Até aqui, não há sinal de paz entre os Poderes

Publicado em Política

Os estrategistas políticos dos partidos aliados ao governo, que não são necessariamente os estrategistas policias do presidente da República, planejaram começar esta semana com um clima mais ameno entre os Poderes. Ms não e isso que se vê diante da retomada dos trabalhos do Congresso e do Judiciário. O recado do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, em defesa da democracia e do diálogo, e com um alerta, foi claro: “Harmonia e independência entre os Poderes não implicam em impunidade de atos”. Ou seja, se há algo errado nos demais Poderes, seja no Executivo, seja no Legislativo, cabe ao Judiciário julgar.

O discurso de Fux não fará com que o presidente Jair Bolsonaro recue nas suas posições. O presidente da República continuará na sua toada, de levantar suspeitas sobre a lisura do processo eleitoral, de forcar o voto impresso. Se não der para fazer valer a sua vontade __ e tudo indica que o voto impresso não será aprovado __, o presidente terá o discurso de que a classe politica não quis eleições limpas. Se insistir nisso, de levantar suspeitas sobre o processo eleitoral, a tendência, conforme os estrategistas de partidos aliados, é o centrão se afastar e lavar as mãos. E nem toda a habilidade de Ciro Nogueira será capaz de manter o seu grupo próprio a Bolsonaro.

A partir da derrota do voto impresso, esse tema tenderá cair no esquecimento e os verdadeiros temas de 2022 vã estar em cena, emprego, gestão da pandemia, vacinas, desenvolvimento econômico e social. Não por acaso, o novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, começa a semana com uma reunião com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, para tratar do novo valor do Bolsa Família. Ciro já está na próxima fase do jogo eleitoral, enquanto Bolsonaro terá que encontrar um jeito de sair desse discurso do voto impresso e entrar na pauta que interessa à maioria do eleitorado. cCmo bem lembrou Fux em seu discurso, “o povo não quer polarizações. Quer vacina, emprego e comida na mesa”.

“O general foi uma decepção. Ciro vai funcionar, mas a que preço eu não sei”, diz Fraga

Publicado em Governo Bolsonaro

Aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, o ex-deputado Alberto Fraga acompanha à distância as mudanças no primeiro escalão do governo do ex-amigo, com quem não fala há mais de 90 dias. Acredita que o maior erro do presidente Jair Bolsonaro até o momento foi se cercar de pessoas que não conhecem a política. Acredita também que ainda há tempo para consertar, porém, é incerto. “O maior erro de Bolsonaro foi se cercar de pessoas que não conhecem a política. O general Ramos é uma grande decepção. Há coisas que não se conserta em oito meses”, diz ele, numa conversa com o blog neste sábado.

Fraga considera que os militares são leais, têm eficiência e disciplina, “mas não são políticos”. “Eles não se prepararam para isso. No meu primeiro mandato, eu era mais coronel do que politico. E na politica, não dá para agir como militar. Tem que agir como politico. Ramos (enquanto ministro da Casa Civil) chegava querendo continência, dizia para os deputados que, se não votar assim, assado, vou cortar a sua emenda. Não poderia dar certo”, diz.

O ex-deputado voltou a circular em jantares em Brasília, depois da reclusão a que se submeteu desde a morte da esposa, Mirta, vítima da Covid 19 aos 56 anos. As conversas de que participa giram em torno da perspectiva da terceira via para enfrentar Lula, em quem não vota de jeito nenhum, e Bolsonaro, com quem não conversa há mais de três meses. “Há espaço para a terceira via, quero a volta do PT. Trabalhei muito pelo impeachment (de Dilma Rousseff), para derrotar o PT. Entregar agora para o PT é de lascar. Vai ser osso”, comenta.

Alberto Fraga tem ouvido muita gente que votou em Bolsonaro dizer que não vota mais. Ele mesmo ainda não se decidiu. Bolsonaro está derretendo nas pesquisas e há uma margem entre 40% e 60% para um novo candidato.”Não me arrependi de ter votado em Bolsonaro. O que me deixa triste e ver os rumos que o governo está tomando e o que me preocupa é ver o governo voltar para as mão do PT”, diz ele. O ex-deputado considera que o presidente não conseguiu desaparelhar a máquina estatal e diz que seria preciso identificar militantes de esquerda na estrutura dos ministérios em cargos de confiança para substituir por pessoas, no mínimo, “neutras” e técnicas: “Não houve esse trabalho”, diz. Quando perguntado se as mudanças na saúde, onde os militares tomaram conta, não seriam exemplos dessa mudança, Fraga responde que “não quer dizer que militares tenham que estar em todos os postos e que não haja corrupção. Estão aí as denúncias sobre militares na Saúde. Esse caso, aliás, é uma decepção”.

