Há pleonasmos pra lá de conhecidos. É o caso de subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, elo de ligação, habitat natural, panorama geral. Só se sobe pra cima, só se desce pra baixo, só se entra pra dentro, só se sai pra fora, todo elo é de ligação, todo habitat é natural, todo panorama é geral. Melhor mandar a gordura passear na terra do cruz-credo. Basta dizer subir, descer, entrar, sair, elo, habitat, panorama.
Mas há redundâncias espertas. Enganam o bobo na casca do ovo. Vale o exemplo de “todos foram unânimes”. Unânime é relativo a todos. Use um ou outro. Diga: Os líderes foram unânimes. Todos concordaram.
Outro espertinho – “todos os dois”. Valha-nos, Deus. Usá-lo dá alergia. É espirro pra todos os lados. Diga os dois ou ambos.
Historinha
“O que é isso, Benedito”?, perguntou Gustavo Capanema (ministro da Educação de Getúlio Vargas) ao então governador de Minas, Benedito Valadares, que chegava ao Catete usando óculos escuros:
— Conjuntivite nos olhos, respondeu.
Despediram-se. Ao vê-lo, Getúlio lhe fez a mesma pergunta. E Valadares:
— Presidente, o médico lá em Minas disse que era conjuntivite nos olhos. Mas o Capanema, que quer ser mais sabido que os médicos, acaba de me dizer que é pleonasmo.