministros militares. “Acredito que todo o cidadão deseja a maior transparência e legitimidade no processo de escolha de seus representantes no Executivo, no Legislativo em todas as instâncias”, diz o texto e segue mencionando que a discussão sobre o voto eletrônico auditável é legítima, defendida pelo governo federal, e está sendo analisada pelo Parlamento brasileiro, a quem compete decidir sobre o tema”.

Em se tratando das Forças Armadas, esse trecho da nota permite a interpretação de que as Forças Armadas estão fechadas com o voto impresso e com as falas do presidente da República a respeito, manifestando, assim, uma opinião politica. E, se fosse para agir no limite da Constituição, não caberia aos militares entrarem em discussões políticas. No Congresso, muita gente pensa que Bolsonaro está levantando a tese do voto impresso como forma de tumultuar a fim de gerar um clima de desconfiança e dar um golpe e não como forma de garantir eleições limpas e livres. Ele já disse diversas vezes que, se não houver voto impresso, não teremos eleições. Resta saber se o militares apoiam essa parte do discurso presidencial ou não. E isso nesta nota divulgada há pouco não ficou claro.

Vale lembrar: Quem já fez os cálculos sabe que dificilmente daria tempo de implantar impressoras em todas as urnas. Essas impressoras têm que ser especiais e tudo testado para ser à prova de fraudes. O voto em cédula sempre foi objeto de fraudes no Brasil. E sempre haverá um candidato insatisfeito pedindo recontagem e, de repente, preparado para tentar fraudar um resultado via essas cédulas impressas. OU seja, pode gerar, sim, mais confusão e instabilidade do que segurança de fato. Tal e qual a nota divulgada há pouco pelo Ministério da Defesa.

Bolsonaro vai para o PP criar um novo PFL

Publicado em coluna Brasília-DF

Em conversas reservadas, aliados do presidente Jair Bolsonaro afirmam que ele está entre se filiar ao PP, ao PL ou ao PTB para concorrer à reeleição. Porém, a ida do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), para a Casa Civil reforça a perspectiva de o presidente se filiar ao Progressistas, como o leitor do Blog da Denise já sabe. Desta vez, o presidente precisará de um partido grande e com estrutura que possa pagar as despesas de uso do avião presidencial e diárias de seguranças nos deslocamentos de campanha pelo Brasil afora. A ideia é transformar o PP no novo PFL, partido que deu lastro à aliança democrática que elegeu Tancredo Neves no colégio eleitoral de 1985 e, mais tarde, se tornou parceiro de Fernando Collor no governo — e, ainda depois, dos tucanos no governo de Fernando Henrique Cardoso.

O PP é a terceira maior bancada da Câmara, hoje, atrás do PSL e do PT. Com a própria filiação, e Ciro Nogueira como o grande articulador político do governo, o presidente espera evitar que o partido termine se juntando a uma terceira via em 2022 — além de segurar Arthur Lira (AL) em suas fileiras, como candidato a mais dois anos de mandato à frente da Câmara, em caso de reeleição de Bolsonaro. É a política em movimento para resolver os problemas políticos do governo.

Jogada de risco, com novos lances

De todos os presidentes que passaram por desgastes políticos imensos na história recente do país, apenas Fernando Collor cedeu a Casa Civil, mais precisamente ao PFL, com Jorge Bornhausen. Deu no que deu. Por isso, a ideia de Bolsonaro é voltar ao PP. É a forma de acoplar o partido de vez ao governo.

O quarto líder

Formado ainda no governo Dilma pelo então líder do MDB, Eduardo Cunha — que, depois, viria a ser presidente da Câmara —, o poder no Centrão já teve dois outros grandes comandantes depois dele: Rodrigo Maia e Arthur Lira. Agora, com Ciro Nogueira na Casa Civil, há quem diga que Bolsonaro tem tudo para ocupar esse posto informal.

Deu ruim

Na última reforma ministerial, o então ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, foi cuidar da Defesa, sua área. Luiz Eduardo Ramos saiu da Secretaria de Governo para dar lugar à deputada Flávia Arruda (DF), do PL. E, agora, deixa a Casa Civil para ceder a vaga a Ciro Nogueira. Sinal de que o generalato fracassou na coordenação política. E cabe aos políticos resolver os problemas da área. Aos poucos, cada um vai ocupando o seu quadrado.

Estreitou

Depois de Gilberto Kassab dizer, ontem, ao CB.Poder que tem em Rodrigo Pacheco (DEM-MG) a esperada candidatura à Presidência da República, o espaço para lançar um outro nome vai ficando mais apertado. A tendência é que outros partidos de centro terminem se aglutinando nesse projeto, caso o presidente do Senado empolgue a população disposta a fugir da polarização entre Bolsonaro e Lula.

“Eu tenho medo do Supremo”/ No programa Frente a Frente, da Rede Vida, que foi ao ar ontem à noite, a presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, Carla Zambelli (PSL-SP), disse com todas as letras que “tem medo do Supremo Tribunal Federal” e que mudou seu comportamento depois da prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ).

