Portugal não fala língua estrangeira?, provoca Diniz Esteves. Então vejam se entendem este texto: ‘‘Estava a conduzir meu automóvel numa azinhaga com um borracho muito gira aolado, quando dei com uma bossa na estrada de circunvalação que um bera teve a lata de deixar. Escapei de me espalhar à justa. Em havendo um bufete à frente convidei a chavala a um copo. […]
Os jornais estão cheiiiinhos de pérolas. Não são erros gramaticais. Mas jeitos de dizer que tornam a declaração cômica. Exemplos não faltam: ‘‘No corredor do hospital psiquiátrico, os doentes corriam como loucos’’. ‘‘Parece que ela foi morta pelo assassino’’. ‘‘Ferido no joelho, ele perdeu a cabeça’’. A eleição enriqueceu a série: ‘‘Com tanto semi-analfabeto se candidatando, a democracia vai acabar conosco’’. Pode? Não. Analfabeto […]
Maria olhou pro Paulo. Paulo olhou pra Maria. Foi amor à primeira vista. Um mundo de promessas se abria na vida dos dois. Vênus, Oxum, Cupido, os deuses conspiravam para o encontro. Ele sorriu pra ela. Ela sorriu pra ele. Encorajados, homem e mulher se aproximaram. O papo correu solto. Caminharam pelo shopping. Olharam vitrinas. Comentaram esta ou aquela oferta. Ao chegarem […]
Era uma vez… O leopardo adorava bater papo com o fogo. Como o fogo vivia fechado na caverna, o leopardo ia até lá pra pôr a conversa em dia. Num domingo ensolarado, quando chegou à casa do amigo, teve um idéia: — Por que você fica sempre trancado aqui? Vá à minha casa. O passeio é divertido. — Não posso. Se […]
Há locuções que andam aos pares. A presença de um pressupõe a de outro. É o caso de “por um lado”, que exige o “por outro lado”. Hoje ignoramos o paralelismo. Na pág. 29, escrevemos: “Alguns, por outro lado, investem em carrinhos de feira ou sacolas reaproveitáveis”. Sem o primeiro lado, é melhor ficar com “por seu lado”, que pode andar sozinho.
Reparou? O autor da mensagem bobeou. Esqueceu-se de que não, quando vira substantivo, ganha plural como qualquer mortal (o livro, os livros; o sim, os sins; o quê, os quês; o porquê, os porquês; o quando, os quandos). Ele teria merecido o crédito dos clientes se tivesse escrito: Peça um fiado e ganhe dois nãos.
Paulo de Araújo, fotógrafo do Correio Braziliense, viu o anúncio. Interessou-se pela mensagem. Leu-a e releu-a. Cadê? Não deu pra entender. “A língua faz perder negócios”, concluiu pesaroso. Com razão.
“Não cabe liminar para liberação de mercadorias, bens ou coisas de procedência estrangeira”, leu Carlos Alberto. Pintou a dúvida: procedência estrangeira refere-se a bens,coisas e mercadorias? A construção é ambígua. Pode se referir aos três substantivos. Ou só ao último. ..No limite extremo..,repete Galvão Bueno durante a transmissão da F-1.O homem é um exagerado. Afinal,quem está no limite da velocidade alcançou a […]
José Saramago escreveu: “Sinais de pontuação são como os de estrada. Se tivéssemos menos deles, haveria por certo menos acidentes porque as pessoas fariam tudo mais devagar e com maior atenção”.
O assunto das rodinhas do fim de semana? Acredite. Foi o verbo manter. O danado é traidor que só. Adora armar ciladas. E tem especial predileção pelo futuro do subjuntivo. Como quem não quer nada, finge-se de certo. Mas certo não está. Os repórteres conhecem-lhe os truques. Mesmo assim, caem como patos. Aconteceu outro dia. No alto da página do jornal, estava escrito […]