O governo anunciou medidas para estimular a criação de empregos com carteira assinada. Os grandes beneficiados são os jovens. Viva! Quase um quarto dos brasileiros nessa faixa etária joga no time nem-nem — nem trabalha, nem estuda.
Foi um auê. Jornais, rádios, tevês, sites anunciaram a inciativa. Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Tropeçaram no castigo de Deus. O responsável pelo tombo foi o nome da novidade. Apareceram três grafias. Uma: Programa Verde e Amarelo. Outra: Programa Verde-Amarelo. Mais uma: Programa Verde Amarelo.
E daí?
Há duas formas corretas:
1.Programa Verde e Amarelo — Assim mesmo, sem hífen. O trio joga no time de pé de moleque, mão de obra, testa de ferro, tomara que caia, dor de cotovelo, mula sem cabeça. Antes da reforma ortográfica, essas palavras se escreviam com tracinho. Mas, como não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe, o elo bateu asas e voou. Adeus!
2. Programa Verde-Amarelo — A duplinha pertence à gangue de arco-íris, beija-flor, guarda-roupa, porta-luvas, para-choque. Etc. e tal. A turminha se escrevia com hífen. A reforma ortográfica respeitou-a. Manteve o tracinho.
Exceção
Paraquedas se escrevia como as irmãs da mesma composição — para-choque, para-raios, para-lama, para-chuva, para-fogo, para-luz. Mas decidiu fazer gracinhas. Na hora da reforma, despencou do céu diante dos acadêmicos. Eles levaram tal susto que se esqueceram do hífen. É o castigo de Deus.
Salvação
Muitos escreveram Programa Verde Amarelo. Bobearam. Na pressa, nem se lembraram da bondade divina. O Senhor puniu, mas mostrou o caminho da salvação — a consulta ao dicionário. No pai de todos nós, está a grafia nota 10. É só abri-lo.
Flexão
Verde é adjetivo. Amarelo também. Adjetivos compostos de adjetivo + adjetivo obedecem cegamente a uma regra. Só o segundo varia: bandeira verde-amarela, bandeiras verde-amarelas, programa verde-amarelo, programas verde-amarelos.