A tragédia de Brumadinho trouxe às manchetes a palavra perda: perda de vidas, perda de bens, perda de esperança.
Volta e meia, alguém usa perca no sentido de perda: perca de vidas, perca de bens, perca de esperança.
Está certo? O dicionário responde. O Aurélio diz que que perca é forma popular de perda. O Houaiss, que se trata de forma não preferida. E daí?
A língua é como a mulher de César. Dizia-se que a primeira-dama do Império Romano não só tinha de ser honesta. Tinha de parecer honesta. O mesmo ocorre com a língua. Ela não só tem de ser correta. Tem de parecer correta. Perca no lugar de perda parece errado. Melhor mandar a rejeitada passear na esquina.
Perca é pra lá de bem-vinda no presente do subjuntivo do verbo perder: que eu perca, ela perca, nós percamos, elas percam.