O mistério do i e do u

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       Big Brother manteve o nome em inglês. Por quê? Na língua do Tio Sam, parece sofisticado. Em português, seria Grande Irmão. Poderia lembrar o programa Casa dos Artistas, do SBT. Mas a essência de um e de outro é a mesma. Ambos se baseiam na bisbilhotice da vida alheia. A aparência muda. Personagens, cenários, figurinos dão a impressão de novidade. Mas novidade não são.      Na língua ocorre fenômeno semelhante. O pronome átono o às vezes ganha outras caras. Ora vira no, ora se transforma em lo. Alguns se confundem. Pensam tratar-se de coisa nova. Enganam-se. É o mesmo ozinho dos tempos em que os bichos falavam. Tão antigo quanto dormir de touca ou ouvir LP. Ele muda de cara por bondade. Com a letrinha a mais, a pronúncia fica mais fácil.    O no pede passagem quando o pronome o vem depois de formas terminadas em nasal. Quais? M ou til: Eles amam Maria (amam-na). Paulo põe o livro na estante (põe-no). Os PMs cercam as motos (cercam-nas).    O lo é cheio de maldades. Aparece depois de verbos terminados em r, s ou z. Mas, quando dá as caras, manda as pobres consoantes plantar batata no asfalto. As enxotadas não têm saída. Somem: É preciso cantar a música com emoção (cantá-la). Ele pôs o livro na gaveta (pô-lo). Fiz o trabalho (fi-lo).     Com ou sem acento? Os verbos acompanhados do pronome lo aparecem ora de um jeito, ora de outro. Por quê? Porque eles são pra lá de obedientes. Em português, acentuam-se as oxítonas terminadas em a, e e o, seguidas ou não de s. É o caso de sofá (sofás), você (vocês), vovó (vovós).         As terminadas em i ou u ficam fora. Não querem ouvir falar de grampinho (aqui, ali, caju, urubu). As formas verbais seguem a regra tintim por tintim. As terminadas em a, e e o ganham acento. Em i, nem pensar: contá-lo, comprá-las; vendê-los; escrevê-la; parti-lo, ouvi-las; pô-lo, compô-las.