Recado “Prosa = palavras na melhor ordem. Poesia = as melhores palavras na melhor ordem.” Coleridge Como é que se diz? A língua não é a casa-da-mãe-joana. Nem a casa da sogra. Muito menos a casa de Irene. As três casas têm um denominador comum. É a falta de regra. Ali, pode-se tudo. Dorme-se a qualquer hora e em qualquer lugar. Acorda-se quando Deus permite. […]
Palavras simples e curtas Entre dois vocábulos, fique com o mais curto. Entre dois curtos, o mais simples. Fuja dos antipáticos e pretensiosos. Só ou somente? Só. Colocar ou pôr? Pôr. Casamento ou matrimônio? Casamento. Precipitação pluviométrica ou chuva? Chuva. Chefe do Executivo ou presidente? Presidente. Contabilizar ou somar? Somar. Equalizar ou igualar? Igualar. Fidelizar ou conquistar? Conquistar. Agilizar ou apressar? Apressar. Flexibilizar ou […]
“Hoje, STJ julga o pedido de liberdade feito pelos advogados do casal”, escrevemos na capa. Cadê o artigo? Só temos um STJ. O pequenino se impõe: Hoje, o STJ julga o pedido de liberdade feito pelos advogados do casal.
“Defesa dos Nardoni pedirá anulação do laudo”, informam os jornais de hoje. A notícia encucou a cabeça dos leitores de Europa, França e Bahia. Confusos, eles se perguntam se nome próprio tem plural. Tem. O Vocabulário Ortográfico diz que nome próprio não goza de privilégios. Flexiona-se como os comuns. Quem não se lembra de Os Maias, de Eça de Queirós? Daí os Andradas, os Silvas, […]
“É quase lapalissada dizer que só tem direito de errar quem conhece o certo. Só então o erro deixa de o ser para se tornar um ir além das convenções.”
A língua não é a casa-da-mãe-joana. Nem a casa da sogra. Muito menos a casa de Irene. As três casas têm um denominador comum. É a falta de regra. Ali, pode-se tudo. Dorme-se a qualquer hora e em qualquer lugar. Acorda-se quando Deus permite. Mais: joga-se roupa no chão. Deixam-se copos espalhados pelos quatro cantos de salas e quartos. Os cinzeiros estão […]
Ao fazer a chamada da Tela Quente, A Globo anunciou: “Mas há um pequeno detalhe. Ela é filha do presidente”. Problema? Só um. Chama-se redundância. Ou, se quiser nome mais sofisticado, pleonasmo. Todo detalhe é pequeno. O adjetivo sobra. Basta detalhe.
Paulo namorava Maria. Maria namorava Paulo. O tempo passou. A paixão bateu asas. Ela e ele têm horror à enrolação. Pra pôr ponto final no caso, ela mandou pra ele este e-mail: Venho, por meio deste, lhe dizer que não o amarei mais até que a morte nos separe. Ele leu o texto. Releu-o. Pensou: “Mulher que escreve `por meio desta´ […]
“E surgiu uma Eliana que nem ela mesma conhecia, mãe fervorosa — de apontar os lápis das crianças, lavar e passar a roupa dos dois ela mesma, apesar de Elza está à disposição da família há 14 anos”, escrevemos na pág. 22 do Correio Braziliense. Trocamos as bolas, não? O apesar de exige o verbo no infinitivo: … apesar de Elza estar à disposição […]
Há verbos e verbos. Alguns são muito especiais. Defectivos, têm a marca da preguiça. Não se conjugam em todas as pessoas ou tempos. São, por isso, incompletos. Por quê? Por muitas razões. Alguns, por eufonia. Não são agradáveis ao ouvido. Soam mal. Eu coloro”, do verbo colorir, está nesse grupo. “Eu abolo”, de abolir, também. Feios, não? Outros perdem guerras. É o caso […]