Por falar em prisão… / Carla disse, ainda, que tem “medo de ser presa”, não porque considera que tenha feito algo errado, mas “porque, no caso Daniel (Silveira), ele extrapolou, mas não era motivo para prisão”. Diante desse temor em relação ao STF, a deputada diz que, agora, pensa melhor antes de falar e, ao gravar vídeos, espera sempre um tempo para refletir antes de postar.

Um falso Bebianno na área/ Jornalistas e pessoas próximas que ainda mantêm em seus smartphones o contato do ex-ministro Gustavo Bebianno  tomaram um susto, ontem, quando, de repente, Bebianno “entrou no Telegram”. A conta tinha, inclusive, a foto do ex-ministro. Bebianno morreu em 14 de março do ano passado, vítima de infarto fulminante.

Eu, hein!/ O repórter Renato Souza, do Correio Braziliense, perguntou ao usuário da conta se era alguém da família. A resposta foi: “Eu sou o Bebianno”. Ele ainda tentou entrar em contato com parentes do ex-ministro, mas não obteve resposta.

Um falso Bebianno na área

Publicado em Política

Denise Rothenburg e Renato Souza

Jornalistas e pessoas que ainda mantêm o contato do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República Gustavo Bebianno, que morreu no ano passado, tomaram um susto nesta quarta-feira, quando, de repente, Bebianno “entrou no telegram”. A conta mantinha inclusive a foto do ex-ministro. A mesma pessoa estava online no WhatsApp por volta das 18h. O repórter do Correio Renato Souza tentou entrar em contato, perguntou se se tratava de algum familiar do ex-ministro. A resposta foi “eu sou o Bebianno”.

Bebianno foi vítima de um infarto fulminante em 14 de março do ano passado, quando estava em em seu sítio em Teresópolis. Ele rompeu com o presidente Jair Bolsonaro logo no primeiro ano de governo e saiu atirando contra o presidente e os filhos, especialmente, Carlos, o 02, com quem entrou em rota de colisão por causa da comunicação governamental. Quando faleceu, era pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PSDB e planejava se engajar num projeto presidencial de João Dória. Em entrevistas, dizia com todas as letras que não via Bolsonaro terminando o mandato. Dizia que ou o presidente renunciaria, sofreria um processo de impeachment, ou tentaria uma ruptura institucional.

O número de telefone e contas em redes sociais voltarem à ativa um ano e quatro meses depois da morte de Bebianno foi visto como uma brincadeira de mau gosto por muitos amigos do ex-ministro. Renato Souza tentou entrar em contato com familiares do ex-ministro e não obteve resposta.

Ciro Nogueira na Casa Civil prepara ida de Bolsonaro para o PP

Publicado em Governo Bolsonaro

Ao colocar o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, na Casa Civil, decisão já confirmada por aliados do presidente, Jair Bolsonaro começa a guardar uma certa distância da caserna e se alinha com a máxima de que “só a política resolve a política”. Ciro é experiente, acompanhou de perto todos os governos petistas e também o do presidente Fernando Henrique Cardoso. É visto como alguém “tarimbado” para tentar não só ajustar os ponteiros entre os partidos, mas também com os senadores, uma vez que tem trânsito em todas as legendas. Outra mudanças virão, dando ao Planalto um perfil mais afinado com os partidos. Não está descartada uma posição de destaque para Davi Alcolumbre e ajuste na liderança do governo na Câmara, por exemplo. Bolsonaro, aliás, pode aproveitar essa troca de comando na Casa Civil para afastar Ricardo Barros sem que diga publicamente que foi por causa do desgaste causado pela CPI.

O fato de Ciro Nogueira ter ficado calado nos últimos tempos dentro da CPI da Pandemia foi justamente o período em que trabalhava nos bastidores essas mudanças, junto com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro de Comunicações, Fábio Faria, outro que tem articulado bastante no sentido de organizar a base para conseguir acertar os ponteiros e evitar que os dissabores prosperem.

Em conversas reservadas, políticos dizem que Bolsonaro adota agora o mesmo que Fernando Henrique Cardoso e Lula fizeram no passado: Reforçar laços com os partidos para resolver problemas políticos. A diferença, porém, é que nenhum deles entregou a Casa Civil, coração do governo, como Jair Bolsonaro faz agora. Lula, quando os escândalos começaram a crescer, fez uma reforma ministerial ampliando o espaço do MDB no primeiro escalão. Entregou, por exemplo, o ministério de Minas e Energia; o PL, do então senador Alfredo Nascimento, tinha o Ministério dos Transportes. A aproximação com o MDB foi crucial para ajudar a evitar problemas diante das denúncias do mensalão.

Bolsonaro sabe que sua base aliada enfrenta problemas, haja visto o confronto público com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, nos últimos dias. Ramo, embora independente, é aliado de Arthur Lira e políticos próximos a Bolsonaro tomaram um susto ao ver essa briga. Desnecessária. No Senado, o governo também não tem uma maioria firme, o que tem comprometido o governo e ainda dado espaço para que os partidos trabalhem o nome do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), como pré-candidato ao Planalto.

