A dúvida não é de uma só pessoa. Na hora de escrever, dezenas de criaturas vacilam. Se têm dicionário por perto, consultam. Se não, perguntam ao vizinho do lado. A resposta nem sempre está na ponta da língua. Muitos chutam, mas têm 50% de possibilidade de errar. Pelo sim, pelo não, vale uma dica para a hora do sufoco. Empecilho é estorvo. Ambas têm um […]
“Com esses dados, podemos ver que, na verdade, aproximadamente metade das escolas privadas atingiram a pontuação que a maioria das escolas públicas não conseguem”. A frase está correta? Metade das escolas atingiram? A maioria das escolas não conseguem? Trata-se do partitivo. No caso, o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito (metade, maioria) ou com o complemento (escolas privadas, escolas públicas). É acertar ou […]
“… a cidade é ótimo destino para se esticar as férias ou curtir aquele feriado prolongado”, escrevemos no suplemento Turismo. Reparou? O pronome se sobra. Melhor mandá-lo pra casa: … a cidade é ótimo destino para esticar as férias ou curtir aquele feriado prolongado.
A língua é pra lá de flexível. Como a água se adapta ao recipiente em que é jogada, ela se adapta às intenções do falante. Se ele quer fazer humor, ela atua como aliada. Se quer fazer chorar, ela o ajuda a rolar rios de lágrimas. Se quer transmitir uma informação neutra, ela diz presente. Se quer manipular, ops! Ela está prontinha da silva. É […]
“Queimai as bibliotecas, pois o que elas têm de precioso estão no Corão.”
O verbo ir admite duas preposições. Cada uma dá recado diferente. Ir a significa que vamos voltar rapidinho (vou ao clube, vou ao cinema, vou ao teatro, vou a São Paulo). Ir para avisa que vamos de mala e cuia — pra ficar ou pra demorar um tempão: Vai para Nova York fazer pós-graduação. Vai para Porto Alegre morar com os pais. Vá pro inferno. […]
É correto afirmar que o Ministério Público concluiu “pela” ou “por” alguma coisa? Regência é calo nos dois pés. Na dúvida, é melhor recorrer ao paizão. O dicionário de verbos e regimes, de Francisco Fernandes (o melhor que temos), dá nota 10 para concluir por (pelo, pela), que significa convencer-se de: Gonçalo concluiu pela necessidade de acabar a novela.
Depois de interjeições, é necessário usar alguma pontuação? Sim. A interjeição traduz emoção. Por isso pede ponto de exclamação: ah!, oh!, olá!, oxalá!, tomara!, ui!, alto!, psiu!, cuidado!, alerta!
No tribunal, usa-se “a folhas” para indicar a página. A duplinha está certa? No plural? Trata-se de linguagem forense. Juízes, advogados, promotores & cia. são loucos pela forma rançosa. A gramática os abona. Mas… vamos combinar? Não a adote fora do âmbito das togas.
Ouve-se, aqui e ali, um tal de “adquirir dívida”. Soa tão esquisito quanto “adquirir uma doença”. É questão de propriedade vocabular. Dependendo do contexto, a gente contrai dívidas. Ou faz dívidas. Ou se endivida. Às vezes, negocia dívidas. Ou troca dívidas.