Da mesma forma que agora há uma gestão mais profissional, com Marcelo Queiroga na Saúde, Fraga acredita que, na Casa Civil, a gestão de Ciro Nogueira trará mudança na seara política. “Vai funcionar, Ciro é habilidoso, não tenho dúvidas. Agora, a que preço, eu não sei”, diz ele, referindo-se à necessidade de atendimento aos parlamentares. “Bolsonaro insistiu muito tempo com um general que achava que dando dinheiro para as emendas, ganharia votações. Agora, o tempo é curto. Se tivesse mudado no início do ano, teria mais tempo. Agora, quem for candidato só poderá ficar até abril e tem coisas que não se consegue mudar mais, a rejeição está alta. Vamos ver. Não sou dono da verdade”.

E o voto impresso? “Não consigo entender por que a maioria é contra. Não sei se é a forma como Bolsonaro se expressa. É preciso que se crie um sistema de recontagem assegurada. Se digital ou impresso, eu não sei. Não é ser contra a urna, é ser a favor do direito de auditagem e recontagem”. Pelo visto, esse tema e a ojeriza ao PT ainda unem Fraga e Bolsonaro. E só.

Novo programa social será estruturado sem orçamento definido

Publicado em coluna Brasília-DF

Embora o valor do novo Bolsa Família esteja cotado na faixa dos R$ 300, a estruturação do pacote de medidas sociais seguirá para o Palácio do Planalto sem a definição dos montantes necessários para pagar a conta. Essa parte, a cargo do Ministério da Economia, ainda não foi definida e caberá ao ministro Paulo Guedes. Isso significa que, ou ele vai definir cortes, ou tentar acoplar à aprovação de novos impostos para fazer frente aos R$ 18 bilhões de acréscimo ao Bolsa Família.

Em tempo: os deputados já avisaram que, se vier com aumento de impostos, pode esquecer. Eles aprovam o novo valor, mas não vão aumentar a carga tributária. Em outras palavras, o governo que se entenda para fechar a conta.

Deu ruim…

A live em que o presidente Jair Bolsonaro prometeu apresentar provas de fraude da urna eletrônica foi lida como um fiasco até por integrantes da base aliada. Ao dizer “não tenho provas”, o chefe do Executivo não mudou opiniões de congressistas em favor do voto impresso. As apostas são de rejeição do texto.

… e pode piorar

O tom de Bolsonaro, aliás, conforme avaliação de aliados, indica que o número de votos contra o voto impresso deve crescer, depois de prometer e não apresentar as tais provas cabais de fraude na urna. Foi um constrangimento desnecessário em se tratando de um presidente da República.

Melhor dos mundos

Ao dizer que será candidato a governador, o novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, deixa a porta de saída aberta para o caso de não conseguir se equilibrar entre o bolsonarismo-raiz e os militares dentro do governo. E ainda sai com a desculpa de defender o governo.

Jogada de risco

Nas conversas reservadas dos deputados, Ciro Nogueira vem sendo tratado como a “última cartada” de Bolsonaro. Se não der certo, vai degringolar de vez a relação do presidente com o Congresso.

Curtidas

Na lida social/ Paula Mourão, esposa do vice-presidente Hamilton Mourão, foi madrinha do II leilão beneficente do projeto de cooperação social entre Gabão e Brasil, ao lado da embaixatriz do Gabão, Julie Pascale Moudoute-Bell. A ação já arrecadou 100 cadeiras para banho e, agora, busca conseguir 400 cadeiras de rodas para aquele país. Ela tem participado de vários eventos desse tipo.

Veja bem/ Paula, porém, é seletiva nesses convites. Só vai aonde sente que pode ajudar de fato. “Só para tirar fotos, melhor nem comparecer”, diz, interessada em ajudar a fazer a diferença para atender os mais necessitados.

Livro/ Enquanto espera o aval do Senado para ocupar uma vaga no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o advogado Mário Goulart Maia lança seu sétimo livro. Hermenêutica Judicial, uma análise sobre interpretações das leis com base numa visão humanista e no direito natural.

