Categoria: português
Quem vê cara não vê formação. Reaver que o diga. À primeira vista, o verbinho tem pinta de derivado de ver. Mas é só à primeira vista. Porque os dois nunca se viram nem de longe. Reaver é filhote de haver. Significa haver de novo, recobrar, recuperar: A casa de Gilberto foi assaltada. Os ladrões levaram joias e dinheiro. A polícia os prendeu. Mas não […]
Maldade e saudade. Pronuncie as duas palavras em voz alta. Reparou? Elas soam do mesmo jeitinho. O l no fim da sílaba se confunde com o u. É aí que mora o perigo. Gente boa costuma escrever uma letra em lugar de outra. Vítimas não faltam. Uma delas é cauda. A pobrezinha apanha mais que mulher de malandro antes do movimento feminista e da Delegacia […]
“E, dada as pesquisas, esse personagem ainda não apareceu”, escrevemos na pág. 5. Ops! Bobeamos. Dado a concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere. Melhor: E, dadas as pesquisas, esse personagem ainda não apareceu.
“A partir de segunda-feira, os contribuintes só poderão pedir a aposentadoria por idade e o salário-maternidade por meio do site ou do telefone do INSS. Na prática, não será mais possível agendar atendimento presencial para esses benefícios”, escrevemos na pág. 9. Oba! Nota 10 para o emprego do esse. O pronome indica que houve referência anterior dos benefícios. No caso, aposentadoria por idade e salário-maternidade.
As duas palavras são parentes próximas. Mas pertencem a classes diferentes. A menor é adjetivo. A maior, advérbio: Independente = livre: O Brasil ficou independente de Portugal em 1822. Paulo começou a trabalhar cedo. Ficou independente da tutela dos pais antes dos irmãos. Independentemente = sem levar em conta: Saiu independentemente da proibição médica. Ganha o mesmo salário independentemente do número de horas trabalhadas.
Eta criaturas ardilosas. Ao menor descuido, lá vamos nós. Caímos como bobos na casca do ovo. Resultado: o inclusive faz a festa. Numa ocasião e noutra também, aparece com a desenvoltura de quem anda pra frente em frases como esta: Eu, inclusive, adoro cinema. O candidato sugeriu, inclusive, que o preço do combustível poderia cair. Olho vivo! O penetra não é partícula de reforço. Empregue-o como antônimo […]
Atenção, gente fina. Muitos caem no modismo. Usam opção e alternativa como sinônimos. Mas sinônimos não são. A precisão vocabular impõe a diferença. Veja: Opção = saída, possibilidade, recurso: Antes de decidir, avaliou as opções que lhe ofereciam. Na prova com cinco possibilidades de respostas, duas opções eram muito parecidas. Fiquei em dúvida. Alternativa = escolha entre duas opções. Por isso, fuja de outra alternativa ou única alternativa. Por quê? A alternativa é sempre […]
“O presidente da Assembléia Nacional Constituinte, deputado Ulisses Guimarães, denominou-a de `Constituição Coragem´”, escrevemos na pág. 13. Bobeamos. A reforma ortográfica cassou o acento do ditongo aberto ei. Agora, ideia, panaceia, assembleia & cia. se escrevem livres e soltos, sem grampinho.
“O câmbio é flutuante e não há por que cometer os mesmos erros do passado”, escrevemos na pág. 9. Viva! O porquê, quando substituível por “a razão pela qual”, se escreve separadinho, um pedaço lá e outro cá.
Que coisa! catequese se escreve com s. Catequizar, com z. A razão: O sufixo -ar não se cola ao radical. Caso se colasse, teríamos “catequesar”. Nada feito. Entra em cartaz o sufixo -izar — escrito sempre, sempre mesmo, com z. É o caso de civil (civilizar), canal (canalizar), simpatia (simpatizar), anarquia (anarquizar). E por aí vai.