O novo alvo

Publicado em coluna Brasília-DF

A eleição de hoje é municipal, mas a mira está focada em 2018. Nesse sentido, os ataques da oposição ao governo Temer a partir da semana que vem estarão direcionados ao ministro das Relações Exteriores, José Serra. Os petistas e aliados vão forçar para a obtenção de todos os detalhes sobre as delações de executivos da Odebrecht, que mencionaram dois operadores como responsáveis pela entrega de R$ 23 milhões à campanha de José Serra em 2010, via caixa dois e, para completar o estrago, depositados em conta na Suíça.

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A escolha de Serra como alvo prioritário, diante de tanta gente enroscada, é uma estratégia eleitoral. Serra não é um ministro qualquer. É pré-candidato a presidente da República e responde hoje pela política externa do país. É ainda considerado o primeiro da fila para assumir a Fazenda, na hipótese de desgaste de Henrique Meirelles.
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Até aqui, estamos no seguinte pé em relação às denúncias envolvendo Serra: O ministro negou e o governo se calou para ver se o caso cai no esquecimento. A oposição, entretanto, está se armando para manter essa fogueira acesa pós-feriadão. Se houve depósitos na Suíça, a Justiça dirá. Mas a oposição está no seu papel. Ninguém esperou a condenação de petista para atacar o partido como um todo. Agora, os petistas farão o mesmo com o governo Temer. É do jogo.

Questão de jeito I
Assessores e aliados de Michel Temer estão cada vez mais preocupados com a forma atabalhoada como são feitas as trocas de cargos nas estatais e postos-chaves do governo. A troca de Rose de Freitas por Romero Jucá na liderança do governo no Congresso, da forma como foi feita deixou o governo preocupado. Primeiro, saiu nos jornais e, depois, o presidente conversou com ela. Assim, não dá.

Questão de jeito II
A preocupação é que muitos que estavam no governo Dilma, no início do ano, são hoje aliados de Temer. E, levando-se em conta a máxima de que o adversário de ontem pode ser o aliado de amanhã, é preciso ter cuidado. O próprio Michel Temer, na primeira reunião que fez com sua equipe, assim que tomou posse, alertou: “Denunciem o erro, mas não fulanizem”. Aos olhos de muitos, os ministros esqueceram esse pedaço e começam a repetir o que fazia Dilma Rousseff.

#Xôprivilégio
Os brasileiros, de um modo geral, querem limpar a política, mas alguns querem vingança. Depois de grande parte da cúpula do PT ter parado atrás das grades, os petistas agora querem entrar na campanha lançada pelo Correio Braziliense, de fim do foro privilegiado, para ver se os políticos que ajudaram a empurrar a turma de Lula para o cadafalso também caem. Como diz o ditado, quem for culpado que se quebre.

CURTIDAS

O alerta de Daiello/ Em todos os seminários que participa, o diretor geral da Policia Federal, Leandro Daiello, trata as propostas de legalização do jogo do bicho e da repatriação como conseqüências da transparência provocada a partir da Lava Jato. Por mais que muitos critiquem certas atitudes da operação, ela é um marco histórico. “Daqui a 50 anos, ainda ouviremos falar dela”, tem dito ele.

Enquanto isso, em Curitiba…/ A depressão de Gim Argelo não passa. Nem a raiva de Eduardo Cunha. Desdobramentos virão.

A eleição no CNJ…/ marcada para 8 de novembro, a eleição do futuro integrante do Conselho Nacional de Justiça indicado pela Câmara movimenta os bastidores. Agora, além de Felipe Cascaes, Ana Luísa Marcondes e Lucas Rivas, que já foram apresentados estão em campanha há tempos, entrou o advogado José Augusto Torres, mais conhecido pelo apelido, Guto, tem 51 anos e trabalha na Câmara há 35 e atuou em várias funções, inclusive foi chefe de gabinete da Procuradoria Parlamentar.

…Virou uma incógnita/ Com tantos candidatos, não há favoritos e por isso, os telefones dos deputados não param. Guardadas as devidas proporções, parece até eleição para o TCU.

Clima pré-teto

Publicado em coluna Brasília-DF

Ex-servidores comissionados do Superior Tribunal de Justiça estranharam o valor de suas rescisões trabalhistas. Faltaram as horas extras. Um deles diz que ficaram pendentes de pagamento cerca de R$ 2 mil. Quem procurou o setor de recursos humanos para saber do dinheiro saiu de mãos abanando. A assessoria do Tribunal afirma que essa despesa não ficará para o ano que vem: “O STJ trabalha para quitar todas as pendências com ex-colaboradores até o fim de dezembro”.

