“Polícia fala em 300 mil manifestantes, o que, para os anti-separatistas, é uma estratégia”, escrevemos na pág. 11. Viu? Tropeçamos no hífen. Anti- pede o tracinho quando seguido de h ou de i (anti-herói, anti-imperialismo). No mais, é tudo colado. Melhor: Polícia fala em 300 mil manifestantes, o que, para os antisseparatistas, é uma estratégia.
Percentagem ou porcentagem? Tanto faz. A palavra agrada a gregos e troianos. Você prefere percentagem? Use-a. Acha porcentagem mais charmosa? Bom proveito. E a concordância? Como fica o verbo em construções como 10% da população, 1% dos presentes, 20% da turma? Singular ou plural?Na língua como na vida, ninguém apronta uma só vez nem com uma só pessoa. A percentagem fez concessão no nome. Faz também na concordância. O […]
Com o terremoto, muitas pessoas ficaram … sob ou sobre os escombros? Ficar sobre significa ficar em cima dos escombros. Nada de mais. Ficar sob é outra história. Quer dizer ficar embaixo dos destroços. Aí é que são elas.
Vinte e um gramas? Vinte e uma gramas? Feminino ou masculino? Depende. A grama é a relvinha verde gostosa de pisar. O grama, a unidade de medida de massa. Pertence à família de quilo(grama). Gente atenta sabe das coisas. Diz vinte e um gramas e pisa a grama do jardim.
Parcerias público-privadas? Parcerias públicas-privadas? Parcerias público-privado? Ops! Trata-se da flexão dos adjetivos compostos. A duplinha tem toda a pinta de gente. Um deles fica no bem-bom. O outro sua a camisa. Em outras palavras: o primeiro mantém-se invariável. O segundo, coitadinho, se encarrega de mostrar o feminino e o masculino: ator hispano-americano — atores hispano-americanos intervenção médico-cirúrgica — intervenções médico-cirúrgicas líder político-empresarial […]
“Não dizem que suicídio não pode ser propagado por que incentiva outras pessoas?”, escrevemos na pág. 14. Ops! Pisamos no porquê. No caso, não se trata de pronome interrogativo, mas de conjunção causal. Melhor juntar a duplinha: Não dizem que suicídio não pode ser propagado porque incentiva outras pessoas?
Pergunta-se alguma coisa a alguém? Para alguém? O dicionário de verbos e regimes admite as duas preposições. Pergunte ao professor. Ou pergunte para o professor. A alternativa é uma só — acertar ou acertar.
“Se escrevo é primeiro porque amo os homens. Tudo vem disso pra mim. Amo e por isso é que sinto esta vontade de escrever, me importo com os casos dos homens, me importo com os problemas e necessidades deles. Depois escrevo por necessidade pessoal. Tenho vontade de escrever e escrevo. (Isso é pro caso dos versos.) Mas mesmo isso psicologicamente pode ser reduzido a um […]
O maior calo de Brasília? O drama de tempos idos e vividos em outras capitais: a falta água. A escassez trouxe ao cartaz a palavra racionamento. Racionamento e racionar pertencem a família pra lá de humana. É irmão de raciocinar, racional, arrazoar, arrazoado. São todos filhos do substantivo razão.
Encarar de frente joga no time de subir pra cima, descer pra baixo, criar novo, erário público, completamente vazio, acabamento final, abusar demais. Basta encarar. Subir, descer, criar, erário, vazio, acabamento, abusar agradecem de joelhos. Mas dispensam a companhia. Sozinhos, dão o recado.