Live/ Hoje, 10h30, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e o deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, debatem Sistemas de Governo — Crises e desafios. A apresentação está a cargo do professor da USP e advogado Pierpaolo Bottini.

Ciro faz périplo pelos ministérios

Publicado em Política

Conhecedor do signo da politica, o novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, começa a trabalhar fazendo um périplo pelos Ministérios, a fim de ter um panorama de tudo o que está sendo discutido em cada pasta e, assim, montar uma estratégia para o futuro. Como o “lado de fora”, ou seja, o Congresso, ele já conhece e tem o mapeamento dos partidos, ele quer aproveitar esse dias cuidar da “parte interna”, o que está em curso no governo, uma vez que a Casa Civil é responsável pela coordenação de todos os ministérios.

Começou pelos “da Casa”, como são chamados os ministros que despacham no Palácio do Planalto. A primeira, aliás, foi Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, de forma a dissipar as intrigas palacianas. Flávia teve problemas com o antecessor de Ciro, o general Luiz Eduardo Ramos, que tentou manter praticamente todos os assessores que havia colocado para a Segov. A relação entra a ministra e o general nunca foi das melhores. Agora, com Ciro Nogueira, a expectativa é a de uma convivência muito melhor, uma vez que Ciro já chegou defendendo essa parceria com a Segov. O diálogo, segundo parlamentares ligados a Ciro, fluiu muito bem.

A Segov é um cargo é visto como um cago “complicado”, porque, ali, os parlamentares vão carregados de pedidos que, invariavelmente, dependem de outras pastas para serem atendidos. E, sem a Casa Civil, que coordena os Ministérios, nessa tarefa de cobrança, fica difícil. Agora, Ciro já recebeu sinal verde de Bolsonaro para melhorar esse diálogo do governo com o Congresso. Portanto, para Flávia Arruda, Ciro surge como alguém capaz de facilitar o seu trabalho e ainda desafogar a agenda, uma vez que ele deve canalizar parte das conversas com os parlamentares.

Outro que Ciro também procurou para uma demorada conversa foi o ministro da Cidadania, João Roma, que, a cada dia, ganha mais destaque na seara politica do governo, uma vez que é responsável pelo novo Bolsa Família, o programa social em que o presidente Jair Bolsonaro aposta suas fichas a fim de recuperar popularidade e votos. Hoje, ele deve conversar com outros ministros, inclusive, Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura.

Ciro tem apenas oito meses para mostrar serviço e organizar a “Casa”. É o prazo para deixar o cargo, caso seja candidato a governador do Piauí, algo que não é uma obsessão. Afinal, ele já tem mais quatro anos de Senado garantidos, uma vez que seu mandato vai até 31 de janeiro de 2027.

Foto comemorativa do Dia do Agricultor gera conflitos entre Planalto e Congresso

Publicado em coluna Brasília-DF

A foto divulgada, ontem, pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República como parte das comemorações do Dia do Agricultor, promete trazer dores de cabeça ao presidente Jair Bolsonaro. Parte dos congressistas planeja, inclusive, recorrer à Procuradoria-Geral da República (PGR), acusando o governo de instigar conflitos agrários, ao usar uma imagem de uma arma com mira telescópica. O estrago está feito, ainda que o governo tenha retirado a imagem do ar.

A PGR, consultada por alguns, respondeu que “não antecipa posicionamentos ou manifestações”. Se acionada, terá que se posicionar a respeito e juristas que analisaram consideram que um processo é viável, até para evitar que as incitações aos conflitos prevaleçam.

Foi proposital
A bancada do agronegócio foi a primeira a pedir que o governo explicasse por que homenagear o Dia do Agricultor com a imagem de um caçador com um rifle com mira telescópica. Recebeu como resposta extraoficial uma mensagem de que “fazia parte de um contexto”.

Veja bem
Os deputados e senadores consideraram a imagem um “erro crasso” e pediram que o governo retirasse do ar, porque isso só reforçaria o lado negativo do campo, e não a produção. A avaliação do setor é a de que a agricultura precisa se aproximar da sociedade como um todo, e acabar com os conflitos. Por isso, a imagem foi retirada. Porém, o estrago já estava feito.