Em tempo: O teto de gastos ainda não está valendo, porque ainda precisa ser votado no Senado. A hora que o teto estiver valendo, dizem alguns, a situação poderá ficar pior.

Dessa vez, passa
O governo desistiu de punir, pelo menos, parte dos ausentes à votação do segundo turno da PEC de gastos na Câmara. O deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), candidato a prefeito de Ribeirão Preto encabeça a lista de perdoados. Se estivesse em Brasília para votar, Nogueira perderia o debate e o adversário, que tem o apoio do PMDB, nadaria de braçada.

Ontem & hoje
O deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE) passou o dia tentando animar os eleitores do deputado João Paulo (PT-PE) lembrando a primeira eleição do petista para prefeito, em 2000. Naquele período, conta o deputado, Roberto Magalhães (PFL) liderava todas as pesquisas e perdeu. A esperança do deputado é que a história se repita neste domingo.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro…
O prefeito Eduardo Paes avisou a amigos que não pretende se aposentar depois de entregar o cargo, em janeiro de 2017. Há quem acredite que ele será candidato a governador em 2018, ainda que seja por outro partido.

Entressafra
Assessores do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, consideram que o mau humor em relação à Lava Jato não se restringe aos políticos investigados. A imprensa, na avaliação deles, também entrou nesse clima. Mas isso, garantem, não tirará o ânimo da força-tarefa. O contribuinte agradece.

Vôos, vinhos & política
Os companheiros de viagem do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao Azerbaijão foram escolhidos a dedo a fim de discutir cenários para 2017, quando a Casa escolherá seu novo presidente. Há, pelo menos, três pré-candidatos a bordo: O próprio Rodrigo, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), e o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI). Além deles, estão o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), o do PPS, Rubens Bueno (PR), e o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA). Na ida, param em Madri. Na volta, em Lisboa.

CURTIDAS
Galanteio na Defesa/ Não faltaram piadinhas e brincadeiras no esforço entre os ministros em busca da paz entre os Poderes na reunião de ontem. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, se desdobrou tanto que, lá pelas tantas, saiu-e com esta, dirigindo-se à presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia: “A senhora é a nossa fada-madrinha!”.

Amigos de infância?/ Quem viu o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, na mesma reunião jura que pareciam amigos de longa data. Bastava Renan fazer um aparte para o ministro responder e vice-versa. Momento lindo.

Em nome do filho/ Moraes demonstrou que leva jeito para agradar. Lá pelas tantas, ele disse que Maceió era, em 2014, a cidade mais violenta do Brasil em número de homicídios. Hoje, é a 12ª mais segura. O elogio não veio por acaso. O governador de Alagoas é Renan Filho.

Por falar em Renan…/ Ele foi quem mais falou e pediu apartes na reunião de ontem, sobre segurança pública no Itamaraty. A cada vez que pedia a palavra, Renan mencionava seu passado de afinidades do setor. Tudo vinha acompanhado de comentários do tipo, “quando eu fui ministro da Justiça”, “quando eu presidia a Frente do desarmamento…”. Sabe de tudo!

Teori e os “pingos nos iis”

Publicado em Política

Houve tempos em que tirar uma semana de folga dava a sensação de que nada mudou. Agora, não. Uma semana significa que você perdeu alguns episódios que podem ter reflexos sobre todo o futuro. Refiro-me, em especial, a esses dias em que um desdobramento da Lava Jato respingou nos senadores e, há pouco, o ministro Teori Zavascki colocou os pingos nos iis (todos que acompanham as redes sociais puderam conferir no site www.correiobraziliense.com.br). A decisão de Teori representa uma vitória de Renan Calheiros, mas isso não significa que o presidente do Senado ganhou o jogo, nem que está fora da alça de mira do ministro. Muito menos protegido pelo Supremo Tribunal Federal.

