“Em novo parecer ao Supremo, Raquel Dodge pede para que Cármen Lúcia não paute temas decididos recentemente”, escrevemos na pág. 2. Viu? Esquecemos os jeitinhos de pedir. Pedir para pressupõe pedido de licença — pediu (licença) para sair. Pedir que é solicitar. Melhor dar o recado correto: Em novo parecer ao Supremo, Raquel Dodge pede que Cármen Lúcia não paute temas decididos recentemente.
Ambas dão ideia de adição. Somam. Com elas, o verbo vai para o plural*: Não só Maria mas também Nair desistiram do concurso. Tanto Maria quanto Nair desistiram do concurso.
Lembra-se das aulas de gramática? Mais dia, menos dia, a moçada tinha de decorar as conjunções coordenativas. As primeiras da lista eram as aditivas e, nem. Como o nome denuncia, elas adicionam. Núcleos do sujeito ligados por elas não têm saída. São plural: Nem o deputado nem o senador compareceram no plenário. Nem o pai nem a mãe acompanharam o filho na competição.
A concordância com percentagem dá nó nos miolos. Mas é fácil como andar pra frente: Com o número anteposto ao verbo, prefere-se a concordância com o termo posposto: Quinze por cento da população absteve-se de votar. Cerca de 1% dos votantes tumultuaram o processo eleitoral. 2. Com o número percentual determinado por artigo, pronome ou adjetivo, não há alternativa. A concordância se fará só com […]
Cada indica diversidade de ação, particulariza: Usa cada dia um vestido (não repete o traje). Cada filho tem um comportamento. Cada macaco no seu galho. Dava brinquedos a cada criança. Todo generaliza. Significa qualquer: Todo dia é dia. Dava brinquedos a toda criança. Todo homem é mortal.
A língua privilegia certos verbos. Um deles: ganhar. Ganho ou ganhado? Antes, os auxiliares ter e haver exigiam o particípio regular (ganhado). Ser e estar, o irregular (ganho). Modernamente, a lei do menor esforço fala mais alto. Há preferência pela forma dissílaba em todas as construções. Assim: O Brasil tinha (havia) ganho. A partida foi ganha. A partida estava ganha. Muitos torcem o nariz pra […]
“Lula se candidata pela primeira vez à presidência da República”, escrevemos na pág. 6. Ops! Esquecemos pormenor importante. Nome de instituição se escreve com letra maiúscula (Câmara dos Deputados, Senado Federal, Ministério da Educação). Melhor: Lula se candidata pela primeira vez à Presidência da República.
A questão mereceu debates calorosos. Uns defendiam risco de vida porque subentendiam o verbo perder (risco de perder a vida). Outros interpretavam o que estava escrito. Risco é perigo. Perigo de vida? Que bom! Consultada, a Academia Brasileira de Letras bancou o Salomão. Disse que ambas as formas merecem nota 10. O freguês escolhe.
A silepse é a concordância ideológica. Com ela, o rigor da gramática vai pras cucuias. Tem vez a ideia. Na frase “Os estudantes de música estávamos à espera das temporadas populares do Teatro Municipal”, o sujeito é os estudantes. A gramática manda o verbo para a 3a pessoa do plural (estavam). Mas a silepse autoriza outra construção. Ora, o autor se incluiu entre os estudantes. […]
Silepse vem lá do grego. Significa compreensão. A concordância não se faz com o termo que está escrito, mas com outro, oculto, subentendido. Na língua, há muitos casos de silepse. Quer ver? Santos é palavra masculina, não? Dizemos, normalmente, os santos. Mas, quando nos referimos à cidade, apelamos para a concordância com a ideia, não com o nome: Santos foi alagada na última enchente. Percebe? […]