Mário Quintana disse que a mentira é a verdade que se esqueceu de acontecer. Pensando nisso, o juiz Rudson Marcos, ao julgar o empresário André de Camargo Aranha, que estuprou Mariana Ferrer, criou a tal história do “estupro culposo”.
Baseou-se na classificação de crime. O culposo ocorre quando não há a intenção de matar. Uma criança, brincando na sacada do 3º andar, deixa o vaso de flores cair. O objeto atinge a cabeça de um jovem, que perde a vida. Vamos combinar: nem a mais fértil das fantasias poderia supor que a criaturinha quis matar o passante.
O crime doloso muda de enredo. Ou a maldade é planejada tim-tim por tim-tim, ou o bandido tem a consciência do risco que corre. Ao estuprar a moça, o ilustre senhor sabia que estava praticando ato ilegal. Foi em frente. O advogado, vulgo Gastãozinho, defendeu a tese esdrúxula. O homem não teve a intenção de estuprar? Conta outra.
Sobre o caso
“Falar em estupro culposo é machismo doloso.” (Novartis)
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“Chegou um boleto culposo aqui em casa. É quando você compra sem intenção de pagar.” (anônimo)
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“O sistema de Justiça deve ser instrumento de acolhimento, jamais de tortura e humilhação.” (Gilmar Mendes)
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“Pelos meus clientes, vou até o inferno, mas não entro nele.” (Gastãozinho, advogado do estuprador)
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