O que dá o tom aos tempos modernos? Muitas modas. Uma delas: a criação de eufemismos. Adocica-se o nome feio ou assustador. O recurso vem de longe. O povo recorre a ele desde sempre. Em vez de diabo, diz cão. Em lugar de morte, viagem, partida, ida pro outro mundo. Câncer? Valha-nos, Deus. Melhor c.a. Mentir? Nãoooooooooo! É omitir a verdade. O recesso do Congresso […]
Marido e mulher ficaram frente a frente. A expressão pede crase? Não. Com palavras repetidas, o grampinho não tem vez. É o caso de cara a cara, face a face, gota a gota. Fácil, não? É que a crase não foi feita pra humilhar ninguém.
Nestes tempos de CPIs, quebras de sigilo e indiscrições eletrônicas, a palavra cautela sobressai. Eis o conselho: “Não pense. Se pensar, não fale. Se pensar e falar, não escreva. Se pensar, falar e escrever, não assine. Se pensar, falar, escrever e assinar, que Deus o proteja”.
“O que estamos vendo nesse momento são espasmos de recuperação econômica”, escrevemos na pág. 11. Ops! Referimo-nos ao tempo presente. É a vez do este. Assim: O que estamos vendo neste momento são espasmos de recuperação econômica.
Ao nível de ou em nível de? Depende. Ao nível de significa à altura de: Recife fica ao nível do mar. O cargo de Maria está ao nível do de Luís. Em nível de quer dizer no âmbito de: Faço um curso em nível de pós-graduação. A decisão foi tomada em nível de diretoria. Cá entre nós. Em nível de é dispensável. Como tudo que […]
Em prol de ou em pró de? Na acepção de em favor, em proveito de, dê passagem ao prol. Veja: Ela trabalha em prol de uma causa justa. Organizaram o mutirão em prol da limpeza pública. Promove uma cruzada em prol da moral e dos bons costumes. Pró, com acento, não se usa em expressão. Usa-se solto. Pode ser advérbio. Assim: Não sou nem pró […]
“Entre todos os homens, o romancista é o que mais se assemelha a Deus — ele copia Deus.”
O leitor José Ricardo é pra lá de atento. Ouve com cuidado declarações de autoridades. Mantém as antenas ligadas não só no conteúdo mas também na forma. Ele escreve: “Janot referiu-se, duas vezes, a altas autoridades da República como dignatários. Pisou a língua, não?” Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! O português geme até agora. Dignatário não existe. A forma é dignitário, com i. A ilustre senhora pertence à família […]
Dinheiro não nasce em árvore. Mas jorra de malas, recheia cuecas, pulula em meias e enche bolsos de corruptos. Os envolvidos com a dinheirama tocam o samba de uma nota só: — São doações de campanha, doações de fiéis, doações de empresários generosos. Viu? Os sortudos aprenderam a conjugar o verbo doar. Descobriram que o dissílabo se flexiona como os irmãozinhos dele. É o caso […]
O superlativo está na moda. Tudo é grande. Desemprego bate recorde. Dinheiro não se carrega em carteira, mas em mala. Propina é de milhão pra cima. Tudo é mega. Por isso gostaria de aprender o emprego do dissílabo. Ele pede hífen?Guarde isto: os prefixos indicadores de tamanho sofrem de um mal comum. Mega-, mini-, micro, maxi- obedecem à regra dos prefixos. Só pedem hífen quando […]