Anistia é problema de Lira e vai para o fim da fila

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Senado
Crédito: Kleber

Da coluna Brasília-DF publicado em 15 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Integrantes do próprio PL consideram difícil levar adiante a intenção da deputada Bia Kicis (PL-DF) de só apoiar para presidência da Câmara quem se comprometer com o projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. É que, enquanto o presidente da Casa for Arthur Lira (PP-AL), o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), candidato da maioria, não tratará desse tema. A deputados próximos, Motta já disse que esse problema cabe a Lira. E se esse assunto chegar a fevereiro do ano que vem sem solução, os líderes, conjuntamente com a Mesa Diretora da Casa, seja ela qual for, é que terão que decidir o que fazer, levando em conta serenidade e bom senso.

» »»

Em tempo: Lira também não pretende tratar desse assunto tão cedo. É que há quase um consenso entre os líderes dos partidos de centro sobre a necessidade de, primeiramente, averiguar qual o grau de conexão do homem-bomba da última quarta-feira, Francisco Wanderley Luiz, com os atos de 8 de janeiro. E como as investigações devem demorar, dificilmente haverá tempo hábil de tratar dessa anistia este ano.

Muito além da anistia

As explosões próximas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Câmara dos Deputados levarão a uma revisão completa do sistema de segurança no Legislativo e no Judiciário. Inclusive com investimentos nas áreas de inteligência e contratação de novos policiais.

Por falar em investimentos…

Parte da turma que avalia os cortes orçamentários vai sugerir que os recursos a serem aplicados na área de inteligência e segurança das sedes dos Três Poderes e autoridades sejam preservados e, se possível, ampliados. No Parlamento, já existe muita gente dizendo que não há como fazer economia nessa seara.

… nada está assegurado

Na próxima semana, as pautas em foco da Câmara dos Deputados serão o projeto sobre as emendas parlamentares para destravar o Orçamento, que, de acordo com o deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RO), “não tem nada pronto”. Aliás, a essa altura do campeonato, a cinco semanas do fim dos trabalhos legislativos, sequer a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi votada — e nem há prazo previsto para apreciação.

Sem pressa

Como o leitor da coluna já sabe, deputados só querem tratar do Orçamento depois que o ministro Flávio Dino, do STF, liberar as emendas. E as explosões não mudaram em nada essa disposição.

CURTIDAS

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Tratamento diferente…/ O deputado Luiz Lima (PL-RJ, foto) lamentou as explosões e afirmou que há diferença de tratamento deste episódio para o atentado do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2018. “Quando Bolsonaro sofreu aquele atentado, todos diziam que era um lobo solitário. E hoje já estão falando que tem que investigar (o homem que jogou bombas no STF) porque não é um lobo solitário”, disse.

… mesma dor/ O parlamentar do PL também questionou o porquê de não haver a mesma repercussão quando os deputados do seu partido foram ameaçados por uma influencer. Em vídeo, Festi, uma tiktoker com 1 milhão de seguidores, ameaça sequestrar e botar “um fuzil na cabeça” de parlamentares que não assinaram a Proposta de Emenda Constitucional que reduz a escala de trabalho, hoje de 6×1. “Tem que ter a mesma preocupação. Eu sinto a mesma dor quando os outros são ameaçados. Precisamos trazer o lado mais humano e menos político”, comentou.

Sigamos em frente/ Parlamentares ainda estão consternados com atentado terrorista ao STF, quarta-feira, mas não a ponto de cancelar as sessões de segunda-feira e de terça-feira, ainda que tenha reunião do G20 no Rio de Janeiro, e seja véspera do feriado da Consciência Negra. O tempo até o recesso é pouco e serviço não falta.

Bom feriado/ Que a data da Proclamação da República traga serenidade para as discussões políticas.