Autor: Denise Rothenburg
Doria ou Leite: PSDB tenta se unir para evitar fracasso total
A conversa entre os ex-governadores João Doria e Eduardo Leite foi o primeiro passo para, se for o caso, mais à frente, o PSDB buscar uma chapa pura para a Presidência da República. A portas fechadas, foi dito que o União Brasil descartou Sergio Moro como candidato e apresentou Luciano Bivar, que não é visto como opção real. Simone Tebet já afirmou que não aceita ser vice de ninguém, e o partido dela, o MDB, está para lá de dividido. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), cogita apoiar Bolsonaro num cenário de segundo turno entre o atual presidente e Lula, enquanto os senadores da legenda defendem o apoio a Lula logo na convenção de julho. Portanto, resta de chances, numa terceira via, o PSDB.
Quanto a quem será o candidato, Doria tem a preferência. Venceu as prévias e, pelo critério de intenção de voto, não há outro nome que seja mais viável que o dele dentro dos partidos que decidiram buscar uma candidatura única para enfrentar Lula e Bolsonaro. Quanto à rejeição, argumento usado pelos aliados de Eduardo Leite para tentar tirar Doria do páreo, o paulista rebate dizendo que venceu duas eleições — prefeitura e governo de São Paulo — e que a dinâmica da campanha mostrará sua viabilidade. Doria e Leite, juntos, têm a chance de se diferenciar da turma que, de público, busca uma candidatura para se contrapor à polarização Lula-Bolsonaro, mas, nos bastidores, permanece o estica-e-puxa entre esses dois extremos. Resta saber se as torcidas de Doria e de Leite aceitarão uma chapa única, que periga só sair em julho, temporada das convenções para escolha de candidatos. Até lá, muita água ainda vai rolar sob a ponte da terceira via.
A senha
A entrada da presidente do Podemos, Renata Abreu, no portfólio da terceira via vem sendo usada como argumento para deixar a escolha de um candidato único mais para a frente. Ou seja, 18 de maio foi estipulada como a data para a definição do nome, mas no balanço das horas tudo
pode mudar.
Enquanto isso, nos polarizados…
Se Lula e Bolsonaro participarem dos debates eleitorais em agosto, um dos rounds será sobre obras. O PT de Lula se prepara para dizer aos quatro ventos que o atual governo não lançou sequer uma obra e o que fez foi apenas concluir as que já estavam em andamento, idealizadas na gestão petista.
… a briga pela paternidade rola solta
Os aliados de Bolsonaro repetem, diariamente, que foi tanto desvio de recursos, no passado, que não foi possível concluir as obras.
Melhor de três
Por fora daqueles que tentam se unir em torno da terceira via estão o PDT, de Ciro Gomes, que, paulatinamente, vai tocando sua pré-campanha, tentando ampliar seu espaço, e… o PSD. Gilberto Kassab garante que seu partido terá candidato próprio ao Planalto.
Deu ruim I/ Aliados do presidente Jair Bolsonaro consideraram para lá de infeliz a frase em que ele disse se sentir um prisioneiro no Planalto. É que pode passar a ideia de que ele não deseja ser reeleito.
Deu ruim II/ Alguns governadores chamados a conversar sobre um possível apoio a Lula foram recebidos por José Dirceu, João Paulo Cunha e João Vaccari Neto. Saíram convencidos de que o partido dificilmente trará algo de novo.
Nem tanto/ Nas entrevistas que tem dado nas rádios Brasil afora, o ex-presidente tem lançado as bases de um novo programa de governo. Esta semana, falou em nova legislação trabalhista, que leve em conta os avanços tecnológicos, em especial o home office.
