“Joesley chora ao chegar à sela da PF”, escreveu o Estadão. Francisco Rabello viu. E ironizou: “Decerto Joesley pensou que seria encilhado, cavalgado e esporado. Por isso chorou.” Viu? O jornal trocou as letras: sela é arreio de cavalgadura; cela, quartinho de frades, freiras, presidiários.
As qualidades do estilo? São três. Uma: clareza. Outra: clareza. A última: clareza. O Correio cochilou. Na primeira página de hoje, escreveu: “Cama de concreto e água fria na cadeia”. Pobre do leitor. Numa primeira passagem de olhos, ele entende que a cama era de concreto e água fria. O problema? A ordem de colocação dos termos. Melhor jogar limpo. Assim: Na cadeia, água fria […]
“Nós não vai preso”, repete e repete Joesley Batista nos áudios divulgados por rádios, tevês, blogues, sites etc. e tal. De tanto ouvir a frase, pintou a dúvida na cabeça de pessoas desavisadas. A frase está certa? Olho vivo, moçada! Populações iletradas nunca aprenderam flexão verbal. Elas dizem eu era, tu era, ele era, nós era, eles era & cia. ilimitada. A gente respeita. Mas […]
“O Cerrado pede socorro”, escrevemos na capa. Ops! Demos pedigree a vira-lata. Bioma se escreve com inicial minúscula: O cerrado pede socorro.
Filho de peixe peixinho é, diz a sabedoria popular. O dito vale pra língua. Palavra derivada respeita a primitiva. Trás, por exemplo, se escreve com s. Os filhotes mantêm a marca da família. É o caso de traseiro, atrás, atraso, atrasar. Cheio se grafa com ch. Encher e enchente também. Viajar se registra com j. As formas verbais (todinhas) conservam a letra materna (eu viajo, […]
Há os que sobem pra cima, descem pra baixo, entram pra dentro, saem pra fora. Há também os que jantam à noite, buscam elos de ligação, falam em monopólios exclusivos, vivem em países do mundo. Não faltam os que mantêm a mesma qualquer coisa, os que ainda continuam, os que fazem planos para o futuro. Enfim, os amantes dos pleonasmos nadam de braçada. A oferta […]
— Quero que V. Exª não se esqueça das nossas crianças de 0 a 6 anos, disse o senador. Zero ano? É pôr o carro na frente dos bois. Um ano tem 365 dias. Melhor cair na real: — Quero que V.Exª não se esqueça das crianças de até 6 anos.
“Uma citação na hora certa é como comida para quem tem fome.”
Duas palavras dão nó nos miolos de gregos, romanos, baianos e sergipanos. Uma: continuação. A outra: continuidade. Quando usar uma e outra? Continuação tem a ver com o tempo de duração de um acontecimento: Quero ver a continuação da contagem do dinheiro. Venha assistir à continuação do filme. Continuidade indica o prolongamento, a extensão de algo: A continuidade da Lava-Jato não está em discussão. O […]
A palavra da semana? Foi autogrampo. Os irmãos Batistas gravaram áudio contra si mesmos. Não só por apresentarem um português sofrível. Mas também por conter declarações que vão levá-los à cadeia. As consequências do polissílabo não se restringiram aos maiores produtores de proteína animal do mundo. Chegaram às redações de jornais, sites, blogues. A questão: como escrever o vocábulo? Com hífen? Sem hífen? Auto- joga […]