Outro nível
A imagem que a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) divulgou para marcar o 28 de julho mostra agricultores trabalhando com crianças, outros usando máscaras de proteção, mulheres sorrindo e a inscrição “produtores de alimentos”. Melhor assim.

Micou

Sabe aquela história de fusão de partidos discutida entre PSL, DEM e PP? Pois é, já era. O DEM não quer abrir mão da liberdade de administrar seu partido. Já o PSL, detentor de um fundo partidário de fazer inveja a muitos, também não dividirá os valores com os “sócios”. Logo, fica tudo como está.

O que vem por aí
Depois da baixa adesão à greve dos caminhoneiros pelo país, circulou pelo WhatsApp uma convocação do ex-deputado Sérgio Reis para mobilização em Brasília, num acampamento de três dias, às vésperas do Sete de Setembro: “Queremos dar um jeito de mobilizar este país e salvar o nosso povo. Estaremos lá, num movimento, artistas e grandes empresários do Brasil que não aceitam mais a situação do nosso país. O convite está feito”.

A linguagem de Ramos/ O presidente Jair Bolsonaro não estava brincando quando disse que o então ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, desconhecia o linguajar dos políticos. Circula pelo Congresso a história de que o ministro, sempre muito brincalhão e bem-humorado, atendeu assim a ligação de um integrante da cúpula do Parlamento: “Para emendas, disque um; para cargos, disque dois; para outros pedidos, disque três. Fala, meu amigo!” A excelência, em vez de levar na brincadeira, ficou possessa.

De judeu para judeu/ Ex-ministro da Justiça, Milton Seligman foi ao Twitter mandar a seguinte mensagem ao ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten. “Presta atenção @fabiowoficial e explica para sua gente que neta de nazista que milita em partido neonazista é tão nazista quanto os que o recebem com pompa e circunstância”.

Não está sozinho/ Seligman não fala apenas por si. A avenida Faria Lima, que hoje concentra grandes fortunas, pensa da mesma forma.

Easy rider/ O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem mais em comum com Jair Bolsonaro do que o “somos Centrão”. Ciro é dono de uma concessionária da Honda no Piauí.

Centrão ameaça discutir semipresidencialismo se Ciro Nogueira não for bem tratado na Casa Civil

Publicado em coluna Brasília-DF

O ânimo do Centrão em se debruçar sobre o semipresidencialismo vai depender da forma como o novo ministro Ciro Nogueira será recebido pelo primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro, incluídos aí os filhos com assento na política — 01, 02 e 03. Se o bolsonarismo-raiz sabotar o trabalho do senador na Casa Civil, as discussões em torno do semipresidencialismo prometem ganhar mais velocidade.

Primeira missão

Caberá a Ciro definir com Bolsonaro o valor do Fundo Eleitoral de 2022. A aposta dos aliados do senador é a de que o governo caminhe para estipular um recurso agora, de forma a sinalizar o que cabe no Orçamento para custear as campanhas. Mas o que valerá mesmo é o que estiver escrito na Lei Orçamentária do ano que vem.

O “couro” de Ciro

O desconforto dos militares, que acabam de perder agora a Casa Civil depois de perder, há alguns meses, a Secretaria de Governo, é algo que, pelo menos no momento, não preocupa o Centrão. A avaliação é a de que Ciro “tem couro grosso”, não “cozinha na primeira fervura” e nem “cai com o barulho da bala”. Sendo assim, podem tentar fritá-lo à vontade. Se o presidente empoderar seu novo ministro, está tudo certo.

Último suspiro

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do voto impresso está por um fio na Comissão Especial e caminha para ser rejeitada. Se a manifestação do próximo domingo não obtiver um público para lá de específico, esquece. A tendência na Câmara dos Deputados é derrubar a proposta.

Mexeu com fogo

A razão agora para derrotar o projeto está na ameaça que teria sido feita ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por emissários do ministro da Defesa, Walter Braga Netto — de que, sem voto impresso, não haveria eleição. Mesmo que ele tenha negado tudo, será um argumento para a Câmara mostrar que, diante das dúvidas se houve ou não, é preciso deixar claro que a Casa não se rende a ameaças.

Por falar em Braga Netto…

Ciro vai até tentar ver se consegue evitar a convocação do ministro para explicar as tais ameaças. Quer que isso seja um gesto de confiança no governo, em especial na nova gestão da Casa Civil.

