Tag: flexão
Volta e meia eles mudam de nome. Foram remediados. Viraram pobres. Passaram a miseráveis. Aí apareceram os carentes. Seguiram-se os despossuídos. Depois os descamisados. Hoje os pobres estão em outra. É vez do sem. O desabrigado é sem-teto; o desamparado, sem-justiça; o agricultor que não tem onde plantar, sem-terra. Etc. e tal. O sem deu filhotes. Ocorreu a manifestação dos sem-terrinha, sem-celular, sem-micro-ondas e sem-carro importado. […]
O todo, no caso, funciona como advérbio (= totalmente). Mantém-se invariável: o todo-poderoso, os todo-poderosos, a todo-poderosa, as todo-poderosas. Exemplos Os todo-poderosos ministros concordaram com o relator. A todo-poderosa chanceler alemã lidera a União Europeia. As antes todo-poderosas empresárias tiveram de pedir ajuda ao governo. A pandemia revelou todo-poderosos líderes comunitários que atuam em silêncio, longe dos holofotes.
Afro joga em três times: 1. Substantivos. Aí, não tem feminino nem masculino. Mas tem singular e plural: a afro, as afros, o afro, os afros. 2. Adjetivos. No caso, é invariável: cultura afro, culturas afro, cabelo afro, cabelos afro. 3. Prefixos. Pede hífen na formação dos adjetivos pátrios ou quando for seguido de h ou o. No mais, é tudo colado: afro-americano, afro-brasileiro, afro-germânico, […]
Afro joga em duas equipes. Numa, é nome. Substantivo ou adjetivo, não goza de privilégios. Flexiona-se em gênero e número como os irmãozinhos feio, bonito, pequeno: povo afro, povos afros, moda afra, modas afras. Noutra, é prefixo. Pede hífen na formação de adjetivos pátrios. Nos demais compostos, dispensa o tracinho. É tudo junto, colado como unha e carne: afro-americano, afro-brasileiro, afro-latino, afrodescendente, afrolatria, afrogenia.
O governo anunciou medidas para estimular a criação de empregos com carteira assinada. Os grandes beneficiados são os jovens. Viva! Quase um quarto dos brasileiros nessa faixa etária joga no time nem-nem — nem trabalha, nem estuda. Foi um auê. Jornais, rádios, tevês, sites anunciaram a inciativa. Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Tropeçaram no castigo de Deus. O responsável pelo tombo foi o nome da novidade. Apareceram três grafias. […]
Papa, cardeais, bispos são os mandachuvas da Igreja Católica. Eles são os todo-poderosos do Vaticano? Ou os todos-poderosos? Guarde isto: O todo, no caso, funciona como advérbio. Quer dizer totalmente. Mantém-se, por isso, invariável: o todo-poderoso, os todo-poderosos, a todo-poderosa, as todo-poderosas.
Guimarães de Sousa leu no Correio de 18 de junho a seguinte frase: “O Brasil, que tal quais os Estados Unidos se construiu graças à contribuição dos imigrantes, …” Ficou na dúvida: “tal quais”? Por favor, explique. A concordância da duplinha tal qual dá nó nos miolos. Como acertar sempre? Há duas respostas: 1. Os ortodoxos dão esta orientação — cada par concorda com o termo […]
A greve do transporte público deixou duas saídas para quem precisa sair de casa. Uma: tirar o carro da garagem. A outra: recorrer ao transporte pirata. Assim mesmo: pirata, na função de adjetivo, escreve-se sem hífen. Flexiona-se no plural: transporte pirata, transportes piratas; rádio pirata, rádios piratas.
Como locuções conjuntivas (terminadas em que), de forma que, de modo que & similares rezam na cartilha das conjunções (que, porque, quando). Invariáveis, não aceitam o plural de formas que, de modos que, etc. e tal. Xô!
Fora da lei não tem feminino, nem masculino, nem singular, nem plural: o fora da lei, os fora da lei, a fora da lei, as fora da lei, indivíduos fora da lei, mulheres fora da lei.