Filho de peixe

Publicado em Geral

O verbo da moda? É reaver. Com a Operação Lava-Jato, dólares da corrupção depositados no exterior voltaram para o Brasil. Viva! Que venham muitos, muitos mais. A recuperação do dinheiro virou manchete. Muitos escreveram “reaviu”. Cochilaram. Pra conjugar o trissílabo como manda a gramática, a informação da paternidade é pra lá de bem-vinda.

Reaver é filhote de haver. Significa haver de novo, recobrar, recuperar. O danado tem um grande defeito. É preguiçoso que só. Por isso, joga no time dos defectivos. Não tem todas as pessoas, tempos e modos. Ele só se conjuga nas formas em que aparece o v, de haver. No presente do indicativo, apenas o nós e o vós têm vez: reavemos, reaveis.

O indolente não tem o presente do subjuntivo (seria reaja, sem o v). Mas exibe o passado e o futuro completinhos: reouve, reouves, reouve, reouvemos, reouveram; reavia, reavias, reavia, reavíamos, reaviam; reaverei, reaverás, reaverá, reaveremos, reaverão; reaveria, reaverias, reaveveríamos, reaveriam; reouver, reouveres, reouvermos, reouverem; reouvesse, reouvesses, reouvéssemos, reouvessem.

Em ação

Exemplos? Ei-los: Maria reouve as joias roubadas. Ela reavia as fichas do jogo. Ainda reaverei os pontinhos perdidos na prova. Quando reouver o dinheiro, Maria vai depositá-lo no bando. Se eu reouvesse minha herança, faria bela viagem pelos cinco continentes.

Tentações

Abra os olhos. Reavê, reaviu, reaveja não existem. Seriam derivados de ver. Reaver vem de haver. Mas não fique triste. Eles não fazem falta. Recuperar e recobrar os substituem pra lá de bem.