Teori é considerado um dos ministros mais técnicos da Suprema Corte. Ele transferiu o caso dos seguranças do Senado para o STF para manter no foro privilegiado os próprios senadores, como determina a lei. Dentro da lei, o STF analisará na semana que vem se alguém na linha de sucessão da Presidência da República pode ser réu. O endereço da ação original era o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em 19 de outubro. Agora, o endereço é o presidente do Senado, Renan Calheiros. Ou seja, Renan continuará sob os holofotes, em “viés de alta tensão” com, o Judiciário. A vitória com a decisão de Teori funciona mais no aspecto político de fortalecer Renan perante seus pares do que diante da população e do próprio Judiciário, onde o estrago provocado pelas palavras que o senador proferiu nos últimos dias está feito. Porém, no Senado, Renan é visto hoje um escudo para seus colegas enroscados com a Justiça. E, nesse sentido, a decisão de Teori dá ao senador mais estofo perante os senadores que têm pendências com a Justiça. Mas daí a dizer que agora tudo agora ficará mais calmo é um exagero. Vejamos os próximos episódios. Essa temporada promete.

Cunha e os outros

Publicado em Política

A prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha soou como uma bomba no meio político. Isso porque, embora esperada, houve o bloqueio de bens. A prisão preventiva foi, acima de tudo, para evitar a fuga. A dupla cidadania e a quantidade de recursos disponíveis (Foram bloqueados mais de R$ 200 milhões) fizeram com que a Policua Fedral passasse a minitorá-lo à de perto e levantou suspeitas de que ele procurava influir no processo.

O susto no meio político ocorre por causa dos desdobramentos. Cunha não só financiou muitos deputados e até senadores, como bolou vários negócios que que abriram as portas da esperança política dentro do PMDB. Como me dizia há pouco um senador, “Com Cunha preso, a bruxa está solta”. Que venha o Halloween”!

Tutti Amici

Publicado em coluna Brasília-DF

Apontado pelos investigadores como o “gestor financeiro” do ex-deputado Eduardo Cunha, o empresário Lúcio Funaro está acomodado no mesmo pavilhão reformado da Papuda que abriga o ex-senador Luíz Estevão. Desde julho, quando Funaro foi para a cadeia fisgado pela operação Sepsis, um desdobramento da Lava-Jato, ele se aproximou de Estevão, que cumpre pena desde março. Os dois descobriram muita coisa em comum além da fama de bons de conversa e do amor ao dinheiro. Quem tem acesso a ambos, garante que surgiu ali uma grande amizade e, quem sabe, futuros negócios.

Sem lenço…
Um veto do presidente Michel Temer à lei que reformou cargos e carreiras terminou por deixar à deriva no serviço público 504 servidores da área de tecnologia da informação (TI). São profissionais que foram tirados de suas respectivas carreiras para compor a nova carreira de Analistas de TI, criada justamente para cumprir a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) no quesito terceirizações.

…com responsabilidade
Só no Datasus, área de saúde, esses servidores fiscalizam, cada um, R$ 42 milhões em contratos. Eles estão em romaria ás autoridades e congressistas para tentar reverter a situação. Afinal, continuam trabalhando, recebendo, porém, sem pertencer a qualquer carreira do serviço público. Ou seja, estão no limbo.

BNB de muitos governos…
Está para ser nomeado diretor de Controle e Riscos do Banco do Nordeste Jefferson Cavalcante Albuquerque, atual superintendente de Logística. Ele já ocupou a superintendência de Controles Internos, Segurança e Gestão de Riscos e, por isso, entrou na lista de gestores do banco denunciados pelo Ministério Público Federal em 2014, por suspeita de um rombo de R$ 1,2 bilhão.

… e muitos cargos
Jefferson esteve no banco no governo petista e agora permanece sob a gestão de Michel Temer e está indicado justamente para o lugar que hoje é ocupado por um funcionário da Receita Federal, Manuel Lucena dos Santos. Vem briga grande por aí.

Alexandre de olho
O ministro da Justiça, Alexandre Moraes, está preocupado com o crescimento das ligações da política com o crime organizado, em especial, no Nordeste. Não será surpresa se enviar, por exemplo, alguns observadores para acompanhar de perto a disputa em Caucaia, onde há suspeitas de influência do PCC no pleito.

CURTIDAS

Michel e Marcela/ O principal objetivo de Michel Temer na viagem ao Japão, além de, é claro, reforçar os laços afrouxados no governo Dilma, será vender o pacote de investimentos do projeto Crescer. Se conseguir algum sinal positivo aí, terá feito um gol. Caso contrário, dizem as más-línguas, será apenas a apresentação da primeira-dama considerada a mais bonita do mundo, que já faz sucesso por esses dias na Índia.

No cinema/ Nem todos os poLíticos passam os últimos dias dedicados a campanhas de segundo turno. Aguinaldo Ribeiro, líder do PP n a Câmara, por exemplo, assistia na última sexta-feira ao filme “Relatos Selvagens”. Diante do que viu ao longo de 2016 na política, o título é sugestivo.