A ideia agora é consertar os erros dos últimos dias, onde pareceu mais um recesso para se armar até os dentes do que para pacificar as duas Casas. Resta saber se dará tempo. Fernando Collor, em 1992 entregou boa parte do governo, inclusive a Casa Civil, ao PFL, na esperança de permanecer no governo e evitar um processo de impeachment. Não conseguiu. Bolsonaro ainda tem tempo e mais apoios do que Collor mantinha naquele período. A esperança dos aliados do presidente é a de que a história não se repita.

Ah, e sobre o partido do presidente: Ele está entre o PP e o PL. A ida de Ciro Nogueira coloca o PP como destino preferencial. É a volta para “casa”, conforme definem os aliados de Bolsonaro.

Orçamento: Parlamentares lutarão por emendas de relator

Publicado em coluna Brasília-DF

Enquanto o país se indigna com os R$ 5,7 bilhões destinados ao Fundo Eleitoral de 2022, que será vetado, os parlamentares pedem encarecidamente ao presidente Jair Bolsonaro que, para compensar, deixe “passar a boiada” das emendas de relator, as chamadas RP9, que não têm o mesmo controle das emendas individuais a que cada deputado ou senador tem direito. As RP9, cujos valores serão definidos quando da análise do Orçamento de 2022, permitirão o envio de recursos diretos para obras nas bases eleitorais dos amigos do rei. Foram mantidas na LDO graças a um acordo entre os partidos. Os ministros torcem pelo veto a esses pedidos, que consomem os parcos recursos disponíveis para investimentos, em especial obras em andamento.

No ano eleitoral, a distribuição caberá ao relator, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), em comum acordo com a cúpula da Câmara dos Deputados e a base do Senado. As maiores bancadas aliadas ao governo terão acesso a uma parcela maior dos recursos. Este ano, o relator Márcio Bittar (MDB-AC) distribuiu R$ 16,5 bilhões, depois de uma queda de braço que resultou no cancelamento de R$ 10 bilhões. Agora, com a eleição em cena, o céu é o limite.

Falta combinar com o caixa

Ao mesmo tempo em que o governo acena com aumento do Bolsa Família e os parlamentares aliados fazem planos com a liberação das emendas de relator, o Poder Executivo pediu autorização ao Congresso para emitir títulos a fim de gerar recursos para pagamento de pessoal. Sinal de que o caixa não suporta muita invenção.

Dito e feito — só que não
Conforme o leitor da coluna sabe, Bolsonaro dedicará esse período de recesso à alavancagem da PEC do voto impresso. O presidente, porém, não tem o ativo mais importante para fazer valer a proposta: tempo para implantá-la.

O relógio marca…
Até ser votada na Câmara, o país estará no final de setembro. O Senado terá, então, um mês para aprovar tudo um ano antes da eleição. Ainda que seja aprovada, será preciso um crédito suplementar a fim de garantir a compra dos equipamentos. Mais uma etapa que tomará tempo dos legisladores.

… e o tempo voa
Até promover uma licitação para compra de, pelo menos, 560 mil impressoras especiais e, de quebra, a troca das urnas atuais por aparelhos que aceitem a impressão do voto, os cálculos de experientes gestores indicam que a campanha já estará no ar. Ninguém acredita que dê tempo. Só se for aprovado agora, para instalação em 2024.

Ao advogado, as gravatas/ O ministro Marco Aurélio Mello ainda estava em plena atividade no Supremo Tribunal Federal, no último dia 5, quando chegou ao seu gabinete um pedido inusitado. Um advogado de Uberlândia (MG) enviou uma carta em que pede para ser “presenteado” com uma das gravatas usadas pelo ministro no plenário do STF. “A indumentária será carinhosamente usada por este operador do direito no exercício da nobre missão de advogado”.

Tal e qual um craque/ O ministro se consolida, assim, como um dos craques do direito que deixa o Supremo. Afinal, já se viu pedido de camisa de jogador de futebol, de vôlei, de basquete da NBA, inclusive leiloadas por alguns milhares de dólares. Agora, a gravata de ministro do STF, pelo que se sabe, é a primeira vez. E o advogado, pelo visto, segue a máxima do futebol: quem se desloca recebe; quem pede tem preferência.

Por falar em Supremo…/ As apostas dos senadores são as de que o procurador-geral da República, Augusto Aras, não terá problemas de recondução. Quanto a André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal, alguns senadores dizem apenas: “Oremos”.

Dois sujeitos, um objetivo/ O descrédito e críticas de Lula e de Bolsonaro à terceira via indicam que o projeto tem chances de dar certo. Como disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em seu Twitter: “Ninguém bate em cachorro morto”.

CB.Poder/ O programa, às 13h20, ao vivo na TV Brasília e nas redes sociais do Correio Braziliense, recebe, hoje, o presidente do PSD, Gilberto Kassab.