Corda em casa de enforcado…/ A deputada Bia Kicis (PL-DF) levou o assunto da compra de Viagra pelo governo do Rio Grande do Norte para a solenidade do Dia do Exército. Na ala reservada às autoridades, ao lado do deputado general Girão (PL-RN), ela fazia uma transmissão ao vivo para suas redes sociais e perguntou ao parlamentar: “E aí? Sua governadora está comprando Viagra lá para quê?” Eis que o deputado responde: “Tive um problema cardíaco e precisei tomar esse medicamento. Os petistas criticaram e, agora, morderam a língua. Disseram que compraram por decisão judicial”, respondeu Girão. Alguns militares que ouviram a conversa não gostaram de ver o tema recolocado. Ainda que fosse em defesa das Forças Armadas.
Denise Rothenburg e Vinícius Doria
O presidente Jair Bolsonaro visitou o ex-presidente José Sarney em sua casa hoje em Brasília. Bolsonaro chegou ao Lago Sul às 8h em ponto. Conversaram por quase uma hora, sem testemunhas. “Trocamos experiências sobre as dificuldades de governar. Eu vivi um período difícil, da transição democrática. Ele, da pandemia e da guerra na Ucrânia”, disse Sarney ao blog, acrescentando que não tem “liberdade ou intimidade” para tratar de assuntos que dizem respeito à vida política do atual presidente.
Sarney pode não ter liberdade ou intimidade, mas tem experiência. Viveu em seu governo, o estresse de conviver com militares que continuavam ativos na vida politica do país, e a chegada do governo civil. Hoje, Bolsonaro vive algo parecido, com a necessidade de equilibrar convivência com o Centrão e os militares, que lastrearam a sua campanha em 2018. Sarney, que liderou o país na consolidação da democracia pós-ditadura militar, tem muito a ensinar a quem é tratado por setores da oposição como alguém que ameaça a vida democrática. Bolsonaro foi com uma equipe de segurança reduzida, acompanhado apenas de um ajudante de ordens, antes de embarcar para o Mato Grosso.
O ex-presidente virou um oráculo dos presidenciáveis. Na semana passada, recebeu o ex-presidente Lula. Também em conversa privada e discreta. Já esteve também com a senadora Simone Tebet, de seu partido, o MDB. Dos três, Lula é quem tem mais intimidade com Sarney. A proximidade entre eles é antiga. Sarney, inclusive, fez questão de ir com Lula no avião presidencial que levou o petista para casa, quando ele deixou o poder.
Alvo de adversários do governo, a classe média é considerada estratégica pelos bolsonaristas. Eles acreditam que é nesse eleitorado que o presidente Jair Bolsonaro conseguirá a alavanca para reduzir a rejeição a níveis mais seguros, capazes de garantir um segundo mandato. Por isso, a ordem no governo é, daqui por diante, valorizar tudo que foi feito para esse segmento. Como, por exemplo, o reajuste da tabela do imposto de renda.
De quebra, a turma do presidente jogará luz sobre o que os adversários têm dito. Em especial, Lula. O ex-presidente disse, há poucos dias, que a classe média ostenta desnecessariamente. No passado, Aristóteles, Montesquieu e Tocqueville destacaram a importância da classe média. Afinal, quem está abaixo quer ascender.
Corrida pelos evangélicos
Justificam-se os gestos dos pré-candidatos ao eleitorado evangélico: eles representam hoje 34% dos religiosos. Em 2010, eram 20%.
Difícil tirar deles
Quem acompanha todas as pesquisas de intenção de voto considera que a tendência desta temporada eleitoral é a reeleição. Pelo menos, para os governadores-candidatos. A maioria deles recebeu recursos durante a pandemia e tem a caneta na mão para inaugurar obras.
Solidariedade assediado
Desde que anunciou que estava fora do palanque de Lula, Paulinho da Força vê uma romaria de pré-candidatos à sua porta. Agora, foi a vez de Eduardo Leite. Os aliados do ex-governador gaúcho continuam tentando buscar um movimento de fora para dentro.
O tema é a economia
Os bolsonaristas chamam Lula de ladrão, os petistas listam vários escândalos do governo. Jogo empatado nesse campo, os dois lados que hoje torcem pela polarização consideram que o grande tema desta campanha será a economia.
