O Conselho Federal de Medicina oficializou a prática da telemedicina. Ao anunciar o fato, provocou comentários em Europa, França e Bahia. De um lado, médicos criticaram a iniciativa, que, segundo eles, desumaniza a profissão. De outro, linguistas se pronunciaram a respeito do prefixo tele-.
Tele- veio da Grécia. Quer dizer de longe. Telefone, por exemplo, significa voz de longe. Televisão, imagem de longe. Telegrama, mensagem transmitida de longe. Na era de compras a distância, a dissílaba aparece em montões de palavras. É o caso de telepizza, teletáxi, telepão, telepastel, telefarmácia. E por aí vai.
Como escrever os vocábulos formados com ser tão fértil? Na regra de ouro do emprego do hífen, letras iguais se rejeitam (sub-bloco, ultra-atraente, anti-imperialismo, super-regional). O tele- buscou outra saída. Cassou um e. Assim: teleducação, teleducando, teleducador.
Seja esperto! As palavras escritas com tele- mantêm o acento e a pronúncia originais. Por isso, diante de r e s, apelam para a dose dupla (telesserviço, telessinalização, telessonda, telerradar, telerreserva, telerremédio). Percebeu a manha? O s entre duas vogais soa z (casa, pesquisa, pesadelo). O r fica fraquinho como em caro, marido, feriado. Daí os parezinhos ss e rr.
Por causa dessa lei fonética, o Telerenavam, serviço introduzido pelo Detran, deveria estar escrito com dois rr. Vem de Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). E a telesena? Deixou de dobrar o s. A pronúncia virou telezena. Daí o desencontro. A gente pensa na telessena. Joga na telezena. Resultado: só ganha na sorte.