Curtidas

Sem freios/ Grandes usuários de carros alugados, os motoristas de aplicativos estão sentindo no bolso os efeitos da fusão da Localiza, do ex-secretário especial de Privatizações Salim Mattar, e da Unidas, celebrada em setembro passado. Os preços de locação de carros dispararam. Na média, subiram 23% de fevereiro a julho deste ano nas principais capitais do país.

… e embalados/ Em alguns aeroportos, como Congonhas (SP), o aumento foi de 51%. No estado de São Paulo, um quarto dos motoristas de aplicativos usam carros alugados, segundo a associação que reúne a categoria (Amasp).

Sob análise/ A fusão entre Localiza e Unidas deve ser avaliada em breve pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o consultor e economista Juan Perez Ferrés, responsável pelo levantamento, a principal causa para o aumento é a redução de frota feita pelas duas empresas. Juntas, elas têm mais de 70% do mercado, uma concentração que impacta diretamente a competitividade no setor.

Joice Hasselmann/ A deputada é a entrevistada do CB.Poder de hoje, 13h20, na TV Brasília e redes sociais do Correio Braziliense.

Bolsonaro terá que arbitrar disputas internas entre Ramos e Ciro

Publicado em Política

As manobras que o quase ex-ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, adotou nos últimos dias para tentar permanecer no cargo deixaram a ala do governo mais afinada com a política muito preocupada com o que vem por aí. Há um temor na base de que o general tente continuar interferindo na Casa Civil, da mesma forma que tentou interferir na Secretaria de Governo, depois que foi guindado ao segundo posto mais importante do Planalto. E, diante da insatisfação e parte dos bolsonaristas com a posse de Ciro, há um receio de que Ramos vire uma espécie de muro das lamentações dentro do Planalto e passe a tentar atuar contra o sucesso do novo ministro.

Ramos não queria sair da Casa Civil. Chegou inclusive a dizer que o presidente do PP, Ciro Nogueira, deveria ser nomeado para a Secretaria de Governo, onde está Flávia Arruda. Não deu. O presidente Jair Bolsonaro já havia dito que o senador iria para a Casa Civil e qualquer coisa abaixo disso faria o novo ministro perder o brilho e o poder da novidade. Ramos irá, sim, para a Secretaria Geral, mais afeitas às questões de administração do Planalto e programas específicos do governo do que a articulação de Ministérios. Passará a ocupar o outro lado do corredor, mais distante do gabinete presidencial.

Dentro do Planalto, Ramos manteve alguns de seus assessores ainda na Secretaria de Governo. Há quem esteja com receio de que tente fazer o mesmo na Casa Civil. A diferença é que Ciro Nogueira, embora paciente e cordato, não é Flávia Arruda, que segurou as pontas diante da manutenção de parte da equipe do general e demorou a conseguir o seu próprio pessoal. Ciro é um senador experiente, preside o partido que é a quarta bancada da Câmara. Essas credenciais deram a senha, para que, com muita tranquilidade, Ciro dissesse na conversa de hoje ao presidente Jair Bolsonaro que precisa ter respaldo para trabalhar, ou seja, ser uma espécie de porta-voz do presidente Bolsonaro nas conversas politicas.

Ciro já avisou que precisará montar a própria equipe dentro da Casa Civil. Quer resolver os problemas políticos do governo com a política. Nesse caso, resta ao pessoal de Luiz Eduardo Ramos começar a fazer a mudança para o outro lado do corredor. Se essa relação trincar, Bolsonaro terá que arbitrar as disputas entre Ramos e a ala política, hoje muito maior no coração do governo.

Reforma ministerial atiça aliados de Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

Desde que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a reforma ministerial, as salas do Palácio do Planalto viraram um mar de especulações. Quem mais tem sido objeto desse disse me disse é a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que “passeou” pela Esplanada como se estivesse certo seu deslocamento para outras pastas. Até aqui, de certo mesmo é o deslocamento do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que, avaliam os políticos, é simpático, mas não tinha o traquejo para o cargo. Na Secretaria de Governo, por enquanto, não há qualquer confirmação de mudança por parte dos auxiliares diretos de Bolsonaro.

Flávia, pelo visto, terá no senador Ciro Nogueira (PP-PI) um coordenador político para acelerar o “atendimento” das excelências, sempre incansáveis na busca de emendas e espaços no governo. E como a Casa Civil tem diversas atribuições, ele terminará dividindo esse trabalho com a ministra. E até prefere alguém mais “calma”, como Flávia, do que alguém que ficaria disputando espaço.