Por dentro…/ O deputado Aécio Neves (PSDB-MG) aproveitou a segunda-feira morna em Brasília para dinamitar João Doria em São Paulo. Ele esteve com Fernando Henrique Cardoso, com quem discutiu os cenários eleitorais e as chances de Eduardo Leite.
… e por fora/ Com Michel Temer, Aécio discutiu a chapa Simone Tebet/Eduardo Leite. Aliás, depois que a senadora anunciou, em entrevista ao Correio, que não será vice de ninguém, o único que resta no papel de vice é Leite.
Enquanto isso, em Minas Gerais…/ Em João Pinheiro, o visitante se depara com a cachaça artesanal Caninha do Lula. No rótulo, escrito “aguardente de cana roubada” e “engarrafada secretamente no
Palácio do Planalto”.
… a campanha começou/ Um outdoor na estrada traz a foto de Jair Bolsonaro, que visitou recentemente a região.
Se vencer a disputa presidencial, PT não apoiará reeleição de Arthur Lira
Antes mesmo de aberta a temporada oficial da campanha deste ano, o PT já sabe o que não fará em fevereiro do ano que vem, caso o ex-presidente Lula vença o pleito de outubro: não apoiará Arthur Lira para mais um mandato à frente da Câmara dos Deputados, ainda que o parlamentar tenha lastro para ser candidato. “O PT e seus aliados terão outro nome para a Presidência da Câmara”, afirmou o secretário-geral do partido, deputado Paulo Teixeira (SP), em entrevista à Rede Vida que foi ao ar esta semana.
Os petistas consideram que Lira hoje é do grupo aliado ao presidente Jair Bolsonaro e está muito ligado ao governo. Portanto, não será o nome defendido pelo PT.
Procuradoria paulista faz escola
Depois que a Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo pediu ao Ministério Público no estado que investigue se a transferência de domicílio eleitoral do ex-juiz Sergio Moro obedeceu às normas legais, a procuradoria gaúcha cogita fazer o mesmo com o vice-presidente Hamilton Mourão.
Noves fora…
Os bolsonaristas têm feito as contas e consideram possível que o presidente Jair Bolsonaro ultrapasse Lula nas pesquisas até julho. Para isso, acreditam que basta dar uma “melhoradinha” na economia.
… menos um
A avaliação é de que, além da economia, o tema que poderia dar mais trabalho era a pandemia. Esse assunto, porém, já está de saída da agenda eleitoral. Apesar das milhares de mortes, a euforia por andar sem máscaras e a oferta de vacinas a todos terão mais destaque. Afinal, o brasileiro tende a ver o lado positivo das coisas.
Atentado?
O ataque ao jornalista Gabriel Luiz no Sudoeste, bairro nobre e de classe média alta da capital da República, mobilizará todos os segmentos políticos, em busca de uma investigação séria e rápida. Muito esquisito não terem roubado nada do rapaz, considerado um exímio repórter investigativo. Não pode ter a mesma velocidade de apuração do atentado à vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro.
Não confie/ A senadora Simone Tebet (MDB-MS) terá de ter cuidado redobrado quando chegar a hora de ser indicada oficialmente candidata do MDB à Presidência da República. A turma do Nordeste, que apoiará Lula, não é fácil.
Histórico/ Em 1998, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente, candidato à reeleição, e uma parcela expressiva do MDB defendia a continuidade da parceria, o então pré-candidato Itamar Franco foi humilhado na convenção do partido, que teve vidros quebrados.
Nem tanto/ A sorte de Simone Tebet é que quem mais humilhou o ex-presidente Itamar Franco à época foi o então líder do PMDB, Geddel Vieira Lima. Atualmente, depois do “apartamento-caixa-forte” e da prisão, não tem mais moral para exigir nada da legenda.
