Eu ou mim? Hum…a dificuldade não é só sua. Advogados, jornalistas, professores, todos têm dúvida. Até os charmosos galãs de novelas trocam os pronomes. E daí? O jeito é lembrar-se das velhas aulas de gramática. O professor, sério e altivo, explicava cheio de saber:
— O pronome mim detesta ficar só. Anda sempre de mãos dadas com a preposição.
O professor (graças a Deus!) obrigava os alunos a decorar as preposições. São poucas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, tras.
Veja exemplos do mim acompanhado: Gosta de mim. Telefona para mim. Falou sobre mim. Dirigiu-se a mim. Luta contra mim. Chegou até mim. Confirmou tudo perante mim. Faz tudo por mim.
A vez do eu
O eu é autossuficiente. Todo-poderoso, escolheu para si a função de sujeito. Nunca abre mão dessa tarefa. Desavisados tentam enganá-lo. Aí a tragédia é total. Perdem o emprego, a namorada, pontos no concurso. Ficam sós, tristes e humilhados.
Como evitar o dramalhão? Muito fácil. Lembre-se de que só o eu – só o eu mesmo – pode funcionar como sujeito. Veja: Este livro é para eu ler (quem lê? Eu, sujeito). Pediu para eu responder à carta (quem responde? Eu, sujeito). Deixou os filhos para eu cuidar (quem cuida? Eu, sujeito).
Dica infalível
Se o pronome estiver seguido de verbo, não tenha dúvida. Use eu. Se não, é vez do mim. Compare: Mandou uma carta para mim. Mandou uma carta para eu responder. Sugeriu um trabalho para mim. Sugeriu um trabalho para eu fazer. Mandou a conta para mim. Mandou a conta para eu pagar. Nada existia entre mim e você. O caso de amor era entre mim e o Adalberto.
Coisa de índio
Viu? Mim nunca funciona como sujeito. Nunca? Só na língua dos índios: mim trabalha, mim caça, mim pesca.