A pressão continua
Além da pasta do Trabalho e Emprego, há uma pressão nos bastidores para a volta do Ministério do Planejamento, que sempre cuidou do Orçamento e das políticas públicas. Só tem um probleminha: Bolsonaro, em princípio, não quer saber de tirar tanta coisa das mãos de Paulo Guedes, o seu “Posto Ipiranga” da área econômica.

Tamanho P

A greve dos caminhoneiros até aqui não provocou tantos estragos quanto previu a oposição.

Tamanho GG
O sonho do Progressistas é, na Casa Civil, conseguir fazer crescer a bancada do partido nas próximas eleições. Já tem gente, inclusive, sugerindo a Ciro Nogueira que não concorra ao governo do Piauí, no ano que vem, para manter o status quo em pleno ano eleitoral.

Nada passou, mas…
Ao cancelar os estudos sobre a Covaxin solicitados pela Precisa, empresa intermediária citada em um esquema de pedido de propina sob investigação, o governo acredita que será possível deixar claro que não houve malfeito na compra de vacinas. Só tem um probleminha: tentativa também é crime. E é por aí que a maratona da CPI da Covid volta na semana que vem.

Ele não/ A forma como Bolsonaro se referiu ao vice-presidente Hamilton Mourão, segunda-feira (26/7), como “aquele cunhado que você tem que aturar”, foi vista como um sinal de que não há hipótese de essa parceria ser mantida em 2022.

E o fundão, hein?/ Se ficar em R$ 4 bilhões, ninguém vai chiar.

Toque feminino/ A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) ganhou uma integrante em sua diretoria. Especializada em regulação de transportes aquaviários, Flávia Takahashi é a primeira mulher a ser indicada para a diretoria da autarquia.

Fadinha/ Diante das incertezas que o país atravessa, especialmente na educação, a medalha de Rayssa Leal, aos 13 anos, foi vista com um incentivo e um sinal de que nem tudo está perdido. A prática esportiva é o portal que temos nesses tempos estranhos.

Se Bolsonaro não mudar, reeleição fica difícil

Publicado em coluna Brasília-DF

Parafraseando o recado já desmentido pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, de que, sem voto impresso, não tem eleição em 2022, os aliados do presidente do PP, Ciro Nogueira, têm dito em conversas reservadas que a ida do presidente do Progressistas para a Casa Civil precisará vir acoplada a uma mudança de hábito do presidente da República. Ciro não vai ouvir os desaforos que Luiz Eduardo Ramos ouvia quando as coisas não iam bem, tampouco suportará ver o bolsonarismo raiz criticando o Centrão dia e noite. Se o presidente já disse que era do Centrão, é hora de os seus mais fiéis escudeiros respeitarem os aliados.

Os deputados do PP têm dito que não dá para os bolsonaristas sentarem-se à mesa, fecharem acordos e depois irem às redes sociais criticar o que foi feito, caso, por exemplo, do Fundo Eleitoral. Também não dá para colocar a culpa no Congresso pelas dificuldades que o governo enfrenta, seja em termos de gestão da pandemia, seja em votações no Parlamento. Ciro tem tempo para reorganizar essa base, porque, como tem mandato até 2027, não precisará deixar o cargo para concorrer a um novo mandato no ano que vem. Resta saber se Bolsonaro e a bancada do bolsonarismo raiz estão dispostos a parar de tentar desgastar os aliados do Centrão, ainda mais no ano eleitoral. Se a convivência nessa grande “família” ficar insustentável, quem vai perder é o presidente.

Sem recursos para mais nada

Os deputados têm uma justificativa para não aprovar o voto impresso. É que está em análise no Congresso Nacional um projeto em que o governo pede autorização para realizar operações de crédito a fim de suplementar gastos com pessoal e aposentadorias de servidores. São R$ 164 bilhões. O pedido é visto como um sinal de que a situação das contas públicas está para lá de difícil.

Veja bem

Da parte dos defensores do voto impresso, porém, essa justificativa é furada. Basta tirar dinheiro das emendas de deputados, senadores e também aquelas de relator, que consumiram R$ 17 bilhões este ano, que tudo se resolve. Inclusive, a compra de mais vacinas e pesquisas para combater a covid-19.