Na eleição/ O PSol paraense está em pé de guerra. Tudo porque, depois de Lula, foi a vez do PMDB de Jader Barbalho e do ministro da Integração, Helder Barbalho, apoiar Edmilson Rodrigues em Belém. Candidato não nega apoios em segundo turno, mas também não impede confusão no partido.

Por falar em PT…/ Há lugares em que Lula ainda faz muito sucesso. Em Recife, por exemplo, o candidato João Paulo Lima, que tenta retomar a prefeitura do PSB, é apontado como “O Lula da região metropolitana”.

A hora dos “jacarés”

Publicado em coluna Brasília-DF

Com o presidente Michel Temer a caminho da Índia e Rodrigo Maia interinamente na Presidência da República, abre-se a porta da esperança para o projeto da Repatriação da mesma forma que se abriu a da anistia ao Caixa Dois de campanha no passado recente. Naqueles dias em que Waldir Maranhão assumiu a Presidência da Casa, a anistia entrou em pauta. O mesmo querem fazer alguns parlamentares para incluir agora os parentes de políticos na Repatriação. Têm para isso os próximos dez dias em que Rodrigo estará no comando do país.

Em tempo: Entre os parlamentares, há quem chame projetos como esse de “jacarés”. Ficam por ali, parados, de molho na gaveta, e, quando o sujeito está distraído,… “Nhac!”

Em nome do filho
Condenado a 19 anos de prisão, com o cumprimento de parte da pena em regime fechado, o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) até cogitou a delação priemiada, mas mudou de ideia porque não tem como não deixar de citar o filho.

Chama o Exército!
Com a Mendes Júnior fora das obras da transposição do São Francisco, a previsão é de atraso de mais um ano para a conclusão dos trechos sobre responsabilidade da empresa. Para que isso não ocorra, o deputado Danilo Forte (PSB-CE) sugeriu ao presidente Michel Temer que use o Batalháo de Engenharia para a empreitada.

PT na reforma
Os petistas ficarão com a relatoria da reforma política. O nome na roda é o do deputado Vicente Cândido (PT-SP). É uma forma de o presidente da Casa, Rodrigo Maia, prestigiar seus aliados na eleição para o comando da Câmara.

E o Ciro, hein?
Quem acompanha as articulações de Ciro Gomes para concorrer à Presidência da República pelo PDT aposta em carreira-solo. Ou seja, sem alianças. O PT, como já dito aqui, prefere um dos seus a seguir com alguém que não se cansa de criticar os petistas.

CURTIDAS

Acessório/ Não são poucos os personagens da Lava Jato que passeiam pela orla de Salvador. Dia desses, Ricardo Pessoa, da UTC, foi visto caminhando pelo condomínio Interlagos, de Bermuda, camiseta, tênis e… Tornozeleira.

Juntos I/ O líder do PSD, Rogério Rosso, está em Londres, representando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, num evento. Sinal de que as rusgas da campanha pelo comando da Casa estão superadas.

Juntos II/ A proximidade entre Rodrigo e Rosso promete tirar o líder do PSD da campanha de Jovair Arantes para presidir a Câmara no ano que vem. Mas essa é outra história.

Por falar em história…/ O reporter fotográfico Roberto Stuckert Filho, o Tuca, que registrou todo o governo da presidente Dilma Rousseff, brindará todos os interessados em política com um livro sobre os bastidores do período em que acompanhou a rotina da primeira mulher a comandar o Brasil. Leitura obrigatória.