E o Alckmin, hein?/ O discurso de Geraldo Alckmin para as centrais sindicais virou uma saraivada de memes. Ele já foi chamado até de “Chêraldo”, numa referência a Che Guevara. Só tem um probleminha: se a chacota for demais, a chapa corre o risco de virar uma piada e atrapalhar a pré-campanha de Lula.
Se depender da área política do governo, o reajuste salarial de 5% para todo o funcionalismo está garantido. A avaliação no Palácio do Planalto é de que as greves, em especial a dos auditores-fiscais da Receita Federal, vão pressionar ainda mais a inflação, ponto que incomoda todos os brasileiros — e, segundo aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), impede a melhoria da popularidade.
Com o aceno do Planalto aos servidores — a área econômica, agora, estuda de onde sairá o dinheiro —, o governo espera conter as paralisações e expor categorias que permanecerem mobilizadas por reajuste. A ideia é montar um discurso que possa colar nos grevistas a tarja de greve política, apenas para prejudicar Bolsonaro eleitoralmente. Os próximos dias serão usados para que se faça as contas a fim de tentar resolver a equação antes do 1º de Maio.
Assim não dá
Militares têm avaliado que o governo Bolsonaro acabou expondo as Forças Armadas. A história da compra de Viagra e de próteses penianas é um exemplo. E já há quem diga que pode ficar pior se o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, for candidato a vice-presidente.
Deles não
O governo quer tirar de cena qualquer projeto de lei que venha de parlamentares de partidos de esquerda. A ordem é só bater bumbo sobre propostas que tenham origem na base governista — leia-se Centrão.
Resta o apoio de Geraldo Alckmin
Embora seja o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, o pré-candidato do PSB ao governo de São Paulo, Márcio França, não conseguiu um leque de alianças para sustentar a sua candidatura. Daí, a aposta é que ele terminará desistindo da empreitada. O Ipespe, por exemplo, sequer colocou um cenário para avaliar o peso do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) no apoio a França. Fez falta.
Tipo exportação
Única montadora produzindo veículos eletrificados (híbridos, plug-in e movidos a célula combustível) na América Latina, a Toyota do Brasil exportará para os Estados Unidos o motor 2.0 para o Corolla Cross, a partir de setembro.
Nem vem/ Com o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) encostando em Ciro Gomes (PDT) nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, a avaliação de parte do tucanato é que ninguém vai conseguir tirar dele a candidatura presidencial. “Se já era difícil remover, agora, com o crescimento, a situação melhora bastante”, diz um integrante da cúpula do partido.
Disputa gaúcha/ No Rio Grande do Sul, a campanha para o Senado tem chamado mais a atenção do que a corrida para o governo estadual. É que haverá uma disputa ferrenha entre a ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD), que foi vice de Geraldo Alckmin na eleição passada, e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos). Por fora, corre o senador Lasier Martins, do Podemos.
Veja bem/ Mourão não precisará renunciar ao cargo de vice-presidente para concorrer. Basta não assumir a Presidência da República durante a campanha. Portanto, pode continuar despachando na vice normalmente.
Mudança de amigo/ Dia desses, na reunião com a bancada do Amapá, Bolsonaro praticamente ignorou o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil). Agora, por ali, a prioridade é o deputado federal Acácio Favacho (MDB).
Do alto de seus 92 anos e considerado o político mais experiente do país, o ex-presidente José Sarney vê a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) como algo praticamente consolidado. “Candidato a presidente da República não se faz do dia para a noite. Obviamente, existem exceções”, diz ele. Sinal de que o tempo da terceira via está cada vez menor.
As exceções a que Sarney se refere foram representadas pelo próprio Bolsonaro, em 2018, e Fernando Collor, em 1989. Porém, vale lembrar, tanto Collor quanto Bolsonaro já eram da política. Sobre quem tem mais chances e o que fará o MDB, Sarney, que recebeu a visita de Lula esta semana, evita polêmicas: “Estou meio afastado. Não estou na militância política. Com 92 anos, não quero me meter mais, não vou entrar em nenhuma luta política. Já dei minha contribuição”, diz o político que todas as semanas recebe os mais novos, que vão procurar seus conselhos.
