Laranja é a fruta gostosa cheiinha de gomos. É também a cor da seleção holandesa e a queridinha do verão. É, sobretudo, a vedete do noticiário. Motoristas, jardineiros, domésticas descobrem que são milionários. Dormem pobres. Acordam nas manhetes de jornais e telejornais. Como? Espertinhos abrem firmas em nome deles. Abusam de falcatruas. Os coitados acabam obrigados a prestar contas pelo que não fizeram. Pinta, então, […]
“A poesia deveria ajudar não somente a aprimorar a linguagem da época, mas a preveni-la de mudar com excessiva rapidez.”
Fim do mundo? Há vários cenários. Um deles aparece em cartazes espalhados pela cidade. “Se dirigir”, diz ele, “não digite.” O alerta chamou a atenção de motoristas e motoqueiros. Eis a questão: a frase exige vírgula? Palpiteiros se dividiram. De um lado, o grupo do sim. De outro, do não. E daí? O período tem duas orações. Uma: se dirigir. A outra: não digite. A […]
“Voltada para os Três Poderes, o local é um de maior confluência de brasilienses”, escrevemos na pág. 24. Entendeu? Possivelmente não. Pelo contexto, talvez seja este o recado: Voltado para os Três Poderes, o local é um espaço de grande confluência de brasilienses.
Li uma manchete que dizia: “Crise obriga cursinhos a se reinventar”. Não seria reinventarem? Ou é opcional?(Lucinha) Trata-se, Lucinha, do maior capricho da língua portuguesa. É o infinitivo flexionado. Desde o século 12, os gramáticos discutem a manha de forma tão excepcional. Chegaram a poucos consensos. Um deles: a preposição torna a flexão facultativa. É o caso. A preposição a não deixa dúvida. É acertar […]
“Relator do processo, Gilmar Mendes pediu a investigação de fornecedores dos petistas que tem motorista como sócio”, escrevemos na pág. 6. Ops! Confundimos plural e singular (ele tem, eles têm). Melhor: … pediu a investigação de fornecedores dos petistas que têm motorista como sócio.
O bem mais precioso na televisão? É o tempo. Repórteres dispõem de segundos pra dar a notícia. Por isso exercitam a síntese. Dizem mais com menos palavras. Pleonasmos? Nem pensar. Mas, apesar do cuidado, alguns escapam. Vale o exemplo do Bom-Dia, Brasil, de hoje. “Uma faixa ainda continua interditada na Marginal Pinheiros”, informou o jornalista. Viu? Ainda indica duração. Continua dá o mesmo recado. Os […]
A Câmara fez o que tinha de fazer. Cassou o mandato do deputado André Vargas. O paranaense era vice-presidente da Casa do Povo. Num arroubo ingênuo, fez o gesto dos mensaleiros quando foram presos — levantou o punho fechado em sinal de desafio. Pra quê? Chamou a atenção de amigos, inimigos e muristas. Vieram à tona as ligações dele com o doleiro Alberto Youssef — […]
“Cardoso chegou a conversar com o procurador-geral após o evento em que participaram pela manhã”, escrevemos na pág. 2. Viu? Pisamos a regência, o calo mais doloroso da língua. A gente participa de algo. Melhor: Cardoso chegou a conversar com o procurador-geral após o evento de que participaram pela manhã.
Ligue a tevê ou o rádio. Se preferir, abra jornais ou revistas. Vale também dar uma navegadinha na internet. Falados ou escritos, os enunciados têm um denominador comum. Apelam, pra fugir da repetição de palavras, a vocábulos inadequados. Pensam trocar seis por meia dúvida. Mas se enganam. Uma das vítimas: o verbo possuir. A propósito, escreve Fernando Limeira, de São Paulo: “De uns tempos pra […]