Palanque eletrônico 9

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Show às avessas

Dad Squarisi

A maior tragédia nacional? É a educação. Se alguém tinha dúvida, ela se evaporou ontem. No programa eleitoral, a constelação petista brilhou. Começa com José Alencar. O vice-presidente diz confiar em Agnelo. A prova? Trabalharam juntos no governo atual. Em seguida vem Dilma. Penteado novo, sorriso de orelha a orelha, a campeã nas pesquisas pede votos para eleger o governador vermelho.

Depois? Eis que surge o astro-rei. “Vote Dilma presidente e Agnelo governador.” O presidente lembra a crise que se abateu sobre Brasília. Sem querer querendo, sugere que a escolha do adversário manterá a capital nas páginas policiais. Impõe-se impedir nova queda no atoleiro. Como? Com Agnelo, claro.

Ao lado de juras de boas intenções, declaração de amor ao povo, exibição de projetos, etc., etc., etc., fica claro. O inimigo número 1 do petista não é Roriz. É a língua. O português apanha feio. O apresentador acompanha uma moradora do Recanto das Emas pra mostrar a tragédia do transporte urbano. O diálogo aparece na telinha. A abreviatura de horas ganha todas as formas possíveis — 5,30, 6:30, 7 — menos a correta: 5h30, 6h30, 7h.

“Nós temos aqui hoje, nesse palco, o companheiro Agnelo”, anuncia Dilma. Valha-nos, Deus! Ela está no palco com a turma toda. É “neste” palco, não? Tempo esgotado, o programa fica por aí. “Sou inocente”, suspira Agnelo. Com a equipe, lembra musiquinha dos tempos da vovó: “Esta gente toda em vez de inglês / precisava um pouco mais de português”.