Eles já estão lá na frente
No jantar dos senadores do MDB com Lula, discutiram-se estratégias para a campanha que está por vir. Por exemplo: como combater Bolsonaro nas redes sociais. Na avaliação unânime dos presentes, é preciso puxar as pessoas para a percepção da dura realidade econômica. E quanto à pandemia, lembrar que o estrago poderia ter sido menor, se houvesse uma gestão eficiente na área da saúde.
Três meses de tensão e pretensão
A discussão do jantar é a prova cabal de que, até 20 de julho, quando abre o prazo para as convenções que irão escolher os candidatos a presidente da República, nenhum nome da terceira via pode dizer com certeza que aparecerá na urna como uma opção real ao eleitor. À exceção de Ciro Gomes, do PDT, os demais terão problemas.
Ninguém está tranquilo
O MDB lulista deixa claro que está disposto a tentar barrar a candidatura de Simone Tebet ao Planalto na convenção. O PSDB vislumbra uma disputa entre o ex-governador de São Paulo João Doria, que venceu a prévia, e o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. E Sergio Moro não tem maioria no União Brasil.
Melhor de três
Neste cenário de incertezas, quem está com mais chances de segurar a candidatura é Doria. O ex-governador tem se dedicado a conquistar os tucanos e isolar os opositores. Em comparação a Tebet, Moro e Leite, é que tem mais recursos para isso.
Enquanto isso, no Planalto…
O feriadão da Semana Santa será dedicado a buscar um meio de sair da defensiva, depois das questões relacionadas à CPI do MEC, ao Orçamento e ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Em princípio, a ideia no gabinete presidencial é atribuir tudo ao jogo eleitoral, que já está em curso.
Acalmem-se, meninos!/ Aliados de Bolsonaro querem que os filhos dele fiquem mais “discretos” durante esse período de campanha, até para evitar maiores desgastes à imagem presidencial. Só tem um probleminha: os filhos do presidente consideram que é preciso partir para cima dos adversários e tratar tudo como perseguição política.
Os companheiros/ O senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) acompanhou Lula na visita ao acampamento indígena, em Brasília. Pré-candidato ao governo da Paraíba, ele está cuidando da própria campanha. Em solo paraibano, a aliança MDB-PT está consolidada.
Prioridade petista/ O PT definiu a Bahia como um dos estados em que Lula irá intensificar a pré-campanha. A aposta dos petistas é que se conseguirem tornar o ex-secretário Jerônimo Rodrigues mais ligado a Lula até julho, será meio caminho andado para o partido conseguir manter o governo baiano em 2023.
Sem essa de “Luneto”/ A ideia do PT é tirar de cena o “Luneto” ensaiado pelo líder das pesquisas, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que não tem hoje um presidenciável atrelado à sua campanha e jogará para deixar a disputa estadual dentro dos temas mais vinculados ao estado.
Depois das declarações desastrosas a respeito do aborto, da classe média e do estímulo a movimentos na porta dos políticos, o ex-presidente Lula teve este jantar em Brasília, na casa do ex-senador Eunício Oliveira, para compensar com um gesto político o que falou em termos de comunicação direta com a sociedade. A avaliação interna é a de que o crescimento de Jair Bolsonaro tem se dado justamente por erros estratégicos do petista, em várias entrevistas. A ordem, agora, é mostrar que, em termos de diálogo suprapartidário, Lula é quem tem mais espaço ao centro. Falta combinar com o eleitor deste segmento que, se confirmada a saída do ex-juiz Sergio Moro da disputa, fortalece o presidente da República — que seja quem for, e candidato à reeleição, não é um personagem fácil de vencer no mano-a-mano.