Temer e FHC avaliam cenário nacional e reformas

Publicado em Política

A entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao Correio Braziliense terminou por servir de pretexto para que o presidente Michel Temer chamasse o tucano para uma alentada conversa hoje, no Palácio do Jaburu, onde eles trocaram impressões sobre o cenário nacional e internacional, tanto nos aspectos políticos quanto econômicos. Ao parabenizar o presidente pela vitória desta semana, Fernando Henrique aproveitou para alertar o presidente sobre a necessidade de falar muito sobre o que deseja para o país, explicar todos os passos da recuperação econômica. “A população entende quando agimos em prol do bem maior”, disse Fernando Henrique.
Eles fizeram ainda uma análise sobre a situação da América Latina, a qual Fernando Henrique considera alvissareira, e sobre a necessidade de o Brasil se recuperar economicamente para exercer o seu o papel de liderança do continente. FHC fez ainda uma comparação dos tempos do Plano Real e a situação atual. “Vivi algo semelhante no Real, porém hoje a situação é mais grave, porque mexe com emprego”, disse Fernando Henrique.
A conversa girou ainda sobre o atual sistema político. Coincidentemente, no mesmo dia em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse em Lisboa que o atual sistema político está “falido”, Temer e Fernando Henrique concluíam que a reforma política é matéria urgente. Nesse quesito, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, __ que participou do almoço, mas chegou depois de Fernando Henrique ao Jaburu __, fez um balanço das últimas eleições e repetiu a preocupação que já havia manifestado em público, sobre a presença do crime organizado no atual sistema eleitoral.
Antes de definir o financiamento das eleições entretanto, o quarteto (a conversa incluiu ainda o ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Geddel Vieira Lima) considerou que é preciso definir qual será o sistema eleitoral que sairá da reforma política, com ou sem coligações, voto em lista ou nos candidatos, e por aí vai.
A conversa durou mais de quatro horas, o que, no meio político, significa dizer que foi bastante alentada e completa. A duração das conversas políticas, aliás, era um termômetro que o tetra-presidente, Ulysses Guimarães, usava para definir se uma conversa política tinha sido proveitosa. “Ele sempre dizia que política não se conversa em uma hora”, disse Fernando Henrique ao Correio no último domingo.

Treino & jogo

Publicado em coluna Brasília-DF

Mal terminou a votação da Proposta de Emenda Constitucional sobre o teto de gastos em primeiro turno, petistas e antigos aliados da presidente Dilma Rousseff decidiram que o melhor a fazer no momento é cumprir tabela nesse tema e centrar fogo na reforma da Previdência, um assunto que cala fundo no coração de todas as famílias. Para completar, vai ferver em 2017, mais perto das eleições de 2018. No PT, há quem se refira a esse debate como a “porta da esperança para o partido”.

É aí que o governo terá que ter todo o cuidado na estratégia de comunicação da proposta, para não soar como o fim dos direitos. É dessa reforma, avaliam muitos, que sairá o discurso para as eleições.

Próxima temporada
Passado o teto de gastos, o governo começará a dizer que todo esse esforço inicial será em vão se não houver uma mudança em relação às regras para aposentadorias e pensões, em especial, a idade mínima. Essa será a narrativa para embalar a reforma da Previdência.

Alvo I
Inicialmente, os governistas jogaram no PT a responsabilidade por não votar a proposta que dá um pedaço das multas da repatriação para os estados. Porém, nos bastidores, todos apontavam para o governo, que não mobilizou seus mais 350 votos. Estão todos aguardando para ver quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, partirá com toda a sua força para cima do líder André Moura (PSC-SE), a quem muitos líderes tratam até hoje como o homem de Eduardo Cunha.

Alvo II
Quem viveu os tempos de Cunha presidente da Casa não se esquece que, no início de 2015, o então líder do governo, Henrique Fontana, perdeu o cargo porque não conseguia conviver com o todo-poderoso comandante da Casa. Agora, é o aliado de Eduardo Cunha que vive o mesmo problema.

Manguinhos versus BR
A Refinaria de Manguinhos recorreu à Justiça para obter informações sobre todos os repasses financeiros da BR Distribuidora ao Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis) entre 2006 e 2016. A informação havia sido pedida extrajudicialmente, ou seja, de forma amigável. Porém, a resposta da subsidiária da Petrobras foi parcial. A BR Distribuidora admitiu ter pagado 758 mil reais em contribuições sindicais na última década e alegou que os demais repasses são sigilosos.

CURTIDAS

Virou padrão/ Os governistas agora sempre fazem a seguinte conta quando se trata da aprovação de projetos na Casa: Não pode ser abaixo do placar do impeachment, 367 votos. Ontem, foram 366, com todo o esforço e a ajuda de alguns favoráveis ao antigo governo, caso de Sílvio Costa (PTdoB-PE).

Feitiços & feiticeiros eleitorais I/ Ainda que o PT esteja enroscado na Lava-Jato, os aliados do candidato petista à prefeitura de Recife, João Paulo Lima, recorrem à operação para tentar ampliar votos no segundo turno. Numa mensagem apócrifa encaminhada por WhatsApp, simpatizantes do petista distribuem acusações contra o prefeito-candidato em 12 tópicos, que vão desde a citação de Geraldo Júlio na lista da Odebrecht até menções sobre o avião da campanha de Eduardo Campos.

