Pesquisa confirma ligação entre apneia do sono e Alzheimer

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A suspeita de que a apneia do sono está ligada ao surgimento do Alzheimer acaba de ganhar uma evidência de peso. Cientistas descobriram que as duas doenças causam danos cerebrais idênticos. Também identificaram que, quanto mais grave a apneia do sono, maior o acúmulo, no cérebro, de proteínas que levam à demência mais comum na velhice. Os resultados inéditos foram publicados nesta semana, na revista Sleep.

Stephen Robinson, autor principal estudo, explica que médicos já sabem que adultos na meia-idade que têm apneia do sono correm maior risco de desenvolver Alzheimer. “E se a pessoa tiver Alzheimer, é mais provável que ela tenha apneia do sono do que outros com a mesma idade”, afirma o também pesquisador da Universidade RMIT, na Austrália.

Mais de 936 milhões de pessoas no mundo sofrem com o distúrbio do sono, que é diagnosticado em cerca de 30% dos idosos. O Alzheimer, por sua vez, acomete mais de 45 milhões de indivíduos, sendo a grande maioria idosos. Falta, porém, desvendar as causas que conectam as duas doenças.

“Nosso estudo é o primeiro a encontrar placas amiloides semelhantes ao Alzheimer no cérebro de pessoas com apneia do sono. É um avanço importante na compreensão das ligações entre essas condições. Ele abre novas direções para os pesquisadores que se esforçam para desenvolver terapias para tratar e prevenir o Alzheimer”, comemora Stephen Robinson.

Estágio inicial

A pesquisa foi feita após a autópsia de 58 pessoas. Foram analisados tecidos do hipocampo de 34 pessoas que tiveram Alzheimer e o tronco cerebral de 24 que sofriam com a apneia. Os cientistas encontraram placas e emaranhados da proteína amiloide no cérebro da que tiveram esse distúrbio do sono. Também perceberam que as placas tóxicas eram maiores no cérebro daquelas com apneia mais grave. “Em casos leves, só pudemos encontrar placas e emaranhados na área cortical perto do hipocampo, precisamente onde são encontrados os primeiros sinais da doença de Alzheimer”, explica Stephen Robinson.

Ao longo da vida, as pessoas não apresentaram sintomas clínicos de demência. Para a equipe, isso sugere que os danos cerebrais identificados podem ser sinais de um estágio inicial do Alzheimer. “Embora algumas pessoas possam ter tido comprometimento cognitivo leve ou demência não diagnosticada, nenhuma apresentou sintomas fortes o suficiente para um diagnóstico oficial”, conta Robinson.

A equipe pretende aprofundar o estudo. “O próximo estágio de nossa pesquisa será continuar analisando essas amostras para obter uma compreensão completa da neuropatologia, incluindo sinais de inflamação e alterações nos vasos sanguíneos que fornecem nutrientes para o cérebro”, diz Robinson. Também está prevista avaliação de um número maior de indivíduos.