A maioria dos senadores que jantou com Lula já é considerada voto do petista. Ou seja, faz vista, mas não amplia o volume da pré-campanha.
O que eles temem
Senadores de partidos de centro e que retiraram as assinaturas da CPI do MEC não querem saber do exército bolsonarista na internet perturbando eles e seus partidos durante a campanha eleitoral. Embora alguns não sejam candidatos, não querem ver seus aliados como alvos daqueles que apelidaram de “milicianos virtuais”.
Projetos pessoais dominam…
Se tem algo que os principais personagens da terceira via já perceberam é a falta de vontade política de uma parcela expressiva de estrelas de seus próprios partidos para viabilizar suas apostas. O setor do MDB que se reuniu com Lula na casa do ex-senador Eunício Oliveira, por exemplo, acredita que voltará a ter protagonismo com o petista no Planalto. E embora não anuncie abertamente, não apoiará a senadora Simone Tebet (MS).
… e atrapalham o centro
Há vários movimentos cuja resultante é o sufocamento da terceira via. No União Brasil, partido no qual Moro jogou suas fichas, há uma banda que tende a apoiar Bolsonaro, outra João Doria (PSDB) e uma maioria que não deseja candidato a presidente da República, conforme o leitor da coluna já sabe. Entre os tucanos, Doria passou a buscar um movimento de fora para dentro, uma vez que terá dificuldades em conseguir fazer com que seus adversários internos deixem de buscar a candidatura de Eduardo Leite para tirar-lhe fôlego.
Por fora
A “trairagem” no PSDB, no MDB e no União Brasil foram os ingredientes que levaram tanto o PDT de Ciro Gomes quanto o PSD de Gilberto Kassab a ficarem longe das conversas sobre candidatura única. Ciro tem feito a pré-campanha em carreira solo, enquanto os pessedistas permanecem quietos organizando os palanques estaduais, buscando um nome para concorrer ao Planalto.
Gato escaldado…/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já disse a amigos que não irá segurar CPI na base da “canetada”.
… tem medo de água fria/ O senador não quer repetir o que houve na CPI da Covid, quando ele passou pelo constrangimento de ter que instalar a comissão por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
Janela de votações…/ Esta é a última semana de funcionamento da Câmara pelo sistema híbrido. Semana que vem, a Casa volta às sessões presenciais. Será quase que um último esforço concentrado para tentar aprovar propostas polêmicas e reformas estruturantes antes da eleição de outubro.
…será curta/ Em junho, com as primeiras festas juninas do pós-pandemia, a intenção é deixar as votações mais frouxas para que os deputados nordestinos, por exemplo, possam cuidar das agendas locais.
Deputados do União Brasil são contra a sigla ter candidato próprio ao Planalto
A depender da vontade da maioria dos deputados que integra a bancada do União Brasil, o partido não terá candidato a presidente da República. O presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), foi muito cobrado em reunião fechada, esta semana, do compromisso de dar liberdade aos estados para cada um seguisse o caminho que considerasse melhor. Pelas contas, 99% querem distância de um candidato a presidente.
A deputada Clarissa Garotinho (RJ), por exemplo, foi incisiva ao dizer que a maioria do partido não era de esquerda e que, se continuasse do jeito que está, melhor seria apoiar logo o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O deputado Danilo Forte (CE) lembrou que os partidos que hoje discutem uma candidatura única, já abandonaram seus candidatos no passado — a começar pelo MDB, que abandonou Ulysses Guimarães, em 1989, e o PSDB, que abandonou todos os seus postulantes desde a campanha de José Serra, em 2002, terminando por fazer o mesmo com Geraldo Alckmin, em 2018. Seria muito ruim o União Brasil, em sua primeira eleição, fazer o mesmo.
As cobranças sobre Bivar foram tantas que, conforme relatos dos participantes da reunião, ele chegou a dizer que a data de 18 de maio, fechada com os demais partidos de centro para fechar uma candidatura única, pode ser revista. A ideia é que, em maio, definam-se os critérios para essa escolha. Logo, conforme o leitor da coluna já sabe, antes das convenções partidárias, em julho, vai ser difícil se fechar um acordo com todos os partidos de centro.