Feitiços & feiticeiros eleitorais II/ A mensagem termina assim: “Você pode até não votar em João Paulo, agora, cuidado para não ter a decepção de ver a Polícia Federal a qualquer momento amanhecer na porta da casa de Geraldo Júlio”.

Seguro & estômago/ Como se não bastasse o jantar no Alvorada na noite de domingo, os deputados tiveram outra comilança na noite seguinte. Enquanto a votação dos destaques da PEC dos gastos públicos rolava no plenário, a sala de café anexa de transformou num self-service. As excelências consumiram 10 Kg de feijão tropeiro, 15 kg de arroz, 30 Kg de mandioca, 20 Kg de frango, 30 Kg de carne de solo, três leitoas e 20Kg de costela de porco. Fora o torresmo e os doces caseiros. Toda essa comida foi levada pelo deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), que decidiu brindar os colegas com um jantar para que ninguém saísse dali na hora da votação. Deu certo.

No mais…/ Que Nossa Senhora Aparecida nos ilumine! Hoje e sempre! Feliz Dia das Crianças!

Setor elétrico vai mudar

Publicado em coluna Brasília-DF

Nas poucas horas em que estava ontem fora do Ministério de Minas e Energia para aprovar o teto de gastos em primeiro turno, o deputado Fernando Filho (PSB-PE) tinha que fugir dos interessados em saber como será o novo projeto para o setor elétrico. Fernando Filho só deixou antever o seguinte: “O governo anterior não deixava o setor ter mais de 6% de lucro. E ninguém quer investir para ganhar menos de 11%”, comentou. A nova proposta de regulamentação será anunciada ainda este mês.

Lula e o PT

Os deputados e senadores petistas estão muito mais dedicados a voltar à velha forma oposicionista do que propriamente defender o ex-presidente. Nos bastidores, há quem diga que caberá a Lula, alvo de nova denúncia ontem, cuidar da própria defesa.

Lula e Ciro

A ideia de Lula, de fazer de Ciro Gomes seu candidato a presidente, conforme divulgado nessa coluna na semana passada, é rechaçada por aliados de Ciro. “Lula não consegue eleger nem prefeito, vai conseguir fazer presidente da República?!” dizem os pedetistas ligados ao ex-ministro. Sem defesa, nem do PT, nem do PDT, Lula está cada vez mais sozinho.

Ciro e o PT

Os petistas são unânimes em afirmar que Ciro Gomes não é o melhor nome para representar o partido na sucessão presidencial. O momento, para o bem ou para o mal, é de reafirmação e reconstrução da legenda com nome próprio.

Meus comerciais, por favor

A Proposta de Emenda Constituicional do teto de gastos caiu no gosto das excelências. Prova disso foi o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), candidato a prefeito de Ribeirão Preto nesse segundo turno, discursar em favor da proposta em pleno horário nobre.

PTN vira Podemos

Com 13 deputados, o PTN da deputada Renata Abreu (SP) se prepara para mudar seu nome para “Podemos”, que ficou famoso na Espanha. Ela avisa, entretanto, que o seu “Podemos” não terá nada a ver com o espanhol. “Não seremos de esquerda e nem de direita.Vamos construir algo novo”, diz ela.

Até eles/ Deputados que votaram contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e eram classificados como “governistas roxos” nos tempos do PT estavam bastante à vontade no Alvorada na noite de domingo. Incluindo, aí, João Carlos Bacelar e José Rocha, ambos do PR da Bahia. “O PR quase todo ficou com Dilma, mas agora está com o governo”, explicou Rocha.

Pensando bem…/ Os deputados do PMDB que acompanham há tempos o jeitão de Michel Temer (foto) atribuíam ontem, ao resultado da votação da PEC 241, o “poder da gentileza” do atual presidente. Sabe como é, depois de um período em que a presidente não gostava dos salamaleques da política, os parlamentares estão em fase de namoro com o peemedebista dado ao cumprimento dos protocolos e signos políticos

… Oração nunca é demais…/ Ontem pela manhã, depois do jantar com os parlamentares, o presidente Michel Temer recebeu nos mesmos salões o conselho da Rede Vida de Televisão, presidido pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, que tem ainda a presença do arcebispo de São Paulo, Dom Odílo Scherer, e de Dom Fernando Figueiredo.

…Nem de Menos/ Aproveitaram para fazer uma oração na Capela de Nossa Sra do Alvorada, que agora retomou suas atividades. No final do governo Dilma, a capela tinha sido transformada em escritório para abrigar parte dos assessores.