Amigo da onça I

A prisão nos EUA do bilionário Thomas Barrack Jr, um dos maiores acionistas da Digital Colony e um dos melhores amigos de Donald Trump, deixou ainda mais evidente que a sobrevivência da Oi depende dos negócios que realizou de venda de parte de sua área de fibra, para o BTG Pactual, e da totalidade de seus ativos móveis para Claro, TIM e Vivo.

Amigo da onça II

A Digital Colony fez ofertas para ambos os negócios, mas não levou nada. Comprou as torres da Oi por R$ 1 bilhão, negócio que ainda não foi quitado, e estaria formando consórcio com provedores regionais para disputar o leilão de 5G. Barrack Jr, 74 anos, foi acusado de violar a legislação de lobby, perjúrio e obstrução de justiça. Ele renunciou ao cargo de presidente do Conselho da Colony Capital, empresa que controla a Digital Colony.

Suíte principal

O PP une seu destino a Jair Bolsonaro porque está convencido de que, ali, terá todo o espaço. Num projeto alternativo a Lula e Bolsonaro, o partido teria, no máximo, um sofazinho na sala ou no corredor. Haja vista o tempo petista, quando Ciro era aliado, mas não era da copa e cozinha, como ocorre agora com Bolsonaro.

Curtidas

O candidato/ Tudo caminha para que o ministro da Cidadania, João Roma, concorra ao governo da Bahia. Ele é visto pelos mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro como aquele que terá a missão de carregar a bandeira do novo Bolsa Família no estado governado pelo PT de Rui Costa.

O ex-amigo/ Roma é do Republicanos. Foi para o partido porque o presidente do DEM, ACM Neto, teria, assim, mais uma legenda aliada. Romperam quando Roma assumiu o ministério no governo Bolsonaro.

Dois senadores, um governo/ Pelo menos dois senadores do Maranhão, Roberto Rocha (sem partido) e Weverton Rocha (PDT) vão concorrer ao governo do estado. Roberto tende a ir para onde for o presidente Jair Bolsonaro.

E o Crivella, hein?/ Lá se foi um mês e nem uma resposta sobre a agremènt da África do Sul para que Marcelo Crivella seja embaixador por lá. No Itamaraty, há quem diga que o embaixador Sérgio Danese vai permanecer onde está e muito bem, obrigado. No governo, só se ouve um “deixa quieto”.

Ciro Nogueira terá missão de minar a terceira via em 2022

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao mesmo tempo em que atuará para preservar os interesses do governo no Congresso, Ciro Nogueira terá a missão de tentar fechar todas as brechas que possam representar fôlego para uma terceira via em 2022. A tentativa de fusão dos partidos, que sofre um mar de resistências, é parte desse processo, a fim de evitar que uma parcela do DEM esteja engajada na busca de uma alternativa à polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.

A avaliação dos aliados do presidente da República é a de que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, caminhou muito mais do que eles calculavam. Montou candidaturas fortes em Minas Gerais, no Rio de Janeiro tem Eduardo Paes e está prestes a receber o ex-governador Geraldo Alckmin para concorrer ao estado de São Paulo.

Mudança de sala
Os corredores do quarto andar do Palácio do Planalto terão movimentação intensa nos próximos dias. É que os militares da reserva levados para a Casa Civil podem se preparar para deixar os cargos. Ciro Nogueira preencherá a maioria dos postos com assessores de sua confiança. A turma de Luiz Eduardo Ramos, porém, não ficará ao relento: será transferida para a Secretaria Geral da Presidência, na ala Oeste, onde bate o sol da tarde e não tem vista para o Lago Paranoá.

Gato escaldado…

Que ninguém se surpreenda se o governo vier a oferecer mundos e fundos ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Tudo será feito para tentar tirá-lo do páreo em 2022. Mas não vai colar.

… sabe o que vem pela frente
Depois da forma como Bolsonaro expôs o ex-juiz Sergio Moro, são poucos os que acreditam piamente nas promessas presidenciais.

O primeiro grande gol da CPI
Ao cancelar o contrato com a intermediária Precisa e negar a autenticidade dos documentos enviados ao governo, a Bharat Biotech abre as portas para tentar ver sua vacina aprovada no Brasil. E, de quebra, ainda dá lastro à CPI da Covid, que, embora de recesso, continua ativa nos bastidores. Em agosto, a tensão promete ser grande.