Excesso de antibiótico aumenta o risco de ter Parkinson

Publicado em Parkinson, Saúde, Velhice
Foto: Carlos Silva/CB/D.A Press

O consumo excessivo de antibióticos pode fazer com que uma pessoa fique predisposta a ter Parkinson até 15 anos depois. O alerta é de um grupo de pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, que analisou dados de quase 65 mil voluntários para chegar à conclusão. A hipótese é de que as alterações na microbiota intestinal causadas pelo medicamento aumentam o risco de surgimento da doença degenerativa.

Segundo o neurologista Filip Scheperjans, já se sabia que um número significativo de pacientes com Parkinson sofre alterações na flora intestinal até 20 anos antes do surgimento dos principais sintomas da doença. Não havia, porém, uma explicação para essa condição.

“Nossos resultados sugerem que alguns antibióticos comumente usados, conhecidos por influenciar fortemente a microbiota intestinal, podem ser um fator predisponente”, explica o líder da pesquisa, divulgada na última edição do jornal Movement Disorders.

Penicilina

As associações mais fortes foram encontradas com o uso de antibióticos de amplo espectro, que são eficazes contra muitos micróbios. Esses são os antibióticos mais prescritos no mundo, tanto para homens quanto para animais. A penicilina é um dos mais comuns.

Para Filip Scheperjans, os resultados sinalizam a necessidade de repensar as práticas médicas. “A descoberta também pode ter implicações nas prescrições de antibióticos. Além do problema de resistência aos antibióticos, a prescrição de antimicrobianos deve levar em conta seus efeitos potencialmente duradouros no microbioma intestinal e o desenvolvimento de certas doenças”, explica.

Até 15 anos

Para chegar às conclusões, os pesquisadores compararam dados de 3.976 pessoas com Parkinson e 40.697 voluntários sem a doença. Em ambos os grupos, foi considerada também a exposição a antibióticos entre 1998 e 2014. Os cientistas montaram três grupos conforme o tempo posterior à ingestão de antibióticos: de um a cinco anos, de cinco a 10 anos, e de 10 a 15 anos. A predisposição para a doença foi observada em todos eles.

Crônica e progressiva, a doença de Parkinson é mais incidente na terceira idade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 1% a 2% da população de idosos tem a doença. Em geral, ela se instala por volta dos 60 anos. Seu diagnóstico é clínico, tendo como principais indicativos a lentidão dos movimentos, a rigidez muscular, a instabilidade postural e os tremores involuntários.