O português tem pouquíssimas palavras terminadas com n. Éden, glúten, hífen, hímen, líquen, pólen, sêmen servem de exemplo. Olho vivo com essa turma. Todas jogam no time das paroxítonas. No singular, ganham acento. No plural, dispensam grampinhos, lenços e documentos: edens, glutens, hifens, himens, liquens, polens.
O radialista Airton Medeiros entrevistava ao vivo na Rádio Nacional a presidente de uma associação de cegos. Dizia que ela era cega. Lá pelo meio do programa, recebeu um papelzinho com a recomendação de que a tratasse como “deficiente visual”. Antes de obedecer à ordem, perguntou se devia tratá-la de cega ou deficiente visual. Ela aproximou as mãos do rosto dele até tocar os óculos. […]
Cupido e Psiquê se casaram. Antes, combinaram que ela nunca veria o rosto do deus do amor. Uma noite, a mulher não resistiu. Enquanto ele dormia, ela acendeu uma vela. Ficou tão encantada com a linda figura que deixou cair cera quente no corpo do amado. Ele acordou. E se foi. Até hoje Psiquê chora. Sofre de tristeza, arrependimento, saudade. O jeito é procurar o […]
O adjetivo não deixa alternativa. Dá vida ou mata. Para animar, deve revelar virtudes capazes de especificar melhor o substantivo e restringir-lhe a abrangência. Em outras palavras: precisa acrescentar precisão e economia à frase. Nunca enfeitar o enunciado. Existem dois tipos de adjetivos. Um: o denotativo, que particulariza o objeto. Não emite opinião, informa. É bem-vindo (mesa redonda, parede branca, homem negro, cabelo loiro). O […]
“Inscrições abertas em todo país”, escrevemos na pág. 2 de Diversão&Arte. Cadê o artigo? O pronome todo, sem o artigo, significa qualquer (todo homem é mortal). Não é o caso. Pra indicar totalidade, o artigo pede passagem. Assim: Inscrições abertas em todo o país.
Lembra-se das conjunções coordenativas? São aquelas cinco que todos os alunos sabem de cor e salteado: aditivas (e, nem), adversativas (mas, porém, todavia, contudo, no entanto), alternativas (ou, ou; ora, ora), explicativas (pois, que, porque), conclusiva (pois, portanto, logo). Quase igual Assim como existem termos coordenados, existem as orações coordenadas. Elas se dividem em dois grupos: 1. Assindéticas. Elas querem distância da conjunção. Ficam só […]
Na separação dos termos compostos, o e brinca de esconde-esconde. Ora aparece. Ora some. É capricho? Não. Ele manda um recadinho aos leitores. Examine as duas frases: Na feira, comprei laranja, pera, maçã, abacate e figo. Na feira, comprei laranja, pera, maçã, abacate, figo. Reparou? A presença do e diz: comprei só as frutas enumeradas. Nenhuma mais. A ausência do ezinho significa que comprei outras […]
Baixar ou abaixar? A duplinha é sinônima. Mas tem empregos especializados. Quer ver? Baixar tem vez exclusiva: 1. quando o verbo for intransitivo (a temperatura baixou, o nível da água baixa na seca, o preço da carne baixará); 2. no sentido de expedir (o presidente baixa decreto, o secretário baixou portarias, o ministro baixa instruções); 3. na expressão “baixar programas na internet”. No mais, com objeto […]
Joaquim Barbosa e seu calcanhar de Aquiles. Certo? Nãooooooo
“Temperamento é calcanhar de Aquiles de Joaquim Barbosa”, escreveu a Folha de S.Paulo. Leitores leram e releram a frase. Respiraram fundo. Tentaram mudar de assunto. Em vão. Uma pulga teimava em lhes cutucar a orelha. A causa não tinha nada a ver com política. A razão do incômodo era linguística. Em bom português: o emprego da inicial maiúscula. Já era A língua joga no time dos […]
Na língua existem criaturas errantes. São os pronomes átonos. Me, te, se, lhe, o, a adoram bater perna. Ora aparecem antes do verbo. Ora, depois. Há também os que se metem no meio. Mas, apesar da flexibilidade, muitos abusam. Cometem pecados. Iniciar a frase com o fracote O pronome se chama átono porque é fraco. Tão fraco que precisa de apoio. Onde se encostar? Em […]