Dória no Roda Viva

Publicado em português

Assistiu ao Roda Viva de ontem? João Dória estava lá. Seguro e articulado, respondia a todas as questões com a desenvoltura de quem anda pra frente. Dirigia-se aos entrevistadores com a intimidade de velhos amigos. Parecia adivinhar as perguntas, respondidas com elegância, sorrisos e charme.

Tudo perfeito? Quase tudo. Em determinado momento, ao se referir à recuperação do centro da capital paulista, o prefeito que esbanja popularidade disse: “O Minhocão será melhor percebido pela população”. Ops!

Foi uma ducha de água fria. O homem deixou claro que foi bom aluno, mas matou aulas. Uma delas tratou de tema pra lá de sofisticado – a diferença de emprego do mais bem e do melhor. A outra: os pleonasmos.

Melhor x mais bem

Os professores se esforçam. Querem porque querem que os alunos aprendam. Pra atingir o objetivo, parcelam o conteúdo. É o caso do melhor. Pra começo de conversa, dizem que mais bem não existe. A duplinha cede a vez a melhor: come melhor, trabalha melhor, fala melhor.

Depois, numa segunda etapa, informam que há duas exceções. Mais bem se usa:

1. antes de particípio: O trabalho de Paulo foi mais bem feito que o de Luís. As francesas são as mulheres mais bem vestidas da Europa. Ambiciona o cargo mais bem pago da República. O Minhocão será mais bem percebido pela população.

2. em comparação: Na prova, ele se saiu mais bem do que mal. A primeira-dama fala mais bem do que mal. A turma escreve mais bem do que mal.

Erário

No roda-roda da cadeira, Dória deu outra pisada de bola. Falou de “erário público”. Bobeou. O erário é sempre público como o subir é sempre pra cima e o descer é sempre pra baixo. Basta erário, subir e descer.