“Irã ultrapassa o limite máximo de estoque de urânio”, anunciaram jornais, rádios, tevês e sites de norte a sul, de leste a oeste. Desperdiçaram palavras. Limite máximo joga no time de teto máximo e piso mínimo. O adjetivo sobra. O limite é sempre máximo, o teto também. O piso é sempre mínimo. Os adjetivos não têm vez: O Irã ultrapassou o limite de estoque de […]
O jornal noticiou: “Um dos foragidos da quadrilha especializada em extorquir pessoas LGBT foi preso no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, nesta segunda-feira”. Bobeou. Extorquir significa arrancar. O verbo faz uma exigência. O objeto direto tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro do empresário. A polícia extorquiu o segredo. Extorquiram a fórmula ao farmacêutico. Um dos foragidos […]
Depois de duas décadas de idas e vindas, o Mercosul e a União Europeia bateram o martelo. Vão formar a maior área de livre comércio do mundo. Ao falar no assunto, o secretário de Comércio Exterior disse cheio de entusiasmo: “Daqui a poucos anos, o acordo passa a vigir”. Ops! Tropeçou no verbo que faz estragos a torto e a direito. É viger, não vigir. […]
Viva! A Bahia está em festa. O Brasil também. Em outubro, Irmã Dulce será canonizada. Virará santa, a Santa Dulce dos Pobres. Até lá, muito se falará sobre a obra da criatura que dedicou a vida a ajudar os pobres. Vale, pois, estar atento à abreviatura de santa. É a mesma de são e santo: S. Dulce dos Pobres, S. Antônio, S. João.
Viva! Um quarto de século com a inflação domada. A história começou em 27.2.94. Nesse dia, o governo editou a Medida Provisória 534. Com ela, lançou um programa que tinha o objetivo de estabilizar a economia e promover reformas no país. Viu? O ato de autoridade, quando especificado o número ou o nome, torna-se substantivo próprio. Escreve-se com a inicial grandona: Medida Provisória 534, Decreto […]
O Plano Real completa 25 anos. Como presente de aniversário, ele pede um favor: não confundi-lo com a moeda. O plano é nome próprio. Exige letra maiúscula: O Plano Real estabilizou a economia. O dinheiro, coitado, não passa de vira-lata. Escreve-se com letra minúscula como as demais moedas: real, dólar, euro, libra, peso.
“A crase não foi feita pra humilhar ninguém.” A frase de Ferreira Gullar fez escola. José Cândido de Carvalho adaptou-a para o sinalzinho de pontuação responsável por um mar de vítimas. “A vírgula”, escreveu ele, “não foi feita pra humilhar ninguém”. É verdade. Uma e outra têm papel definido. Contribuem para a clareza da mensagem. Dois casos servem de exemplo. Um Circula na internet uma […]
Nome de cidades, estados e países dá nó nos miolos. Com crase? Sem crase? Um jeito infalível de acertar sempre é substituir o verbo ir por voltar e orientar-se pela quadra: Se, ao voltar, volto da, Craseio o a. Se, ao voltar, volto de, Crasear pra quê? Volto de Brasília. Volto de? Crasear pra quê? Vou a Brasília. Fui à Brasília de JK. (Voltei […]
“Nas palavras e nas modas, observe a mesma regra: sendo novas ou antigas demais, são igualmente grotescas.”
“Depois de 20 anos, aconteceu o Acordo Mercosul-União Europeia”, disse o repórter. Certo? O fato ocorreu, mas… Acontecer não deve ser usado como curinga. No duro, no duro, ele tem a acepção de ocorrer de repente: Caso acontecesse o ataque, haveria muitos mortos. De repente, aconteceu: o raio caiu na piscina do hotel. O verbo é bem-vindo na companhia dos pronomes indefinidos (tudo, nada, todos), […]