Uma das doenças crônicas mais incidentes no mundo, o diabetes pode tirar anos de vida dos pacientes. Pesquisadores britânicos conseguiram calcular essa perda. São até oito anos a menos, sendo que as mulheres sofrem os piores impactos. Para elas, o total de anos perdidos chega a ser 45% maior.
O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade de Manchester. Eles avaliaram dados de atendimento de 41,3 milhões de pessoas. Dessas, 217 mil tinham diabetes tipo 1 e 2,5 milhões, diabetes tipo 2. Os cálculos mostram que as pessoas com diabetes tipo 1 tinham, em média, 42,8 anos e expectativa de vida de 32,6 anos — vivendo até 75,4 anos. Em comparação, os não diabéticos com o mesmo perfil etário poderiam viver até 83 anos. Dessa forma, nas pessoas com diabetes tipo 1, o tempo perdido foi de 7,6 anos.
No caso das pessoas com diabetes tipo 2, a idade média era de 65,4 anos e a expectativa de vida, de 18,6 anos (vivendo até 84 anos). Os participantes com a mesma idade e sem a doença poderiam viver até 85,7 anos. O tempo perdido foi de 1,7 ano. Ao analisar o gênero dos voluntários, os cientistas concluíram que a média de anos perdidos é 21% maior para mulheres com diabetes tipo 1 e 45% maior para as que tinham diabetes tipo 2.
Um ano de descuido, 100 dias a menos
A equipe enfatiza que mais estudos ajudarão a explicar as razões das diferenças de gênero e do tipo de diabetes, além do impacto na longevidade. O que eles já perceberam é que 70% das pessoas com diabetes tipo 1 e 33% das com diabetes tipo 2 tinham uma hemoglobina glicada (HbA1c) superior ao recomendado. A medida refere-se ao controle de açúcar no sangue. E a modelagem mostra que cada ano que uma pessoa com qualquer tipo de diabetes passa com o HbA1c descontrolado pode encurtar a vida dela em 100 dias.
“Essa informação pode ser um incentivo para os médicos garantirem que todas as pessoas estejam fazendo a melhor terapia para manter o açúcar no sangue dentro da faixa e também para que essas pessoas se envolvam mais fortemente com as recomendações de terapia e estilo de vida”, enfatizam os autores do estudo, liderado por Adrian Heald. A pequisa foi publicada na revista Cardiovascular Endocrinology & Metabolism e divulgada hoje, na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD).
Pacientes devem ser alertados
Análises mais completas ajudarão também a avaliar a influência de fatores que interferem na expectativa de vida, como tabagismo, sedentarismo, excesso de peso e hipertensão. Mas os cientistas britânicos afirmam que é provável que o nível de açúcar no sangue continue a ser um forte determinante de mortalidade. Por isso, eles defendem que as pessoas, ao serem diagnosticadas com diabetes, sejam alertadas sobre esse impacto da doença. “A comunicação de anos de vida perdidos no momento da consulta e por meio de mensagens divulgadas por organizações nacionais e internacionais serão de grande ajuda”, enfatizam.
O diabetes tipo 1 ocorre quando o sistema imunológico ataca equivocadamente as células que produzem insulina. Ele geralmente é descoberto na infância e na adolescência e representa de 5% a 10% dos casos de diabetes. Já o tipo 2 surge quando o corpo não consegue mais usar adequadamente a insulina que produz ou deixa de produzir quantidade suficiente do hormônio. Geralmente, essa doença metabólica é diagnosticada na meia-idade.