Palavras de Sérgio Porto “No futebol, a cabeça é o terceiro pé.” Na trave Locutores esportivos têm um denominador comum. Pisam os ditongos. No grupo ei, apagam o i. Em vez de treino, treinar e treinador, dizem treno, trenar, trenador. Em lugar de goleiro, golero. Chuteira vira chutera. Terceiro, tercero. Viu? É a pronúncia do cruz-credo. Resultado: bola na trave. Elegância Na prática […]
“Martins confirmou à polícia que esquartejou e tentou ocultar o cadáver do zelador, mas negou que tenha o matado“, escrevemos na pág. 6. Viu? Sem falar na lógica, pois não se mata cadáver, tropeçamos no pronome átono. O leitor Flatônio José da Silva viu e reclamou. Com razão. A conjunção atrai o fracote. Assim: Martins confirmou à polícia que esquartejou e tentou ocultar o cadáver […]
Grafia Ops! A reforma ortográfica cassou o hífen de palavras compostas. Entre elas, as composições de dois ou mais vocábulos ligados por preposição, conjunção, pronome. Pé-de-moleque, mão-de-obra, tomara-que–caia se escreviam com hífen. Agora estão livres e soltas — pé de moleque, mão de obra, tomara que caia. As cores entraram na faxina. Antes, cor-de-laranja, cor-de-carne, cor-de-vinho, cor-de-abóbora, cor-de-creme se grafavam desse jeitinho. Agora, mandaram o […]
Duplinhas Com adjetivos compostos, surgem nós nos miolos. Desatá-los é fácil como tirar chupeta de bebê. Se são dois adjetivos, só o segundo se flexiona: bandeira verde-amarela (bandeiras verde-amarelas), uniforme azul-claro (uniformes azul-claros), chuteira verde-rosa (chuteiras verde-rosas). Truque A cor é definida por um substantivo? Ops! Cessa tudo o que a musa antiga canta. Entra em cartaz o truque de esconde-esconde. Oculta, como quem não […]
Junho chegou. Com ele, a Copa verde-amarela. A cidade se enfeita com timidez. Bandeiras tremulam aqui e ali. Vitrines exibem as cores nacionais. Crianças vestem a camiseta da Seleção. Unanimidade?Só o assunto. É futebol pra lá, futebol pra cá. Ao falar na paixão nacional, uma condição se impõe: acariciar a língua como se acaricia a bola. Mais que cores Na festa da bola, as cores […]
“O mandato de prisão foi expedido por juiz da 2ª Vara”, escrevemos na capa. Ops! Uma letra faz a diferença. Mandato é representação (mandato de senador). Mandado é ordem. No caso, o juiz expediu mandado de prisão.
Famosa repórter da tevê finalizou uma reportagem sobre moda masculina dizendo que os modelos eram “chiquérrimos”. Não seriam chiquíssimos ? (Reynaldo Bicudo) Cliquérrimo, forma afetada de falar, joga no time de elegantérrimo, lindérrimo. E por aí vai. Chiquíssimo é o superlativo mais comum — lindíssimo, elegantíssimo, sofisticadíssimo.
Na prática esportiva, há três resultados possíveis. Um: ganhar. Outro: empatar. O indesejado: perder. Ganhe, perca ou empate, seja elegante. Use a preposição nota mil: O time ganha de outro por ou de: Na final, o Brasil ganhará da Alemanha por 3 a 0 (ou de 3 a 0). O time perde para outro por ou de: A Alemanha perderá para o Brasil por 3 […]
Locutores esportivos têm um denominador comum. Pisam os ditongos. No grupo ei, apagam o i. Em vez de treino, treinar e treinador, dizem treno, trenar, trenador. Em lugar de goleiro, golero. Chuteira vira chutera. Terceiro, tercero. Viu? É a pronúncia do cruz-credo. Resultado: bola na trave.
“No futebol, a cabeça é o terceiro pé.”