Categoria: português
Aviso aparece na parede perto de elevadores de norte a sul do país. Trata-se de lei. Por isso é reproduzido tim-tim por tim-tim: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”. Valha-nos, Deus! É a receita do cruz-credo. O texto não se contenta em maltratar o pronome mesmo. Vai além. Ataca a estrutura da frase, a pontuação e a colocação […]
“Morro de medo do Mesmo. Tenho certeza de que Mesmo é uma dessas assombrações que aparecem nas estradas desertas, noite alta, Lua cheia. Ou então Mesmo é um desses monstros que frequentam as páginas policiais, um serial killer, um Jack, o estripador (ou estuprador). Porque, vamos convir: para todo elevador ter um aviso para que a gente verifique se o mesmo está lá dentro, é […]
“Temer pleiteia que a gravação clandestina seja desconsiderada, alegando que a mesma foi obtida de forma ilícita”, escrevemos na pág. 2. Bobeamos. O pronome mesmo não substitui o pronome pessoal. Melhor respeitar os papéis: Temer pleiteia que a gravação clandestina seja desconsiderada, alegando que (ela) foi obtida de forma ilícita.
Que país é este? Ninguém sabe com certeza. O andar de cima está em apuros. Presidente, senadores, deputados, empresários & cia. sem fim estão afundados num mar de corrupção. Alguém escapa? A impressão que se tem é que entrou em cartaz velha história cuja ideia central pode ser esta: “Se procurar, acha”. Ou talvez esta: “Se ficar, o bicho come. Se correr, o bicho pega”. […]
“Os ônibus vêm lotado”, escrevemos na pág. 25. Viu? Tropeçamos na concordância. O predicativo anda de mãos dadas com o sujeito. Melhor: Os ônibus vêm lotados.
Fazer virou verbo-ônibus. Por comodismo ou pobreza vocabular, muitos o usam no lugar de cometer, praticar, ter. Nada feito. Melhor dar a César o que é de César: ter aulas, assistir a aulas, cometer erros, cometer faltas, causar mortes, provocar mortes.
“Para manter a vítima em silêncio, o abusador costuma fazer ameaças… É normal também que usem presentes”, escrevemos na pág. 19. Viu? O sujeito é o mesmo (abusador), mas, no segundo período, flexionamos o verbo no plural. Nada feito. Melhor fazer as pazes com a concordância: Para manter a vítima em silêncio, o abusador costuma fazer ameaças… É normal também que use presentes.
É PEC pra lá. É PEC pra cá. As três letrinhas pertencem ao time econômico. Substituem um trio grandão — proposta de emenda à Constituição. Apesar da importância de que se reveste, a grafia de PEC obedece à regra das siglas: 1. Se a sigla tiver até três letras ou se as letras se pronunciam uma a uma, só as maiúsculas têm vez: PM (Polícia […]
Não duvide. O acento faz a diferença. Compare: renuncia / renúncia, anuncio / anúncio, secretaria / secretária. O agudo transforma o hiato em ditongo: re-nun-ci-a / re-nún-cia, a-nun-ci-o / a-nún-cio, se-cre-ta-ri-a / se-cre-tá-ria.
Diante das denúncias cabeludas, 10 entre 10 comentaristas começavam a fala com a expressão “caiu como uma bomba”. Eta coisa velha! Joga no time de pontapé inicial, abrir com chave de ouro, depois de longo e tenebroso inverno & cia. preguiçosa. Trata-se de chavão. Vai de encontro à novidade. A expressão, tantas vezes repetida, torna-se arroz de festa. Deixa pra trás a surpresa, importante ingrediente […]