PF na cobrança…
Delegados federais se reuniram, esta semana, em assembleia na Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF). O assunto, claro, foi a reestruturação das carreiras policiais ligadas ao Ministério da Justiça, como a PF e Polícia Rodoviária Federal (PRF). A classe confia que Bolsonaro cumprirá o compromisso de enviar a medida provisória sobre a reestruturação a tempo de ser aprovada pelo Congresso ainda este ano.
…e na esperança
Os delegados, em todas as intervenções durante a reunião, foram muito claros no sentido de dar um voto de confiança a Bolsonaro. Eles acreditam que o rompimento do compromisso geraria um desgaste muito grande para um governo que tem a segurança pública como bandeira.
Calendário
A demora em marcar a data para o lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto se deu porque o partido ainda não tinha acertado o leque de alianças. O PSol, por exemplo, só bateu o martelo sobre sua participação oficial na aliança petista à Presidência da República esta semana. Rede, PCdoB e PSB, que já estavam fechados, queriam uma data em que pudessem levar todos os seus principais líderes. A ideia é mostrar que Lula uniu quase todos os partidos de esquerda numa grande frente e, no dia seguinte, seguirem todos juntos para o ato do Dia do Trabalho.
Por falar em Dia do Trabalho…
O governo não pretende deixar a data passar em branco. No Planalto, a ideia é dar destaque ao interesse de empresas estrangeiras em vir para o Brasil, e ao crescimento da economia brasileira, apesar dos problemas que o mundo enfrenta.
Pimenta nos olhos dos outros…/ “Bem-vindo ao clube”. Assim, os bolsonaristas brincaram com um petista, esta semana, no plenário da Câmara, que, inicialmente, não entendeu. Eis que o bolsonarista explicou: “Antes, era Jair Bolsonaro que tropeçava no ‘sincericídio’. Agora, o ex-presidente Lula segue pelo mesmo caminho, ao dizer abertamente o que pensa a respeito do aborto, dos parlamentares, da classe média, dos militares e por aí vai”.
… é refresco/ Os bolsonaristas brincam no plenário, mas, fora dele, já se preparam para surfar contra o discurso de Lula, de que a classe média ostenta um padrão acima do necessário. Vão sacar as fotos em que o petista exibe um relógio Piaget, de R$ 80 mil.
“Amortecedor”/ Assim como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, é o amortecedor das crises no Planalto, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, será uma espécie de airbag dos discursos de Lula. Hoje, por exemplo, no encontro em São Paulo entre PT e PSB para apresentação de Alckmin como o nome para a vice de Lula, será exaltada a proximidade do ex-tucano com a Igreja.
O retorno/ Sergio Moro volta dos Estados Unidos na semana que vem e, embora retirado das pesquisas de intenções de voto de alguns institutos, pretende manter inalterada a sua agenda de pré-candidato a presidente. Segunda-feira, estará no Rio Grande do Sul.
E o Jair Renan, hein?/ A chegada de Jair Renan, o filho 04 de Bolsonaro, à Polícia Federal, foi devidamente registrada para a campanha eleitoral dos opositores do governo. Ele foi depor sobre denúncia de tráfico de influência, mais um tema de desgaste para a família presidencial.
Os presidentes dos partidos de centro, Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Luciano Bivar (União Brasil) e Roberto Freire (Cidadania), podem até ter marcado uma data em maio, mês das noivas e das mães, para definir o candidato a presidente da República. Beleza. Só tem um probleminha: o prazo das convenções partidárias que definirão os candidatos é julho.
Como quem tem prazo não tem pressa, os mais fiéis escudeiros dos presidentes desses partidos já dizem que o momento, agora, é de gerar movimento, e isso ultrapassará 18 de maio. A definição está prevista para ocorrer entre 20 de julho a 5 de agosto.
Para completar, se nenhum deles disparar nas pesquisas, vai ser difícil convencer a turma que está praticamente no mesmo patamar a desistir em favor de quem quer que seja. A turma de João Doria, por exemplo, tem dito que o ex-governador paulista tem a tradição de começar as eleições em baixa e vencer. Portanto, não irá desistir em nome de alguém que esteja no mesmo patamar que ele em termos de intenção de voto.
Paz & sossego na Petrobras
Surpresa, a turma de mercado se refere a José Mauro Ferreira Coelho, indicado para presidir a Petrobras, como “técnico e equilibrado”. Para o governo, foi um alívio essa recepção. Afinal, depois do imbróglio provocado pela escolha e desistência de Adriano Pires, a ordem no Planalto é acabar com a “marola” no setor.
No governo, nem tanto
José Mauro tem larga experiência no setor e inserção no serviço público, uma vez que é concursado da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A parte que os políticos desejam, porém, que é baixar os preços dos combustíveis, não está garantida. Como técnico, Jose Mauro não fará nada que esteja fora das quatro linhas da Constituição e das normas da empresa.
Lira perde uma
Derrotado o pedido de urgência para o projeto de combate à desinformação, muita gente ficou com a impressão de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não jogou toda a sua força para aprovar essa proposta. No plenário, juntaram-se os que temem que o projeto termine prejudicando a liberdade de expressão com aqueles que não querem saber de controle algum na internet. A tendência é de que a votação da proposta fique para depois das eleições.
Lula atira no pé
Em uma semana, o ex-presidente Lula brigou com a igreja, ao defender o aborto; e com a classe média, ao dizer que o segmento ostenta um padrão acima do necessário. João Doria, por exemplo, já partiu para cima do petista, dizendo que Lula é a cara do retrocesso. Em vez de “empobrecer a classe média por decreto”, é preciso criar oportunidades para os mais pobres se tornarem classe média. Lula, porém, lidera as pesquisas. E, avisam os petistas, é quem fala diretamente com a população.
Padre não falta I/ Mal terminou a reunião de apresentação do Plano Nacional de Energia para até 2031, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) se aproxima do ministro Bento Albuquerque e sai com esta: “Olha, ministro, se precisar de arcebispo que entenda de energia, tem dois lá no Ceará”.
Padre não falta II/ A brincadeira tomou conta de Brasília, depois que o presidente da Câmara, Arthur Lira, partiu para a ironia ao dizer que, para assumir um cargo na estatal, só mesmo um arcebispo.
Apagão nunca mais/ Os planos do governo para a energia elétrica até 2031 incluem 34 mil quilômetros em linhas de transmissão e um investimento de R$ 2,7 trilhões.
Fato consumado/ A conversa em torno de um candidato único a presidente da República pode até incluir o PSDB, mas, a tirar pelo que se vê na sede do partido, a candidatura de João Doria está definida. Por todas as salas, está estampado o slogan “O Brasil tem jeito, o jeito é Doria”. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que visitou Doria na sede do partido ontem, fez questão de tirar uma foto, segurando o adesivo.
O Ministro Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, recebe nesta noite em sua casa os novos parlamentares filiados ao PP. O Presidente Jair Bolsonaro e a Deputada Federal e ex – ministra da Agricultura Tereza Cristina foram os grandes destaques. Bolsonaro ficou pouco tempo, mas não deixou de chamar o ministro de “o craque” da política. Outro esteve presente e recebeu elogios do presidente Jair Bolsonaro foi o médico e deputado federal Dr. Luiz Ovando ( MS) , um dos parlamentares mais respeitados da Câmara dos Deputados. Contente com a força política do PP, Ciro Nogueira elogiou todos pela postura que adotam em seus mandatos. Faltando quatro meses para a largada oficial da campanha eleitoral, o clima na base governista é de festa.